🎨- 009 | Opening The Door
𐮙༻Lee Luna point of view༺𐮙
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Entro correndo pela porta de casa e fecho a porta com rapidez antes que o vento a bata.
Percebo o quão encharcada estou quando noto que uma pequena poça de água se amontoou no local do pis ponde fiquei um tempo parada.
Aquela leve brisa no início do meu caminho para casa durou bem menos do que eu imaginei, pois alguns passos após aquilo lágrimas já haviam começado à cair do céu. E então virou tudo apenas um borrão aguado tampando minha visão.
— Vó, cheguei! Está em casa?! — pergunto meio gritando enquanto deixo meu casaco e sapatos secando. Imagino que ela esteja na sala ou em seu quarto.
Após um tempo de silêncio tenho quase total certeza de que vovó saiu em algum momento enquanto eu estava na escola, e torço que o local que ela esteja tenha algum teto decente.
Como papai não ficou em casa hoje, não há nenhum funcionário trabalhando em casa em quintas-feiras e vovó saiu saio fechando todas as janelas da casa rapidamente.
Após cuidar de tudo subo as escadas para meu quarto para trocar de roupa. Removo o uniforme úmido do meu corpo e visto um pijama velho. Especificamente uma regata e um shortinho com imagens de um pintinho amarelo com bochechas rosadas.
Passo meu tempo livre vendo coisas inúteis porém interessantes no celular até que de um segundo para o outro a energia da casa se esvai, me deixando em uma completa escuridão repentina.
Desço para o andar debaixo novamente com o auxílio da lanterna do meu celular a fim de tentar ver se consigo alguma coisa com o gerador da casa. Mas infelizmente, a última coisa que eu aprenderia na minha vida é como usar um gerador, então fico minutos em tentativas falhas ao tentar ligá-lo de alguma forma bastante improvisada, o que obviamente não acontece.
Após xingar algumas vezes o pé da mesa pois entrou no caminho do meu dedinho do pé, percebo batidas inquietantes e persistentes na porta de entrada então coloco um roupão — a fim de esconder meu pijama — e atendo a porta.
Quando a abro dou de cara com um garoto conhecido parado e tremendo na porta. Suas roupas e cabelos estão encharcados, o vento frio e gelado sopra no meu rosto juntamente com pesadas gotas de chuva.
— Oi... Luna. P-posso entrar? — Hyunjin diz ainda tremendo de frio.
— S- sim, claro! Entre logo, vou pegar um toalha para você, pode subir aqui em cima. — fecho a porta atrás dele e subo as escadas com a ajuda da lanterna do meu celular para ir pegar toalhas, enquanto isso ele sobe meio receoso as escadas atrás de mim.
Pego algumas toalhas e as entrego ao garoto, que aceita de bom grado. Então, o convido a se sentar na minha cama.
— Você poderia ficar doente se ficasse mais tempo naquela chuva, precisa secar esse cabelo. Mas antes, o que fazia andando nesse dilúvio?
— Jungkook e eu passamos na casa de Minho para pegar umas coisas. Só que Jungkook foi embora antes da chuva começar. Enquanto eu, saí de lá com minha moto e começou a chover no meio do caminho, então achei perigoso por conta da rua molhada e decidi ir a pé arrastando ela. Mas começou a engrossar e lembrei que você morava por aqui, mas quando vi as luzes desligadas pensei que não tinha ninguém em casa, mesmo assim tentei bater na porta.
— Você precisa secar seu cabelo, a não ser que queira pegar uma doença. Vou pegar um secador.
Ficamos em silêncio por um tempo enquanto seco seus fios com o secador de cabelo. Não é aqueles silêncios constrangedores e desconfortáveis, mas sim aquele silêncio confortável que se equivale à uma boa conversa.
— Pronto. Agora está bem melhor, você não tem outras roupas, ou melhor, uniforme não é? Essas suas estão encharcadas, tenho certeza de que se torcesse iria parecer uma cachoeira.
— Não, mas tudo bem mesmo assim. Você já fez tanta coisa por mim hoje. — Hyunjin refuta, mas está aparente que as roupas transmitem frio para ele.
— Nem pensar. A última coisa que alguém quer ter é uma doença, mesmo que comece com um resfriadinho pode se agravar. Eu até pegaria uma das roupas de papai, mas ele tem mania de trancar seu quarto quando sai. E imagino que nem as minhas roupas nem as da vovó dariam certo em você. Vou ter que... pegar emprestado do quarto do meu irmão.
— Você tem um irmão? — Hyunjin pergunta confuso, e me chego à questionar se eu nunca havia comentado com ele ou com o pessoal, provavelmente não.
— Sim, eu tenho um irmão mais novo... só que ele já morreu. Ele era bem descuidado com essas coisas, você me lembra ele as vezes. — dessa vez, eu sorrio ao lembrar de como Felix era adorável e estranho ao mesmo tempo.
— Sinto muito por isso, Luna. Eu queira dizer que entendo, mas nunca tive um irmão. Como ele morreu? — dependendo da pessoa que perguntasse isso para mim, eu acharia grosso. Mas Hyunjin perguntou na mesma inocência de uma criança, então não em incomoda compartilhar isso com ele.
— Leucemia. Foi por isso que eu e meu pai fomos embora da França, tudo que eu via lá me lembrava de Felix, e aquilo doía. Porque eu sabia que por mais que eu lembrasse dele sempre, nunca mais iria vê-lo de verdade. Já fazem bons meses, mas até hoje nunca abri a porta daquele quarto. Vou procurar algo para você vestir lá. — levanto da cama rumo ao outro lado do corredor.
Quando minha mão chega próxima à maçaneta, é como se um choque irradiasse meu corpo, ou algum tipo de campo de força me impedisse de ao menos tocá-la. Quando estou quase desistindo dessa opção e preferindo arrombar a porta do quarto do meu pai para pegar roupas lá, sinto uma onda de calor reconfortante sobre minha mão.
Olho para o lado, Hyunjin coloca sua mão sobre a minha e gira a maçaneta da porta. No momento em que ela se abre sinto uma avalanche de sentimentos ruins sobre mim, como se eu estivesse em uma foça sozinha. Mas quando abro os olhos e vejo Hyunjin ao meu lado tudo que havia de errado antes começa a se acertar e um calor volta a queimar dentro de mim.
As lembranças que antes estavam com um filtro triste passam a ser alegres ou até mesmo nostalgicamente boas. É como se a presença de Hyunjin deixasse a saudade de Felix uma saudade feliz, me lembrando que um dia ainda vou ver meu irmão, só não em vida. Ao sentir essas coisas não deixo de sorrir, e também percebo o garoto ao meu lado sorrir também. Como se minha pequena felicidade o animasse.
Abro algumas caixas com mudas de roupas e pego o que acho que virá bem a calhar, mesmo sem muita noção por conta do escuro. Hyunjin se mantém atrás de mim em posição, como se nunca deixasse de ser o escudo que está sendo agora, e isso me deixa muito grata.
Após fazermos o que tínhamos de fazer, retornamos com cuidado (devido ao escuro) ao meu quarto com uma sacola com algumas mudas de roupa para ver se algo serve em Hyunjin.
— Acho que isso servirá em você, toma. — entrego uma calça jeans com uma blusa do time de baseball favorito de Felix, chamado LG Twins que tem um autógrafo de um dos jogadores nas costas, do dia que eu, meu irmão e minhas amigas da França fomos em um de seus jogos que foi situado em Paris. E por último um daqueles moletons também de baseball preto.
Aponto meu banheiro para o garoto se trocar. Após um tempo ele sai de lá novo em folha. É estranho a visão que eu tenho, de alguém usando as roupas de Felix ou mesmo aquelas roupas novamente.
— Ficou perfeito. Vou colocar suas roupas para secar, mesmo que ache que vai demorar. — anuncio me levantando e pegando as roupas molhadas de Hyunjin.
Enquanto coloco elas no varal percebo que Hyunjin desceu timidamente as escadas como um cachorrinho me seguindo e rio um pouco. Ao olhar um pouco na janela noto um carro estacionado em frente à minha casa, me estico para ver melhor o interior caos eu conheça quem dirige.
Meu sorriso morre ao perceber que se trata de papai e vovó estacionando. Me viro para Hyunjin e tento pensar em como explicar um garoto que eles não conhecem aqui em casa, as suas roupas molhadas e ao fato de eu ter me lembrado apenas agora de que esse tempo todo há apenas um robe cobrindo meu pijama, tudo isso sem parecer suspeito.
— O que foi? — ele me pergunta vendo a preocupação estampado em meu rosto.
— Meu pai e minha avó estão estacionando... vamos subir! — pego em sua mão e a lanterna do celular então subimos correndo, quase esbarro em algumas coisas não identificadas no caminho.
Ao entrarmos fecho a porta rapidamente e inspiro analisando minhas possibilidades.
— Será que se eu pular pela sua janela eu tenho alguma chance de sobrevivência? — Hyunjin indaga colocando a cabeça para fora da janela.
— Impossível. É uma altura muito grande, melhor não correr esse risco.
O pânico corre minhas veias ao ouvir passos no andar debaixo e vozes, além de um vidro sendo quebrado. Imagino que meu pai ou minha avó tenham sentido o efeito do breu na casa.
Fico um tempo pensando até que os passos passam a subir pela escada. Então começo a procurar quaisquer esconderijos para Hyunjin no meu quarto.
— No armário... não cabe. Embaixo da cama... baixa demais. Atrás da porta... qualquer movimento já era. — ouço vovó chamando meu nome no corredor e faço qualquer coisa para esconder o garoto.
Enfio Hyunjin debaixo dos cobertores da minha cama e me deito do outro lado rapidamente fingindo que estou dormindo. Em menos de cinco segundos a porta se abre e vovó aparece lá me vendo "dormir".
— Luna, eu e seu pai... pelo visto o sono já a levou. E nem está tão tarde. — ela diz e fecha a porta novamente, então suspiro aliviada e tiro os cobertores de cima do meu amigo.
— Ufa, deu certo pelo menos. Agora teremos que pensar em como você vai sair daqui, aproveitando que a chuva diminuiu um pouco.
Aguardamos todas as luzes da casa serem apagadas para descermos as escadas novamente.
— Leve isso, ainda está chovendo, mesmo que não seja tanto quanto antes. — digo entregando uma capa de chuva e um guarda-chuva para ele, que aceita receoso.
— Tem certeza? Está me emprestando sua casa inteira já. Fora que só deu trabalho
— Tenho sim. Você pode me devolver amanhã na escola. E não foi trabalho nenhum, foi divertido. Se você não tivesse aparecido assim, demoraria mais muito tempo para eu ter coragem de abrir aquela porta ou até mesmo me abrir sobre meu irmão, então eu que agradeço. Vá com cuidado. — dou um abraço em Hyunjin e o observo sair pela porta meio envergonhado, até que me pego sorrindo por isso.
Me viro mais leve para subir para meu quarto, e quando ligo a lanterna do celular tenho mais outra surpresa essa noite, e dessa vez não é das melhores.
— Quem é ele? — vovó pergunta sentada na cozinha.
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