PROLOGUE

1995
Hollywood, Sunset Boulevard

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Dentro da casa de shows, Orpheum uma banda ensaiava para a primeira e tão ansiada apresentação que poderia mudar sua vida.

A música se inicia com um riff de guitarra, que deixa claro o estilo da banda. O baterista bate as baquetas uma na outra, ao mesmo tempo que grita a contagem de tempo, começando de fato a música.

O vocalista principal, com sua voz rouca e potente, da início a letra da música enquanto tocava sua guitarra. Os pés se mexiam descarregando toda a energia que vinha da banda.

Agora, o baterista se juntou cantando com o vocalista e o segundo guitarrista fazia algumas notas diferentes da melodia. O baixista se aproximou do microfone principal, depois de ser chamado para lá.

A paixão pela arte escorria pelo corpo deles e toda a excitação pelo momento exalava pelos poros. Eles preenchiam o palco com sua personalidade, pulando, fazendo manobras com seus instrumentos e interagindo com o futuro público, batendo palmas e lançando fumaças.

E brincavam, dividindo as linhas e fazendo segundas vozes, deixando espaço para todos os quatro cantarem. O coro final foi, de longe, o mais emocionante, onde eles colocaram mais sentimento, veracidade nas falas e na maneira que expressavam.

O próprio ensaio poderia ser facilmente confundido com a apresentação em si. Os garotos cantavam com vontade e paixão e sua presença de palco junto com os efeitos especiais trazia um espetáculo completo.

Após a música se encerrar, seus corações foram vagamente desacelerando, mas a emoção continuava.

Arrasaram! — Um grito e uma salva de palmas pode ser ouvida, trazendo uma risada de felicidade para eles. — Mandaram muito bem, meninos.

— Valeu, somos a Sunset Curve. — Reggie, o baixista, mandou uma piscada para as meninas que estavam trabalhando lá.

— Que pena que era só a passagem de som, a gente mandou muito bem. — Bobby, o segundo guitarrista comentou enquanto guardava a guitarra e trocava um comprimento com o companheiro.

— Mas espera até a noite, cara. Quando esse lugar estiver lotado de caça-talentos.

— Alex, você detonou! — Reggie elogiou o baterista que chegava mais próximo dos três, segurando suas baquetas.

— Ah não, eu só 'tava me aquecendo. — Ele não aceita o elogio e aponta para os amigos — Vocês é que detonaram.

— Aceita o elogio pelo menos uma vez? — O baixista pediu, indignado com a atitude do loiro.

— Beleza. — Ele da uma voltinha — Eu detonei mesmo!

Os três podem não ter notado ao longo do ano que havia passado, mas constantemente Bobby se sentia colocado de lado ou apenas, não incluído nas piadas e brincadeiras.

Como um personagem secundário, apenas preenchendo o palco.

— Eai galera, o que vocês acham de forrar o estômago antes do show? — Luke propõe, batendo as mãos. — Eu 'tava pensando em um dogão.

Bobby pronto pra colocar seu plano em prática, pula do palco em direção as duas garotas que limpavam as mesas.

— Aí Bobby, onde 'cê vai?

— Eu 'tô de boa, eu sou vegetariano, nunca machucaria um animal. — Sua voz se tornou suave e mansa, chamando a atenção das meninas para a conversa. A loira, que era do interesse dele, se aproximou da amiga e ficou do seu lado com um sorriso cínico.

— Vocês são muito bons! — Rose, a morena comenta impressionada, ignorando a tentativa de flerte vindo do moreno.

— Valeu.

— A gente vê várias bandas, e já estivemos em algumas. — Rose falou por elas — Dava para sentir.

— É por isso que a gente toca. Eu sou o Luke, falando nisso.

— Oi, sou o Reggie. — Ele cumprimentou, ganhando um sorriso da loira do outro lado.

— Alex.

— Bobby. — Luke lambeu o dedo e passou na orelha de Bobby, causando uma careta de nojo nele e na loira.

— É um prazer conhecer vocês, eu sou a Rose e essa aqui é a Allison. — Ela se apresentou.

— Prazer.

— Ah, nosso CD demo. — Reggie se lembrou da merch que já tinham e os ofereceu para as amigas, que pareceram supresas. — E duas camisetas tamanho: gatinha.

Rose colocou a camiseta na sua frente, mostrando para sua amiga a estampa com a logo deles.

— Valeu, iremos tomar muito cuidado para não limpar as mesas com elas. — Allison agradeceu fazendo graça, colocando a sua em seu ombro.

— É uma boa, sempre que ela molha ela meio que de desfaz na mão. — Alex reclama e imita a camiseta de desfazendo.

— Mas vocês não iam comer um cachorro quente, não? — Bobby pergunta, querendo ficar mais a vontade para iniciar uma conversa com a loira.

— Ah, é que ele já comeu um hambúrguer hoje. — Luke acaba com todo o ego que Bobby estava criando e sai sendo acompanhado de seus outros dois companheiros.

— Mas então vocês trabalham aqui a quanto tempo? — Bobby não se deixa para baixo e continua tentando se mostrar para as meninas que os assistiam.

Já do lado de fora, intimidados pelo orvalho de talentos da Sunset Boulevard, o trio caminhava em direção as lojinhas de comida perto da casa de shows.

— É disso que eu 'tô falando.

— Desse cheiro da Sunset Boulevard? — Alex indaga confuso.

— Nãoo. Do que aquelas garotas disseram lá dentro, sobre a nossa música. — Luke agarra os ombros de cada um e chacoalha. — Ela tem energia, conecta com as pessoas. Elas sentem a gente quando tocamos. Eu quero ter essa sensação com todo mundo.

Se alguém de fora do grupo, escutasse essa conversa certamente julgaria Luke, como um ambicioso ao extremo. Mas ao dezessete anos, onde tudo depende da música, ser ambicioso é o de menos.

— 'Vamo precisar de mais camiseta. — Reggie fala inocente, segurando algumas em suas mãos.

Os três se prepararam para passar ao lado fila de fãs que os esperava, ainda de fora da casa.

— Vamo embora.

Reggie rapidamente entrega algumas camisetas para as meninas na fila, que só se tocaram com quem elas estavam falando depois de verem a estampa.

♪⭒

O lugar em que acharam para comer parecia agradável, em um estilo mais street food com uns sofás e mesas coloridas, além das lanterna penduradas entre as paredes e música no estilo deles.

A única coisa que pesava na nota era os condimentos servidos no porta malas do carro.

E isso irritava Alex, profundamente.

— Cara, eu não vejo a hora da gente comer em algum lugar em que os condimentos não são servidos em um porta malas de um carro velho. — Alex se afastou alguns passos para falar com o dono. — Ai, foi mal. Derrubei a água do picles no seu cabo de bateria.

— Sem problemas, ajuda com a ferrugem.

A resposta do dono fez Alex olhar em volta de confiado, como se não entendesse a conexão.

Os três dividiram o sofá mais próximo, encostado na parede, acostumados com a ordem de Alex e Reggie nos cantos – Reggie por ser sempre o mais espaçoso e Alex por gostar de sentar nos cantos – e Luke ganhando o espaço do meio.

— Isso é demais, gente. 'Vamo tocar no Orpheum. — Luke começa, ainda desacreditado. Em sua mente, ele não passaria da fase de cantar nos clubes de leitura. — Não dá nem pra contar quantas bandas tocaram aqui e depois acabaram estourando. 'Vamo virar uma lenda.

Ele segurou seu cachorro-quente a frente do seu rosto.

— Galera, um brinde porque depois de hoje, a nossa vida vai mudar.

Os dois da ponta encostaram seu cachorro-quente com o do meio num brinde, e cada um abocanhou o seu.

Eles podiam concordar, a cara dos sanduíches não era a das melhores mas eles estavam com fome e sem dinheiro então o melhor que podiam fazer era engolir tudo aquilo e torcer para sustentar até a hora do show.

Alex foi o primeiro a notar, sendo muito crítico e sensível para tudo, ele sentiu um gosto diferente logo na primeira mordida. Enquanto Reggie e Luke saborearam como se fosse a melhor comida do mundo.

— 'Tá com gosto diferente. — Ele estranhou para os amigos, sem nem ao menos terminar de mastigar.

— Relaxa cara, um dogão nunca matou ninguém. — Reggie o tranquilizou.

Mas Luke percebeu, a queimação na barriga já não era mais ansiedade. Sua boca estava começando a ficar seca e o gosto estava sim, diferente.

Dando mais uma mordida apenas para conferir, ele teve certeza que havia algo de errado naqueles condimentos.

♪⭒

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