𝐭𝐡𝐢𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧, family meeting
❝ I've been holding on to hope
That'll you come back when you can
find some peace
'Cause every word that I've heard spoken
Since you left feels like a hollow street ❞
∞
— Não pensei que te veria pessoalmente de novo, diretor Yoshinobu.
— Acho que posso dizer a mesma coisa para você, Amaya Okumura.
A feiticeira revirou de leve os olhos e se sentou no sofá verde na frente do diretor da escola de Kyoto, um dos superiores que tinha os olhos sobre ela desde que tinha nascido. Sabia que boa parte dos problemas que aconteceram na sua vida foram causados pelo homem a sua frente e isso a irritava de uma maneira absurda.
— Pensei que iria encontrar o Yaga agora — o mais velho comentou.
— Isso já não é problema meu — deu de ombros.
— Os jovens estão perdendo a mínima noção de respeito.
— Estamos? — ergueu uma das sobrancelhas — Ou são vocês que são idiotas o suficiente de achar que eu não descobriria tudo?
Amaya sorriu ao ver a expressão do mais velho se fechar, tinha blefado um pouco e conseguiu a reação que queria.
— Sabe, diretor, alguns anos atrás, realmente pensei que poderia confiar em vocês. Afinal, eram os superiores, quem manda e desmanda no mundo jujutsu, quem deveria sim se importar com o fato de que eu sou uma ameaça em potencial. Porém, me usaram como uma simples arma para os mais diversos "serviços", me diga, isso é justo?
Yoshinobu encarava a feiticeira a sua frente sentindo a irritação crescendo dentro de si. Era claro como ela parecia saber das coisas que tinham acontecido durante esses dez anos e, pela roupa que usava, Gojo Satoru tinha se envolvido com ela mais uma vez, o que claramente era ruim.
Amaya poderia ser a feiticeira perfeita em todos os aspectos possíveis, desde ser de uma família tradicional até a questão de poder, ela é uma das mais fortes. Entretanto, depois que se envolveu romanticamente com Satoru durante a adolescência, os superiores viram que esse potencial poderia ser perdido, já que ele não ligava para as regras da maneira que ela ligava.
Os superiores sabem como os dois juntos são uma das combinações mais perigosas, principalmente para a ordem em que o mundo jujutsu se encontra atualmente.
— Acho que o senhor não vai me responder — Amaya disse, batendo as unhas contra a coxa — Mas acho que não precisa também.
— Você quer jogar um jogo perigoso, Okumura.
— Essa é totalmente a minha intenção — sorriu, completamente sarcástica — Sabe, vocês acabaram tanto com a minha vida que só fazendo esse tipo de coisa, testando a minha existência, que eu vejo alguma razão em ficar aqui.
Antes que algum dos dois pudesse dizer mais alguma coisa, a porta foi aberta, revelando uma adolescente de cabelos e olhos azuis extremamente claros e que claramente se viu surpresa por encontrar Amaya ali.
— Chegou a minha hora — a feiticeira disse, se levantando — Aliás, acho que minha avó vai falar com o senhor mais tarde, diretor.
— O que você está planejando, Okumura?
— Não sei — disse, cínica — Me diga, diretor, o que acha que pode acontecer em uma simples reunião de família?
Amaya se divertiu com o olhar que tinha sobre si, sabia que estava entrando em um jogo de cobras, mas não é como se importasse. Ela tinha chegado a um nível da sua vida que se envolver nisso chegava a ser algo simples, não faria diferença no final das contas, era simplesmente uma pura vingança motivada por satisfação pessoal.
Ela não deixaria a sua "família" tirar ainda mais vantagem sobre a sua vida.
Não dando mais atenção ao homem, se virou e saiu da sala, voltando a andar pelos corredores do prédio principal da escola com a intenção de ir rapidamente ao seu quarto, precisava pegar a sua katana e um maço de cigarro antes de ir até o terreno da sua família. Sabia que talvez fosse encontrar certas situações que não queria ter que lidar no momento.
Entrando no prédio, ao mesmo tempo que Amaya se preparava para sair, Satoru andava despreocupado, iria se aproveitar do esquema que tinha feito, entregando um cronograma errado para Yaga, para poder ter uma conversa rápida com o diretor da escola de Kyoto, afinal precisava tirar algumas satisfações.
Não demorou para acabar encontrando a de cabelos azuis no meio do caminho e um leve sorriso apareceu ao ver as roupas que ela estava usando. Calça e coturnos pretos e a parte de cima do uniforme de feiticeira, a clássica jaqueta de tom arroxeado, que era um pouco mais curta que o padrão, do mesmo jeito que ela pediu para personalizar ainda na época da escola.
— Nunca pensei que te veria usando essa roupa de novo — o platinado disse, terminando de se aproximar e Amaya deixou um leve risada sair pelos seus lábios.
— Sendo sincera, também não.
Depois da conversa que tiveram ontem, a comida chegou e Sayuri voltou para o restaurante, fazendo com que um clima incrível se instalasse entre eles três. Foi extremamente bom, principalmente para eles dois, podiam finalmente agir como sempre queriam, como deveriam ter continuado desde o início, um casal.
Os dois ainda não conversaram sobre o que eles eram, colocar um rótulo no que os dois tinham, mas, na visão de ambos, não era necessário, já era claro o que estava acontecendo ali. Ambos tinham saído com outras pessoas ao longo dos anos, Amaya até mesmo chegou a ter dois breves namoros com duas brasileiras que conheceu no período em que passou no Brasil, mas nada chegava ao que eles dois tiveram e que, agora, possuem de volta.
— Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, indicando o corredor de onde ela tinha vindo.
— Conversei com o velho, quis tirar satisfação sobre uns lances da minha família.
— Mas está tudo bem?
— Vai ficar — sorriu de leve, feliz em notar a preocupação dele — Aliás, tenho que ir, o Ichiji provavelmente já está me esperando.
— Você vai pra algum lugar?
— Vou participar de uma reunião de família super divertida.
— Vai simplesmente aparecer lá?
— Não é como se eles já não soubessem que estou aqui, não duvido de mais nada vindo dos superiores — Amaya revirou os olhos, simplesmente cansada de todo o estado de confusão em que a sua vida se encontra.
— Caso aconteça alguma coisa, me liga.
— Combinado — ambos se olhavam sorrindo e Amaya fechou levemente os olhos ao sentir os lábios de Satoru contra a sua testa e uma das mãos dele deixando um leve carinho na sua cabeça.
— Te vejo mais tarde? — perguntou e recebeu um aceno dela de cabeça como confirmação.
Amaya tinha um sorriso enquanto andava para o lado de fora do prédio, momentos como aquele eram únicos, mesmo que tivesse sido somente uma simples conversa, mas era esse o totalmente o ponto. Ela passou anos sem realmente poder conversar e ser ouvida, sem ter alguém que se preocupava e que fazia questão de se manter presente, independente de tudo.
Porém, esse sorriso não duraria muito tempo, afinal, iria voltar para o lugar que a destruía desde o nascimento.
(...)
— Muito obrigada, Ichiji.
— Sem problemas, senhorita Okumura.
— Já falei que você pode me chamar de Amaya, não é? — a feiticeira brincou e riu fraco pela expressão um pouco envergonhada do assistente.
— Prometo que vou me atentar a isso.
— Vou te cobrar. Além disso, não precisa me esperar — avisou, abrindo a porta do quarto — E mais uma vez, muito obrigada.
Amaya respirou fundo ao começar a andar pela calçada de pedra que a levaria até a entrada principal do clã Okumura, tinha plena consciência do que encontraria depois daqueles muros.
No dia em que tinha visitado Sayuri, tinha percebido como não tinham mudado em nada a estrutura das coisas. As torres de vigilância, os muros altos, o grande arco da entrada, os grandes prédios no estilo tradicional japonês e as enormes cerejeiras que decoravam a entrada do clã e que criavam um ambiente lindo na época da primavera, mas agora, no final do verão, não tinham a mesma beleza.
Ao passar pelo grande arco, a sua mão esquerda foi de forma cautelosa até o cabo da katana, sabia que não podia simplesmente ser descuidada ao pisar ali. Além disso, estava extremamente silencioso, quase como se não tivesse ninguém ali.
Mesmo sendo um local horrível e com uma família extremamente tóxica, o clã Okumura sempre estava cheio, tinha pessoas andando para todos os lados, era vivo, tinha alguma coisa para "melhorar" o clima, mas, agora, parecia uma cidade fantasma e isso não fazia sentido.
Amaya andava pelo caminho central atenta a qualquer movimentação e, ao chegar na espécie de praça que tinha no centro do clã com diversos bancos e um jardim lindo, parou. Um suspiro cansado saiu pelos seus lábios e levantou a cabeça para cima, quase como se pedisse paz para qualquer entidade que estivesse disposta a ajudá-la.
Porém, ela sentia que tinha sido abandonada há muito tempo.
Na mesma velocidade em que percebeu o arqueiro logo atrás de si, puxou a katana e de forma precisa parou a flecha com a espada, fazendo com que o barulho do encontro dos metais ecoasse, quebrando o silêncio que tinha antes.
— Sabe, não pensei que me subestimaria tanto, vovó — Amaya disse, com um claro deboche na voz e, ao se virar para o lado, encontrou a idosa.
Kasumi Okumura é uma senhora imponente, mesmo com a idade já mais avançada. Praticamente da mesma altura da neta mais velha, sendo poucos centímetros mais baixa e tem olhos tão azuis quanto o céu e que transmitiam uma frieza de arrepiar qualquer um, menos Amaya, alguém que já tinha se acostumado a sensações muito piores.
— Não pensei que teria coragem de pisar os pés de novo aqui.
— Não pensei que seria burra o suficiente de achar que não descobriria tudo que fez aqui. Realmente não pensou duas vezes antes de simplesmente acabar com tudo o que a minha mãe construiu, não é?
— Não ouse falar da minha filha.
— Não ouse? — a risada de Amaya ecoou — Você age como se não fosse por escolhas suas que ela tá morta.
O silêncio tinha voltado a se instalar naquele ambiente e, diferente de antes, que parecia estar vazio, agora já estava com algumas pessoas. Aos poucos os feiticeiros mais poderosos do clã apareciam, se espalhando pelo espaço, de forma que no meio ficassem neta e avó se encarando, em uma luta silenciosa de olhares.
— Minhas escolhas? — perguntou, sarcástica, no mesmo tom da neta — Se eu pudesse escolher, Amaya, eu voltaria 22 anos no tempo e a salvaria no seu lugar.
— Bom saber que você pensa da mesma forma do que eu — respondeu, completamente seca.
Kasumi não precisava verbalizar isso, Amaya já sabia disso.
Todas as pessoas que estavam ali, agora, que observavam essa discussão das duas, pensavam da mesma maneira que a idosa, que Mirai era com certeza muito mais importante e que valia a pena ser salva, ao contrário da feiticeira que tinha voltado a aparecer depois de longos anos, alguém que tinha deixado o clã para trás.
— Que bom, finalmente parece que entendeu o seu lugar.
— Ao contrário de você.
Kasumi franziu as sobrancelhas, não entendendo o que a sua neta poderia querer dizer, principalmente com uma atitude que não lembrava que ela tinha.
Amaya sempre tinha a ouvido completamente calada.
— Sabe, vovó, nunca pensei que você fosse do tipo que quebrava as regras, sempre me ensinou que elas eram a única coisa que prestavam nas nossas vidas. Agora, olha pra você, mudando as regras do clã só pra me tirar da jogada. Achou que eu realmente não ia saber o que você fez com a vida do Yoshiro?
Parecia que a voz de Amaya ressoava pelo local, quase como se estivesse em uma espécie de eco.
"Ela sabia?"
Uma pergunta que ecoava dentro da cabeça de Kasumi enquanto observava aqueles olhos azuis em chamas, a marca do que tinha levado a vida da sua única filha há 22 anos atrás.
— Você...
— Realmente mudou todo um legado da família principal só para não ter o gosto de me ter como líder daqui? — Amaya a interrompeu, começando a andar na direção da mais velha — Vamos, Kasumi, me diga como foi acabar com a vida do meu irmão por puro egoísmo!
— Egoísmo? Eu fiz o melhor para o bem do clã!
— Bem do clã?! — Amaya praticamente gritava e só parou de andar quando viu os outros membros da sua "família" ameaçarem avançar em sua direção — Inventa outra desculpa! Vamos, me diz um motivo minimamente plausível para piorar esse lugar! Me diga, tão poderosa Kasumi Okumura, mostre as razões que te fizeram a fazer o Yoshiro o líder dessa merda!
Se tivesse somente as duas ali, sem tantas pessoas olhando, provavelmente Amaya já estaria com lágrimas caindo pelo seu rosto, era frustrante ter que fazer as perguntas, simplesmente querer entender o porquê de tanta crueldade para cima de um adolescente. Ela queria poder ter as respostas das inúmeras perguntas que gritavam dentro da sua mente, não aguentava viver no escuro da dúvida.
Kasumi encarava a neta com uma fúria crescendo dentro de si, sabia que ela era tola demais para entender isso, como era feio ter alguém de fora controlando o clã, no caso com Kaede sendo a líder. Era vergonhoso ter o fato de que a herdeira tinha simplesmente sumido do mapa, sem mais nem menos, deixando um dos clãs mais respeitados em uma situação delicada, a de ser uma chacota para o mundo jujutsu. Afinal, como alguém não aceitaria ser líder de algo tão grande e poderoso?
Amaya nunca aceitaria, se rebaixar a uma posição tão suja e, além disso, ela não aguentaria viver ali sendo quem é.
Um receptáculo imperfeito e que tinha rachaduras para todos os lados, não conseguia aguentar todo aquele poder selado dentro de si.
No dia em que Amanai tinha morrido, Amaya perdeu o controle quase de forma completa e somente foi parada porque Satoru a enfrentou, mesmo não sabendo o que estava acontecendo com ela. Tudo estava confuso e logo depois veio o afastamento de Geto, o melhor amigo dela, junto com o início de mais uma das várias séries de abusos físicos que sofria do pai por não ser perfeita o suficiente.
Essa última ocasião causou mais um descontrole dos Olhos do Diabo, que praticamente destruiu a enorme área de treino do clã Okumura, chegava a ser ridículo o tanto que Amaya poderia ser destrutiva. Com todo esse caos envolvendo a sua vida e principalmente os seus poderes, decidiu ir embora, causar menos problemas e então, saiu do país sem mais nem menos.
Porém, não era como se as pessoas que a olhavam agora, principalmente a sua avó, fossem entender, ela era só mais uma traidora, ou seja, não merecia nenhum respeito ou alguma dignidade dentro daquela família.
— Me responda, Kasumi! — Amaya gritou mais uma vez, sentindo o seu peito queimar de ódio.
Não conseguia simplesmente suportar o silêncio vindo daquela mulher, era agoniante não a ter rebatendo de volta.
A questão está no fato de que havia uma razão para a mais velha não estar respondendo, a pessoa que tinha acabado de entrar no terreno do clã e que encarava fixamente as costas da irmã mais velha.
— O que está fazendo aqui? — uma voz grave, masculina, ecoou e fez com que um arrepio passasse pelo corpo de Amaya, que se virou lentamente, encontrando olhos tão azuis quanto o seu.
— Yoshiro... — a voz dela saiu quase como um sussurro.
Ele está tão diferente que chegava a doer.
Alto como o pai dos dois, somente sendo um pouco mais baixo que Satoru, forte, com os músculos marcados nas roupas pretas que usava, e o cabelo loiro, como o de Kaede e Sayuri, praticamente raspado. Ele não tinha mais o sorriso leve no rosto, o cabelo comprido batendo abaixo dos ombros, os quais Amaya sempre fazia tranças quando ele era menor, e também o brilho no olhar tinha desaparecido.
Eles tinham o destruído também, nem parecia que só tinha 21 anos.
— Me responda — ele disse, mais uma vez — O que faz aqui?
— Eu...
— Ela veio perguntar o porquê das coisas estarem do jeito que estão — Kasumi interrompeu a neta, saindo de onde estava e andando até Yoshiro, esbanjando uma atitude de como se estivesse cantando vitória — Não acha que é um pouco contraditório, Yoshiro?
Amaya encarava a mais velha apoiar as mãos no ombro do irmão sentindo o estômago revirar, se lembrava muito bem de como ela odiava Yoshiro e Sayuri, por não serem "puros" como ela. Não fazia sentido presenciar tal cena e o olhar raivoso que tinha agora direcionado para si também contribuía para a situação ficar ainda pior.
— Saiam — Yoshiro sentenciou.
— Como assim, querido? — Kasumi perguntou, realmente confusa.
— Quero conversar com Amaya sozinho, saiam daqui — ordenou mais uma vez e sem conseguir tirar os olhos da irmã.
Ela está tão diferente que parecia muito mais uma estranha do que a pessoa favorita da vida de Yoshiro.
O cabelo extremamente comprido, mais magra do que conseguia se lembrar e ainda com uma expressão tão perdida que o fazia se questionar sobre o que aqueles olhos em chamas tinham visto durante todos esses anos. Porém, acima de tudo isso, da curiosidade e até mesmo da saudade, a raiva estava ainda mais presente.
Yoshiro sente muita raiva de Amaya.
Ela o deixou para trás.
Ela o abandonou no meio daquele ninho de cobras, que hoje é comandado por ele.
Por causa dela, ele é o líder dali a um pouco mais de seis anos.
A vida dele é um inferno por causa dela, do egoísmo que ele acredita que ela tem. Afinal, ele nunca se deu o trabalho de tentar ouvir Kaede e Sayuri nas milhares de tentativas de conversar sobre Amaya, ele não queria saber mais dela.
Não queria saber da pessoa que tinha prometido que seria professora dele na escola jujutsu, mas no final acabou indo embora antes mesmo dele sequer entrar no colégio.
Kasumi foi a última a sair da praça, dando uma última olhada em Amaya, alguém que provavelmente lhe daria mais trabalho do que pensava.
Quando os dois irmãos ficaram sozinhos, o silêncio se instalou por alguns segundos, nenhum deles ousou abrir a boca, simplesmente se encaravam, analisando cada pequeno traço de cada um. São tantas informações e emoções invadindo as mentes dos dois que chegava a ser difícil pensar, foram dez anos separados e, diferente de Kaede que sempre soube algumas informações sobre Amaya, Yoshiro nunca soube de nada.
A mulher de quase 28 anos na sua frente não parecia em nada com a sua irmã mais velha e isso doía, mesmo que não fosse admitir isso para si mesmo e muito menos em voz alta.
Amaya respirou fundo, guardou a katana de volta na bainha e deu um passo na direção do irmão que, diferente do que ela esperava, já que tinha pedido para conversar com ela a sós, deu um passo para trás.
— Yoshiro...
— O que está fazendo aqui?
— Eu vim conversar.
— Realmente, depois de dez anos é o mínimo.
— Yoshiro, por favor...
— "Por favor" o que, Amaya?! Vamos! Você some por dez anos e volta como se nada tivesse acontecido. Na real, sabe o que é pior nisso tudo? Não voltou por que quis e sim porque foi obrigada por causa do hospedeiro de Sukuna! Acho incrível como se importa.
— Mas eu me importo!
— Sério?! — ele riu, cruzando os braços — Não parece, Amaya.
— Só me escuta, por favor — a voz dela soava suplicante e isso fazia com que o coração dele doesse.
— Escutar?! — ele gritou pela primeira vez, o que a fez parar de andar na direção dele — Você dizendo isso é a pior coisa do mundo. Sabe por que?! Vamos, tente adivinhar!
Ela se manteve em silêncio, tentando controlar a vontade de chorar que começava a se instalar dentro do seu coração.
— Porque eu gritava para você voltar!
Yoshiro gritou a plenos pulmões o que ele guardava há dez anos dentro de si, sentindo uma explosão dentro do peito. Todas as lembranças, das noites em claro pedindo para que Amaya voltasse pra casa, que o ajudasse e o tirasse dali.
Não era somente ela que odiava o clã Okumura.
— Eu pedia praticamente todas as noites para você voltar! — a voz dele falhou, enquanto passava as mãos pela cabeça, completamente frustrado — Porra, Amaya! Você realmente acha que só voltar aqui iria resolver tudo?!
Ele também estava a um passo de chorar, simplesmente doía a ter ali, na sua frente, e saber que ela não tinha voltado por ele, pela família dela.
— Vai embora.
— Yoshiro, por favor — Amaya pediu, praticamente correndo na direção do irmão — Me deixa explicar.
— Eu não quero saber!
— Yoshiro!
— Vai me explicar o que, Amaya?! O que era tão importante ao ponto de você me abandonar?! Me deixar sozinho nessa merda?!
— A sua segurança! Eu saí daqui pra proteger todos vocês! A Sayu, o Satoru, a Kaede e você!
— Proteger de que?! Você é a mulher mais forte!
— De mim, Yoshiro! Proteger vocês de mim! — Amaya mordeu os lábios, tentando com ainda mais força não chorar — Me deixa explicar, por favor!
— Não tem nada para explicar, Amaya — Yoshiro a olhava no fundo dos olhos, encarando as chamas dançarem intensamente — Não volte aqui.
O loiro ameaçou andar e sair dali, não aguentava mais ficar perto da irmã, mas ela foi mais rápida e o segurou pelo braço, o forçando a olhar mais uma vez.
— Só me dê uma chance e te explico tudo o que aconteceu nesses dez anos.
— Você já teve a sua chance, Amaya — ele disse, depois de ficar alguns segundos em silêncio — A sua última chance foi quando saiu daqui no meio da noite e não se despediu de ninguém, não se despediu de mim. Você parou de ser a minha irmã naquela noite.
As palavras duras de Yoshiro entraram na mente de Amaya e ela arregalou os olhos, sentindo como se o chão aos seus pés estivesse se desfazendo. Ela não podia perder uma das pessoas que fez de tudo para proteger a qualquer custo.
— Não volte e também não me procure. Você não deve mais nada ao clã Okumura e muito menos a mim.
Yoshiro se desvencilhou do toque de Amaya e deu as costas, fazendo o caminho até o prédio principal, sentindo o olhar da irmã sobre si durante todo o trajeto.
Não era doloroso somente para ela.
Afinal, ele também estava perdendo uma parte extremamente importante da verdadeira família dele, que sempre foi resumida a ele, Sayuri, Kaede e Amaya.
Não era só ela que, por causa da intervenção de terceiros na busca incansável pelo poder, tinha perdido uma parte de si.
Os dois tinham sido destruídos e agora estavam ainda mais.
Oi gente! Tudo bem com vocês?
Finalmente apresentei para vocês o Yoshiro e vou ser sincera e dizer que ele é um dos meus OC's favoritos, gosto dele demais meu deus kkkkk
Bem, espero que tenham gostado do capítulo, que até ficou grande com quase 4k de palavras! Não se esqueçam de votar e de comentar (AMO ler o feedback de vocês)!
Até a próxima! ♥︎
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