LXXXI
April Lockheart
Minhas pernas pareciam estar sendo controladas por qualquer outro ser, menos por mim. Elas estavam bambas demais e mesmo assim eu estava levando Negan e Enid para a enfermaria. Não poderia deixar os dois morrerem, não podia perder minha melhor amiga e o cara que estava mostrando seu melhor lado para o mundo depois de tanto tempo.
- April? - a voz de Carl me chamando, me fez perceber que eu estava caída no chão, ainda dentro da proteção que se desfazia e com um mundo de zumbis sendo mortos ao nosso redor - Amor! Levanta!
Carl apareceu ao meu lado e segurou meu rosto, limpando meu nariz que sangrava e me ajudando a levantar.
- Ajude o Negan!
- Não. Eles estão bem, agora você precisa ficar bem! Eu só preciso que sua proteção dure mais alguns segundos. - Carl me pegou em seus braços e correu por entre os mortos.
Respirei fundo várias vezes, vendo o sangue manchar a camisa de Carl e os mortos tentarem nos alcançar, o zumbido em meu ouvido estava alto e eu não conseguia me concentrar de forma necessária para continuar o trajeto até a enfermaria.
- Não feche os olhos, amor! Não feche os olhos! - ouço Carl dizer antes do cansado tomar conta de mim, meus olhos pesaram e a barreira acabar quando subimos as escadas para a enfermaria.
- Me desc...
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Acordei com Carl sentado ao meu lado, no chão, com sua mão sob meus cabelos e seu olhar atento às coisas ao redor. Percebi que a maca que eu estava era improvisada e vinda de uma cama de acampar, daquelas dobráveis.
Encarei as coisas ao meu redor e procurei por Enid, encontrando ela deitada do outro lado do cômodo enorme. Me levantei sentindo meu corpo doer e paro ao seu lado.
- Ela vai ficar bem! - o médico diz - Conseguimos retirar a bala, estancar o sangue e parar a hemorragia que tinha se iniciado. Ela é forte.
Deixo um sorriso escapar e acaricio os cabelos dela, sentindo eles molhados e sua pele quente.
- Ela está com febre! - digo.
- Está assim desde que conseguimos a estabilizar. A febre vai e volta. Agora, - ele para ao meu lado e me encara - como você está?
Passo a mãos sobre o rosto e tiro meus cabelos do mesmo, respirando fundo e caindo sobre meus primeiros joelhos. Estava cansada isso eu não poderia mentir, já que devia estar exposto em meu rosto de todo tamanho.
- Eu viu ficar bem.
Minha mente viajou até Negan e eu me lembrei da mordida e do fato dele ter entrado no meio do fogo e mortos para nos salvar. Encarei as pessoas nas macas ao redor e não o encontrei. Me levantei e segui para o outro cômodo, olhando um por um até encontrar a jaqueta de couro do homem.
- Cadê ele? - questiono segurando a jaqueta. - Onde ele está?
- Ele deve ter saído. Tem feito isso nas últimas horas, fica aqui e sai de novo, não para quieto.
- A mordida...vocês injetaram a cura nele?
- Sim, mas não por completo, tinha mais gente e pouca cura, tivemos que dividir.
A raiva tomou conta de mim e eu segurei o pescoço do médico, o jogando contra a parede e vendo as pessoas acordarem assustadas.
- Eu te trouxe 500 doses de cura. Somos menos de 200 pessoas, o que diabos você fez com as outras curas seu infeliz? O que você fez?
Meu grito foi mais alto do que eu pretendia e eu pude ver o espelho atrás do homem rachar e cair no chão sobre a cama vazia de Negan. Eram curas suficientes para salvar todos, para imunizar todas as pessoas e aquele desgraçado estava escondendo tudo para ver os outros morrerem.
- Onde estão?
- April para! - Carl pede segurando meu braço.
- Onde estão seu desgraçado? Meu namorado sofreu por um mês inteiro com a porra dos enjoos e com a fraqueza pra dar pra essas pessoas a possibilidade de sobreviver e você some com as doses? Você fez o que? Enjetou todas em si? Aplicou nos mortos?
- Eu...eu...
- Onde estão? - Seu corpo bateu contra a parede com ainda mais força e eu ouvi as coisas que antes estavam dependurada caírem. - Porra! Onde estão?
- Eu tinha que saber se daria certo...tinha que testar em mortos que haviam acabado de se transformar.
Um soco acertou o rosto do homem em minha frente e eu o soltei. Ele havia deixado pessoas morrerem apenas para poder testar a eficiência da cura.
- E deu certo? Me diz, valeu a pena desperdiçar a cura de outras pessoas em cadáveres que não voltariam a vida? Me fala seu canalha, me conta se valeu a pena sacrificar a vida de outras pessoas pra esse seu teste de merda?
Meu corpo foi puxado para trás e Rick entrou no lugar, sendo acompanhado por Maggie. Carl estava me segurando em seus braços, me apertando contra seu corpo e me impedindo de acertar outro soco na cara daquele desgraçado.
- Onde estão porra! Onde você colocou? - grito mais uma vez e vejo ele se levantar.
- No meu trailer. Estão no meu trailer.
Peço para Carl me soltar e respiro fundo antes de acertar mais um soco na cara do médico e sair da enfermaria em busca do trailer que ele morava. Era um frasco de cura para cada pessoa, um frasco de 10ml para cada um, não metade, não 1/3, era um vidro inteiro de 10ml para cada. O médico que havia desenvolvido a cura havia explicado com todas as palavras.
- Para! - Carl aparece em minha frente. - April, por favor para!
- Tenho que achar o Negan e dar a cura para ele, eu preciso salvar ele! - digo encarando o estrago ao meu redor - Me deixa passar, Carl.
- Por que salvar ele? Olha quanta dor ele nos trouxe, olha o qu...
- Ele salvou a Enid, ele tirou a gente de lá e deu uma segunda chance para ela. Ele te ajudou a me encontrar. Ele me ajudou a me acalmar em dias que você não estava por perto e a dor e a ansiedade tomavam conta por causa dos poderes.
- Você não me contou sobre suas crises, não me disse que ele te ajudou...quando foi isso?
- Me deixa passar, por favor! Depois a gente conversa o quanto você quiser, só que agora eu preciso achar os frascos de cura, arrumar um jeito de achar o Negan e distribuir a cura só pra ele, mas pra todas as pessoas.
Deixo Carl para trás e entro na fileira de trailers da comunidade, em busca de apenas um. O terceiro na fila da direita.
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