𝚜𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚎𝚎𝚗

O verão estava a todo vapor e nem a cerveja gelada conseguia dar conta da alta temperatura. Mesmo dentro de um dos bares mais conhecidos e movimentados perto da universidade, o ar condicionado já não parecia mais que estava funcionando.

Você tinha lembrado de pedir aos seus pais dinheiro para concertar o ar condicionado do seu quarto e pretendia passar o final de semana inteiro dentro do cômodo, assistindo algum anime ou lendo algum livro. Acontece que suas amigas tinham planos diferentes para você.

Duas horas atrás Jiro lhe ligou lhe intimando para que você se arrumasse. Como geralmente acontecia, os namorados delas estavam no bar e elas queriam ir, mas ficavam com pena de deixar Katsuki de vela dupla e lhe chamavam junto.

Isso sempre foi uma ideia terrível, principalmente levando em consideração que vocês dois sempre acabavam brigando antes de conseguirem dar um "boa noite" um para o outro. Mesmo assim, elas sempre lhe intimavam para ir.

Apesar de que, naquele momento, a situação estava bem diferente de antes.

— Aqui — Seus pensamentos foram interrompidos pela voz grossa que você estava passando a conhecer tão bem.

Bakugou tinha uma nova long neck estendida na sua direção, tão gelada quanto a última que ele pegou para você. Nem tinha percebido que a sua já tinha acabado e um sorriso genuíno se formou em seus lábios quando seus dedos tocaram a garrafa de vidro. Estava quase impossível de segurar por causa da fina camada de gelo, mas o calor era tão insuportável que valia a pena sentir um pouco de dor.

— Obrigada — Cantalorou, antes de dar um gole longo na bebida amarga e precisar se esforçar muito para não soltar um gemido arrastado — Não sei como você tá conseguindo andar até o bar nesse calor.

— A camisa é fina — Ele respondeu, se sentando na cadeira ao seu lado.

Realmente, o tecido era bem fino, mas você não tinha notado apenas naquele momento. Assim que entrou no bar, mais cedo, a primeira coisa que chamou sua atenção foi o tecido da camisa que o loiro usava, marcando todos os músculos daquele corpo perfeito.

Você sabia que tinha sido pega secando o corpo dele, mas não se preocupou ao perceber que Katsuki tinha descido os olhos para o decote da sua regata. Em sua defesa, estava quente demais para usar alguma coisa além de uma regata fina e um short.

— Mesmo assim — Continuou a falar, agora olhando na direção dele, que tomava um gole da própria cerveja que tinha em mãos — Eu podia tá usando um biquíni aqui, mas não ia querer me movimentar mais do que dois passos.

Katsuki tentou não imaginar a cena, mas era impossível. Não sabia se ficava com mais tesão, já que a visão de você de biquíni era um puta de um estímulo para o amiguinho dele lá em baixo, ou se ficava irritado com a ideia de todo mundo no bar ter essa visão privilegiada. Muito provavelmente um pouco dos dois.

— Se você tivesse de biquíni aqui, a gente teria sido expulso antes de conseguir sentar na mesa.

— Muito injusto isso — Você reclamou, depois de suspirar alto — Eles deviam levar em consideração que a temperatura tá provavelmente equivalente a do inferno e deixar os clientes entrarem com roupa de banho.

— Eu não reclamaria de poder entrar sem camisa.

Dessa vez, foi você quem tentou não visualizar a cena. Se bem que a camiseta que ele estava usando não dava muito espaço para a criatividade e a imagem do corpo dele ainda estava bem fresquinha na sua mente depois do final de semana que passaram na praia.

Você riu. Era uma risada sincera, como geralmente estava acabando as conversas de vocês. Por incrível que pareça, você e o loiro estavam realmente se dando muito bem. O que era muito estranho. Você ainda precisava de um tempo para se acostumar.

— A gente perdeu alguma coisa? — Dessa vez, foi a voz de Mina que lhe tirou de seus próprios pensamentos.

A de cabelo rosado tinha uma sobrancelha arqueada e olhava para você e Katsuki como se vocês fossem algum espécime raro em uma exposição num zoológico. Os outros três seguiam o mesmo tipo de expressão dela: espanto.

— Como assim? — Você se fez de desentendida, sem nem tremer.

Sabia do que eles estavam falando, mas assumir que você e Bakugou transaram e estavam tendo um tipo de relação "vamos nos provocar até um dos dois ceder, aí vamos transar e ver o que acontece" era algo que você não estava preparada e nem tinha paciência para explicar.

Foi mais fácil explicar para Midoriya porque ele sempre foi aquela pessoa que ouvia suas piores atrocidades e jamais lhe julgava. Por mais que você amasse Jiro e Mina com todas as suas forças, algumas das suas histórias você preferia não contar. Essa era uma delas.

— Vocês tão todos amiguinhos agora — Foi Denki quem continuou a conversa, ainda parecendo muito confuso.

— Não era isso o que vocês queriam desde o início? — Katsuki respondeu, com um tom menos ameno do que o que estava usando para falar com você alguns segundos atrás.

— Era, mas isso é mais estranho do que eu pensei que seria — A fala de Kirishima revirou um pouco o seu estômago. Era realmente tão estranho assim ver você e o loiro se dando bem? Se bem que, levando em consideração o histórico de vocês, era justo que seus amigos ficassem confusos — Quer dizer, faz tempo que um de vocês manda o outro tomar no cu.

— Não faz nem uma semana — Você disse, balançando a mão, com indiferença.

— Isso deve ser algum recorde — Jiro brincou, o que arrancou uma risada divertida sua, mas Mina ainda lhe observava atentamente, com os olhos semi cerrados.

Talvez você devesse contar e evitar conflitos futuros. Mas o que contaria? Que transou com Bakugou? Isso só daria abertura para mais e mais perguntas para as quais você ainda não tinha resposta.

Você gosta dele ou é só sexo?

Vocês vão transar de novo?

Então agora vocês não se odeiam mais?

Etc.

Você acabou fazendo o melhor que conseguiu no momento: desviou o olhar da amiga e se concentrou no resto do grupo. Pensaria melhor e com mais calma depois. Só aí decidiria se ia contar para as suas amigas ou não. Talvez também fosse bom saber a opinião do próprio Bakugou, já que elas provavelmente contariam aos namorados.

— Mas, sério — Denki aparentemente não estava muito afim de deixar o assunto passar — Tá rolando alguma coisa entre vocês dois?

Os olhos de Jiro e de Mina se arregalaram quase que instantaneamente. Você também ficou nervosa com a pergunta, mas, ao ver a reação de duas amigas, e o absurdo que ele estava perguntando, a única coisa que você conseguiu fazer foi cair na gargalhada.

Bakugou não estava rindo, mas levou a cerveja aos lábios como se nada estivesse acontecendo.

— Acho que isso é um "não" — Kaminari disse, depois de você ter passado alguns segundos dando risadas.

— Não — Você conseguiu responder depois de respirar fundo várias vezes — Não tem nada rolando entre a gente — Mas você talvez não fosse muito capaz de sustentar a mentira por mais tempo, se eles lhe pressionassem ainda mais. Por isso, se levantou da cadeira em que estava sentada, depois de dar mais um gole rápido na cerveja — Eu vou no banheiro. Já volto.

Não esperou alguém lhe responder antes de dar as costas e sair da mesa. Realmente, estava mais quente do que você se lembrava. Por isso, aproveitou para colocar um pouco de água da pia na sua nuca. Mesmo assim, a água parecia estar saindo quente, então não ajudou muito.

Alguns segundos se passaram com você apenas perdendo tempo ali dentro, repassando o que precisaria fazer para a faculdade na próxima semana. Não faltava muito tempo para as suas provas e você precisava começar a se preparar, além de dois seminários que precisaria organizar e apresentar.

Apenas quando achou que já estava enrolando por tempo demais, saiu do banheiro. Sua cabeça estava baixa quando o seu braço foi bruscamente puxado na direção oposta às mesas.

Você sabia onde estava. Em um corredorzinho que dava para os fundos do bar. Você já tinha se enfiado ali com Keigo vezes o suficiente para reconhecer o lugar.

— Que porra é... — Mas suas reclamações foram caladas por lábios muito mais do que bem vindos.

Katsuki lhe beijava com uma intensidade viciante. Era quase como se ele tivesse esperado muito tempo para fazer isso e a ansiedade impedia ele de agir com racionalidade.

Se bem que era exatamente isso o que estava acontecendo com ele.

A verdade era que ele estava viciado. Viciado nos seus lábios, na sua boca, no seu rosto, no seu corpo, na sua risada, na sua conversa. Completamente viciado em você por inteiro. As provocações que você fazia com ele também não o ajudavam a manter a cabeça no lugar.

A língua dele explorava cada centímetro da sua boca, como se fosse a primeira vez que vocês se beijavam. No início, era uma batalha para saber quem ficaria no controle, mas você desistiu cedo demais e deixou que o loiro tomasse as rédeas.

Bakugou lhe pressionou conta uma das paredes do corredor, colando o corpo ao seu. Ele também abafou um gemido seu, ao sentir o membro dele, já completamente ereto, pressionando a sua barriga.

Caralho, como você queria que ele enfiasse em você de novo.

O desejo já estava lhe consumindo e só fazia crescer mais e mais. Era inevitável roçar no corpo trincado dele, desesperada por mais atrito.

Uma das mãos de Katsuki seguravam firme a sua cintura, fazendo leves movimentos e vai e vem, enquanto a outra estava na parte de trás da sua cabeça, puxando o seu cabelo e impedindo que sua cabeça corresse o risco de bater na parede. Por outro lado, suas mãos vagavam desesperadamente pelo corpo dele, passando pelo peitoral largo, descendo pelos gominhos do tanquinho dele. Mas, quando você ameaçou descer um pouco mais, seu celular começou a tocar no seu bolso de trás.

Bakugou parou de lhe beijar, mas permaneceu imóvel. Já você, deu um pulo tão alto por causa do susto que quase bateu com sua testa na testa dele.

Você tirou, atrapalhada, o celular do bolso de trás da calça.

— Cacete, desculpa — Disse, enquanto pegava o aparelho e via quem estava lhe ligando. Ao perceber que era Keigo, silenciou a chamada e decidiu que ligaria de volta depois.

Estava planejando voltar de onde vocês tinham parado, mas uma risada incrédula do loiro fez você arquear as sobrancelhas.

— O que foi?

— Esse cara de novo — Ele disse, simples, ainda com um sorriso debochado no rosto, como se explicasse alguma coisa.

— Keigo? — Você esboçou um sorriso divertido e safado no rosto — Isso é ciúmes, Katsuki? Não sabia que você queria exclusividade.

— Não quero nem fodendo.

A forma ríspida como ele falou arrancou o sorriso do seu rosto. Não que você quisesse namorar com ele nem nada do tipo, mas precisava ter falado daquele jeito? De qualquer forma, pelo menos naquele momento você sabia qual era a opinião dele sobre um relacionamento exclusivo.

Acontece que o loiro tinha respondido aquilo apenas por impulso. A ideia de manter exclusivamente com você já tinha se passado pela mente dele inúmeras vezes e, em todas elas, ele amava o resultado.

Mas agora não dava para voltar atrás. Ele tinha perdido uma chance e se torturaria mais tarde por causa disso.

— Se você não quer nada, por que toda vez você fica putinho por causa de Keigo? — Você disse, com as sobrancelhas franzidas e levemente irritada.

— Eu só não gosto dele — Respondeu, mais uma vez simples, dando de ombros.

— Você nem conhece ele.

— E nem preciso.

Você revirou os olhos e deu as costas. Não resultaria nada de bom se você continuasse aquela conversa. Era muito melhor voltar para a mesa e ver os outros dois casais apaixonados lutando para não se comerem em cima da mesa.

Divertido.

Antes que seu corpo alcançasse o corredor principal, você foi impedida de andar pela mesma mão em seu braço. Só que, dessa vez, mais suave.

Os olhos dele estavam mais leves e nitidamente procuravam evitar os seus, como se ele estivesse com vergonha. Você suspirou fundo e voltou a virar na direção dele.

— Você não quer exclusividade e eu concordo com isso — Sua fala foi como uma faca entrando dentro da pele dele, fundo o suficiente para atingir algum órgão — Mas posso presumir que, pelo jeito que você me atacou agora, o sexo foi bom?

— Muito — Ele deixou escapar e se arrependeu na mesma hora.

— Ótimo — Mas você parecia genuinamente feliz, então ele deixou passar — Eu também achei muito bom. Por isso, pensei se a gente não podia fazer disso alguma coisa casual.

— Casual? — Katsuki tentou não demonstrar o quão decepcionado estava e achava que estava fazendo um ótimo trabalho, já que você parecia não ter percebido nada.

— É — Um sorriso animado estava estampado no seu rosto e aquilo já era o suficiente para atrair a atenção dele — A gente se vê quando os dois tiverem vontade, transa quando der, mas sem nenhum tipo de relacionamento.

— Parece bom pra mim — Ele estava tão entretido com o seu sorriso que nem sabia com o que tinha concordado.

— Mas não podemos contar pros outros.

Isso atraiu a atenção dele novamente. Bakugou ponderou o que você falou por um segundo e franziu levemente as sobrancelhas.

— Por que?

— Não queria as meninas na minha cola fazendo perguntas que eu nem sei responder — Resolveu ser sincera e deu de ombros — Além disso, acho que só vai deixar tudo mais complicado. A gente nem vai ter nada sério. Eu sei que, se a gente contar, eles vão criar expectativas e eu não quero isso.

Mas o próprio Katsuki já tinha criado expectativas suficientes.

— Você quer contar pra eles? — Sua pergunta pareceu tão absurda que ele, por um segundo, ficou com vergonha de ter cogitado isso.

— Não — Respondeu, rápido.

— Ótimo! Então temos um acordo — Você estendeu a mão na direção dele, que pegou de forma relutante e, assim, deram um aperto de mãos, como se tivessem fechado um negócio — É melhor a gente voltar ou eles vão começar a desconfiar de alguma coisa.

Bakugou assentiu com a cabeça. Também assentiu quando você falou algo sobre ele esperar no banheiro alguns minutos antes de voltar, para não ficar "nada muito na cara". Mas a única coisa que se passava na cabeça dele era o fato de que ele não concordava com metade das cláusulas do novo acordo de vocês.

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