EPISODE ONE • bet u wanna
Los Angeles
2020
• ──── ‧₊˚👻 ‧₊˚ ──── •
Pelos corredores do colégio Los Feliz, Marjorie distribuía pequenos convites de sua próxima apresentação. Seu salto rosa barulhento combinando com o laço preso em sua cabeça trazia sua personalidade e autenticidade, como nunca vista.
Nessa troca de salas, seu objetivo era chegar até seu armário e ver como suas melhores amigas estavam, mas toda hora alguém a chamava ou interrompia sua caminhada.
Quando ela finalmente chega, Flynn já havia entrado no assunto principal da manhã: apresentação de Jules para a Srt.Harrinson.
- Bom dia, florzinhas. - Ela manda beijinhos para cada uma e abre seu armário. Pegando um caderno de anotações e mais uma caneta de brilho.
- Sério, Jules? É isso que vai fazer? - Flynn perguntou indignada com a amiga, ela simplesmente não podia deixar todo o seu dom ir embora. - A Srt.Harrinson falou que sua última chance.
- Eu sei, eu 'tava lá
- Sabe, Jules, você deveria pensar logo o que você vai apresentar, porque decidir na hora vai ser mil vezes pior. - Marjorie fecha seu armário enquanto fala, mas é interrompida pela presença de sua irmã e a expressão do trio caiu mais ainda. O que costumava ser um quarteto quando criança, mas com um passar do tempo e com as constantes brigas, se tornaram o trio que são hoje. A loira se sentia culpada por não ter conseguido esfriar as brigas, ou tomar conta da amizade delas, afinal, ela era a mais velha e esse era seu trabalho no começo, tomar conta delas enquanto os pais jantavam mas tudo comecou a desandar naquele mes de outubro.
- Vejo vocês lá, não deixe de ir, em.
A voz de Carrie era comumente, conhecida como irritante, mas naquela manhã, parecia o som de um violino desafinado.
- O que ela tá espalhando? - Flynn murmura em descontentamento.
- Desespero? Desculpa - Julie se desculpa pela fala, para a irmã da garota.
Marjorie não havia se sentido ofendida, sua irmã conseguia muitas vezes, ser desagradável. Ela não gostava de achar aquilo de sua própria irmã, era estranho e fora do comum, e ela só desejava voltar a ser aquelas irmãs que eram quando crianças mas parecia ter uma barreira invisivel que separava elas, a tornando quase como apenas colegas que de vez em quando, se esbarram em casa.
- Pra vocês, a minha banda vai se apresentar no evento de amanhã. - Carrie se aproximou e entregou um de seus folhetos para cada uma das amigas. - E eu aposto que vocês não tem nada melhor para fazer.
- Aí meu deus, Carrie, valeu. - Flynn disse em pura ironia.
- Aí meu deus, Flynn, você nem precisa ir. - Carrie devolveu e saiu dando risadinhas falsas em direção a outras vítimas.
Flynn amassou o folheto com ódio e o entregou pra Marjorie, que logo arremessou em um lixo., acertando em cheio.
Marjorie e Flynn tiram sua atenção de Carrie e voltam a olhar para Jules, que observava sonhadora Nick, o alguma coisa de Carrie.
- O Nick? Ainda? - As amigas dizem em conjunto. Com o tempo que passaram juntas, acabaram adquirindo essa habilidade engraçada. - Você sabe que eles vão se casar e ter um tanto de bebês do mal, com a Mar de madrinha.
Flynn a lembra, tirando algumas risadas e acenos de cabeça de Marjorie.
- O Nick é um fofo e uma gracinha. - Jules tenta se defender dos julgamentos.
- É, teria que conversar com ele pra saber disso.
- Se você quiser, arranjo um "encontro" para vocês. - Marjorie ofereceu, causando um balançar de cabeça negando em resposta.
- E, além do mais, só um deles teria que ser um demônio para fazer bebês do mal.
As risadas entre as duas chamaram a atenção que Marjorie, que permanecia perdida na organização de seus próprios panfletos. Ela não queria na zona de pensamentos sobre sua família agora, as lagrimas já tinham acabado pelo dia e ela não queria atacar as amigas com piadas sobre o próprio azar.
- Estou indo voltar a distribuir meus próprios panfletos, aqui o de vocês. - Ela estende um para cada, que dessa vez, foi acolhido com bom agrado. O papel rosa com detalhes em azul brilhando pelo glitter posto claramente chamava mais atenção que o da irmã, no momento que os primeiros foram entregues, alguns alunos se aproximavam para tentar conseguir um. - Logo depois da Carrie, meu plano é roubar todo o brilho dela. Beijinhos, até daqui a pouquinho.
Era engraçado a maneira como Marjorie distribuia os seus convites, ela tinha uma mania de entregar apenas para aqueles que ela sabia ser boa pessoa e que já haviam conversado com ela, como uma lista privada do show. Não havia nenhum benefício ou presente incluído em receber-los, mas ter a atenção e o reconhecimento de sua pessoa, era o suficiente.
Enquanto ela caminhava para longe dos armários, uma fila de estudantes se aproximava dela, a circulando mas tentavam agir de boa, como um dia normal, sem fazer escândalo mas a loira cortava a alegria da maioria daqueles, apenas continuando a andar sem se importar com o círculo de pessoas a sua volta.
♪⭒
A melodia tocada por Nick ecoava por toda a sala, a notas bem feitas e terminando na hora certa, como mandava na partitura. Marjorie não podia julgar, seu quase cunhado tinha um talento escondido por baixo de todo o futebol que exala.
Ele estava indo bem, surpreendentemente.
Quando a última nota cessou, Nick foi reverberado com vários aplausos e comentários sobre como ele havia arrasado, naquela prova.
- Muito bom, Nick. Quase tão impressionante quanto seu jogo contra Glendale. - O elogio da professora, tira uma risada envergonhada de Nick. - Tá legal, temos uma última apresentação. Julie.
A professora atrai toda a atenção para Julie, que estava com um boné vermelho na cabeça se escondendo dos olhares. Ela rapidamente levanta da cadeira e deixa o boné guardando seu lugar, se encaminhando para o grande piano de cauda que havia no meio da sala.
Marjorie pensava que quando se perde alguém, o melhor a se fazer é manter as memórias feliz por perto e tentava mostrar isso pra Julie, mas ela não conseguia. O jeito de lidar com o luto era diferente, entre elas. A música era algo muito importante na relação de mãe e filha, Rose sempre foi uma artista e era algo que ela procurava passar a sua filha, a ensinando tocar o piano e a cantar, mas todo essa bolha de sentimentos acabava assustando Julie e escolher deixar guardado todo o talento que tinha, era a opção mais facil.
Julie se sentou no banco e colocou a partitura no suporte, respirando profundamente.
A professora a encarou esperançosa, dando-lhe palavras encorajadoras. Marjorie e Flynn as encarava ansiosas e nervosas pela amiga, que estava preste a quebrar uma barreira na vida.
Julie encarou o piano, levantou a tampa e pousou as mãos sobre as teclas dando indícios que conseguiria, mas logo as retirou. Flynn levantou e Marjorie tampou o rosto com as mãos, sentindo a preocupação tomar conta de seu corpo. Julie havia voltado atrás.
- Não consigo - Julie disse já em pé, seu rosto em completa negação. Marjorie soltou um suspiro.
- É agora que a gente aplaude? - Carrie perguntou, se fazendo de sonsa. Raiva tomou conta do rosto de Marjorie, tornando-o vermelho e seu cérebro explodiu em desaprovação com as atitudes da irmã mais nova. Não havia explicação, como elas eram irmãs?
Um de seus pés foi de encontro com o encosto da cadeira da frente, fortemente, a empurrando quase derrubando. Por ironia do destino, essa mesma cadeira, era onde estava sentava Carrie. Marjorie com certeza não era a favor de violência, mas um sustinho aqui e ali não caia mal em ninguém, e a irmã tava merecendo um dos grandes.
- Pra que isso, Carrie? - Flynn reclamou, igualmente brava e saiu atrás de Julie, que abandonava a sala.
Marjorie levantou e pegou o boné vermelho deixado pra trás, saindo da sala batendo os saltos e sem antes olhar fuzilante para a irmã, foi atrás da Molina.
♪⭒
A sensação de estar em casa, nunca foi realmente estar em casa.
Marjorie morava numa mansão enorme, em Pasadena com um heliporto e vários cômodos, mas aquilo tudo nunca foi o suficiente para preencher o vazio que ficava em seu coração. E um dos motivos sempre fora, seu pai.
Aquele que era sua inspiração, que era seu super-herói e porto seguro. Aquele que os toques se tornaram frios e vazios, mas antes eram quentes e cheios de proteção. Ela não sabia o que havia acontecido, que transformou sua casa completamente, talvez o dinheiro e fama tenha subido a cabeça, talvez o fato de sua mãe ter-los abandonado, quando ela ainda era criança, para viver uma vida longe dos holofotes e das traições, ou talvez, ele sempre foi assim, mas escondia toda sua personalidade. Marjorie preferia acreditar que todo aquele luxo que ostentavam acabou comendo os neurônios restantes do cérebro de seu pai.
Ele estar ou não estar em casa não fazia a diferença, ele sempre tinha alguma coisa mais importante para fazer do que suas próprias filhas. E por escolha própria, ele preferia ficar longe, se tornando quase um desconhecido para qualquer um naquela casa, por isso, Marjorie sempre procurou outros lugares onde se sentia acolhida e protegida, como a casa de seus avós ou de sua melhor amiga, Jules.
Mas hoje não havia escolha, ou ficava em casa ou ficava em casa.
A melodia que ela criava no piano, preenchia sua mente, não deixando espaço para todo aquele sentimento ruim que havia na mansão. Não havia realmente uma melodia, estava mais para notas curtas que juntando não formavam uma música por completo.
O barulho exagerado de chaves interrompeu o ambiente relaxado que tinha ali, Marjorie sabia o que significava.
Seu pai havia chegado em casa.
O grande piano branco ficava na sala de estar principal, o primeiro cômodo da casa e obviamente o primeiro cômodo que seu pai passaria.
- Ah filha! Você está em casa. - Ele atravessa o conjunto de sofás, também brancos, e deixa um selar na testa da menina. Assim que o contato foi desfeito, sua testa ficou repleta de rugas, dadas pelo franzir em confusão, pela atitude do homem mais velho.
- Oi pai, como foi seu dia?
- Meu dia foi bem, ocupado como sempre, e como o seu foi? Como Julie está? - A resposta veio devagar, algo em seu celular o chamava a atenção mas isso não era o de diferente.
- O meu foi bem também, a Julie está indo, melhorando. - Marjorie respondeu com um sorriso, não era sempre que seu pai mantinha uma conversa por tanto tempo.
- E o Matt? Faz tempo que ele não vem aqui. - Um semblante de confusão tomou o rosto dos dois, após a pergunta do pai.
- Pai... Eu terminei com ele faz mais de um mês - Marjorie o lembrou e se lembrou também, que não importava quantas vezes falava, ele não guardaria a informação.
- Ah, é verdade. Preciso ir, uma emergência lá no estúdio. - Ele foi saindo sem dar tempo da filha falar mais alguma coisa - Estou de volta para o jantar.
E saiu porta a fora, quebrando todas as expectativas que Marjorie tinha de conseguir passar um tempo em família. Mesmo que elas fossem bem pequenas.
♪⭒
Seu pai não havia voltado para o jantar.
Ela tinha chamado sua irmã para jantar com ela, mas a música alta que saia do quarto dela provavelmente tinha abafado qualquer chamado. Resultando nela jantando a comida que a cozinheira havia deixado do almoço, e com saudades de seus avós.
Após deixar a cozinha limpa, foi para seu quarto terminar algumas tarefas da escola. Estava no penúltimo ano da escola e as coisas para o seu futuro estava começando a pesar, não sabia o que faria de faculdade nem se queria fazer uma faculdade.
Nunca se via em uma profissão comum, como médica ou professora. Queria viver uma vida de estrela, mas não como a de seu pai. Queria cantar suas músicas e fazer sucesso por suas canções tristes, mas músicas escritas por ela mesmo, não por compositores
Seus pensamentos em química, foram interrompidos por uma mensagem de 190 de Julie. Uma mensagem dessa significa emergência. Rapidamente a responde com três pontos de interrogação e espera uma resposta. Com a demora dela, pensa em ligar mas lembra que a amiga estava encarregada de organizar a garagem deles, ela apenas podia ter encontrado alguma coisa legal.
Marjorie logo volta para suas lições mas não consegue se concentrar, a preocupação tomava conta de seus pensamentos sem deixar espaço para a química.
Seus pés batiam um no outro no ar, enquanto o lápis batia em sua boca incessavelmente, demonstrando a ansiedade por uma resposta.
Observando o horário meio tarde e o tempo em que demora de sua casa até de Julie, viu que não valia a pena sair correndo até lá sem antes não ter a certeza de que algo está acontecendo.
A ligação é negada nos primeiros três toques e logo uma mensagem é noticiada, avisando que está no jantar.
Na casa de Julie, a hora do jantar é uma hora sagrada. Onde os celulares são desligados e todos tem que estar na mesa. E Marjorie sabia que era esse horário que a tia podia chegar a qualquer minuto.
Com o coração mais leve, Marjorie largou os estudos, indo fazer sua rotina noturna para logo ir pra cama.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top