Capítulo 3- Descobertas


Os garotos saem pela entrada lateral do Suvaco Seco, que não tinha pessoas saindo e entrando sem parar. Lá fora, o céu estava estrelado, sem nuvens que atrapalhassem a vista. A lua cheia brilhava, trazendo uma visão maravilhosa. Os dois se sentavam no chão, sem saber como começar.

—Ahnnn... Oi — César é o primeiro a quebrar o silêncio.

—Oi — Joui fala sorrindo — Você... Se lembra?

—Daquele dia? Lembro de você fingindo que tava falando japonês — ele ri e olha para o rosto do japonês.

—Eu não estava fingindo, realmente falei japonês, e você também — disse com um sorriso doce.

—Vai me dizer que tá falando japonês agora então?

—Não — ele ri — Eu aprendi a falar português faz poucos anos.

—Eu não aprendi a falar japonês, se é isso que você está esperando. Nem sei o português direito, imagina japonês.

O olhar de ambos se cruzam, porém dessa vez não havia ninguém para desviar a atenção deles. O coração dos dois começa a disparar,trazendo uma sensação estranha, porém boa. Eles poderiam ficar ali por horas, sem nem falar nada, entretanto tinham que descobrir o que estava acontecendo antes que os outros os achassem.

—Aquilo realmente aconteceu, né? Não foi só um sonho meu.

—Aparentemente sim... É inacreditável ver que você está realmente aqui. A gente se conheceu naquela ilhazinha, lá na Europa e agora você tá aqui no Brasil.

—Eu estou fazendo intercâmbio. Também não consigo acreditar que você está aqui.

—E de todos os países, você escolheu o Brasil. Será que não estava tentando me perseguir não?

—Engraçadinho. Você acha mesmo que eu iria para o outro lado do mundo só para tentar te achar?

—Claro, não tem como você ter resistido ao meu charme.

—Charme? — ele ri — Se bem que você fica fofo quando está emburradinho... — diz a segunda parte em japonês meio envergonhado, desviando o olhar para o chão.

—Eu não estava emburrado! E nem fiquei fofo... —murmura a última frase.

—Você disse que não sabia japonês!!

—Eu não... Aconteceu de novo, não foi?

—Sim... Por que isso só acontece com nós dois? Eu não entendia o seu pai.

—Não sei, isso é muito estranho. É coisa de mais para a minha cabeça — ele apoiou suas mãos no chão e se inclina para trás, erguendo a cabeça e bufando.

—Ei — Joui segura o braço do outro delicadamente —Uma hora a gente vai descobrir a verdade sobre o que está acontecendo.

César vira o rosto na direção do japonês, porém se assusta ao ver que a mão deste apresentava uma aura amarela, meio dourada, como se fosse uma espécie de poder ou magia. O cabeludo se afasta rapidamente do outro, apontando para a sua destra, porém no momento que desencostou do japonês, toda a energia que estava ali sumiu.

—O que aconteceu? Está tudo bem? — Joui pergunta, preocupado, ele sabia que o outro estava assustado com algo que viu, mas não fazia ideia do que poderia ser.

—Sua mão! Ela estava meio que brilhando, tinha um negócio dourado! Eu sei que parece loucura, m-mas é verdade.

—Ei, eu acredito em você — algo dentro de Joui sabia que o outro não estava brincando consigo e realmente falando sério, era como se pudesse ler a mente do cabeludo.

Da mesma maneira, César sabia que Joui estava sendo honesto sobre acreditar nele, não só dizendo algo para ser legal. Ambos estavam confusos e até mesmo com medo do que estava acontecendo. O cabeludo sempre fora cético a sua vida inteira, mas aquela história de alienígenas que o mais novo havia dito quando era pequeno parecia ter mais sentido do que tudo que estava acontecendo.

—Você não sentiu nada na sua mão?

—Não. Você estava olhando para cima e quando voltou olhar para mim tinha essa coisa?

—Isso.

Joui vira de costas, esticando os braços enquanto analisava as duas mãos, procurando algum tipo de resquício ou pista do que estava acontecendo, meio assustado com o que estava acontecendo. César se aproxima das costas do outro, para tentar ver melhor, e acaba encostando no ombro do garoto. No momento que os dois entraram em contato, as mãos de Joui são rodeadas por uma aura laranja.

Ao ver essa cena, os dois meninos se assustam e, ao japonês tentar recuar, ele acaba trombando no cabeludo, fazendo com que os dois se assustem. Depois da reação do garoto, aquela energia começa a mudar, transformando em um tipo de névoa ou sombra escura, que parecia formar uma espécie de luva.

—Que bosta é essa!? —César exclamou, levantando-se e desencostando de Joui.

—Linguag... Ué? Sumiu? — as mãos do garoto estavam de volta ao normal.

Ele se levanta também e coloca sua destra no ombro do cabeludo, fazendo com que suas mãos voltassem a ter aquela energia amarela.

—E-espera? Isso acontece toda vez que nos encostamos?

— Toda vez que nos encostamos — Joui afirma ao mesmo tempo, sem soltar César.

—Mas o que te com todas essas cores, e o que isso faz? Não é possível que seja apenas um brilhinho.

—Talvez dependa da área que a gente se encosta — para testar sua teoria ele decide segurar a mão do outro, porém a energia que aparece ainda é amarela —Acho que não...

—Não acho que seja seguro brincar com isso... — ele solta a mão de Joui — Então a gente não pode se tocar na frente dos outros.

—É... Que pena...

—Isso não tinha acontecido antes... Na cratera...

—Será que tem algo haver com isso? Talvez tinha algum tipo de radiação ou coisa do tipo.

—Mas só a gente foi afetado?

—Não sei... Tem que ter algo sobre isso num livro ou na internet.

—Se tiver na internet pode deixar que eu acho rapidinho.

—Perfeito, então eu vou nas bibliotecas.

Os dois trocaram números, sem nem perceber que tinha uma pessoa que o observava de longe, vendo tudo o que tinha acontecido.

—Finalmente encontrei os dois! — Daniel exclamou — Eu procurei em todo lugar.

—Desculpa te preocupar, Daniel san.

—Que san é esse menino? Mas falando do que importa, o que estavam fazendo aqui?

César e Joui se encaram, tentando pensar em que desculpa arranjar, mas nada veio à cabeça de nenhum deles.

—Ehhhh...

—A gente...

— Já entendi tudo! — ele deu um sorriso de canto de rosto — Não se preocupem, não vou contar nem a Liz nem ao Thiago sobre o namorico de vocês.

Os dois ficam completamente corados, surpresos com a afirmação do outro, fazendo o coração de ambos acelerar.

—O-o o que?!! Na-namorico????

—T-tá doido?? Eu e e-ele?

Eles começam a falar ao mesmo tempo, tendo uma reação de como tivessem sido pegos na mentira, apesar de que este não era o caso. O nervosismo dos dois foi causado não por estarem mentindo, mas sim pela possibilidade que aquilo poderia ter acontecido, ou alguém achar que tivesse. Diante de tantos problemas, nem haviam parado para pensar no outro daquela maneira, mas quando isso aconteceu, tudo pareceu fazer tanto sentido, simplesmente era certo...

—Claro, claro, não aconteceu nada — ele disse sarcasticamente, se virando para entrar ao bar, revelando uma expressão meio intrigada.

Havia indícios ali, de que algo havia acontecido, nada do tipo namoro ou pegação, mas sim de magia... Magia que não estava ali quando chegaram. Daniel tinha certeza que não era nada relacionado aos garotos, pelo menos não diretamente, já que os mesmos não tinham essa capacidade de criar magia naquele momento, e não era como se alguém pudesse simplesmente parar e voltar a ser mágico do nada...

—Vamos voltar agora, se não a Liz vai matar nós três. Quer dizer, matar todo mundo menos o Joui.

Ao voltarem na festa, depararam-se com Liz e Thiago completamente bêbados, que estavam prestes a desmaiar a qualquer momento.

—Acho que já é hora das crianças irem dormir —Daniel fala, pegando os dois por um abraço lateral, tentando levá-los até carro.

—Tá muuuiiito ceddio Daannn. Dieixa nois ficaaaaa, pu favorrrr — Liz falava arrastado, enquanto tentava se afastar do ruivo.

—Olhaaaaa, aquiluo é uma mooooooto? Coooompa pa mim Lizzzz. Cê disseee que ia me daaaa um pesiente —Thiago tentava ir na direção do veículo.

—Issuu. Vam pa moooooto — Liz dizia rindo.

César, ao ver a situação, ajuda Daniel a levar Thiago enquanto Joui ajuda a Liz.

—Você não é tão mal assim quanto o Thiago fala.

—Sério? Tem certeza que não é a bebida dizendo isso —César questiona.

—Eu não bebo mais. Mas não fica convencido não, é só que o Thiagão faz você parecer que é um assassino, maníaco, psicopata.

—Nossa, sabia que ele falava mal de mim, mas não tanto assim — César ri com a afirmação, ele entende o motivo do outro não gostar muito dele, afinal, quando estava em casa era o seu pior eu, o eu que tem que lidar com o pai — Isso me leva a uma dúvida. Por que ele me convidou se praticamente me odeia.

—Ei! O Thiago sensei não te odeia. Ele só não te conhece muito bem.

—A gente mora junto...

—Se você quiser saber o motivo do convite, devia perguntar ao seu namoradinho, ele que ficou insistindo que fosse convidado.

Ao ouvir isso ambos ficaram corados, César por saber que o outro insistiu que viesse e Joui por ser chamado de namorado do cabeludo.

—N-nós não somos namorados!

—Relaxa, a Liz nem vai se lembrar disso.

—É verdade? — César pergunta interrompendo a conversa dos dois.

A pergunta faz Joui ficar mais vermelho, se é que isso era possível. Ele desvia seu olhar para o chão, usando a mão livre para massagear a nuca, apenas murmurando afirmativamente como resposta.

Todos voltam para casa em segurança, Liz de tão bêbada que estava acaba dormindo na escada. Joui por ter já entrado em seu quarto para tomar um banho não vê a cena, mas Daniel presencia tudo, decidindo tirar uma foto da mesma, que poderia usar de chantagem.

Já tendo levado Thiago e César para suas respectivas casas, o mesmo fica em dúvida sobre se deveria levar a outra até o seu quarto ou não. Sua moral acaba vencendo no final e ele pega a mulher para levá-la até sua cama, claro que não antes de tirar uma outra foto com um ângulo melhor de seu rosto todo babado.

Enquanto subia, lembrava dos indícios de magia que havia encontrado na área que os meninos estavam, pensando se devia contar a sua amiga ou não. Pelo fato de Joui estar envolvido ela poderia reagir de maneira exagerada, ficando paranoica ou coisa pior, mas Daniel não poderia negar que estava preocupado de algo tivesse sido feito com os dois. Ele era capaz de saber se uma pessoa é mágica ou se havia magia usada a pouco tempo em algum lugar, porém não era capaz de dizer se uma pessoa foi afetada por ela.

O ruivo decide que é melhor ele tomar uma decisão amanhã, nem ele nem Liz estavam em condições de falar sobre isso no momento.

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