【𝟎𝟎𝟐】𝗜𝗺𝗺𝘂𝗻𝗲 𝗴𝗶𝗿𝗹
⟨Boston, MA⟩
(2023)
Mil pensamentos intercalavam a mente de Quinn Carter, mas sua boca era um caixão vazio.
A chuva quebrava o silêncio entre eles e o barulho do coração da Carter ecoava pelos próprios ouvidos. Ela sentia uma mistura de medo e ansiedade nenhum pouco boa. Estava nas mãos daqueles estranhos que não confiava nem um pouco.
Mas cá estava ela encharcada nos corredores de um edifício acompanhada de contrabandistas.
— Qual o nome de vocês ? – Quinn perguntou. Ela realmente não estava pouco se fudendo para eles, mas queria pelo menos saber o nome deles.
O homem rabugento e a mulher que não parecia nenhum pouco simpática resolveram ignorar a pergunta.
— Eu sou Tess, aquele é Joel e ela é Devonne. – Respondeu a mulher de blusa vermelha enquanto apontava para os companheiros. Ela abria a porta para Quinn e Ellie entrarem no apartamento. – Dêem um minutinho pra gente. – Tess fechou a porta, deixando elas lá dentro.
— Ah qual foi ! – Reclamou Ellie quando a porta foi fechada.
A garota encarou Quinn, mas percebeu que a mulher prestava atenção no que os contrabandistas diziam do lado de fora. As paredes eram finas o suficiente para que elas escutassem o que eles diziam de forma abafada.
O apartamento não era de todo mau. Era pequeno, mas cabia três pessoas para morar ali.
Quinn foi até a mesa, jogando a mochila em uma cadeira e sentou-se na outra. Ela se serviu de um copo de Whisky bem cheio, observando Ellie colocar a sua mochila na poltrona da sala e ir em direção ao rádio e pegar um livro.
Enquanto a garota folheava o grande livro, Quinn deu um grande gole na bebida. Sentindo o ardor do whisky formigar em sua garganta.
Ela fechou os olhos aproveitando a sensação até que os abriu quando ouviu Joel gritar os nomes das mulheres e logo em seguida entrar sozinho e bater a porta do apartamento.
Ele não falou nada, apenas jogou a mochila em um canto e pegou o copo das mãos de Quinn, bebeu o líquido restante e bateu com força o copo em cima da mesa. Dando a informação direta que a bebida era dele e ela não podia beber.
— Quem são Bill e Frank ? – Questionou Ellie assim que Joel se sentou no sofá. – O rádio é código de contrabando, né ? Música dos anos sessenta nada de novo, anos setenta coisas novas, e oitenta ?
Quinn deu um sorriso ladino com a esperteza da garota. De fato ela era esperta. Mas Joel não pareceu gostar nenhum pouco. Ele se levantou, tomou o livro das mãos da menina, o fechou e jogou em cima da mesa.
Ellie o encarou enquanto o homem voltava para o sofá e se deitava.
— O que você tá fazendo ? – Ela perguntou sem acreditar que ele iria dormir.
— Matando o tempo. – Joel respondeu simplesmente.
— E eu fico fazendo o que ?
— Sei lá arranja alguma coisa. Conversar com a sua babá. – Disse o homem com os olhos fechados. Ele não estava nem aí para o que a garota iria fazer.
— Eu não sou a babá dela.
Quinn respondeu de imediato. Ela não iria conversar com a fedelha então resolveu descansar a cabeça na mesa e cobrir com o braço.
Como Ellie percebeu que nenhum dos adultos iriam interagir com ela, ela pegou o livro de volta e foi se sentar na poltrona.
— Seu relógio tá quebrando. – Ellie avisou a Joel.
· · ─────── ·𖥸· ─────── · ·
A ponta do revólver foi para sua cabeça. As lágrimas salgadas e quentes caindo de seus olhos. Estava pronta para atirar em si mesma.
“Wake me up before you go-go
'Cause I'm not planning on going solo”
A música tocava quando a Carter despertou de sua soneca. Sua cabeça caindo na mesa com força suficiente para despertá-la.
Ela não planejava dormir de verdade, mas estava cansada. Na verdade sempre estava. Isso estava a um ponto tão grande que estava a afetando fisicamente.
Ela se espreguiçou. Os músculos doloridos ardendo quando se esticou.
O sol já tinha se posto a poucos minutos e Ellie estava sentada na poltrona olhando para a janela.
— Você conhece essa música ?
— Foi lançada um ano depois de eu nascer. Mas sim, conheço. – Quinn assentiu. Ela estendeu a mão para pegar uma coisa na mochila.
— Hum, entendi.
Quinn pegou o álcool elíptico em sua mochila e passou na ferida da bala que passou de raspão.
— Sarah... – A atenção de Quinn se voltou para o homem deitado no sofá.
— Ele diz esse nome enquanto dorme. – Afirmou Ellie ainda olhando pela janela. – Será que é esposa dele ?
Quinn não respondeu. Estava perdida em seus próprios pensamentos.
A música parou. O silêncio reinou novamente. Quinn sabia que a garota tinha muito a falar ou perguntar, mas agradeceu a Deus por ela manter a boca fechada.
Minutos depois o homem acordou.
— Você fala enquanto dorme. – Afirmou Ellie, enquanto isso Joel se sentava no sofá sem falar nada.
— Eu nunca passei pro outro lado do muro. – Continuou a garota, pensativa, olhando para os dois adultos. – Olha só como é escuro.
Joel se ajeitou no sofá e se voltou para Quinn que devaneava e encarava o nada. Ele percebeu que aparentava estar cansada, as olheiras contendo um tom roxeado. Os olhos dele caíram sobre as mãos dela que tinham as cutículas ensanguentadas, mas mesmo assim ela tirava mais e mais.
— Vocês vão muito lá fora ? – Ellie olhou para o homem.
— Mais ou menos.
— Quando foi a última vez ?
— Acho que a um ano. Idai ?
— Ellie, eles sabem para onde ir. Está tudo bem. – Quinn falou depois de finalmente sair do transe.
— É – Joel concordou, se apoiando melhor no sofá. Ele resolveu perguntar – Mas então você é filha de alguém importante ? Diz aí qual é a sua ?
Quinn e Ellie se entreolharam. A garota sorriu, achando graça da pergunta enquanto a bióloga entrava em desespero por dentro.
— E tipo isso mesmo. – Disse a garota.
— E qual é a sua ? – Joel se virou para Quinn. – Qual seu nome ?
— Quinn Carter. Sou bióloga. – A mulher se apresentou.
— Não peça conselhos a ela. Ela é horrível nisso.
Quinn soltou um som que se aproximava de uma risada com a afirmação da garota.
Após ficarem um pouco em silêncio apenas observando as expressões um do outro, Ellie falou para Joel.
— O rádio tocou enquanto você tava dormindo.
— Como era a música ?
— Wake me up before you go-go. – Respondeu a bióloga deduzindo que não deveria significar um bom sinal já que a música era de 1984.
— Merda – Joel suspirou pesadamente.
— Descobri. – Ellie abriu um sorriso maroto com a infelicidade do homem. – Anos oitenta é problema. Desvendei o código.
— Olha só – Joel se levantou com o dedo apontando para a garota. Ele iria brigar com ela, mas o barulho da porta o interrompeu.
Devonne abriu a porta deixando Tess passar primeiro. Quinn pôde perceber que a mulher fez isso com grande reverência para Tess.
— A passagem do Lancaster parece uma boa. – Falou Tess.
— Ela está livre – Declarou Devonne. – Mas isso não significa que será menos perigoso. A gente já falou sobre isso.
— Eu sei, Dev. Mas a gente já se decidiu. – Tess se voltou, encarando a parceira.
Devonne suspirou resignada. E Tess se voltou para a garota.
— Você tem casaco ?
— Tenho
— Então se veste. – Mandou Tess. – A gente já vai.
· · ─────── ·𖥸· ─────── · ·
Se esgueirando pelos túneis de Boston o grupo finalmente subiu e viu a luz no final do túnel. Literalmente.
— Puta merda ! Eu tô do lado de fora. – Ellie se levantou, encantado por estar do outro lado do muro.
— Merda. Abaixa, garota. – Quinn a puxou para baixo. Ela não acreditava que ela fosse tão imatura.
— Vamos contornar a zona de segurança. Fique quieta e obedeça meus comandos. – Avisou Tess para Ellie.
— Pode deixar, eu vou ficar de olho nela. – Quinn se voltou para Ellie. A mesma revirou os olhos com a afirmação da Carter.
Eles andaram e se esgueiravam por entre os antigos carros e entulhos, parando quando ouviam alguma coisa ou viam uma luz.
Finalmente eles estavam perto de terminar o trajeto quando viram um guarda. Ele estava de costas para eles enquanto mijava.
Quinn esperava que ele não se virasse. Mas ele se virou.
— Parados aí. – O guarda fechou a calça meio desajeitado e apontou a arma para eles.
Todos se viraram para o agente da Fedra com as mãos para cima.
— Calma – Disse Joel se virando lentamente.
A luz do raio iluminou eles. Fazendo o guarda verem o seus rostos.
— Você só pode estar de brincadeira. – O guarda levantou a viseira do capacete. Quinn nunca tinha o visto, mas parecia que Joel sim.
— Podemos negociar. – Ofereceu o Miller.
— Vira de costas e se ajoelha. – Ordenou o guarda. Joel pedia calma, mas o guarda o ignorava completamente. – Eu disse para você não sair de casa hoje. Todos vocês virem de costas e se ajoelhem !
Relutante eles obedeceram. No momento em estavam Tess, Joel e Devonne tentavam negociar com o guarda.
— Mãos na cabeça !
Quinn só pensava no teste e que daria merda se ele visse que Ellie estava “infectada”. Ela seria morta.
Merda. Merda. Merda.
Quando chegou a vez de Ellie ser testada, a garota enfiou uma faca na coxa do agente da Fedra.
— Vagabunda ! – O guarda xingou e urrou de dor. Ele apontou a arma para a garota e Quinn a puxou para o seu lado a abraçando e protegendo a cabeça de Ellie. O tiro não deveria atingir o cérebro dela.
Joel entrou na frente delas. Elas eram sua carga e elas iriam chegar no destino.
— Sai da frente. – Ordenou o guarda.
— Calma – Joel pedia repetidamente enquanto o guarda pedia para ele sair da frente.
Quinn ficou surpresa por Joel estar aparentar estar calmo, mas de repente no momento seguinte ela o viu atacar o agente da Fedra.
A Carter realmente se impressionou com a ação do homem.
Quando Joel finalmente caiu em si e viu que havia matado. Ele ficou em silêncio, raciocinando o que tinha acabado de fazer.
Rapidamente a bióloga largou Ellie e se virou para Tess e Devonne que seguravam a pequena máquina de teste em mãos.
— Não ! – Quinn suplicou antes de ouvir Devonne gritar o nome Joel e mostrar o aparelho para ele.
A luz vermelha indicava que Ellie estava infectada.
— Eu não estou doente ! – Exclamou Ellie. Quinn ficou na frente dela para defendê-la dos contrabandistas.
— Ela está bem ! – Afirmou severamente a bióloga. – Ellie, mostra o braço.
A garota puxou a manga do casaco e mostrou a mordida de três semanas atrás.
— A garota é imune. – Afirmou Quinn Carter.
Os contrabandistas não tinham tempo para pensar. Os outros guardas da Fedra já estavam vindo.
— Vamos. – Tess foi em direção a cerca, sendo seguidas pelas cargas.
— Vamos Joel – Devonne chamou o amigo.
Joel Miller pegou a arma do guarda antes de seguir a amiga e passar pela cerca.
Eles estavam do lado de fora.
• Espero que tenham gostado do capítulo. Eu simplesmente estou amando escrever essa fanfic.
• Aceito criticas construtivas e dicas para melhorar minha escrita.
• Peço por gentileza que votem e comentem, pois vai me motivar. E caso queiram compartilhar a fanfic vai me ajudar demais e me motivar mais ainda.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top