Capítulo 7- Chuva

A/n

Antes de começar o capítulo eu só queria agradecer a todos que estão lendo, votando e comentando. A história chegou a 1.2k de visualizações, algo que eu achava impossível de alcançar. Eu não sei como descrever o quão grata eu estou por isso, muito obrigada a todos.

Gal encarou César por alguns segundos, virando-se para analisar Kian depois, como se estivesse pensando em algo. Bruno estava tenso, sem saber o que esperar de Gal, ele só esperava que este estivesse de bom humor, o que era bem raro, ou aquilo não acabaria bem. Era possível escutar o celular de César tocando ao fundo, porém antes que este fizesse qualquer menção de ir buscá-lo ele é interrompido.

—Prazer — Gal estende a mão para o outro cabeludo.

—Prazer... — ele não retribui o gesto, continuando a desviar seu olhar para o chão.

Bruno tentava alertar César de forma não verbal para não irritar Gal, mas o amigo nem estava olhando na sua direção. Henri e Anthony, que estavam mais atrás, começam a se aproximar dos outros, ficando na lateral, atrás do cabeludo, como se estivessem o cercando.

De repente, César sente seu corpo ficar paralisado, mal conseguia respirar direito. Sem seu controle, sua mão se move para apertar a de Gal e seu rosto vira na direção do outro, que apenas tem um sorriso não amigável em seu rosto. No momento em que eles soltam sua mão, sente o controle de seu corpo retomando, trazendo um alívio imenso ao mesmo, que solta sua respiração que nem percebeu que estava segurando.

César continua olhando no rosto do outro, meio assustado com o que tinha acontecido. Apesar de eles serem conhecidos de Bruno, ele tinha certeza que não eram pessoas das quais devia se aproximar. Kian continuava olhando em seus olhos, com um olhar vazio que fazia questionar sobre sua própria existência.

—Pode ir embora — Gal falou, cortando o silêncio pesado que havia ficado na sala e liberando o caminho para o outro passar..

—O-o quê? Como assim?

—Pode sair, nós não vamos fazer nada com você...

César estava prestes a perguntar mais coisas ao olhar o rosto de Bruno, que parecia o alertar para ficar quieto e só ir embora. Ele pensou em ir buscar seu notebook e celular que estavam no quarto, porém sentia como se tivesse escapado por muito pouco de algo horrível, além de todo o seu corpo implorar para sair daquela casa o mais rápido possível.

Engolindo em seco, César vai até a porta, virando-se para trás uma última vez para se despedir de Bruno, que estava cercado pelos os outros.

—Nos vemos na aula — seu amigo fala, antes que fechasse a porta.

Quanto mais se afastava da casa, mais o corpo de César relaxava. Nem havia percebido que estava tão tenso assim com aquela situação. Aqueles quatro traziam uma sensação ruim junto de si, principalmente Gal. Mal sabia ele, que havia escapado por um triz dos planos da Desconjuração...

César havia deixado todas as suas coisas na casa de Bruno, incluindo o pouco dinheiro que tinha e sua carteira de estudante. Ele teria que ir a pé até a sua casa, que fica distante do local de onde estava. Ou talvez pudesse esperar aquelas pessoas estranhas irem embora e depois ir de carona com seu amigo, como sempre fazia. Rapidamente descartou a segunda opção, pois corria o risco de encontrar com Gal e sua turma de novo.

Se subir um lance de escada já era exaustivo para César, caminhar até sua casa não seria uma experiência divertida, mas não tinha muita escolha. Ele anda rapidamente, tentando se livrar do sentimento ruim que Gal trouxe e tentando esquecer aquele olhar vazio de Kian.

Após alguns minutos de caminhada, começa a chover, sendo possível ver alguns raios de vez em quando.

—Ótimo, era tudo que eu precisava —ele resmunga.

A chuva ficava cada vez mais forte, molhando completamente César que não tinha nenhum guarda-chuva no momento. O vento servia apenas para aumentar o frio do garoto, que estava com dificuldade em enxergar na noite escura. A única coisa que queria naquele momento era deitar em sua cama, enrolado em diversas cobertas, mas sabia que isso não aconteceria tão cedo.

A caminhada parecia durar horas, César andava e andava e parecia não estar chegando mais perto de sua casa. Ele tentava prestar o máximo de atenção aos seus arredores, já que estar sozinho na rua à noite não era exatamente seguro, porém mal conseguia enxergar dois metros a sua frente.

Quando César estava prestes a atravessar mais uma rua, ele sente alguém colocando a mão em seu ombro e se vira rapidamente, meio assustado de ser assaltado, deparando-se com um homem de cabelos loiros longos, que usava um óculos e um guarda-chuva.

—Boa noite. Você está bem encharcado, gostaria de entrar para se secar — o loiro aponta para o estabelecimento ao lado deles, uma floricultura que estava iluminada, porém completamente vazia. — Eu me chamo Dante.

Apesar de estar bem desconfiado de que o outro fosse roubá-lo ou algo do tipo, César não tinha muito a perder no momento, já que apenas carregava as roupas de seu corpo no momento. Ele decide seguir o outro para dentro da floricultura, procurando com os olhos algum funcionário para ser sua testemunha caso o outro decidisse fazer algo.

—Fique aqui, eu vou pegar uma toalha — o homem entra na área exclusiva para funcionários.

—Então ele trabalha aqui... —César murmura depois que o outro some.

Dante vai pegar uma toalha e mais um guarda-chuva, sem saber muito bem o que fazer. Ele não poderia simplesmente falar para o outro que por ser sensitivo notou que o outro era um dos marcados. Um dos... Gal acreditava firmemente que só havia um marcado, nem queria ver sua reação quando descobrisse que na verdade era dois.

Talvez Dante pudesse explicar tudo desde o começo, sobre os mágicos, as energias, mas o outro provavelmente o consideraria louco. Pensando bem, não foi uma boa ideia chamar o outro...

—Pronto — ele entrega a toalha para o de cabelos pretos, que começa a secar os mesmos — Como você se chama?

—César...

—Você quer uma carona pra sua casa? — se descobrisse onde o outro morava, poderia avisar para a Ordo Realitas sobre, apesar de correr o grande risco de ser preso por eles.

—Não — César não era tão doido assim pra aceitar a carona de um completo desconhecido, por coisas como essas que as pessoas eram sequestradas.

—Se você quiser eu...

—Me empresta o celular, pra eu ligar pra um amigo? — ele o interrompe.

—Claro — diz, dando o dispositivo para o outro.

César não sabia muito bem para quem ligar, se fosse qualquer outra situação Bruno seria a sua escolha. Seu pai não era uma opção, se recusava a ligar para o mesmo se não fosse caso de vida ou morte. A única pessoa que restava era Thiago. Quando ia começar a ligar para o mesmo, percebeu que não lembrava o número dele. Na verdade, não lembrava o número de ninguém.

—Quer chamar um uber. Eu posso pagar — Dante, ao perceber que o outro não estava digitando nenhum número, decide falar calmamente.

César aceita a proposta do outro, desesperado para chegar na sua casa. Não entendia por que um completo desconhecido o ajudaria e pagaria sua viagem. Ele coloca seu endereço e logo o carro chega, entrando no mesmo após agradecer o outro. Dante apenas anota o endereço e o nome de César num caderno, para entregá-lo à Ordem depois.

Finalmente, César chega na sua casa, estando com suas roupas e cabelos meio molhados, só não estava ensopado por ter se secado um pouco na floricultura. Por sorte, as chaves haviam ficado nos bolsos de seu casaco. Ao abrir a porta, o mesmo dá de cara com Thiago, que estava sentado na sala.

—Onde você tava? — ele pergunta logo ao ver o outro entrar.

—Oi para você também. Eu tô bem, obrigado por perguntar — o cabeludo diz sarcasticamente, enquanto tira seu casaco, tremendo um pouco por conta do frio — Tava na casa de um amigo.

—E por que parece que você veio andando pra cá?

—Porque eu vim andando.

—O quê?! Por que não ligou pra mim? Ou pediu um uber?

—É uma longa história — ele começa a ir para seu quarto, sendo seguido pelo outro.

—Eu tenho todo o tempo do mundo, então pode desembuchar.

—Desde quando você se importa tanto assim?

—Desde que o Joui não para de mandar mensagem perguntando sobre você. O menino tava quase morrendo.

—O Joui?? Ele tava preocupado comigo? — César fica surpreso ao saber disso.

—Sim. Isso me lembra que você tem outras coisas pra... — ele é interrompido quando o cabeludo bate a porta do quarto na sua cara.

—Ei! Que isso meu querido?!

—Eu vou trocar de roupa, tô congelando aqui.

Depois de alguns minutos, César saia do quarto vestindo seu pijama e com um cobertor sobre seus ombros.

—Como assim o Joui ficou preocupado?

—Veja você mesmo — ele mostra as mensagens.

César fica corado ao ler o que o outro tinha escrito, sentindo o calor subir pelo seu corpo. Ele não sabia o que dizer, achou fofo o mais novo preocupado, mas ao mesmo tempo se sentiu culpado por ter feito isso.

—Você realmente saiu pela cidade me procurar?

—Claro. O Joui não parava de perguntar por você.

—E você não ficou preocupado comigo?

—Vai me explicar o que aconteceu ou não? Tenho a noite toda.

—Nem muda de assunto, Thiago.

—Tá! Talvez eu tenha ficado um pouco preocupado. Cê tem sorte de eu não ter avisado o tio Cris. Agora explica.

—Você não vai me deixar dormir enquanto eu não falar, vai?

—Claro que não.

Os dois se sentam no sofá, Thiago desligando a televisão e César se aconchegando no cobertor.

—Eu tava na casa do Bruno, pesquisando uns negócios. Do nada, apareceram uns caras...

—Eles assaltaram vocês?

—Não, deixa eu continuar. Eles eram do mesmo orfanato que o Bruno. Quando me viram lá, eles ficaram me analisando e depois me expulsaram...

—E esse tal de Bruno não fez nada.

—Ele tava me olhando de um jeito, como se avisasse que era melhor não contrariar. E parecia que eles estavam me ameaçando, na verdade, não sei bem explicar.

—Rapaz...

—Eu nem consegui pegar meu celular e notebook, então não tinha como pedir um uber ou chamar você. Minha carteira e mochila também ficaram lá, onde estava o meu dinheiro, foi sorte que a chave de casa tava no meu bolso.

—E você veio todo o caminho andando nessa chuva?

—Não exatamente... Um cara pediu o uber pra mim, na metade do cami... Atchim! — César acaba espirrando.

—Pelo visto essa tempestade não fez bem pra ti não. Melhor você ir dormir agora, amanhã cê me explica essa historinha com o Joui.

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