O coração de Melody batia acelerado, dando a impressão de que a qualquer momento saltaria de sua caixa torácica. Ela despertou do breve desmaio dando um sobressalto, temia encontrar o gigantesco dinossauro esquelético em sua frente, ou pior, a famosa luz do final do túnel. Para seu alívio, nenhuma das teorias estavam corretas, acabdo por deparar com a figura preocupada do Larry. Ela não sabia dizer a quanto tempo esteve desmaiada e nem como havia chegado no sofá da sala dos funcionários.
— Calma, vai ficar tudo bem. — Disse Larry forçando Melody a se acomodar deitada no sofá outra vez.
— Eu tive um sonho muito estranho. — Ela começou a explicar coçando os olhos e tentando não parecer louca, talvez tudo não tivesse passado de um sonho maluco de sua mente cansada da viagem — Nele, todas as coisas do museu ganhavam vida.
— Aqui está, Larry. — Sacajawea trazia em mãos um copo quente de café, ela sorriu aliviada para Melody ao notar que a mesma estava desperta.
— Obrigada, Sacacawea. — Larry aceitou o copo e estendeu para Melody.
— É Sacajawea. — Corrigiram as mulheres. A líder indígena alargou o sorriso ao notar que Mel conseguia pronunciar seu nome corretamente e os deixou as sós mais uma vez, para que assim o segurança conseguisse explicar sobre os estranhos eventos do museu.
— Não foi um sonho, não é? — Perguntou Melody mais calma enquanto começava a tomar o café que estava do jeito que gostava, fresco e forte.
— Era sobre isso que tentei lhe contar mais cedo. — Começou Larry buscando pelas palavras. — Seu tio não sabe, é um segredo do museu. Tudo aqui ganha vida.
— Animatrônicos? — Ela perguntou assoprando o café e tentando buscar um sentido lógico para tudo aquilo.
— Não. — Larry negou com a cabeça.
— Não? — Insistiu Melody descrente de que a magia existia no mundo real.
— Não. — Larry suspirou e então prosseguiu. — Há uma placa, conhecida como...
— Placa de Ahkmenrah. — Completou Melody antes de beber mais um pouco do café, não pode segurar o seu lado nerd, deixando o mesmo transparecer no motivo que Larry iniciou a frase — Desculpe, continue.
— De alguma forma, ela transforma esse museu, dando vida a tudo o que está dentro dele. Porém...
— Sempre tem um porém. — Ela revirou os olhos, no fundo torcia para que qualquer frase que viesse depois do "porém" não fosse uma maldição para aqueles que descobriam o poder da placa, o último desejo de Melody era ficar para sempre presa no museu em forma de bonecos de cera.
— Porém... — Prosseguiu Larry ignorando a interrupção da jovem. — Nada pode sair do museu...
— AÍ MEU DEUS — Gritou Melody cuspindo café em Larry — Sabia que teria de ficar presa aqui para sempre, isso que acontece quando mexemos com o desconhecido...
— Do que você está falando? — Perguntou Larry confuso com as lamúrias da estagiária e limpando as gotas de café que haviam caído em seu corpo.
— De não poder sair do museu nunca mais, estou fadada a virar um boneco de cera. Como vou explicar isso ao meu tio? — Choramingou Melody.
— Me deixe terminar a frase — Pediu Larry tirando o copo de café quente das mãos dela antes que tivesse outra reação exagerada — Nenhum item que GANHA VIDA pode sair do museu, pois se não regressar até o amanhecer acaba se transformando em poeira. Acredite em mim, aconteceu isso com um dos neandertais.
— Meus pêsames, eu acho... Meu tio comentou do sumiço de um dos homens das cavernas no ano passado, aposto que você ouviu um monte. — Ela soltou um riso nervoso e voltou a ficar mais calma. — Isso explica muita coisa, só fico chateada dos antigos guardas nunca terem me contado.
— Como assim?
— Meu avó materno, ele trabalhou aqui. Sempre fiquei admirada em como ele conseguia respostas para os meus trabalhos, incluindo os mais difíceis — Melody sorriu sem mostrar os dentes — Uma vez fiquei empacada com um trabalho da faculdade sobre os presidentes da américa, ele me deu uma devolutiva maravilhosa sobre. Haviam fatos nunca citados nos livros de história, infelizmente tive de omitir por não conhecer a fonte.
— Então está mais calma? — Ele deu um meio sorriso ao ouvir a história.
— Não, eu não estou. — Ela balançou a cabeça negativamente e desmanchou o sorriso que carregava, voltando a fechar suas expressões — Mas como isso era um sonho da minha infância e talvez seja algo bom para defesa do meu mestrado, peço que me deixe curtir o momento.
— Posso chama-los para lhe conhecer? Sabe, todos gostam de ver um rosto novo por aqui. — Falou Larry sorrindo.
— Ah, claro. Deve. — Melody se acomodou direito no sofá e encarou a porta, esperando ansiosa para conhecer seus ídolos de infância.
— PODEM ENTRAR, PESSOAL, MAS VENHAM DE POUCO EM POUCO. — Ordenou Larry aos amigos que aguardavam para conhecer a jovem mulher.
Não tardou para que a sala se enchesse com quase todas as peças móveis do museu, ficando levemente apertado. Um sorriso divertido estampou a face da estudante ao assistir a cena, aquilo passava a mesma sensação dos seus sonhos infantis depois de assistir Toy Story. Mas ao invés de serem brinquedos, eram as estátuas dos seus idolos de infância. Naquele momento o medo deixou de fazer presente e deu lugar a curiosidade.
— Vocês não me obedecem. — Resmungou Larry, fazendo com que a menina soltasse um riso baixo.
— Eu sou...
— Teddy Roosevelt, vigésimo sexto presidente dos estados unidos da américa. — Completou Melody ao ver a figura história aproximar, ele segurou a mão dela e levou até os lábios, depositando um beijo suave sobre. — É um prazer conhece-lo. Se importa de te chamar de Teddy?
— O prazer é todo meu, milady — Ele sorriu docemente — E não me importo, pois assim tenho a liberdade de te chamar de Mel, seremos amigos.
— Com toda certeza — Assentiu Melody sorridente e ficando preparada para a próxima peça a se apresentar. — A senhorita eu conheço, Sacajawea. — Ela apertou a mão da nativa americana com ternura — Serviu como guia e interprete da expedição de Lewis e Clark. Ah! E ali estão eles. — Ela sorriu orgulhosa por ainda se lembrar das aulas de história americana da faculdade e acenou para os dois homem que estavam mais distantes. — É um prazer conhece-los.
— Oi pernuda. — Rapidamente o bonequinho de sotaque interiorano subiu no braço do sofá, ao seu lado estava Octavius. — Eu sou Jedediah, não espero que conheça a minha história...
— Claro que conheço, pequerrucho. — Melody estendeu o dedo para que ele pudesse apertar. — Jedediah Strong Smith, um Mountain Man, primeiro homem branco a cruzar o futuro estado de Nevada, o primeiro a atravessar Utah do norte ao sul e de leste a oeste; o primeiro americano a entrar na Califórnia pela rota continental, e prenunciou sua mudança de dono; o primeiro homem branco a escalar a High Sierras, e o primeiro a explorar a Hinterlândia do Pacífico, de San Diego às margens do Rio Columbia.
— Eita, pernudo. Gostei dela, aposto que você não sabia isso sobre mim. — Falou Jedediah sorrindo orgulhoso para Larry. — Ela é a única pernuda que pode me chamar de pequerrucho.
— Eu sou... — Octavius começou a falar, porém é interrompido pela garota.
— Octavius, também conhecido como Augusto César, César Augusto, Octaviano, Otáviano, Otávio. — Ela dizia as ambiguações do nome da criaturinha com orgulho. — Fundador e primeiro imperador de Roma. É um prazer conhece-lo, ave César.
— É, eu posso me acostumar com ela. — Octavius sorriu com o canto dos lábios e apertou o dedo da jovem.
— Esse é o... — Larry fez uma pausa, ele nunca recordava quem era aquela estátua dourada.
— Colombo, descobridor da américa. Não é difícil saber quem ele é. — Melody franziu o cenho para Larry e em seguida sorriu para a estátua. — Prazer, senhor Colombo. E desculpa pelo esbarrão no corredor.
Átila aproximou da jovem, ele falava algumas coisas na extinta língua dos Hunos, as quais infelizmente a menina não conseguiu compreender.
— Átila, o Huno. — Falou a jovem sorridente. — Também conhecido como Flagelo de Deus, ou Praga de Deus. Já fiz um trabalho sobre você, era o meu torturador preferido.
O huno olhou com os olhos lacrimejantes para Larry, mais uma vez ele falou algo em sua linguagem natal que a jovem não foi capaz de reconhecer. Larry fez sinal para que o homem se aproximasse dela, o que ele não hesitou em fazer, apertando Melody num abraço carinhoso.
— E, nossa, ele gosta de abraços. — Disse Melody se sentindo estranha com a demonstração de afeto. Átila se afastou dela e falou incongruências. — Ah! Que bom, eu acho... — Ela aproximou de Larry e sussurrou em seu ouvido. — O que ele falou?
— Não faço a mínima ideia. — Respondeu Larry também sussurrando e deu com os ombros. — Ah! Esses são os neandertais.
Os homens da caverna se aproximaram de Melody sem aviso prévio, mexendo em seus cabelos e a cheirando como se fosse um novo animal numa jaula.
— Larry... — Melody não se mexia sentindo um leve medo deles, da mesma maneira que sentia de esquilos e outros bichos que são encontrados em áreas urbanas.
— Okay, já chega. — Ordenou Larry aos neandertais, os quais logo se afastaram.
— Obrigada. — Agradeceu a menina suspirando aliviada. — Oi amiguinho.
Um macaco da raça Cebinae escalou o colo de Melody, indo até seus ombros. Mesmo com um pouco de medo, ela riu divertida com a situação inusitada. Aquela era a primeira vez que aproximava de um primata que não fosse no zoológico;
— Esse é o Dexter. — Larry vez uma careta ao apresentar o macaco. — Ele é bem brincalhão.
— Ele é fofo. — Melody acariciou o macaquinho e o ajudou a passar de um ombro para o outro, de maneira doce a criaturinha lhe beijou na bochecha. — Que fofurinha, gosta de beijinhos.
— Não se engane com essa carinha fofa, ele pode ser terrível. — Disse Larry semicerrando os olhos para o macaco.
— Até parece. — Comentou Melody descrente, ignorando o que o guarda noturno dizia. — Então, onde ele está?
— Quem? — Perguntou Teddy pegando Dexter no colo.
— Ahkmenrah... O motivo da minha tese. — Melody ficou em pé sobre o sofá, procurando entre o mar de cabeças a única pessoa que a levava para o museu.
— Ah! Ele não está se sentindo bem nos últimos dias e prefere ficar no seu túmulo. — Comentou Larry coçando a nuca.
— Está brincando comigo, não é? — Perguntou a menina sem esconder a chateação. — O cara já está morto.
— Infelizmente não. Você pode tentar falar com ele amanhã. — Falou Larry auxiliando Melody a descer do sofá.
— Tudo bem. — Ela curvou os lábios e coçou a nuca. — Tenho todo o tempo para isso, não é mesmo?
— Assim que se fala, pernuda. — Comemorou Jedediah orgulhoso.
— Que tal um tour pelo museu? — Perguntou Teddy estendendo o braço para nova companheira. — Podemos te mostrar tudo.
— Vou adorar. — Melody disse ao se enganchar no braço do homem e começando uma caminhada ao seu lado.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top