𝟬𝟯
─ Você o quê?! -sophia quase cospe seu refrigerante em meu rosto ao ouvir o que eu disse.
─ Uhum, exatamente isso que você ouviu. -eu suspiro, brincanco com meu canudo. era suco de laranja.
Ela sorri, como se acabasse de ganhar um grande prêmio. Seu cabelo loiro cai para os lados do rosto. Ela tem o tipo de cabelo que mesmo se não pentear, ele ficará bonito.
Sophia está ao meu lado desde que me lembro, nossa amizade começou no fundamental, quando ela pegou alguma caneta minha sem avisar, eu apenas fui atrás.
Foi um começo nada convencional, para uma amizade que durará a vida toda, mas é assim que somos, nada convencionais e loucos.
De alguma forma, nós moldamos uns aos outros de maneira perfeitamente sincronizada.
Se isso não é uma amizade eterna, então não sei oque é.
Sophia mantém aquele sorriso bobo entre seus lábios.
─ Por que você parece desanimada com isso? Estamos falando de Suna, seu amor a um tempão.
─ Eu já disse como ele me tratou. É confusa a maneira como ele age.
─ Sim... mas [Nome], ele conversou com você. Finamente percebeu a sua presença nesse mundo!
Sim, isso é um começo muito melhor do que ficar observando ele de longe como uma perseguidora, de qualquer forma.
─ Eu não o incomodo, Soph. -a loira revira os olhos.
─ A sério? Vai tentar negar logo pra mim, que você persegue ele pelas sombras?
─ Claro que não, é puro acaso quando encontro ele andando por ai!
─ Andando por ai ou se escondendo atrás de um arbusto em?
─ Enfim, vou cortar esse "assunto que não me convém", ok? Você deveria me ajudar, ele roubou a minha senha do wi-fi e você me julgando aqui...
─ Por quê não muda a senha?
─ Para ele hackear meu computador mais uma vez? Não, obrigado.
Sophia parecia pensativa com seus braços cruzados enquanto estava sentada, logo levantou seu olhar para mim novamente e suspirou.
─ Eu realmente não sei oque dizer, amorzinho. Que tal pedirmos ajuda a Loueis?
─ Só pode estar de brincadeira, né? E pela última vez, Soph, é Louis, sem e.
─ Tanto faz... -ela se distraiu em questão de segundos, pegando seu batom avermelhado e pintando os lábios com total vontade. ─ Ele é bom em computação, né? Ele não é um nerd ou algo do tipo, sem motivo.
─ Você realmente tem que fazer isso aqui? Não estamos na sua casa. -eu comento, mesmo sabendo que não fará diferença. ─ E sim, acho que ele sabe bastante... ele ajudou Andrew com algumas programações.
─ Ai está! -ela guarda seu batom e se levanta. ─ Você vê como sempre tenho a solução? -abro a boca para falar, mas ela continua. ─ E sabe qual é o meu conselho pra isso?
─ Deixar pra lá?
─ Sim. Você perde o seu tempo com esse cara, sério.
─ Mas ele é tão... -eu suspirei. ─ Ele é perfeito, que merda! -sophia ignora minha declaração.
Ela dá apenas um tchauzinho com sua mão antes de se virar e seguir até o banheiro, recebendo diversos olhares de caras ao passar por suas mesas. Sophia tem um grande talento para sedução, seu corpo esguio e alto também ajuda com isso. Posso dizer que minha melhor amiga é uma das garotas mais lindas desse lugar.
Brinco com meu sorvete quando termino o suco de laranja. Apesar de estar muito quente, não quero que o verão acabe, sinceramente, estar no último ano do ensino médio me assusta bastante.
Suna invande minha mente mais uma vez, eu me permito lembrar da voz vinda junto ao sorriso arrogante na noite passada. De qualquer forma, eu sabia que ele não tinha a melhor personalidade de todas. Enquanto o observava, percebi o quão frio e meticuloso ele era com tudo que fazia. Era como se fosse um robô, incapaz de rir ou chorar. Parte de mim quer estar errada e que ele seja gentil na realidade ou algo assim.
Estava distraída em pensamentos, mas o alarme do meu telefone toca e eu verifico: Treino de vôlei.
Um sorriso se forma sobre os meus lábios. É de conhecimento público que toda terça e quinta-feira, às cinco da tarde, o time de Suna pratica vôlei em um campo público próximo ao bairro.
Coloco meu celular no bolso e pago a conta, seguindo imediatamente até o banheiro do estabelecimento.
Estava esperando por Sophia, arrastando meus pés impacientemente de um lado pro outro até que a loira se dignasse a sair do banheiro.
Sophia ergueu sua sobrancelha.
─ Achei que íamos jantar também.
─ Treino de vôlei.
─ Tá dizendo que vai me dispensar pra ir ver um bando de caras bonitos e possivelmente sem camisa? -ela pergunta, mas de qualquer forma, eu sei que ela está brincando.
─ Uhum, isso ai. Quer ir? -ela nega.
─ Não, assediar caras à distância não é o meu caso. Eu sou mais de agir, você sabe. -ela pisca pra mim.
─ Pare de esfregar sua experiência em mim... -eu finjo estar magoada.
─ Pare de ser virgem... -ela mostra a língua para mim.
─ Em pouco tempo, não serei mais. -eu mostro minha língua para ela em seguida.
─ Sim, claro. Guarde sua virgindade para seu amor platônico.
─ Soph! Não estou guardando nada pra ninguém, porra! -ela solta um riso que te faz ficar um tanto envergonhada.
─ Tudo bem, tudo bem. Agora vá, antes que perca a chance de ver ele sem camisa.
─ Ele nunca tira a camisa... -murmurei, fazendo-a rir baixo mais uma vez.
─ É que ele não quer que você veja ainda, sabe?
─ Sophia!
─ Certo, vou ficar quieta. Pode ir, nós podemos jantar outro dia, não se preocupe.
Com o rosto em chamas, saio da cafeteria e sigo para a quadra.
Sophia é maluca, ela sempre fala daquela maneira para me incomodar. Mesmo que eu não tenha experiência com garotos, eu sei oque há para saber sobre sexo. Ainda assim, não consigo pensar nisso sem deixar de me sentir envergonhada.
Após entrar na quadra, compro um milkshake. Coloco o capuz da minha jaqueta para cobrir meus cabelos, me sentando nas arquibancadas. Outras quatro meninas e eu, éramos as únicas ali.
Caras preenchem o campo, fazendo alongamentos rotineiros. Embora este seja o time da prestigiada escola de Suna, eles são obrigados a treinarem aqui no verão.
Suna corre pela quadra, vestindo uma bermuda preta e uma camisa da mesma cor com algumas listras brancas, com o número dez nas costas. Seu cabelo castanho esvoaçava com os ventos enquanto ele corria. Eu o olho como uma idiota, esquecendo nossa interação na noite passada.
Quando o treino é finalizado, o céu estremece com um trovão, e sem aviso, começa a chover. Gotas de chuvas frias caem sobre mim; Puxei o capuz sobre minha cabeça ao me levantar para correr.
Corro pelas arquibancadas e passo pelo estacionamento rapidamente. Os meninos estão prestes a sair, então corro mais rápido, arriscando de Suna me ver. Com minha pressa em sair dali, bato contra alguém de uma forma dolorosa.
─ Puta merda, isso doeu! -eu toco meu nariz, olhando para cima. ele é um dos caras do time, um moreno alto de olhos escuros, parece ter saído de um filme.
─ Está bem? -ele pergunta me fazendo assentir.
Eu o passo para o lado e continuo andando. E então acontece, eu ouço a voz de Suna frustrado, fazendo-me esconder atrás de um dos carros parados.
─ Tá fazendo oque parado aqui na chuva? -eu ouço ele perguntar para o moreno de segundos atrás.
─ Encontrei uma garota estranha, estava tentando esconder o rosto com a jaqueta, sei lá.
Estranha é a sua avó! O pensamento me corroeu. Tentei escutar a voz de Suna mais uma vez, mas já havia conseguido sair dali. Essa foi por pouco.
Ele passou a conversar com mais alguns caras do time, todos têm guarda-chuva, menos ele.
─ Certeza que não quer ir com a gente? -suna nega para o moreno de mais cedo.
─ Não, tenho algumas coisas pra fazer em casa.
Seus amigos vão embora, mas ele continua parado na chuva, como se estivesse esperando por algo. Oque você está esperando?
Ele decide começar a andar e para minha surpresa, ele toma a direção oposta de sua casa. Você mentiu para seus amigos? A curiosidade me faz tomar uma decisão péssima: segui-lo.
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Ficava cada vez mais escuro e nos afastamos do centro da cidade, para ruas mais solitárias. Está é uma péssima ideia. Oque eu deveria fazer? Nunca o segui antes, mas estou interessada em saber por que ele mentiu para seus amigos. Mesmo que não seja problema meu.
Suna não hesitava em seus passos, como se soubesse exatamente para onde estava indo agora. Passamos por uma pequena ponte e a brisa fria da noite entrava em ação agora, enquanto as nuvens negras engolem o que sobrou do sol. Eu me abraço e mordo meu lábio. Onde você planeja ir nesta escuridão?
Não consigo mais ver os asfaltos, apenas uma estrada de terra que nos levava mais adiante. Meu questionamento aumenta mais ainda por saber que aqui não tem nada além de árvores.
Suna pula uma pequena cerca branca no lugar que menos esperava que ele entrasse: no cemitério da cidade.
Mas que caralhos? Eu nem sabia que era possível chegar ao cemitério indo daqui. Oque diabos ele faz aqui?
Em dúvida, pulo a pequena cerca também. Não acredito que estou seguindo esse cara até o cemitério. Bendita curiosidade em!
Dizer que o cemitério parece horrivelmente fantasmagórico não era o suficiente, as nuvens cinzas sobre os céus ajudavam bastante, junto dos relâmpagos que iluminavam as sepulturas faziam-me sentir como se estivesse em um filme de terror horrível.
Por mais estúpido que seja, continuo a segui-lo entre as árvores e túmulos presentes ali. Talvez ele tenha vindo visitar alguém, mas não há nenhuma morte na família dele, pelo que eu me lembro.
Suna começa a andar mais rápido e eu me esforço para alcançá-lo, mantendo uma distância segura entre nós. Entramos em uma zona de mausoléus, que parecem pequenas casas para quem já não está mais conosco. Suna vira uma esquina e eu me apresso para continuar perante seu ritmo, mas quando eu cruzo a esquina, ele se foi.
Puta merda.
Mantenho a calma, atravessando aquele caminho entre túmulos acinzentados, mas não o vejo em lugar nenhum. Engoli seco olhando ao redor. Meu coração batia loucamente em desespero. Eu sabia que era uma péssima ideia, como posso seguir alguém até o cemitério à noite?
Eu me viro, tentando lembrar da saída, mas chegava a ser quase impossível.
Eu mereço.
Outro trovão, outro clarão, e eu estou a beira do colapso. Estava passando em frente a mais uma sepultura, até ouvir ruídos estranhos.
Merda, merda, merda!
Não vou ficar para descobrir quem ou o que é. Corro quase caindo, mas é claro, como sou desajeitada e ainda estava com medo, tropeço na raiz de uma árvore e caio de joelhos. Sento na parte de trás das minhas coxas, sacudindo as mãos quando sinto: algo ou alguém atrás de mim, uma sombra refletida na estrada à minha frente.
E eu grito tão alto, que minha garganta queima após isso. Eu me levanto rapidamente em pânico e me viro para começar a orar em defesa e, só assim então, vejo.
Era Suna.
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