LXXXII
Narrador
Carl havia deixado April ir sozinha em sua frente, mas se arrependeu logo depois ao ver ela ficar um pouco perdida e depois entrar no trailer certo. Ele caminhou na mesma direção que a garota e entrou no trailer do médico, encontrando as coisas flutuando ao seu redor e April revirando as outras coisas com as mãos.
- Vou te ajudar! - Carl diz passando pela namorada e parando em sua frente. - Mas primeiro, acalme - se e abaixe todos os itens que você fez flutuar.
April apertou as mãos contra o livro e fez as coisas voltarem para o lugar, encarando o azul do olhar de Carl e a mão do mesmo estendida para ela. Ela segurou, sentindo ele acariciar as costas de sua mão com carinho e ternura.
- Vamos achar ele, ok?
- Desculpa ter gritado. - ela pede perdão e se aproxima, com as mãos se remexendo de forma nervosa - De verdade, eu...droga!
April limpou as lágrimas que escorreram por seu rosto e encarou as coisas ao redor por alguns segundos antes de voltar sua atenção para o namorado e o beijar por alguns segundos.
- Não posso perder eles também! O mesmo medo que eu tive quando pensei que ia te perder, quando não consegui te salvar do cara do Terminus porque estava longe demais pra conseguir chegar a tempo. Eu só queria que as visões me deixassem com um tempo antes de acontecerem, que me deixassem salvar as pessoas antes de ter que ver elas morrerem por que eu, não cheguei a tempo.
Carl puxou a namorada para um abraço e deixou vários beijos sobre os cabelos da mesma. Acariciando os mesmos e as costas dela com carinho.
- Vai ficar tudo bem, amor! Vai ficar tudo bem!
Seu olhar passou pelo cômodo e ele viu uma caixa de plástico sobre a estante de livros, bem no alto e próxima ao teto. Uma caixa térmica.
- Acho que achei aquilo que procurávamos. - Carl diz se afastando da namorada e puxando uma das cadeiras da mesa. Ele subiu na mesma e pegou a caixa, abrindo com ela ainda em seus braços e encontrando os frascos de líquido azul. - Você só precisa achar o Negan! Vou falar com os outros.
April pegou o frasco que lhe era oferecido e saiu na frente do namorado, correndo por entre os trailers e pessoas. Sua mente estava trabalhando, ela tentava encontrar na voz dele no meio de toda aquela multidão, tentava achar seus pensamentos no meio de toda aquela confusão de pensamentos assustados e nervosos.
Ela parou próxima ao muro e encarou as coisas ao redor, com as pernas doloridas de tanto correr de um lado para o outro. Quando ela parou de se concentrar nos pensamentos alheios, a voz fraca dele veio. A voz de Negan. Baixa e dolorida.
- Lucille...meu amor...me perdoa por tudo que eu fiz,...me...
- Negan? Negan? Onde você está? - ela diz voltando a caminhar. - Negan por favor, onde você está, eu tenho a cura, tenho o que pode te salvar...por favor, me diz onde você está.
- April?
- É, sou eu! Onde você está?
- Estranho falar assim.
- Negan, me diz. Me dê a chance de salvar você!
A resposta não veio, o que deixou a garota ainda mais desesperada. Seus passos lhe levaram para longe dos muros e ela saiu pelo portão. Sua mente foi forçada e ela puxou as lembranças de Negan em sua mente, usando os olhos do homem como uma janela para descobrir onde ele estava.
- Te achei! - ela exclama abrindo os olhos e caminhando para dentro da floresta.
Haviam mortos rondando os muros da comunidade que ainda estavam de pé, haviam pessoas os matando também, mas nenhuma dessas pessoas se preocupou em parar a garota e lhe questionar sobre onde ela estaria indo sem nenhuma proteção.
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Depois de minutos andando de um lado para o outro, tentando encontrar a cabana no meio do nada, April parou e deixou um suspiro de alívio escapar. Ela havia encontrado. April forçou a porta da frente por alguns minutos até perceber que havia algo pesado contra ela. Seus olhos brilharam e ela usou seus poderes para retirar o que quer que fosse de detrás da porta.
O cheiro forte invadiu seu nariz e ela engoliu seco. Era cheiro de morte.
Os corpos de pessoas que April conheciam estavam lá, jogadas em todos os cantos do cômodo, com sangue manchando o chão e suas roupas. Eram as cobaias que o médico havia usado.
A grita entrou ainda mais para dentro da cabana e abriu porta por porta, até encontrar o corpo de Negan caído ao lado da pia, ou do que antes era uma. Ele estava com a cabeça tombada sobre o próprio ombro e olhos fechados, enquanto respirava de forma descompassada e até um pouco falha.
- Negan?
Os olhos do homem se entreabriram e ele sorriu ao olhar a garota ao seu lado.
- Vai ficar tudo bem! - ela diz destampando o vidro de cura e ajeitando a agulha. - Vai ficar tudo bem! A dor vai passar, a febre vai ir embora e...
- Não gaste isso comigo, garota! Gaste com quem merece. - Negan a impede de prosseguir a lhe aplicar a cura.
- Você merece.
- Não. Eu deixei minha mulher sozinha, eu matei pessoas boas só pra me achar melhor por que estava com a cabeça ferrada e pensava que era melhor que todos que passavam por mim. Eu te machuquei, te torturei. Não mereço.
- Você se mostrou alguém diferente nos últimos tempos, quantas vezes você me ajudou a me acalmar por causa de uma crise de ansiedade ou por causa da dor que vinha do nada? Negan, você é a pessoa boa que eu vi em suas lembranças. Voltou a ser. Me deixa te salvar, por favor! Me deixa te dar a chance de mostrar pros outros o cara bom que você é, me deixa te ajudar a consertar seus erros com eles.
Negan riu e procurou o rosto de April.
- Eu tinha medo de você. - ele conta - Medo do que você sabia sobre mim. Mas você é tão doce, preocupada, sempre querendo o bem dos outros, mesmo da pior das criaturas. Você tem me ajudado, tem me puxado do fundo do poço dia pós dia. Você é o que mundo não merecia. Você é a luz no meio da escuridão. A chance da esperança de uma vida nova. Você é a paz no meio do mundo obscuro que vivemos. Você traz paz pra cada um que toca. Você é - ele engasga e começa a tossir - Você é importante pra mim.
April puxou a agulha e o líquido mais uma vez e aplicou no braço do homem ao seu lado, ouvindo ele gemer e fechar os olhos segundos depois. A respiração respiração mesmo ficou calma e as batidas antes aceleradas ficaram compassadas e calmas.
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