𝚝𝚑𝚒𝚛𝚝𝚢 𝚏𝚘𝚞𝚛
As coisas estavam indo de mal a pior. Sua vida estava um caos completo e você não conseguia achar nenhuma solução plausível para os seus problemas.
Então por que a cabeça de Satoru entre as suas pernas parecia a coisa mais certa e menos errada no meio de toda essa confusão?
Seu gemido era fino e, principalmente, baixo. Não queria acordar Megumi dormindo no quarto ao lado. Não que isso impedisse o Gojo de enfiar a língua ainda mais fundo dentro de você, enquanto as mãos dele agarravam sua bunda com tanta força que deixava marca dos dedos longos e grossos. Era quase como se ele estivesse tentando lhe segurar ali, para nunca mais sair.
Você sentia o orgasmo chegando cada vez mais perto a medida em que Satoru usava a língua para traçar círculos em seu clítoris, mas, toda vez que você estava quase lá, ele retirava a língua.
Suas costas se arqueavam em ansiedade e suas pernas já estavam doendo de tanta pressão que você estava fazendo nelas para se manterem no lugar. Mais uma vez, você estava quase lá e o platinado retirou a língua de você.
— Satoru, eu juro — Você sussurrou, ofegante, tentando não transparecer o tanto de tesão que você estava naquele momento — Se você não me deixar gozar, eu te mato com um lápis sem ponta enquanto você tiver dormindo.
Isso arrancou uma risada baixa dele, que reverberou em todo o seu corpo, começando pela sua intimidade e indo até os fios do seu cabelo.
— Se você pedir com carinho, eu posso até considerar a ideia.
Você estava irritada, então não respondeu. Seus dias já estavam sendo uma tortura lenta o suficiente. Não precisava de complicações na cama também.
Se bem que... não dava para negar que você adorava esse jogo.
Toda vez que Satoru fazia você demorar para atingir o orgasmo, ele sempre chegava com uma intensidade indescritível. Era bom ver que, apesar dos problemas que o relacionamento de vocês estava tendo, o Gojo continuava viciado em colocar a cabeça entre as suas pernas.
Isso fazia você acreditar que tinha sim uma luz no final do túnel.
Aquela sensação de formigamento no pé da sua barriga lhe atingiu com mais força do que das outras vezes. Talvez agora você conseguiria gozar. Fechou os olhos e arqueou as costas, sentindo o início do orgasmo se formando no seu ventre. Os dedos dos seus pés se contorceram.
— Quase — Você sussurrou, tão baixo que você mesma quase não escutou.
Então Satoru retirou a língua de uma vez, fazendo um frio se instalar no lugar que antes era ocupado pelo calor que o corpo dele emanava.
— Puta que pariu — Você disse, irritada, enquanto abria os olhos e percebia que o platinado tinha se levantado e estava agora de pé perto da cama. As mãos dele não agarravam mais a sua bunda e isso lhe causou uma angústia inexplicável no seu peito — O que foi?
Ao invés de responder, ele agarrou as suas pernas e lhe puxou para o canto da cama. Seus tornozelos estavam apoiados nos ombros dele, enquanto os olhos de Satoru pegavam fogo enquanto lhe encaravam.
Isso nunca tinha mudado. Essa fome e desejo que ele emanava sempre que olhava para você.
Ainda bem. Porque você não tinha ideia do que faria se ele não olhasse mais para você daquele jeito.
— Pede com carinho.
Ele foi tão imperativo que você apenas abriu a boca e disse:
— Por favor — Saiu em forma de um sussurro, mas alto o suficiente para ele ouvir e esboçar um sorriso que fez suas pernas tremerem.
Foi necessário apenas um movimento. O membro rígido dele entrou em você de uma só vez, fazendo você levar uma das mãos até os lábios para evitar que um grito escapasse por eles. Uma lágrima pesada escorreu pela sua bochecha enquanto Satoru começava a meter em você com força.
Ele próprio também estava fazendo um esforço enorme para não gemer alto, ao mesmo tempo em que você se deliciava com a sensação de ser completamente preenchida por ele repetidas vezes. A sua intimidade preenchia o pau dele tão perfeitamente apertado. O Gojo já tinha transado com muitas mulheres, mas nenhuma transa fazia ele se sentir daquela forma. Completo.
No início, ele pensava que, depois de transar com você algumas vezes, acabaria se acostumando e enjoando, como tinha acontecido com todas as outras antes de você. Mas isso nunca aconteceu. Muito pelo contrário. Cada vez que ele metia em você de novo, o viciava mais e mais ainda.
Satoru alcançou o seu vibrador, que estava jogado em algum lugar na cama, e o ligou. Somente o barulho da vibração foi o suficiente para arrepiar os pelos da sua nuca, mas, quando ele pressionou o brinquedo pequeno no seu clítoris, você esticou um braço para pegar um travesseiro e o pressionou no seu rosto. Sua mão não era mais o suficiente para abafar os sons que saiam de sua boca.
O orgasmo lhe atingiu com tanta força que fez pontinhos pretos aparecerem na sua visão. A almofada foi arrancada do seu rosto e os olhos azuis do Gojo lhe incendiavam.
— Olha pra mim — Ele mandou, ainda estocando em você como se a vida dele dependesse disso e segurando o vibrador no seu clítoris como se sua vida dependesse disso.
Você obedeceu. Com a boca entre aberta, incapaz de se manter fechada, você olhava nos olhos dele, enquanto o orgasmo ainda percorria por todo o seu corpo, fazendo uma onda de espasmos tomar conta de suas pernas.
Somente quando você acabou de gozar, Satoru também atingiu o ápice, desligando o vibrador e atirando ele em algum lugar na cama. Antes de retirar o membro amolecido de dentro de você, ele se inclinou para frente e depositou um beijo casto no vão entre os seus seios.
Sua respiração ainda estava muito pesada quando ele finalmente saiu de dentro de você.
Sem falar mais nada, o platinado foi em direção ao banheiro e se trancou lá dentro. Era assim normalmente, depois de semanas de brigas e desentendimentos. Você não queria, mas uma parte de você já estava se acostumando com isso.
Ficou alguns minutos jogada na cama, na esperança de que ele fosse sair logo do banheiro, mas o som do chuveiro sendo ligado fez um suspiro pesado escapar de seus lábios. Sabia que ele só sairia lá de dentro quando tivesse certeza de que você já tinha saído do quarto.
Por isso, vestiu o seu pijama de novo e fez o que ele queria. A casa estava muito silenciosa. Como era final de semana, Mei Mei não estava por perto. Era para você ficar feliz com isso, mas como a sua família estava desmoronando aos poucos, começou a ficar incomodada com o silêncio que se instaurava quando a mais velha não estava no apartamento.
Não queria ficar sozinha, então foi acordar Megumi. O mais novo tinha ido para o parque com Yuji na tarde do dia anterior e acabou voltando exausto para casa. Mas, como ele tinha ido dormir muito cedo, já estava ficando na hora de ele acordar de qualquer forma.
Você abriu a porta do quarto dele com cuidado e a fechou depois que entrou no cômodo. Desligou o ar-condicionado antes de se sentar na cama de solteiro que parecia muito grande acomodando apenas o corpo pequeno do menino de cabelos negros.
Sua mão passava de leve pelos fios grossos, fazendo carinho. Megumi resmungou baixo algumas vezes antes de abrir os olhos escuros e lhe encarar. O sorriso que se abriu no rosto dele foi o suficiente para fazer você se esquecer todas as preocupações que rodeavam a sua mente poucos minutos antes.
— Bom dia, mamãe.
Você não conseguiu deixar de sorrir de volta.
— Bom dia, meu amor — Você depositou um beijo casto na testa dele, enquanto Megumi se ajeitava para abraçar o seu braço, ainda deitado na cama, e se aconchegar mais em você — Quer tomar café da manhã?
— Já já — A bochecha dele roçava sua perna a medida em que ele ia se aproximando cada vez mais de você — Deita um pouquinho comigo, por favor.
Era muito difícil dizer "não" para Megumi normalmente, mas ficava ainda pior quando ele pedia com jeitinho e com a cara e a voz repletas de sono. Você apenas assentiu com a cabeça e ele já foi mais para o lado, lhe dando espaço para se deitar ao lado dele.
Você mal tinha se aconchegado quando o mais novo passou os braços ao redor do seu pescoço e se colou ao seu corpo. Não se lembrava em que momento vocês tinham ficado tão próximos fisicamente, mas simplesmente aconteceu. Megumi parecia uma criança mais fria e distante a primeira vista, mas era muito carinhoso e grudento por dentro.
E você amava esse traço da personalidade dele. Até que combinava com a de Satoru.
— Papai já acordou? — A voz sonolenta dele lhe acordou de seus pensamentos.
— Ele foi tomar banho.
— A gente vai tomar café da manhã juntos?
O seu coração errou uma batida, como fazia toda vez que o mais novo perguntava pelo pai para você. Não precisava ser um gênio para saber que Megumi estava dando o seu melhor para que você e o Gojo se resolvessem. Ele tinha uma noção muito boa do que estava acontecendo para alguém da idade dele, o que era, de fato, impressionante. E, mesmo não sabendo de todos os detalhes, ele só queria que vocês se resolvessem.
Mas, mesmo sendo muito espeto para sua idade, Megumi não tinha ideia de que vocês estavam mais perto do que nunca de acabar com essa brincadeira de casinha. Principalmente depois de você descobrir algo que poderia acabar completamente com a missão.
— Se você pedir com carinho, tenho certeza de que ele vai aceitar — Foi o que você conseguiu responder.
— E se você pedir?
— Você é bem mais charmoso do que eu — Tentou fugir da resposta, mas a expressão triste no rosto de Megumi denunciava que ele não tinha caído no seu papinho.
Vocês ficaram em silêncio por algum tempo, tanto tempo que você até pensou que o mais novo tinha caído no sono de novo, mas percebeu que os olhinhos ainda estavam abertos. Megumi estava pensativo e você preferiu nem tentar imaginar o que se passava na cabecinha dele. Independente do que fosse, não seria nada bom.
No banheiro, Satoru desligava o chuveiro. A água gelada sempre ajudava ele a clarear os pensamentos, mas isso não estava mais funcionando. Ele tinha se comprometido a pensar sobre a situação do final da missão e achar uma solução plausível, mas estava ficando cada vez mais difícil.
Vocês brigavam com uma frequência maior a cada dia que se passava, pelas coisas mais bobas do mundo. Era nítido que você estava perdendo a confiança nele, o que era justificável, levando em consideração que o próprio Gojo não tinha sido cem por cento claro e honesto desde que tinha voltado da última reunião com Masamichi.
O platinado sabia que precisava conversar com você sobre aquilo. Sozinho ele não conseguia achar uma resposta, mas, juntos, talvez vocês conseguissem pensar em algo. Megumi não queria que você fosse embora. Satoru não queria que você fosse embora.
Ele lhe amava e isso não era mais algo que ele poderia negar. Por isso, ele se vestiu e saiu do banheiro, decidido a tentar resolver as coisas entre vocês, mas, quando abriu a porta do banheiro, quase atropelava uma criaturinha pequena de cabelos escuros, que ainda estava de pijama e com o rosto amassado por causa do travesseiro.
— Filho?
Megumi também tinha se assustado com a saída repentina de Satoru do banheiro. A mãozinha dele estava estendida em punho, o que denunciou que ele estava prestes a bater na porta. Depois de se recuperar do susto, um sorriso meio radiante e meio triste se instalou nos lábios do mais novo.
— Mamãe tá fazendo panquecas. Você vem comer com a gente?
Já fazia um tempo desde que vocês estavam inconscientemente evitando fazer as refeições juntos. Quando você estava na mesa, Satoru precisava fazer uma ligação urgente para a agência. Quando ele estava na mesa, você tinha que resolver algo em um relatório prioritário.
O Gojo sabia que Megumi estava percebendo. Também tinha noção de que essa situação estava afetando o pequeno mais do que ele deixava transparecer.
— Claro — Ele respondeu, levemente hesitante.
O sorriso no rosto de Megumi se alargou, mas ainda não era o mesmo sorriso que ele esboçava meses atrás, quando tudo ainda estava uma maravilha. Mesmo assim, Satoru tomou aquilo como uma vitória do dia, afinal, a felicidade do mais novo era uma das maiores e mais importantes prioridades da vida dele.
Chegando na cozinha, o platinado esboçou um sorriso ao ver você de avental. Cozinha não era, nem de perto, um dos seus maiores dotes, mas você tinha se esforçado muito para aprender a fazer panquecas porque era o café da manhã preferido de Megumi. Depois que você conseguiu fazer uma dúzia delas sem queimar, Satoru tinha lhe comprado o avental listrado vermelho, que combinava muito bem com o avental azul que ele usava quando estava cozinhando.
Só que, quando você olhou na direção dele, o sorriso no rosto do Gojo diminuiu um pouco. Estava na cara que você tinha ficado chateada por ele ter saído da cama depois do sexo incrível, sem falar nada.
Aquilo estava começando a se tornar um hábito ruim da parte dele. Satoru tinha se contentado que aquela era a melhor forma de agir para evitar um silêncio constrangedor entre vocês ou alguma conversa que fosse levar a outra briga. Mas estava claro que você não concordava com essa abordagem.
— Bom dia, amor — Ele disse, se sentando na mesa, com um tom brando, tentando acalmar a situação.
— Bom dia — Sua resposta não foi fria nem ríspida, mas não carregava aquela dose de leveza e felicidade que tinha antes de as coisas começarem a desmoronar — Vocês querem comer as panquecas com o que?
— Nutella! — Megumi gritou, fazendo você rir e Satoru revirar os olhos.
— Você sempre come com Nutella — Ele disse.
— Porque é gostoso — O mais novo respondeu, como se fosse óbvio, arrancando mais uma risada alta sua.
Porra, como Satoru amava a sua risada. Tinha ficado tanto tempo sem escutar ela que estava quase esquecendo o quanto era gostoso ouvir esse som. A saudades fez o coração dele se apertar.
— Você quer com o que? — Sua pergunta, direcionada a ele, fez com que o Gojo voltasse ao presente.
— Mel.
Você apenas assentiu e, depois de colocar o prato com uma pilha de panquecas, se virou para buscar a Nutella e o mel.
— Deixa que eu pego — Satoru foi rápido em se levantar da cadeira e andar em direção a dispensa mais rápido do que você, que acabou tirando o avental e se sentando na mesa, ao lado de Megumi, que já empilhava as panquecas no prato dele — Eu lavo os pratos depois que a gente acabar também — Ele completou, colocando o mel e a Nutella na mesa e se sentando na cadeira a sua frente.
— Obrigada — O sorriso no seu rosto demonstrava gratidão genuína. Vocês geralmente dividiam as tarefas domésticas, mas, depois que passaram a evitar se encontrarem dentro da casa, cada um acabou fazendo a sua parte separadamente.
Faziam algumas semanas desde a última vez em que vocês se sentavam juntos na mesa para fazer uma refeição, então as coisas estavam um pouco estranhas. Mesmo assim, Megumi se empenhou muito para manter a conversa fluindo.
O mais novo contava sobre como foi a semana dele na escola e também lhe atualizava sobre como foi no parque no dia anterior com Yuji, já que Satoru foi com ele e você ficou "resolvendo algumas coisas da missão".
— Eu realmente gosto muito dele — Megumi disse e o tom de tristeza na voz dele fez com que o seu coração se partisse em pedaços — O que vai acontecer com ele depois que a missão acabar?
Você ficou encarando o seu prato, sem coragem de responder. Satoru também não estava nada animado com a ideia de dar uma resposta para aquela pergunta, mas limpou a garganta e falou:
— Provavelmente Suguro vai ser preso — O tom dele, por mais que ele estivesse se esforçando para sair indiferente, era triste — Em situações normais, Yuji seria mandado para um orfanato de novo, mas posso ver com a agência se tem alguma coisa que a gente possa fazer sobre isso.
— Você não fica triste que Suguro vai ser preso?
Dessa vez, você se engasgou com a pergunta. Teve que tossir algumas vezes e beber um pouco de água para se estabilizar. Conseguiu olhar para Satoru e viu um vazio nos olhos dele que você nunca tinha visto antes.
Triste era eufemismo. O Gojo iria ficar destruído se Suguro fosse preso.
"Se" não, "quando". Mas o "quando" estava cada vez mais difícil de você engolir. A ideia do Geto atrás das grades também não lhe agradava muito. Tudo bem que ele fazia parte de um esquema de venda de armas e relíquias roubadas. Mas, puta que pariu. Você mesma não era o melhor exemplo de cidadã que seguia a lei. Tinha conseguido informações confidenciais sobre Estados e vendido elas como se não fosse nada. Além disso, com toda a certeza do mundo Satoru tinha matado muito mais gente do que Suguro.
Você e Satoru não eram exatamente as melhores pessoas para julgarem as ações de alguém.
— Minha missão é prender ele e não tem nada que eu possa fazer a respeito disso — Foi o que o Gojo conseguiu responder.
— Vocês tão perto de prenderem ele?
Não tinha mais como você fugir da pergunta. Megumi olhava diretamente para você, esperando ansiosamente por uma resposta (negativa) e Satoru também tinha as íris azuis fixas no seu rosto, aguardando.
— Ainda não — Mentira — Suguro faz muito bem o trabalho dele e, mesmo monitorando quase todo passo que ele dá, não temos nenhuma prova de nada ainda.
Se Satoru percebeu que você estava mentindo, não deixou transparecer. Megumi tentou fingir que estava triste com essa notícia, mas ele nunca foi o melhor em esconder os próprios sentimentos. Isso, com certeza, ele não tinha puxado dos pais.
— Chega de falar sobre a missão — O platinado interviu, com um sorriso aliviado no rosto — Você tinha comentado ontem que Yuji comprou um jogo novo e vocês estavam combinando de testarem juntos, não é?
Os olhos do mais novo brilharam e, em um passe de mágica, ele se esqueceu da missão e começou a tagarelar sobre quando iria na casa do Itadori para jogarem o novo jogo.
O resto da refeição acabou sem mais escândalos e Megumi foi intimado a tomar banho. Depois de muita insistência, ele conseguiu convencer vocês dois a assistirem um anime novo com ele.
Satoru lavava os pratos, como tinha dito que faria, mas você aproveitou para arrumar a mesa. O silêncio que se instaurou entre vocês era confortável e leve, pelo menos até ele falar:
— Precisamos conversar.
Você virou com cautela na direção dele, espantada que ele tinha trazido o assunto à tona, mas não surpresa que vocês tinham, de fato, algum problema para ser resolvido.
— Tudo bem — Você respondeu, largando o pano em cima da mesa e dedicando toda a sua atenção ao platinado.
— Eu sei que as coisas não tão indo muito bem — Você riu de leve — Tá, as coisas tão uma merda — Ele se corrigiu — Eu sabia que você tava escondendo alguma coisa de mim esse tempo todo e eu ainda não sei exatamente o que é. Te dei espaço até que você se sentisse confortável em confiar em mim e falar sobre isso...
— Não tem nada haver com confiar em você, Satoru.
— Eu sei — Ele também largou os pratos e saiu de trás da pia, se aproximando mais de você — Eu entendi isso depois — Um suspiro pesado escapou dos lábios dele antes de continuar — Lá na reunião com Masamichi eu comecei a ter uma ideia do que tá acontecendo e algumas semanas atrás eu ouvi sem querer uma conversa sua com Megumi — Você abriu a boca para reclamar de ele ter ouvido uma conversa particular, mas ele não lhe deu oportunidade — Eu sei que a agência não vai deixar você sair de boa por aquela porta quando essa porra de missão acabar — Seus olhos se arregalaram e você passou tanto tempo sem responder que ele continuou a falar — Também sei que você não me contou nada porque não queria colocar eu e Megumi em perigo.
— Se você sabe disso, por que estamos tendo essa conversa?
— Como assim?
— Satoru, eu gostei muito do tempo que passamos aqui na missão, mas eu sempre soube que ia ter um prazo de validade — Suas palavras pareciam ter um impacto enorme nele. Falar que você "gostou muito" de ficar com eles era uma completa piada. Você tinha se apaixonado perdidamente por aqueles dois, mas falar isso naquele momento só iria piorar as coisas — Desde o início da missão eu sabia exatamente os planos de Masamichi pra mim e eu não posso arriscar a sua vida e a de Megumi.
— O que ele vai fazer com você?
— Eles vão me prender — O sorriso triste estampado no seu rosto fez com que o coração dele se quebrasse de vez — A ideia é me deixarem presa e me forçar a fazer alguns trabalhos quando eles precisarem de mim, não importa quais meios eles precisem usar.
Não precisava ter um Nobel para o platinado saber que iriam torturar você até que fizessem exatamente o que eles queriam.
— Só por cima do meu cadáver — A resposta dele foi tão instantânea que até ele se assustou com a facilidade com que aquelas palavras saíram da boca dele.
— E foi exatamente por isso que eu não falei nada antes — Você suspirou, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar dos seus olhos — Não tem nada que você possa fazer sobre isso, Satoru.
— E o que você quer que eu faça? Sabendo que você tá naquela porra de agência sendo torturada?
— Eu nunca disse que ia pra lá — Sua fala foi tão baixa que ele mal escutou.
— O que?
— Eu vou fugir — Duas lágrimas escorreram dos seus olhos e o seu sorriso refletia tudo menos alegria.
— Eu vou com você.
O que caralhos ele estava falando? Óbvio que isso era uma opção, mas o platinado ainda não tinha decidido exatamente o que fazer. Estava sendo tão fácil falar que fugiria com você que ele percebeu que até para o inferno ele iria por causa causa.
Mas, mesmo depois de ele tentar ser todo heróico, sua única reação foi rir. Muito.
— O que foi?
— Você realmente vai largar tudo o que você construiu naquela agência por causa de uma mulher que conheceu alguns meses atrás?
Masamichi tinha feito uma pergunta estupidamente parecia com aquela. Mas, diferente de quando ele hesitou na frente do chefe, responder a sua pergunta foi extremamente fácil.
— Vou.
— E Megumi?
— A gente leva ele.
— Você tem noção do que tá falando, Satoru? — Você levantou um pouco a voz, mas voltou a baixar depois de lembrar que o mais novo sairia do banho a qualquer momento — Megumi é uma criança. Viver uma vida foragido é uma merda.
— Você já fez isso antes e não te pegaram.
— Justamente por eu ter feito isso antes eu posso afirmar com propriedade que é uma porra. Além disso, eu só consegui me esconder por tanto tempo porque eu estava sozinha. Não ia ser tão fácil assim esconder uma criança.
— Megumi nunca vai me perdoar se eu deixar você ir.
— E eu nunca vou me perdoar se vocês estragarem a vida de vocês por minha causa.
O tom decidido da sua voz fez com que ele parasse de contestar. Mais algumas lágrimas escorreram pelos seus olhos, enquanto você ainda mantinha aquele sorriso que estava destruindo cada vez mais Satoru.
— Não posso fazer isso com vocês dois — Você caminhou poucos passos até chegar perto dele o suficiente para deixar um beijo casto na bochecha do platinado — Sinto muito.
Depois disso, você se afastou de foi embora, levando todo o calor da sala consigo. O Gojo foi deixado em um frio e silêncio que nem ele mesmo sabia explicar. Foi somente quando você finalmente desapareceu do campo de visão dele, entrando no quarto de vocês, que ele deixou as lágrimas pesadas escaparem dos olhos azuis.
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