Capítulo 8- Encontro?

A/n

Desculpa pela demora, os próximos capítulos não vão demorar tanto. Mas enfim, vou deixar vocês com a história.

Joui havia acordado num colchão, com muita dor de cabeça da ressaca, pouco antes da hora do almoço. Ele conversa um pouco com Erin e os outros que não parecem estar muito melhor.

Depois de comer, a amiga o leva de volta para a casa de Liz, lembrando que o mesmo não estava muito bem e que era melhor descansar. Chegando lá, a mulher começa a perguntar sobre o que tinha acontecido na festa e, ao perceber que estava de ressaca, começa a dar um sermão nele, o que era engraçado já que o mesmo tinha idade o suficiente para fazer essas coisas.

Joui não estava ouvindo muito as coisas que a outra estava falando, tomando o comprimido que ela deu sem nem saber o que era. Tinha a sensação de que estava esquecendo algo importante, mas não conseguia lembrar bem o quê.

Quando o japonês se joga no sofá, sua mente lembra o motivo de tanta preocupação na noite passada, César! Ele pega seu celular rapidamente, sentindo um aperto no coração ao ver que o outro não havia respondido ainda nem recebido as últimas mensagens. Joui rapidamente começa a mandar mensagens para Thiago, torcendo para ele ter alguma notícia.

Thiago continua tentando fazer com que Joui explicasse como tinha o número de César, apesar de ser meio óbvio que tinha sido na festa ele não imaginava o cabeludo simplesmente dando o número para qualquer um que conhecesse.

Cristopher estava na cozinha fazendo o almoço, desde o dia da briga ele não havia mais falado com César, receoso de sua reação. Ele queria melhorar sua relação com seu filho, mas não sabia como, tudo que tentava fazer parecia apenas piorar as coisas.

De repente, alguém bate na porta.

—Deixa que eu atendo, Tio Cris!

Ao abrir a porta ele se depara com um homem, que segurava uma mochila.

—Oi, eu sou o Bruno, um amigo do César. Ele está em casa?

—Então é você o responsável por ele ter vindo pra cá a pé!

—E você deve ser o Thiago. Você pode chamar o César?

—Ele está de cama, resfriado, por culpa sua. O que você quer?

—Entregar isso que ele deixou lá em casa — Bruno estendeu a mochila para Thiago, que a pegou.

—Deixou lá. Você e seus amigos o expulsaram sem nem deixá-lo pegar as suas coisas!

—Eles não eram meus amigos! Mas eu a única pessoa com a qual tenho que me explicar é o César — ele começa a se virar para ir embora — E Thiago.

—Que foi?

—Não finja se importar com ele só pra depois abandoná-lo e falar mal dele pelas costas. Isso é... Apenas cruel.

Thiago só fecha a porta bufando, sem acreditar no que o outro havia acabado de dizer de si. Quem ele pensava que era? O homem apenas balança a cabeça e vai até o quarto de César, batendo na porta antes de abrí-la.

—Ei dorminhoco. Acorda, chegou uma entrega pra você —Thiago fala com uma voz brincalhona.

—Só mais cinco minutinhos... —César murmura, enrolando-se mais nas cobertas.

—Nem mais um segundo — ele puxa o cobertor do outro — Pode acordar que o sol já nasceu... Faz tempo, tipo, muito tempo.

—Me chama quando ele se pôr então — o cabeludo vira de lado, colocando a mão na frente de seus olhos quando a janela é aberta.

—Se você não levantar agora, eu vou tacar um copo de água na sua cara.

—Se você fizer isso eu te mato.

—Então levanta — ele começa a puxar o garoto pelos pés.

—Que cê tá fazendo?! Tá bom, tá bom! Levantei! Satisfeito?

—Sim. Tó — Thiago joga a mochila na cama do outro.

—Tá doido? Tem coisas frágeis aqui! —César pega seu computador que estava dentro da mochila e começa a analisar se tinha algum dano no mesmo — Como você conseguiu isso?

—O seu "amigo" — faz as aspas com os dedos — veio entregar.

—O Bruno? Ele tá aqui?

—Não, eu expulsei ele.

—O quê? Por quê?

—Eu tenho mesmo que explicar.

—Não foi culpa dele...

—Mas ele deixou acontecer. Você tá se sentindo melhor?

—Uhum. Acho que dormir foi o suficiente pra curar o resfriado...

Quando Thiago sai do quarto, César liga o computador, feliz em ver que os sites que ainda estavam salvos. Depois de fazer isso, ele coloca seu celular para carregar e liga o mesmo.

Joui estava sentado numa mesa do bar, esperando que o outro chegasse. Ele estava ansioso para ver César novamente, parecia que fazia uma eternidade desde que se viram apesar de ter se passado apenas um dia separados. O garoto também estava preocupado com o que poderia ter acontecido com o cabeludo na noite passada.

—Oi! Você é amigo do Thiago e da Liz, certo? Eu me chamo Arthur — o homem estava de pé do outro lado da mesa.

—Oi, prazer em te conhecer. Eu me chamo Joui. Foi você que tava tocando guitarra no aniversário do Thiago? Aquilo foi incrível!!

—Obrigado. Demorei pra reaprender a tocar depois de ter amputado o braço, mas agora tô quase tão bom quanto era antes — ele dá um sorriso — Tá esperando alguém?

—Um amigo meu, ele está meio atrasado, mas já chega.

—É aquele garoto cabeludo?

—É... Como você sabe?

—Eu vi você conversando com ele naquele dia.

Joui começa a ficar meio preocupado. Ele e César conversaram apenas fora do bar, onde aquelas auras surgiram... Estava receoso que o outro tivesse visto algo.

—Entendi...

—Você deve confiar muito nele pra mostrar... Você sabe — o homem se senta na mesa.

—Eu realmente não sei o que você quer dizer — Joui dá uma risadinha nervosa logo depois de falar, deixando claro para qualquer um, menos Arthur, que estava mentindo.

—A sua energia — ele cochicha — Que você é um mágico, sabe?

—Do que você tá falando?! Mágico?

—Não precisa se preocupar. Eu também sou um mágico. Só perguntar para o Sr. Veríssimo depois.

—Acho que você tá me confundindo com outra pessoa... Não sei o que é isso que você tá falando nem quem é Sr. Veríssimo.

—Espera... Você não é da Desconjuração, é?

—Não? O que é isso?

—Ufa, ainda bem... Mas como assim você não sabe dessas coisas? Você não tá na Ordem?

—Acho que não.

—Que estranho... Todos que nascem com magia aqui na cidade são notificados para o Sr. Veríssimo.

—Eu sou do Japão...

—Isso explica muita coisa! Não sei se tem um grupo da Ordem lá. Então, se você não é da Ordem, onde aprendeu a usar a sua energia.

—Energia? Aquela luz que apareceu nas minhas mãos?

—Isso!

—Nenhum lugar! Isso apareceu do nada quando... — ele para, achando melhor não citar o envolvimento de César com isso, não sabia se podia confiar no outro — Quando eu fui pra fora do bar. Primeiro veio uma luz amarela, depois laranja, aí preta e de volta amarela.

—Pera um pouco... Você não controla só a energia da ordem?

—Eu não faço a mínima ideia do que você tá falando.

—Tem certeza que eram outras cores?

—Absoluta.

—Eu não acredito! É você! Você é o marcado! — ele quase grita, se não fosse pela barulheira do bar, teria chamado a atenção de outras pessoas.

—Que isso? Você pode me explicar do que tá falando? Marcado, mágico, energia... Não sei o que é nada disso.

—Eu te explico depois, nós temos que ir pra base agora! — Arthur fala animado.

—Desculpa, mas eu tenho um encon... Não encontro com o César agora.

—Ahhhhh. Então amanhã você volta aqui pra eu te levar pra Ordem? — o heterocromático faz uma carinha de cachorrinho abandonado.

Joui estava prestes a recusar, mas pensou um pouco antes de o fazer. Esse cara era a maior chance de entender o que estava acontecendo consigo. Ele parecia ser uma boa pessoa, se fosse apenas Joui envolvido este aceitava sem nem pensar, mas ele não queria que sua inocência botasse César em perigo. Talvez pudesse ir com o outro, sem citar nada do cabeludo...

—Tudo bem. Mas depois você vai me explicar melhor essa história.

—Claro!

César havia chegado no bar, nervoso e ansioso para encontrar Joui. Ele queria muito ver o outro, mas ao mesmo tempo tinha medo de fazer ou falar algo irritado que fizesse o outro afastar-se de si. O garoto procura com os olhos pelas mesas algum sinal do outro, quando o vê conversando com um rapaz, que parecia aquele guitarrista do aniversário de Thiago.

Ao ver aquela cena, fica incomodado, até mesmo irritado, sentindo uma pontada de ciúmes, apesar de que nunca admitiria ser isso. César pensa se devia ir lá e interromper os dois ou apenas ir embora. Imediatamente, ele se tocou que não poderia simplesmente voltar para casa, afinal, tinham que descobrir o que estava acontecendo com os dois. Ninguém mais, apenas ele e Joui.

Depois de alguns segundos, o guitarrista se afastou da mesa, deixando Joui sozinho. César vai até ele com uma cara meio emburrada.

—Oi César kun! Aconteceu alguma coisa?

—Não.

—Eu já não falei que você não consegue mentir pra mim? O que te deixou fofo desse jeito?

—Fofo?! — o rosto dele esquenta com essa frase, quase ameaçando a dar um sorriso envergonhado.

—Você fica fofo quando tá bravinho, lembra? Eu te disse isso. Tá esquecendo das coisas ultimamente — Joui dá uma risadinha que faz o coração de César.

—Eu não to bravo...

—Vou fingir que acredito.

—Por que você tava falando com aquele cara? — ele pergunta de forma meio magoada.

—Espera aí? Você tá com ciúmes?

—Não!

—Awn. Então é por isso que tá bravinho, achou que eu tinha te trocado. Não se preocupe, César kun, eu não te abandonaria desse jeito.

—Vamos só direto ao ponto — o cabeludo tenta mudar de assunto.

—Então... Sobre isso... É melhor a gente falar sobre isso em outro lugar.

—Por quê?

—Te explico no caminho.

—Caminho pra onde?

—Eu não pensei nessa parte ainda. Tem que ser um lugar privado, com menos chances das pessoas nos verem.

—Hmmm... Acho que sei onde podemos ir.

—Sério? Onde?

—Surpresa.

César começa a guiar Joui, enquanto os dois explicam um para o outro sobre o que tinha acontecido. O cabeludo fala o que aconteceu na casa de Bruno, citando até mesmo a parte em que sentiu como se seu corpo estivesse sendo controlado. O japonês explica sua conversa com Arthur e do convite que fez.

—E você vai mesmo? E se ele for um louco psicopata que vai tentar te sequestrar?

—A Liz senpai e o Thiago sensei conhecem ele, não acho que o Arthur seja uma má pessoa. E além disso, é a nossa melhor chance de descobrir o que está acontecendo.

—A sua segurança é mais importante do que isso. Eu não confio nele.

—Cê não confia nele porque está com ciúmes.

—Não tô!

—Tá sim.

—Nem sei porque tento argumentar contigo.

—É que você sabe que estou certo.

Depois de alguns minutos, os dois chegam em uma clareira que não ficava tão distante do bar. No meio dela havia uma grande árvore que projetava uma sombra fresca, além de ter um balanço amarrado em um de seus galhos.

Aquele lugar faz César relembrar de todas as tardes que sua mãe o trazia aqui, fazendo diversas brincadeiras com o mesmo e montando um piquenique. Era sempre calmo e sereno nessa clareira, nunca havia ninguém ali, era um cantinho só seu e de sua mãe, uma das poucas coisas que ela havia deixado... Ele se lembra perfeitamente do dia em que tirou uma foto no ombro da mesma, foto essa que guardava com o maior cuidado, como se fosse seu bem mais precioso.

Nunca havia mostrado seu cantinho de paz para ninguém, nem para Bruno. Apesar disso não pensou duas vezes antes de chamar Joui, ele confiava completamente no mesmo, mesmo que só o conhecesse há praticamente dois dias.

—Uau! Esse lugar é tão bonito!

—Eu sei...

Joui corre até debaixo da árvore e se joga na areia, deitado de costas. César o acompanha, rindo da reação do mais novo e deixando sua mochila de lado antes de deitar.

—Olha aquela nuvem! Parece um dragão.

—Dragão? Aquilo não é um cachorro?

—Verdade. É um cachorro com asas e que cospe fogo.

—Idiota — o outro apenas se vira pra ele e mostra a língua.

—Eu podia ficar deitado aqui o dia inteiro...

—Eu também — apesar daquilo ser uma das coisas que mais queria fazer no momento, sabia que uma hora os dois teriam que conversar sobre o que realmente importava.

—Ei, agora virou um unicórnio — Joui disse com um sorriso no rosto.

—Tem um anjo montado nele! — os dois riram, não faria mal apenas relaxar um pouco e aproveitar aquele momento com o outro.

—Ali tem um casal apaixonado!

—Como sabe que é um casal?

—Eles tão de mãos dadas e tem uma nuvem de coração em volta — Joui ri pelo outro não ter percebido isso.

—Onde? Você não tá falando daquela nuvem?

—Não — ele ri e se aproxima de César — É aquela ali — aponta para o lugar, virando um pouco seu corpo para o outro, para mostrar melhor.

Ao fazer isso, sua mão tocando a do cabeludo, apesar de não perceber isso, diferente de César, que sente todo seu corpo esquentar e seu coração acelerar com a proximidade do outro. Ele se vira para o mais novo, se apaixonando pelo sorriso em seu rosto. Nunca queria que aquele momento acabasse.

Aparentemente, o universo não estava do lado de César naquele dia. De repente, o cabeludo sente um choque médio em sua mão e acaba se afastando de Joui.

—Ai!

—César kun? O que aconteceu?

—Só foi um choque, nada demais.

—Espera, as nossas mãos estavam encostadas... E se fui eu que fiz isso?! Ai meu Deus! Eu te machuquei! Desculpa.

—Ei! Tá tudo bem. A gente nem sabe se foi você que fez isso. Não é tão incomum levar choque ao encostar em alguém.

—Você tem certeza?

—Tenho.

—Isso me lembrou. Eu descobri algumas coisas — Joui pega seu celular e mostra as fotos das partes mais importantes do livro — Você tem alguma ideia do que seja isso.

—Na minha pesquisa tinha algo falando que achavam que tinha alguém acobertando o que aconteceu, mas isso vai nos dar mais um caminho para procurar. Eu também achei umas coisas, peraí.

César pega seu notebook, guardado em sua mochila. Ele começa a rotear a internet do seu celular e mostra a Joui o fórum que havia encontrado, marcando as coisas mais importantes.

—Então, tá vendo o que essa menina disse que ouviu. Vai que é uma espécie de feitiço que você consegue fazer.

—Espera, você acha que eu consigo desaparecer?!

—Se tinha alguém com essas luzinhas mágicas que nem você lá, por que não?

—Mas eu tô com medo de encostar em você e acabar te machucando.

—Então deixa que eu coloco a mão no seu ombro.

—Ok.

—Preparado?

—Sim.

César coloca a mão no ombro de Joui, cujas mãos voltam a ter uma aura laranja.

—Vamos lá... Uzaim ligue! — o mais novo fala, mas nada acontece, enquanto o cabeludo apenas ri da situação —Do que você tá rindo?

—É que não é assim que se fala. Eu pesquisei ontem, é uma palavra norueguesa. Você tem que dizer: usynlig.

No momento que César pronuncia essa palavra, Joui vê o mesmo desaparecer na frente de seus olhos, apesar de ainda sentir sua mão em seu ombro.

—César kun!! Você tá invisível!!

—Quê?! Como assim?! — o cabeludo olha onde sua mão e braço deveriam estar e não enxerga nada — Que porra tá acontecendo?! Como desfaz essa merd...

—Sem palavrões!

—É sério isso, Joui? É isso com que você tá preocupado?

—Tenta me soltar, vai que você volta ao normal.

—Tá doido?! Vai que eu não consigo mais tocar em você e fico desse jeito pra sempre!

—Pensamentos positivos.

—Pensamentos positivos?! Eu tô literalmente invisível!!

—Tenta falar de novo a palavra. Ussinle.

—Usynlig! — ele reaparece novamente.

—Então eu posso fazer uma luz com a mão e você fica invisível. Posso trocar?

—Se descobrir como trocar, me conta que eu aceito na hora.

—Vamos fazer de novo!

—O quê? Tá doido?

—Foi tão legal você sumindo e reaparecendo assim. Podia até virar um mágico! Quer dizer, pelo que o Arthur falou eu sou um mágico, então talvez você seja também...

—Eu não tô gostando muito disso não. Mas foi um pouco divertido.

—Vamos gravar um vídeo!

—E mostrar pra quem?

—A gente guarda pra gente! A não ser que você queira contar pra mais alguém. Dá o celular, eu gravo.

—Ok, tó — César entrega o dispositivo pra ele.

—1, 2, 3, gravando!

—Usynlig — ele esperou alguns segundos antes de repetir e reaparecer— Usynlig!

—Uhuuuuu! — Joui para de gravar e bate palmas — Bravo! Bravo! Você tem que me mandar esse vídeo depois.

—Vou pensar no seu caso. Olha a sua mão esquerda.

Ao olhar no local indicado dava para ver uma energia azul percorrendo sua mão, parecendo eletricidade, sendo possível ver alguns raios que ficavam maiores do que o normal. Depois de um segundo que Joui olha, a energia volta a ser aquela aura amarela.

—Mais uma cor adicionada para a lista.

O céu começa a se fechar, revelando que logo iria começar a chover. Os dois percebem que já era hora de voltarem para suas casas, apesar de não quererem se afastar um do outro tão cedo assim.

—Então, nos vemos depois?

—Sim, a não ser que eu esteja invisível — os dois riem com o comentário, enquanto andar lado a lado até o bar, onde separam seus caminhos.

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