⟨16km a oeste de Boston⟩

O silêncio ecoava, exceto pelo barulho do rio ali perto. Eles tinham caminhado horas e havia começado a esfriar, então Joel deu a ideia deles descansarem, na verdade foi mais uma afirmação séria.

— Fiquem aqui. – Ele tinha dito antes de sair e entregar rudemente a própria jaqueta para Ellie que estava estremecendo levemente de frio.

Agora já fazia alguns minutos Joel tinha saído para algum lugar. Quinn tentava não pensar e encarava uma árvore em silêncio, sentada encostada em uma árvore. Ellie a analisava enquanto isso, na mesma posição, só que em uma árvore de frente para Quinn. Do mesmo jeito que ficou com Joel no hotel enquanto estavam esperando por Devonne e Tess…

— Não foi minha culpa…não é ? – Ellie quebrou o silêncio. Ela sentia culpa por algo que nem era culpa dela.

Quinn finalmente depois de todo o trajeto a encarou. Olhos frios e cansados.

Apesar disso, uma pequena e leve pontada em seu peito fez ela ter pena de Ellie quando ela a olhou. Quinn mais do que ninguém sabia como era se sentir culpada por algo que nem era sua culpa…ou era.

De qualquer maneira ela não gostou de ver a garota daquele jeito. Não que ela se importasse, mas de alguma forma ela entendia.

— Não se culpe. Tess fez a coisa certa. E Devonne fez sua escolha. – Afirmou Quinn.

Ela suspirou antes de se levantar.

— Ele está demorando. Vou ver se ele não se matou ainda. – Disse Quinn e se dirigiu na direção em que Joel tinha ido. – Volto já.

A Carter resolveu deixar Ellie sozinha por um momento para achar Joel, mesmo um pouco hesitante de deixar a garota sozinha. Mas ambas precisavam ficar só por um momento, principalmente Ellie. Além disso, Joel Quinn sabia que Joel não tinha ido muito longe, ela sabia que ele não as deixaria. Não agora, depois de suas amigas se sacrificarem. Ele não deixaria que a carga não fosse entregue, ela de alguma forma sabia que ele focaria principalmente em fazer a missão um sucesso. Ela entendia 

E lá estava Joel. Na beira do lago fazendo uma apacheta, que era uma torre de pedras. Ele estava tirando as pedras do fundo do lado e as posicionando ao lado dele. Joel estava organizando os pensamentos.

Quinn ficou parada ali, observando ele ao longe. Ela notou que a mão dele ainda estava inchada e que claramente ele estava mantendo a seriedade e indiferença em sua feição, mas por dentro provavelmente deveria estar um caco.

— Saía – Joel perguntou brutalmente, ainda sem de costas para ela. Ele queria ficar sozinho e isto estava claro. – Eu disse pra ficar lá.

Quinn ignorou totalmente a ordem do homem e andou, arrastando o Adidas branco sujo dela, até o homem.

Ela não falou nada. Apenas pegou um lenço branco do bolso do mom jeans que usava e entregou a Joel. Ela não precisou o encarar para ver que ele tinha algumas lágrimas presas nos olhos. Mas não era somente para enxugar os olhos que ela estava entregando o seu lenço a ele.

Era uma oferta de paz.

Eles eram os únicos adultos ali,  eles precisavam levar a garota em segurança e provavelmente só conseguiriam aquilo se pelo menos colaborassem um pouco um com o outro.

Joel encarou a bióloga meio surpreso, ele certamente esperava tudo menos aquilo.

O homem não era estúpido o suficiente para não enteder o que significava.

Hesitante, e com a mão ainda um pouco molhada da água fria do lago, ele pegou o lenço das mãos de Quinn evitando tocar na mão dela.

Joel não agradeceu, ele apenas voltou o olhar dele para o lenço enquanto Quinn se virava para ir embora. O lenço era branco, mas suas bordas traçadas era azul claro e havia iniciais cravadas no canto central.

C.Q.C

— Não pense que somos amigos, Carter. – Disse Joel, se virando para ela. No entanto ele não conseguiu a encara por ela estar de costas para ele.

Decididamente e com uma postura confiante a Carter se virou para Joel. Finalmente o encarando cara a cara desde o que havia ocorrido, as lágrimas dele haviam sumido e dado forma aos olhos grosseiros em sua expressão dura - tentando se mostrar intimidante. O Miller a encarou bem no fundo dos olhos frios dela.

— E por acaso eu pedi para que fossemos, Miller ? – Ela retrucou usando seu tom mais metódico.

Ela não seria, não deveria, nem poderia e muito menos queria ser amiga dele. 

Eles nunca seriam amigos.

Aquilo foi o bastante para entrarem em um “consenso”. Eles se ajudariam, apenas isso. Sem amizade. Ambos estavam acostumados como estavam e queriam somente acabar com aquilo.

— Certo. – Assentiu Joel duramente, com os olhos castanhos escuros sérios ainda cruzados com os olhos azuis gelados de Quinn Carter.

— Certo. – Quinn repetiu.

A mulher se virou e foi embora. Deixando Joel ali com a torre de pedras que ele mesmo havia feito. Com a expressão neutra ele seguiu ela com o olhar até ela desaparecer pela floresta.

Certo.

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Joel retornou para o local onde elas estavam na floresta. Ellie estava sentada no chão com as costas descansando em uma árvore, enquanto Quinn estava à direita dela, sentada, apoiando as costas no mesmo tronco.

Quinn pode notar que o humor dele não tinha melhorado. Talvez ele não soubesse o significado de fazer torres de pedra já que ainda parecia tão irado, por mais que ele tentasse disfarçar com o silêncio. Ela também não estava feliz com aquilo e nem perto de estar tranquila, mas ela certamente sabia se portar melhor que ele.

— Quer a jaqueta de volta ? – Ellie perguntou, quebrando o silêncio que todos estavam.

Joel não respondeu, então provavelmente era um não. Quinn não sabia direito porque encarava uma árvore e o horizonte na frente dela. No entanto, ela ouviu o homem mexendo na mochila e mastigando alguma coisa antes de jogar para elas alguns pedacinhos de pão embalados em um material de saco de pão. Joel havia colocado a mochila nas costas dele já.

— Quer ? – Ellie pegou e ofereceu. Quinn apenas negou com a cabeça. A intolerância a glúten ainda a afetava. Além disso, a garota precisava mais que ela, ela podia aguentar umas horinhas a mais pra comer a própria carne seca.

— Eu nunca tinha vindo à floresta. Tem mais inseto do que eu pensava. – Ellie começou a falar. – Eu tava pensando…

— Não precisa me consolar.

— Eu não ia te consolar. – Retrucou Ellie. – Eu só tava pensando no que aconteceu. Ninguém obrigou vocês a levarem a gente. A me levarem. Ou a seguir com o plano. Vocês precisavam da bateria e fizeram uma escolha. Então não culpa a gente por uma coisa que não é nossa culpa.

Joel assentiu resignado e de cabeça erguida.

Enquanto Quinn continuou encarando as árvores, mas sentiu o coração apertar levemente, ela estava feliz por a fedelha a ter a escutado e as defendido desse jeito mesmo sem precisar.

A Bióloga se levantou abruptamente.

— Uma palavrinha, Miller.

Quinn foi o distante suficiente pra ela saber que ele não entenderia oq eles conversariam sabendo que Joel estava logo atrás dela.

— Não precisa mais fazer isso. – Ela começou abruptamente. – Posso levá-la.

— O caralho que você vai. – Ele murmurou baixinho, mas certamente bravo. Quinn conseguiu o impossível e fez ele falar. – Agora para de ser imbecil e pega sua mochila. Chega dessa merda.

Não era um pedido, era uma ordem. Mas Quinn o encarou profundamente séria e pronta pra retrucar, mas sabia que não adiantaria nada, então ela apertou os lábios com força.

Ela saiu pisando fundo com Joel logo atrás e colocou a própria mochila nas costas enquanto Ellie fazia o mesmo. Ela não parecia notar sobre o que Joel e Quinn conversaram, embora ela parecesse curiosa sobre.

— Falta muito? – Ellie perguntou a Joel.

— Cinco horas de trilha.

— A gente aguenta. – Ellie falou resignada. Quinn deu uma batidinha leve na cabeça de Ellie pra confirmar.

E eles seguiram caminhando juntos.

• Olá !! Finalmente voltei! E acrescentei coisas nesse capítulo pois estava muito curto. Espero que gostem <3

• Criei uma playlist dessa fanfic no Spotify ! Quem quiser ouvir o nome é MEMENTO MORI, tlou.

• Peço por gentileza que votem e comentem, pois vai me motivar. E caso queiram compartilhar a fanfic vai me ajudar demais e me motivar mais ainda.