𝟬𝟱
A caminhada de volta não foi tão desconfortável quanto eu esperava, apesar de minhas mãos que persistiam em tremer. Parte de mim ainda não conseguia acreditar que eu estava de fato, caminhando ao lado de Suna, alguém que a poucos dias atrás, parecia estar fora do meu alcance.
Me permiti ficar alguns passos atrás dele enquanto voltávamos, não estava com tanta vontade de encará-lo por mais tempo agora. No entanto, meus olhos não deixam de caminhar pelos seus braços definidos e pernas perfeitamente moldadas. Jogar vôlei combina muito bem com ele.
Por um momento, ele me olha acima do ombro com o mesmo olhar malicioso de anteriormente, onde eu desvio meu olhar perante a situação, fazendo-o rir baixo.
Por quê caralhos ele continua sendo tão lindo? Por quê?! Continuei me perguntando em meio ao caminho, voltando a me concentrar na rua a nossa frente em poucos segundos, enquanto ele vidrava seus olhos no próprio celular.
Quando chegamos em frente a minha casa, o clima pareceu ficar mais desconfortável.
Ele para ao meu lado e passa seus dedos pelo meu cabelo.
⎯ Conseguiu chegar na sua casa, estranha.
⎯ Fala sério... pare de me chamar assim.
⎯ Penteie mais o seu cabelo e talvez eu realmente pare com isso. -golpe baixo.
Imediatamente corri meus dedos pelos meus cabelos emaranhados, em tentativa de pentear.
⎯ Foi culpa da chuva! -suna apenas sorriu.
⎯ Se você diz, eu acredito.
⎯ Muito engraçado. -eu soltei risos curtos e irônicos, onde ele suspirou ainda sorrindo para mim.
⎯ Enfim, entre antes que a sua mãe te arraste para dentro.
⎯ Minha mãe não é esse tipo de pessoa. -eu o respondi com a voz arrogante. ⎯ Ela confia em mim.
E como se acabasse de ouvir o que eu disse, a voz da minha mãe ecoa no fundo da casa me chamando.
⎯ Merda! -eu entrei em pânico. ⎯ Foi legal, mas enfim, tchau. -eu me virei, me preparando para seguir até a porta.
⎯ O que você disse mesmo sobre a sua mãe?
⎯ Cale a boca! -eu acenei com as duas mãos para ele ir embora. ⎯ Vá embora logo.
Suna ri baixo, mostrando seus dentes perfeitos e seu sorriso extremamente lindo. Poderia ficar reparando no seu sorriso por mais tempo, mas minha mãe está prestes a descer as escadas para vir ver se eu realmente cheguei.
⎯ Tudo bem, estou indo, estranha arrogante.
⎯ Apelido composto agora? -ele me dá um sorriso arrogante, assim como o apelido.
⎯ Sou muito criativo, pode falar a verdade.
⎯ Eu também sou, apóstolo trapaceiro. -venho a me arrepender do apelido que escapou dos meus lábios assim que ouvi minhas próprias palavras.
⎯ Gostei do apelido.
⎯ [Nome], é você?!
Virei para ele novamente, após ouvir a voz da minha mãe mais uma vez. Fechei a porta e não me despedi uma segunda vez, apenas entrei às pressas. Um sorriso bobo tomou conta dos meus lábios ao me lembrar de mais cedo, não pude evitar.
⎯ [Nome] [Sobrenome]. -o tom de voz da mais velha estava rigido.
Você sabe que está com problemas quando sua mãe usa seu nome completo.
⎯ Boa noite, mamãe. -eu a respondi com a voz mas tênue que pude impor naquele momento.
Minha mãe é a mulher mais trabalhadora, estudiosa e dedicada que eu conheço, mas como qualquer mãe, pode ser totalmente severa.
Apesar de não estar muito em casa devido ao trabalho - trabalha período integral como recepcionista de hotel - quando está, gosta de manter a ordem com o máximo de sensibilidade possível.
⎯ "Mamãe" nada, onde esteve por todo esse tempo? -ela me acusa com o dedo indicador. ⎯ São dez horas, [Nome].
⎯ Achei que tivéssemos combinado que meu tempo limite fossem onze horas no verão.
⎯ Apenas nos fins de semana. -ela me lembra, fazendo-me engolir seco por um momento.
⎯ Sabe, eu estava na padaria comprando uma rosquinha e esqueci do horário.
⎯ A padaria fecha às nove horas. -sua voz rígida faz a mais velha cruzar os braços. eu limpo minha garganta.
⎯ Não me deixou terminar de falar. Fiquei do lado de fora comendo a rosquinha.
⎯ Espera que eu acredite nisso? -coloquei as mãos na minha cintura e a olhei.
⎯ Foi o que aconteceu, mãe. Você sabe como eu sou, o que mais eu poderia estar fazendo?
Quer dizer, além de beijar o meu vizinho em um cemitério, nada demais.
Os olhos da mais velha ficaram minúsculos em desconfiança.
⎯ É melhor você não estar mentindo para mim, [Nome].
⎯ Eu nunca tentaria, mamãe. -eu a abracei e beijei o lado do seu rosto, onde ela retribuiu o abraço.
⎯ Seu jantar ficou no micro-ondas, coma tudo, ok?
⎯ Você é a melhor!
Ela sorriu para mim e negou vagarosamente com a cabeça, onde ambos seguiram caminhos diferentes ainda dentro da moradia.
Enquanto estava comendo após esquentar a comida no micro-ondas, meu telefone vibrou no meu bolso, o peguei e uma mensagem de Oikawa me fez sorrir minimamente. Meu melhor amigo.
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Oikawa:
- Tá acordada?
[Nome]:
- Acabei de chegar em casa Tooru!!
Oikawa:
- Abre a porta pra mim, não quero tocar a campainha e atrapalhar o sono da tia.
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Quando suas últimas mensagens foram enviadas, terminou de arrumar as coisas na cozinha e rapidamente abriu a porta da frente para o moreno, onde o abraçou fortemente após vê-lo depois de tanto tempo.
⎯ Oi, amorzinho! -ele a chamava pelo apelido carinhoso de sempre, no tom de voz animado.
⎯ Oi, Tooru! Eu estava com saudades. -você alegou, onde ambos seguiram para seu quarto em meio aos cumprimentos.
⎯ Em primeiro lugar, a louca não tá aqui, né? -ele se referia a sophia, que já havia ido embora mesmo antes de você chegar em casa.
⎯ Soph deve estar em casa, não se preocupe. -você sorriu para ele, onde entraram no quarto e se jogaram em sua cama.
⎯ Finalmente. Você me abandonou, eu já estava esquecendo do seu rosto. -ele alegava em um tom de voz falsamente entristecido.
⎯ Foram só alguns dias, dramático.
⎯ Mas isso é tempo demais, amorzinho. Enfim, o que acha de irmos maratonar alguns filmes com Soph amanhã? -você imediatamente concordou, sem nem pensar duas vezes. era seu passatempo favorito. ⎯ Sua casa ou minha casa? -ele pergunta e eu me levanto para olhar o calendário no canto do quarto.
⎯ Minha casa. Mamãe vai ter hora extra amanhã e minha TV é maior. -ele concordou revirando os olhos com a comparação final, você riu baixo.
⎯ Senti saudades, [Nome].
⎯ Eu também, amorzinho. -você se sentou na beira da cama e parou para reparar no horário. ⎯ Oikawa, eu preciso realmente dormir agora, mas amanhã nós vamos nos ver no final da tarde. Mande mensagens, ok?
⎯ Certo! -ele se levantou da cama e parou em frente a mim para um último abraço, onde não demorei para retribuir. ⎯ Avise para Sophia. -você concordou e ele seguiu para fora do cômodo.
Quando ele foi embora, reparei no papel de parede do telefone, o qual era composto por uma foto nossa As vezes isso fazia-me lembrar dos velhos tempos, onde eu pensava ter uma quedinha por Oikawa. Ele sempre foi o único cara com quem interagi e compartilhei tanto até hoje.
Mas eu jamais colocaria nossa amizade em risco naquela época quando nem mesmo eu sabia o que sentia.
Oikawa é um cara convencido na maioria das vezes. Tem ótimo físico e personalidade gentil, nada incrível como Suna, mas fofo à sua maneira.
Inconscientemente, vou até a janela. Suna está roubando meu wi-fi no quintal dos fundos novamente? Por incrível que pareça, torci por isso. Mas quando abri as cortinas, me deparei apenas com a cadeira vazia no quintal que era pouco coberta com a água da chuva daquela tarde.
Eu viro meu olhar para a casa de Suna. Da minha janela fica ótimo olhar pra lá, já que ele sempre deixa as cortinas abertas, as vezes parece que ele faz de propósito.
Eu reparo em sua janela e a luz do quarto está acesa, mas eu não consigo ver ninguém. Suspirei decepcionada. Estou prestes a voltar para dentro, quando ele aparece.
Agarrou a bainha da camisa e a puxou, retirando completamente em segundos. Eu imediatamente vidro os olhos na bela visão do outro lado.
O abdômen plano e definido...
Os braços longos e fortes...
A tatuagem da aranha na lateral do pescoço...
Tudo ficou quente de repente.
Quando volto a cruel realidade, Suna está me encarando de sua janela, onde me escondo ao me abaixar rapidamente devido a vergonha que me domina.
Rastejei para longe da janela até estar fora de perigo, ou seja, na minha cama.
Meu telefone tocou, me assustando. Pedi a Deus para que não fosse Suna tirando sarro de mim, mas para a minha infelicidade, meu pedido foi em vão.
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Suna ♡:
- Gostou do que viu?
Eu sorri para mim mesma, mas não demorei a responder.
[Nome]:
- Nem um pouco. Eu tava só admirando a lua mesmo.
Suna ♡:
- Você mente mal, o céu está completamente nublado.
Puta merda, eu sou tão idiota que nem parei para reparar nisso de verdade.
Imediatamente inventei mais uma desculpa boba.
[Nome]:
- Eu só queria ter certeza de que meus vizinhos não estão roubando meu wi-fi.
Suna ♡:
- Eu não iria roubar seu wi-fi na chuva, pode ficar tranquila.
[Nome]:
- Enfim, eu só queria ter certeza!
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Fiquei por mais uma tempo esperando e acho que ele não vai mais responder, o que me faz levantar e seguir para um banho e a vestimenta para dormir em seguida. Sequei os cabelos após sair do banheiro e vejo uma nova mensagem no telefone.
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Suna ♡:
- Por que você não vem aqui se certificar de que eu não tenho mais a sua senha?
A mensagem é de alguns minutos atrás e me pega totalmente de surpresa. Você quer que eu vá na sua casa? Nesse horário? Ele com certeza estava me convidando para outra coisa.
Não.
Sou virgem, mas não sou burra, posso ler nas entrelinhas.
Outra mensagem chega até mim, me fazendo dar um sobressalto.
Suna ♡:
- É divertido te assustar. Boa noite, estranha.
Foi uma brincadeira? Provavelmente. Suna Iscariote acaba de me convidar pro o seu quarto para fazer sabe-se lá oquê, de uma forma sutil, mas mesmo assim, me convidou.
O que mais me confunde é o fato de que hesitei ao invés de aceitar e correr até lá.
Aparentemente estou vivendo de pura conversa e nenhuma ação. Mas quando chega a hora de agir, não consigo dar o passo certo e seguir em frente.
Garota idiota.
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