【𝟎𝟎𝟒】𝗜𝗻𝗳𝗲𝗰𝘁𝗲𝗱
Hífas velhas, longas e grandes se estendem por o edifício grande e antigo. As mesmas um dia se alimentaram e se comunicavam interligadas a outras.
Todos caminhavam em direção ao edifício, que um dia foi um museu, como se fosse matá-los caso entrassem – o que possivelmente poderia acontecer. Mas teriam que fazer isso.
— Tá de sacanagem. – Quinn começou a pensar seriamente em lavar a boca da menina com sabão. Mas ela não discorda da garota.
— Tem uma passagem no último andar. – Revelou Tess. Ela achava que aquilo de alguma forma iria tranquilizar Ellie e Quinn.
— Ah, agora tudo bem. – Ellie falou com ironia.
— A gente usava o tempo todo. E era seguro. – Tess continuou suas falhas tentativas de convencer que o lugar era pelo menos um pouco seguro.
— Ótimo. – Quinn duvidava muito disso.
Um pouco mais a frente Joel analisava as hífas velhas, se arriscando e amassando uma delas com a arma.
— Totalmente seco.
— Pode ser que finalmente tenham morrido. – Observou Devonne tentando ser otimista.
— Aí, não. – Ellie percebeu que eles iriam mesmo entrar naquele museu quando os contrabandista começaram a tirar as armas da mochila.
— A Marlene deu um desses para vocês ou só sanduíches ? – Joel ignorou os protestos de Ellie.
Quinn levantou uma lanterna na direção do homem e ligou para testa.
— Sim. E funcionam. – Ela sorriu, achando graça ao ver a reação de rabugenta do homem ao ver que ela ligou a luz no rosto dele.
— Mais umas regras básicas. Vamos bem devagar. Se encontrar algo fique atrás de nós e não saia, tá ? – Tess informou para Ellie.
— Eu tô com a mão livre. – A jovem garota falou quando percebeu que seria a única a não portar uma arma.
— Meus parabéns. – Joel disse com sarcasmo escancarado na sua voz.
· · ─────── ·𖥸· ─────── · ·
Quinn tinha a lembrança que antes do surto ela ia em muitos museus. Tanto em sua adolescência quanto na sua juventude antes do surto.
Era bom.
Museus para ela eram lugares de grande conhecimento e odiava ir acompanhada de pessoas apressadas pois aquilo estragava a experiência de ver tudo aquilo detalhadamente e adquirir conhecimento.
Ver tudo acabado sem mais nem menos a deixava com dor e revolta no coração. Peças que um dia valiam fortunas e eram de grande apreço cultural agora eram somente objetos sem serventia.
Mas isso também a fez perceber que nos apegamos muito ao passado. E isso sempre ocorreria, não importa a geração ou o tempo em que vivemos.
Quinn observava alguns cartões de presentes antigos na parte de lembrancinhas do museu. Ela ouvia os contrabandistas comemorarem sobre ter virado pó e que finalmente eles estavam com sorte.
— A gente devia ter vindo para cá desde o começo. – Ela escutou Devonne dizer para os amigos.
Mas as comemorações dos contrabandistas logo acabaram ao escutar uma exclamação de Ellie.
— Cacete ! – A garota exclamou, chocada. – O que fez isso com ele ?
Os contrabandistas e a Carter chegaram até Ellie o mais rápido possível. Um corpo ensanguentado de um homem com marcas estava no canto de uma parede.
A bióloga sabia que não era qualquer infectado que tinha atacado aquele homem, as marcas eram diferentes de um infectado recente, tinha sido um estralador.
Estraladores eram o tipo 3 de estágio de infecção, já estavam infectados há mais de um ano e o fungo já tinha atingido seu cérebro o suficiente para afetar seu campo de visão, mas seus sentidos auditivos eram apurados e usam a ecolocalização para caçar, por isso fazem estalos e ruídos. Por isso o nome.
— Talvez…tenha sido lá fora e ele entrou pela porta. – Tess sussurou para Joel e Devonne, mas ambos estavam calados tentando prestar atenção em algo. – Estava aberta mesmo. Pode ter sido ele.
— Eu não estou ouvindo. – Devonne sussurou para os parceiros.
— Ouvindo o que ? – Perguntou Ellie um pouco alto demais. Quinn colocou a mão no ombro dela e fez um gesto para ela fazer silêncio. A garota entendeu. – Ouvindo o que ? – Agora ela murmurrou. – Sério que um infectado fez isso !? Porque eu já fui atacada por um, e ele não fazia isso.
— Bom, é o seguinte. Daqui pra frente é silêncio. Não é sussurro, só silêncio. – Ordenou Joel em seu tom típico de autoritarismo, mas em um murmúrio.
— Ué ?
Joel interrompeu Ellie.
— Não questiona.
— Obedeça. – Quinn sussurrou para Ellie com um tom sério. Ela realmente não queria demorar demais naquele lugar.
· · ─────── ·𖥸· ─────── · ·
Com as luzes das lanternas iluminando o apenas o local no chão em eles iriam pisar e a grande escadaria de madeira envelhecida que rangia se você pisasse um pouco forte demais fazia o coração da Carter disparar em ansiedade. Além de que andar no meio da fila indiana fazia tudo piorar.
O coração dela pulou uma batida ao ouvir Ellie pisar em algo que fez extremo barulho em um lugar que estava tão silencioso. Quinn não podia ver a expressão de Ellie, mas sabia que ela estava com uma cara de extrema culpa e com os olhos pedindo piedade. Joel havia se virado e Quinn pode ver que ele estava furioso com a garota, porém ela percebeu que a carranca dele se suavizou ao perceber a expressão de medo que acometia o rosto de Ellie.
Logo depois eles finalmente chegaram ao topo da escada no Salão da Independência.
Assim que Quinn entrou, Devonne entrou também, mas assim que Tess iria entrar um barulho estranho de desabamento ressoou na entrada do Salão. Só deu tempo de Tess correr e esbarrar em Ellie. Fazendo a garota também cair no chão.
Sem falar uma palavra, Quinn ajudou Ellie a se levantar rapidamente. Analisando se a garota não tinha se machucado e perguntou para ela com o olhar.
Ellie estava bem. Isso ela podia ver então a sensação de preocupação parou apenas por uma fração de segundo, pois no mesmo instante eles ouviram estalos e ruídos.
Havia mais de um.
Joel com pressa e silenciosamente os guiou até um canto e gesticulou para que se abaixassem.
Quinn fechou os olhos com força. Somente os estalos dos estaladores eram o suficiente para ela sentir sua coragem se esvair.
Um grito animalesco ecoou pelo salão fazendo a abrir os olhos.
Eles já eram.
Do outro lado o outro estralador vinha correndo, então como não havia escapatória Quinn entregou Ellie para Tess e Devonne e resolveu ajudar Joel. O mesmo já tinha ido para cima do primeiro estalador e agora estavam em um confronto.
O tiro da arma da Carter não foi suficiente para matá-lo, porém chamou atenção para ela e tudo que ela pensou em fazer foi correr, se esconder e se arrastar pelo chão.
Quando ela pensou que tudo havia se acalmado e estava em um lugar seguro, do outro lado ela avistou Ellie sozinha. Quinn logo sentiu alívio ao ver Joel se encontrando com ela.
Ela trocou olhar com Joel.
— Atrás de vocês – Ela avisou sem emitir nenhum som. Quinn esperava que ele fosse bom em leitura labial.
Ele assentiu como se tivesse entendido. Joel guiou Ellie para o outro lado do balcão, mas o ruído de vidro pisoteado atrapalharam o plano dele.
Quinn sentiu o tempo passar mais lento. Ela pode ver com clareza enquanto o primeiro infectado ia para cima de Joel e Ellie. Ela também pôde ver no fundo o segundo infectado em um confronto com Tess e Devonne.
O tempo havia parado para ela.
A Carter se ergueu com sua arma em mãos. Elas estavam trêmulas, ainda assim ela respirou fundo, segurou a arma com força para ter mais sustentação e mirou.
O barulho dos tiros da arma da Carter ecoaram. Outros tiros foram ouvidos e desta vez foi da arma de Devonne.
Sem dizer uma palavra, Quinn ajudou Joel a se levantar e jogar o corpo do estalador no chão.
— Vocês estão bem ? – Joel questionou, vendo Tess chegando junto com Devonne.
— Tudo. Só torci o pé.
— Você está bem ? – A bióloga colocou a mão no ombro de Ellie.
— Pelo menos eu não caguei nas calças. – Ellie mostrou o braço. – Ah, tá de sacanagem.
Havia outra mordida no mesmo braço.
— Puta merda. – Quinn xingou e foi examinar o braço da garota. O peso de ter falhado fazendo seus ouvidos quererem sangrar e ela simplesmente querer gritar consigo mesma. Ela sabia que Ellie era imune, mas não deixou de ficar brava com sigo mesmo.
Se Ellie não fosse imune ela morreria.
— Bom se era para acontecer com alguém. – Disse a menina.
— Ei, vamos dar o fora daqui. – Tess mandou sem demora.
Eles passaram por uma janela em direção ao lado de fora. Não era exatamente uma varanda, mas havia uma tábua para fazer eles passarem para outro edifício.
— Põe isso no braço. – Joel estendeu uma gaze que ele tirou da mochila para Ellie.
— Deixa que eu ponho. – Quinn pegou a gaze, murmurando um agradecimento.
— Por ali ? – Ellie questionou
— É, eu sei que dá medo. – O homem assentiu.
— Aquilo me deu medo. Isso é uma tábua. – Disse Ellie, fazendo Quinn rir ao passo que as duas caminhavam calmamente pela tábua.
— Esperem aí. Só um minuto. – Pediu Joel. Mas elas já estavam do outro lado.
— Pode ir com elas. Eu fico aqui. – Devonne disse enquanto se ajoelhava ao lado de Tess. – Vai lá cuidar delas.
No tempo que Joel vinha, Quinn pediu para Ellie estender o braço mordido. Cobrindo a mordida com a gaze.
— Pronto. – A Carter puxou a manga do casaco da garota para baixo, dando um sorriso acolhedor para a garota.
— Obrigada. – Quinn pode ver o olhar agradecido e envergonhado que Ellie lhe deu.
A mulher pigarreou.
— Olha ali. – Ela apontou para a vista.
Quando Joel chegou viu elas admirando a vista do horizonte.
— Tudo que você esperava ? – Joel perguntou para Ellie. Ele estava entre Ellie e Quinn enquanto admirava a paisagem.
— Ainda estou decidindo. Mas cara…olha só essa vista. – Ellie falou com admiração.
Quinn não pode não deixar de sorrir com a emoção da garota. Joel a olhou de canto discretamente, vendo a mulher de cabelo curto sorrir.
— Vamos, antes que escureça. – Tess chamou eles. Logo atrás vinha Devonne.
· · ─────── ·𖥸· ─────── · ·
O caminho até o congresso foi silencioso. Todos estavam alertas para algo.
Tess caminhava na frente com Ellie, Quinn e Devonne andavam lado a lado e o Miller andava atrás, observando os lados, atento a tudo.
— Então… – Quinn começou a puxar conversa. – Você e o velho…
— Não. – Devonne negou rapidamente. Ela sorriu com a suposição.
Pelo sorriso de Devonne, a Carter entendeu.
— Por que ? Não gosta de Texanos ?
Devonne riu.
— É. Exatamente. Prefiro Detroiters.
Brevemente o momento de brincadeira passou assim que elas viram que estavam chegando no congresso.
Havia um caminhão enorme em frente ao congresso, mas nenhum sinal dos Vagalumes.
Com uma troca de olhar com as parceiras, Joel foi examinar o caminhão de perto.
— Joel ? – Devonne o chamou enquanto as quatro iam para onde ele estava.
— O que tá acontecendo ? – Questionou Tess.
— Eles entraram. – Observou Ellie.
O olhar de Quinn acompanhou as manchas de sangue no chão até dentro do congresso. Ellie tinha razão.
De repente Ellie foi puxada por Tess para dentro do congresso.
— Tess ! – Devonne a chamou e a seguiu rapidamente.
— Devonne ! – Desta vez foi Joel que a chamou. Seguindo a também.
A bióloga correu para acompanhar eles.
— Puta merda ! – Exclamou a garota ao ver os corpos.
— Meu Deus – A Carter arregalou os olhos.
Todos estavam mortos.
— Calma, deve ter a porra de um rádio por aqui. – Falou Tess exasperada.
— Quem matou eles ? A FEDRA ? – A Williams questionou.
— Não. Um deles foi mordido. Os saudáveis brigaram com os doentes e todos perderam. – Explicou o homem mais velho.
Ao fundo Tess revirava as coisas à procura de algo.
— Para com isso, Tess ! – Gritou Devonne com raiva.
— Pra onde a Marlene falou que ia te levar ? – Tess ignorou a parceira – Ellie ! – Insistiu ela.
— Eu não sei. Oeste.
— Só oeste. Merda. – Ela xingou. Ela realmente queria ter esperança – Você ! – Tess se virou para Quinn. – Para onde Marlene vai levar ela ? Você deve saber.
Ela estava exaltada. Todos podiam ver isso.
— Infelizmente eu também não sei. – Confessou a bióloga – Eu encontrei e me juntei a Marlene e ao grupo em Chelsea e fui mandada a diversos lugares. Até parar aqui por causa da garota.
— Mas você deveria saber. Você é uma vagalume. – Tess afirmou com fúria e frustração.
— É. No entanto, graças ao ataque tive que acompanhar Ellie o mais rápido possível que ela se esqueceu de me contar.
Tess suspirou bravamente.
— Um deles deve ter um mapa, não é ? – A Servopoulos voltou a mexer nas coisa – Devonne, Joel, me ajudem aqui.
— Não ! Tess, acabou. – Joel afirmou bravo.
— Nós vamos voltar pra casa. – Ordenou Devonne.
— Lá não é a minha casa ! – Gritou Tess, amargurada.
Isso foi o bastante para ela e Devonne se encararem.
— Eu vou ficar. – Tess afirmou – É…a sorte ia acabar mais cedo ou mais tarde.
Fudeu. Tess tinha sido infectada.
— Merda – Xingou Ellie.
— Ela foi infectada. – Revelou Quinn.
A bióloga sabia que nem Devonne, nem Joel podiam acreditar. Os olhares deles estavam em Tess a todo momento, eles não podiam acreditar que havia passado despercebido.
— Me mostra. – Devonne pediu.
— Dev… – Com pesar, Tess tirou a parte da blusa onde havia sido mordida.
Tanto Joel quanto Devonne ficaram com um nó preso na garganta. Até mesmo Quinn pode sentir ele corta sua garganta.
A ferida estava horrível e isso era inegável. Ela certamente não duraria muito.
— Tira o pano do braço. – Tess pediu para Ellie.
A garota obedeceu. Tirando o pano que Quinn tinha enfaixado em seu braço.
— Olha, pessoal, isso é real. Ela é real. – Tess estendia o braço de Ellie para que os parceiros pudessem ver. – E ela…– Ela apontou para Quinn – Ela vai ajudar. Ela vai ajudar a transformar o mundo.
Joel continuava negando e falando que não daria certo.
Devonne balançava a cabeça em negação enquanto Tess insistia.
Ambos não queriam deixá-la. Isso estava claro para Quinn e Ellie.
— Dev, eu nunca te pedi nada, nem pra sentir o mesmo que eu…
— Tess… – Isso pareceu machucar Devonne. – Eu vou ficar também.
Isso pareceu surpreender Joel.
— O que…? Não ! – Joel negou. Tess também negou.
— Joel ! – A morena o puxou para o canto, tentando ficar calma e cochichando o mais baixo possível com ele.
— Caralho ! – Ellie foi para o lado de Quinn após um infectado caído ter acordado.
Sem pensar muito, Quinn afastou a menina para trás de si, tirou a arma do cós da calça e sem delongas atirou bem na cabeça do infectado.
O corpo do infectado caiu novamente. Porém caiu bem em cima de uma hífa que cuidadosamente enrolou no seu dedo.
Joel imediatamente correu para ver o que estava acontecendo do lado de fora.
Eles estavam vindo.
— Quantos ? – Perguntou Tess.
— Todos eles. – Joel respondeu, fechando a porta e indo para o centro novamente – Temos um minuto.
— O que você está fazendo ? – Devonne perguntou para Tess.
A mulher infectada derrubava galões de gasolina.
— Garantindo que não vão seguir vocês.– Anunciou ela.
Parando quando finalmente tinha terminado. Ela andou até Joel.
— Joel. Salve quem você pode salvar. – Tess disse para ele. A mágoa em seus olhos sendo visível.
Joel respirou fundo. O homem encarou Devonne. Ele sabia que ela já tinha se decidido e sabia que não poderia dizer nada para que ela mudasse de ideia. Então ele pegou o braço de Ellie e de Quinn e as puxou para fora.
— Não ! Não podemos deixar elas ! – Ellie gritou em resistência.
Quinn só pode deixar ele a guiar. Sentindo o aperto dele em seu braço crescer. Dando uma última olhada para trás ela pode ver Devonne segurando a mão de Tess enquanto dava um último sorriso para eles.
Do lado de fora o barulho da explosão eclodiu alto. A Carter não teve coragem de se virar.
Ela não queria ver. Ela não queria ouvir.
Joel soltou elas abruptamente. Quinn só conseguiu dar uns passos a mais e caiu de joelhos, sem conseguir olhar para o congresso que agora pegava fogo, ouvindo o estralar do fogo ao longe.
• Espero que tenham gostado do capítulo !! Vamos fingir que não demorei 3 meses para atualizar. Não se preocupem porque agora que minha rotina está organizada vou tentar atualizar o mais breve possível.
• Queria agradecer as mensagens de elogios e as pessoas que não desistiram desta fanfic. Obrigada, vocês me motivaram muito !! 🖤
• Criei uma playlist dessa fanfic no Spotify ! Quem quiser ouvir o nome é MEMENTO MORI, tlou.
• Peço por gentileza que votem e comentem, pois vai me motivar. E caso queiram compartilhar a fanfic vai me ajudar demais e me motivar mais ainda.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top