capitulo 02
Sem reação.
Era a única forma que eu podia estar na frente daquele homem que carregava um olhar indecifrável para mim. As mangas levantadas de sua blusa social por baixo do coleto, me dava a plena visão de seus músculos se tensionando por estarem com os braços cruzados e apoiando o peso todo do seu corpo no carro atrás. Eu fiquei ainda processando cada traço e informação que aquele homem me transmitia enquanto o mesmo fazia a mesma coisa por baixo daqueles cílios longos e tão claros quanto seus cabelos. Por um instante eu percebi a intensidade que seus olhos azuis carregava, e eu me peguei novamente curiosa pelas cicatrizases nos cantos de sua boca.
Quando ele levou um cigarro nos lábios rosados, eu o observei atenta até vê-lo soltar a densa fumaça para o ar, e se misturando com a baixa temperatura da noite.
— Você demorou, onde estava? - foi ele que perguntou.
E eu senti uma movimentação estranha pelos meus órgãos ao ouvir sua voz dizendo algo tão casualmente assim. O jeito desleixado segurando o cigarro pelos dedos até levar o indicador atrás da orelha, me dando a visão de que exista alguns piercings ali.
— Desculpa...? - eu disse confusa, eu não me sentia tão firme assim para ter outra conversa com um criminoso. E vi ele concordar.
— Está tudo bem, eu te desculpo com tanto que não faça mais isso. - o seu cigarro foi jogado fora enquanto ele rodava o seu carro.
E eu tive que respirar muito profundo para ignorar suas palavras desaforadas de agora e não mandar ele se foder.
— Por que está na porta da minha casa? - aquilo soou mais direito do que eu gostaria de ser, porém eu já estava começando ficar estressada.
Todo dia agora teria um traficante na minha porta ou atrás de mim?
— Isso é uma boa recepção para um paciente que até ontem estava baleado? - suas palavras eram carregadas de ironia e aquele maldito sorriso que acompanhava cada final de frase me deixava um tanto assustada.
— Vejo que você já está muito bem hoje. - eu cruzei meus braços quando uma corrente de frio passou tentando abraçando meu corpo.
— Sim, e é por isso que iremos jantar agora. - ele não esperou uma resposta e apenas abriu a porta de seu carro se confortando lá dentro.
Um sorriso de frustração saiu dos meus lábios, eu ainda não havia mexido um músculo do meu corpo e vi Haruchiyo me encarar sério pelo vidro da frente do automóvel. Era quase como se me desafiasse a ir contra suas ordens, e por dentro cada célula do meu corpo mandava o obedecer, mas minha mente só conseguia se lembrar de Manjiro dizendo o quanto eu era patética e isso começou a me ferir de uma maneira inimaginável. Porque aquele homem estava na frente da minha casa? O que diabos ele queria?
No fundo eu estava com mais medo do que meus olhos entregavam.
— Eu não tenho a noite toda, [Nome]. - meu nome mais uma vez foi mencionando, e dessa vez ele rangeu o motor do carro. Os faróis acesos em minha direção, quase como se fosse em direção a mim para me atropelar.
Mas ele não teria essa coragem né? ou teria?
Sem poder levar tanto oxigênio para o meu cérebro quanto eu gostaria, minhas pernas caminharam até a porta do passageiro, e eu olhei para dentro do veículo pelos vidros abertos, parando diretamente em uma katana e uma glock no banco de trás.
— O que foi? acha que eu vou machucar você? - ele me olhou de baixo assim que a porta foi aberto por ele, e eu entrei.
Sim, eu acho.
— O que você quer aqui, Haruchiyo? - quando o cinto atravessou meu corpo eu vi as mãos dele pressionarem com força o volante do carro após eu mencionar seu nome, e sem que eu tivesse uma resposta ainda ele acelerou sem dó alguma aquele móvel. Ele corria muito mais do que eu estava acostumada a dirigir, minhas mãos seguravam com força o cinto que batia no meu corpo.
— Apenas um jantar. - ele finalmente me respondeu simples, me fazendo o olhá-lo com dúvidas imersas pela minha cabeça.
[....]
As estradas vazias davam um claro sinal de que estava tarde, dentro do carro eu ainda me sentia tensa o suficiente para não der falado nada durante a viagem toda. O homem ao meu lado, parecia muito bem relaxado, enquanto o observava de soslaio eu não pude deixar de notar nenhum segundo o perfume que ele exalava, o seu carro todo tinha aquele cheiro, que estava começando a ficar impregnado no mais profundo do meu cérebro, era algo como armani ou paco rabanne. Mas a única certeza que eu tinha até o momento era que, Haruchiyo era um homem caro, tudo nele exalava luxúria desde o sapato de couro aos piercings e anéis em seu corpo, e eu comecei a duvidar que só aquele terno na medida que ele vestia valeria muito mais do que três anos de salários meus.
claro sua idiota, isso se chama dinheiro do tráfico.
Quando o carro parou em frente a uma faixada magnífica de dourado, eu soube que estávamos em um dos restaurantes mais caros da cidade. Ficava no centro, lugar o qual eu raramente pisava por ser a parte mais cara de Tóquio e de difícil acesso para mim. Com o carro perfeitamente estacionado eu me vi sendo guiada por um chofer a entrada do estabelecimento junto ao homem de cabelos rosados. E uma coisa eu notei, todos pareciam conhecer muito bem a pessoa do meu lado. Era incrível ver o respeito que todos o tratavam.
Eu seguia seus passos sem questionar ou proclamar nada, eu sabia que agora estava nas mãos dele, e com certeza eu tinha medo o suficiente para que qualquer coisa sem noção saísse da minha boca antes que eu pensasse a tempo.
Assim que atravessamos todo o Hall do local, que era uma enorme escadaria até a parte de cima, eu me assustei com a vista limpa que tive. O restaurante estava totalmente vazio, e apenas uma mesa estava montada para receber devidamente os clientes. Feito completamente de janelas as paredes, sentamos de frente para a vista da cidade populosa de Tóquio, repleta por prédios e iluminação pública. No fundo eu estava sim encantada com toda aquela vista de cima que estava tendo, era quase tão deslumbrante que me fazia esquecer verdadeiramente com quem e porque estava ali.
— Vejo que gostou da vista. - ele me chamou e fui obrigada a olhá-lo.
— Sim, eu nunca tinha vindo aqui. - juntei minhas mãos tentando dar mais atenção a elas.
— Eu sei.
Ouvir aquilo me vez pousar minhas orbes na sua, eu queria tentar descobrir seus pensamentos agora, desvendar suas próximas ações, buscava algo que me desse a sensação de segurança, já que aquele homem tinha me tirado desde o dia que o encontrei na estrada. Desde então me sentia quase como andando em uma corda bamba do qual eu não conseguia ver o chão e nem a altura que estava.
— Como sabe? - a curiosidade escapou dos meus lábios.
— Esse restaurante é meu, não a ninguém que entre aqui que eu não saiba quem é.
Escutar aquilo me vez abrir a mente, era por isso que ele exalava tanto poder, ele tinha isso. Mas eu não era boba o suficiente para não entender que apenas pessoas do mundo dele entravam ali, desde corruptos a gângster.
— Você tem um bom gosto, então. - eu disse por fim dando ênfase no quão bem arquitetando era o lugar.
Ele não teve tempo de responder quando o garçom trouxe um vinho tinto para a mesa, derramando na minha taça e na dele, e antes de ir embora perguntou;
— Já sabem o que vão pedir? - e eu olhei para o cardápio de coiro vermelho bem a minha frente. Os meus olhos mal rolavam pelos pratos mas sim nos preços, não havia um à la carte do qual eu realmente poderia pagar. Mas no final eu pude achar o prato mais barato e sendo con certeza a única coisa que eu sabia o que era, eu resolvi pedir.
— Massa branca com camarão, por favor. - eu disse e vi o homem concordar. Ele queria um jantar e eu estava morrendo de fome, seria injusto não juntar o útil ao agradável agora.
— O mesmo. - ele completou sem sequer olhar para outra coisa além de mim. Com aquelas orbes obscuras quase iguais a de Manjiro, o que me deixava aflita, pois eu sentia todo o meu corpo se arrepiar, quase como se fosse toda a energia que ele tinha transmitido para mim.
Quando o garçom nos deixou eu ainda me sentia apreensiva por estar novamente com ele a sós. O silêncio estava instalado e suas orbes ainda encarava minha estrutura a sua frente porém eu estava sem culhões suficiente para encara-lo.
— Como sabia meu nome? - novamente ele dizia algo que chamava minha atenção demasiado. E eu tive que piscar algumas vezes antes de responder, porquê era quase como se ele já soubesse a resposta. E eu tremi antes de responder;
— Manjiro veio atrás de mim. - ele não parecia surpreso, mas sim....irritado?
— Hm? o que Mikey te disse? - ouvir o apelido em seus lábios me vez estremecer.
— Bem, ele queria me dar algo em troca por ter te ajudado naquele dia. - eu me sentia novamente em uma interrogação.
— O que? - ele apoio seu cotovelo na mesa pondo sua cabeça entre a palma de sua mão, chegando mais perto de mim interessado na minha resposta.
— Eu não sei, eu disse que não queria nada. - por um momento eu vi a lateral de seu lábio crescer junto com a cicatrize avermelhada que ele tinha ali.
— E por que não? - os azuis de seus olhos me fixavam de uma maneira tão insana que fui obrigada a quebrar o contato para poder entrar devidamente o ar em meus pulmões de uma vez.
ficar muito tempo próximo dele iria me fazer ter perda de oxigênio seria.
Haruchiyo me intimidava, e para um caralho, enquanto ele esperava uma resposta minha eu tentava controlar todos os meus músculo para que o respondessem. Porquê nesse momento até minha língua gostaria de correr dele.
No final, eu apenas dei de ombros sem uma resposta concreta para ele, eu ainda buscava o que realmente dizer.
— Eu apenas te ajudei, eu não preciso de nada em troca, sinceramente não sei o por quê de tudo isso. - quando eu comentei aquilo eu vi seu rosto negar delicadamente para mim.
— Não, eu teria morrido aquele dia.
— Mas não morreu. - lhe respondi antes que ele pudesse continuar com qualquer que fosse a sua próxima frase.
— Porque você me salvou, eu te devo a minha vida agora [Nome] - ouvir aquilo foi inevitável não arregalar os olhos.
— Por deus Haruchiyo, isso não é-
— Sanzu. - eu fui cortada por ele sem devaneios — Me chame apenas de Sanzu.
Eu o olhei dizendo o nome quase num sussurro testando como soava em meus lábios.
— O que você quer de mim, Sanzu? - eu disse no fim sem filtro e buscando finalmente entender ele.
— Que me peça algo, para assim ficar kits a nossa relação. - eu o olhei atordoada e ele continuou vendo que não tinha resposta. — Porra [nome], as coisas funcionam assim para mim, preciso que você me peça algo e eu farei para só assim eu saber que você não me pedirá nada futuramente.
Quando o palavrão escapou de seus lábios sua mão bateu com certa brutalidade na mesa o que me fez pular na hora. Mas ouvindo suas palavras um pouco de noção entrava nos meus pensamentos, o mundo do crime funcionava assim certo? Nenhuma ajuda era de graça, tudo servia para fins futuros próximos, e era isso que ele não queria, Sanzu Haruchiyo não queria dever a vida para ninguém.
— Está bem. - eu disse vendo suas mãos levarem a taça com o tinto até seus lábios, e eu percebi que observei tempo demais aquele movimento.
— Então...- ele me encorajou.
— Mas eu não sei o que pedir agora, me dê um tempo, um prazo, qualquer coisa. - quem levava a taça até os lábios agora foi eu.
— Pense em uma semana e nada mais que isso. - foi rude e quase sem paciência, a essa altura eu também estava. Mas eu relaxei na cadeira quando senti que esse assunto se resolveria rápido e que assim logo logo eu estaria livre de Haruchiyo.
Quando o garçom trouxe nossos pratos, eu vi Sanzu chamar meu nome delicadamente enquanto derramava mais vinho em sua taça.
— [Nome]?
— Sim? - eu o encarei antes de olhar meu prato.
— Obrigado.
NOTASS
Nossa, o que é isso? Sanzu novo homem na frente da nossa personagem?????? Achei curioso em e ele até calmo, talvez a gente precisa de um pov com os pensamentos dele em 🧐🧐🧐🤨.
*mores eu queria informar aqui que, eu sei que o nome real do personagem é Akashi Haruchiyo mas aqui vamos manter Sanzu Haruchiyo ok? acho mais gostosinho dizer Sanzu, e fingimos que Akashi não existe e tá tudo bem.
*desculpe erros ortográficos.
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