Capítulo 5- Pesquisa
César e Bruno estavam sentados no quarto do mesmo, o cabeludo com seu notebook na cama e o outro no computador.
—Então, vai falar quem é o sortudo ou não? —o amigo disse enquanto esperava o dispositivo ligar.
—Você não conhece ele, mas lembra da festa que o Thiago me convidou?
—Lembro. Foi ontem, não foi?
—Isso. Lá tinha alguns amigos dele, incluindo o Joui... — o outro ficou escutando tudo atentamente — O Thiago foi subir no palco para cantar, já estando meio bêbado, e quando todo mundo estava distraído fomos conversar pra fora do bar. O Joui foi tão legal comigo, apesar do que o Thiago falava. Você tinha que ter visto! Ele estava tão bonito e o sorriso que ele dava era perfeito...
—Nem acredito que meu irmãozinho já está apaixonado. Só não vai me abandonar — Bruno fala brincando.
—Que irmãozinho o quê?! Eu só sou um mês mais novo que você!! — ele mostra a língua para o outro, que apenas ri.
—Que pesquisa misteriosa cê queria fazer afinal?
—Só saber mais sobre a Cratera de Heilag Vagga, não sei se tu conhece.
Apesar de César não perceber, Bruno trava ao escutar isso, seu coração quase parando de bater. Ele começa a ficar nervoso e preocupado, não queria que o outro se envolvesse nos assuntos da Desconjuração, era muito perigoso. Ele respira fundo, tentando manter a compostura, para que o cabeludo não suspeitasse de nada.
—P-por que o interesse nisso?! — ele pergunta mais agressivo do que pretendia.
—Ah, só fiquei curioso em entender um pouco melhor o que aconteceu.
—Mas quem te falou sobre esse lugar?
—Eu já visitei ele...
—Quando?
—Nossa, Bruno. Tá parecendo até um interrogatório isso aqui — ele ri, tentando aliviar um pouco o clima, mas para ao ver o olhar sério do outro — Foi uns dez anos atrás.
O mais velho não estava gostando nem um pouco dessa conversa, já era ruim o suficiente o amigo querer saber mais sobre, mas ter visitado o lugar era um péssimo sinal. Claro que várias pessoas visitavam o local, então a chance do outro estar conectado com isso eram extremamente baixas, porém talvez Gal não pensasse assim, já que estava obcecado por encontrar o suposto marcado.
Não lembrava exatamente a época do incidente, só sabia que havia sido alguns anos atrás. Ele iria conferir depois no orfanato, apenas para confirmar que o amigo não estava de maneira alguma relacionado.
—Bruno, eu falei algo errado? — César pergunta, preocupado de talvez ter chateado o outro.
—O quê? Não! Não, eu só tava... Pensando onde começar a pesquisa.
—Então você já ouviu sobre?
—Já, mas não deve ter nada muito interessante sobre a cratera. Foi só uma bomba que deixou aquela forma por acaso.
—Será que era uma bomba radioativa?
—Da onde você tirou isso?
—De lugar nenhum...
Os dois começam a pesquisar sobre o assunto, Bruno indo propositalmente nos sites que falavam sobre uma bomba ou outro motivo normal para o acontecimento. Já César ia em fóruns, lugares da deep web, procurando relatos de pessoas serem afetadas após visitar o lugar, qualquer motivo sobrenatural para o surgimento da cratera, o significado de símbolo e várias coisas assim. Enquanto o mais velho mostrava suas descobertas para o amigo, tentando convencê-lo de que aquilo era o suficiente, o outro continuava focado em achar algo sobre o que estava acontecendo com Joui.
Depois de muita pesquisa, César achou um fórum que havia juntado várias informações sobre o que havia acontecido na época, mostrando vários relatos de moradores considerados loucos no dia que a "suposta" bomba caiu. Havia várias informações interessantes naquele site, como o fato de que aquela ilha era também conhecida como Santo Berço por alguns, que era a tradução norueguesa para Heilag Vagga.
Nos relatos várias pessoas afirmaram ver luzes saindo do alto da montanha, enquanto outros moradores que afirmaram ter chegado mais perto para ver o que estava acontecendo, disseram ver duas pessoas, além de várias palavras avulsas que não pareciam formar nenhuma frase. O fórum afirmava que diversos desses relatos foram ocultados na época, em especial aqueles que citavam a existência de duas pessoas no lugar.
Não só isso, como as pessoas que relataram ver isso, alguns dias depois, ao serem novamente questionadas, afirmaram não se lembrar de nada que ocorreu naquela semana. O relato mais detalhado que encontrou foi o de uma criança, que afirmou ter visto dois homens, que pareciam lutar um com o outro. Ela dizia que um deles soltava raios coloridos pelas mãos, enquanto o outro falava diversas palavras aleatórias. No relato ela afirma que não se lembra de tudo que havia sido dito, mas uma palavra ficou marcada em sua cabeça: "usynlig". No momento que ela havia sido dita, o homem desapareceu. Como todos os outros, depois de alguns dias não se lembrava de mais nada.
O que a menina falou sobre o homem que soltava coloridos pela mão, fez César se lembrar do que aconteceu com Joui, apesar de não serem raios, mas sim uma energia que rodeava a mão dele. Tudo aquilo já era um grande avanço, porém ainda não ajudava muito. Ele estava prestes a contar para o amigo o que descobriu, quando escutaram alguém batendo na porta.
—Que estranho, a gente nem pediu pizza ainda — Bruno afirmou.
—Você chamou alguém pra cá?
—Claro que não. Vou ver quem é, você fica aí.
—Ok.
Bruno sai de seu quarto, estranhando que alguém o visitasse. Normalmente as únicas pessoas que iam a sua casa eram César e...
—Gal? O que você está fazendo aqui? —Bruno fala, com medo do que o outro queria.
—Precisamos conversar — ele diz, já entrando na casa sem nem deixá-lo responder, seguido de Kian, Henri e Anthony.
—Agora não é uma boa hora, não podemos fazer isso em outro dia ou em outro lugar.
—Não, esse assunto é urgente e de extrema importância. Se fizermos isso no orfanato tem o risco de pessoas indesejadas escutem.
—Eu não acho que o Gaspar vai querer continuar se metendo com a gente nem se filiar com a Ordo, se é disso que você tá falando — diz isso meio cochichando — Mas é sério Gal, tem um amigo meu aqui — ele avisa, apesar da preocupação de que pudessem fazer uma coisa com o mesmo, era melhor do que ser descoberto depois, após ouvir toda a conversa.
—Amigo? — Henri fala lambendo os lábios — Nós podemos dar um jeito nele.
—Não!
O grito do outro faz com que César saia do quarto, para ver o que estava acontecendo com Bruno, preocupado com o mesmo.
—Bruno? Tá tudo bem?
Gal e seus amigos observam César atentamente, analisando o mesmo. Henri dava uma lambida, com um rosto meio psicopata, Anthony ria um pouco, enquanto Kian começava a se aproximar do cabeludo.
—Kian — ele falou sem nenhuma expressão, olhando para os fundo dos olhos de César, que apenas desviava o olhar para o chão — Kian!
Bruno se mantinha entre o seu amigo e os outros, torcendo para que Gal só o deixasse em paz, enquanto este observava a reação estranha de Kian ao ver César.
—César, eles são uns colegas meus do orfanato, Gal, Anthony, Henri e Kian — ele diz rapidamente, tentando disfarçar o quão nervoso estava.
—Ele tá bem? — o cabeludo se aproxima do amigo e sussurra em seu ouvido, apontando para Kian com a cabeça, enquanto Bruno apenas assente.
Gal começa a se aproximar de César, porém Bruno continua na frente deste, servindo de escudo.
—Sai da minha frente, Bruno — ele fala extremamente baixo de modo que só Bruno possa ouvir.
—Ele não sabe de nada — ele cochicha enquanto deixa o outro passar.
César estava desconfortável com aquela situação, não gostava de ser o centro das atenções. O clima estava muito pesado, apesar dele não saber muito bem o porquê, estava tenso, como se esperasse que algo acontecesse. Ele direcionava seu olhar para o chão enquanto Gal parecia analisá-lo.
Joui e Erin estavam fazendo seu "trabalho" na frente de Fernando e Beatrice, esta com seu urutau no ombro, enquanto Luciano ia comprar bebidas. A ruiva apenas fingia estar lendo algo, apenas esperando os outros dois acabarem para começarem a festa, porém Joui estava muito concentrado, procurando algo que explicasse aquelas luzes em sua mão.
O livro que lia falava sobre algumas coisas sobre a ilha, apenas citando brevemente a cratera, não dizendo nada que não soubessem. Também estavam descritas suas tradições, como a Provação, onde os habitantes se pintavam de cinza e faziam marcas pretas, fingindo ser o que eles chamavam de Luzídios. Além disso, também descobriu que aquela ilha também era chamada de Santo Berço.
Após trocar de livro com Erin, ele descobre que na época que surgiu a cratera, muitas coisas foram encobertas, inclusive relatos de pessoas que estavam na área quando ocorreu o incidente. Havia a foto de alguns documentos mostrando quem havia encarregado-se da investigação, o Setor de Crimes Inabituais, SCI. Num dos documentos também era possível ver o que parecia ser um brasão ou logo. Ele tira uma foto, para pesquisar mais sobre.
—Terminamos — Fer fala.
—Nós também. Preparados para a festa do pijama mais incrível e fantástica que vocês já viram!
—Vai ter explosões? — Joui pergunta ansioso.
—Claro que vai! Ou eu não me chamaria Erin Parker.
—Espera, seu sobrenome é Parker? É igual ao do homem-aranha, meu super herói preferido!
—Nossa, eu nem tinha reparado nisso... —comenta Fer.
—Cês são meio lentinhos, meu. Como não tinham percebido antes??
A conversa dos três é interrompida por Luciano, que finalmente chega com as bebidas. Eles guardam seus materiais e vão para a sala, onde se sentam no chão, cada um com um copo de bebida no chão.
—Desculpa, mas meu corpo é um templo — Joui recusa a bebida.
—Certeza? É pro jogo e ia ser incrível ver você beber pela primeira vez! — Erin exclama.
—Mas se não quiser, não precisa. A gente pega um copo de suco para substituir — Fer completa, não querendo que o outro se sentisse obrigado.
—Claro que o novato ia estrag... Ai! — Erin dá uma cotovelada forte em Lu.
—Nem continua o que ia falar.
—Eu não sei... Talvez eu pudesse fazer isso só dessa vez. Você vai beber Bea?
—Eu vou, mas o Orfeu pode te acompanhar na sua jornada de ficar sóbrio — ela olha para o urutau em seu ombro, que não faz nenhum som.
—Acho que só hoje não vai ter problema...
—Aeee!!! — Erin comemora.
—Como funciona o jogo? — a de sardinhas perguntas.
—Alguém vai falar, eu nunca fiz tal coisa, se você fez você bebe. Simples.
—E quem ganha? — pergunta Joui.
—Quem for o último de pé. Cê vai entender durante o jogo.
Logo antes do jogo começar, um sentimento de preocupação invade Joui. Ele sentia como se César pudesse estar em problemas. Não entendia como, mas sabia que nada havia acontecido ainda, só que tinha muitas chances de acontecer. Tentou ignorar o sentimento, porém foi se sentido mais angustiado enquanto os segundos se passavam e decidiu que tinha que verificar.
—Eu já volto, só vou ao banheiro — Joui fala.
—Agora? —Erin pergunta, mas Joui estava no banheiro antes que pudesse ouvi-la.
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