𝐟𝐢𝐯𝐞, feeling lost




⚠️ TW: MENÇÃO A AUTOMUTILAÇÃO E TENTATIVA DE SUCÍDIO! ⚠️


Tired of feeling lost,
Tired of letting go
Tear the whole world down
Tired of wasting breath,
Tired of nothing left









Garganta fechada.

A sensação de que o ar está te empurrando para baixo.

O coração começa a acelerar.

O desconforto se espalha rapidamente pelo seu corpo, fazendo com que a mínima menção de ficar parado parece ser a pior opção no mundo.

Amaya sentia isso ao ter a imensidão daqueles olhos voltada para si, o que a estava machucando mais do que poderia sequer imaginar.

Anos atrás, ela amava ter esse olhar sobre si, sentir que era o tesouro mais precioso do rei e que o monarca do infinito a protegeria até o fim.

Entretanto, agora parecia que não tinha mais esse posto e que, na verdade, era a traidora que tinha fugido e o deixado para trás na sua pior fase.

O silêncio ensurdecedor, o olhar de decepção e a sensação de que tinha um abismo se abrindo entre o rei e a rainha, mostrando que, talvez, o reino nunca mais poderia ser unido.

Como eles chegaram a esse ponto?

Sentir que eram meros estranhos?

Achar que tudo tinha significado nada?

Que não tinha mais amor ali?

Tantas perguntas com respostas que machucariam aqueles que mereciam ficar juntos, mas por causa da intervenção de terceiros e de contratos feitos por amor, não poderiam.

— Se esquecer de mim e do que nós fomos for melhor para você, faça — Amaya conseguiu dizer, tentando controlar com toda a força que tinha a vontade de chorar — Eu não estou te impedindo.

— Como consegue falar isso com a maior naturalidade?! Agir como se nada estivesse acontecendo?! Ser praticamente uma escrava dos superiores?!

— Porque eu me importo mais com você do que comigo.

Satoru arregalou os olhos e encarou a mulher à sua frente sem saber o que dizer e muito menos sentir. Ele não conseguia entender o que acontecia por trás daqueles olhos incandescentes, nos quais as chamas azuladas se movimentavam agressivamente.

"O que isso quer dizer?"

"Ela ainda se importa?"

Essas duas perguntas ecoaram dentro do coração do rei, que errou uma batida ao ver uma única lágrima cair pela bochecha esquerda da rainha.

Antes que Satoru pudesse dizer alguma coisa, Amaya se desvencilhou da mão um pouco fria que segurava o seu braço e saiu da sala na maior velocidade que conseguia, praticamente começando a correr ao chegar do lado de fora, deixando para trás alguém que ainda queria, no fundo do seu coração, restabelecer um reino extremamente específico.

O reino do infinito.

Algo criado há muito tempo por dois adolescentes, que ainda não sabiam como o amor poderia ser considerado a pior maldição de todas, principalmente quando se trata de duas almas já amaldiçoadas pelo poder.





(...)





Amaya encarava a cidade pela janela do carro não sabendo ao certo o que sua madrasta queria com ela. Não entendia o que seria tão importante ao ponto de não poder ser tratado por telefone ou por mensagens, algo que estava habituada a fazer enquanto estava fora do país.

Alguns dias tinham se passado desde o fatídico momento em que Gojo tinha a confrontado sobre os seus contratos com os superiores e o clima não podia estar pior.

Ela tinha que acompanhar as aulas por causa de Itadori e era nítido como tinha algo acontecendo entre os dois feiticeiros mais velhos, não era como se tivessem a mínima capacidade de esconder. Doía em ambos a distância que Amaya colocava, mas ela não podia ser reduzida, os segredos que carregava não podiam ser ditos e, mesmo que a machucasse, protegeria Satoru de si mesma custe o que custasse.

Ele foi o seu primeiro amigo.

O primeiro beijo.

O primeiro e único amor.

Ele foi, e sempre será, o único para ela, mesmo que ela já tivesse tentado diversas vezes se relacionar com outras pessoas. Nenhuma conseguiu ou jamais conseguiria transmitir a ela o que Satoru conseguia, uma mínima vontade de querer continuar.

— Chegamos, senhorita Okumura — Amaya despertou com Ijichi avisando que tinham chegado ao restaurante escolhido por Kaede.

— Muito obrigada, Ijichi.

— Vou precisar buscá-la?

— Acho que não. Quero resolver umas coisas no centro depois e posso chamar um táxi.

— Então tudo bem. A senhorita tem meu telefone, então qualquer coisa é só chamar.

— Ok, muito obrigada de novo.

— Sem problemas.

A mulher saiu do carro, fechou a porta e respirou fundo antes de andar e entrar no restaurante, o qual ela se lembrava de ser o favorito da sua madrasta.

Amaya tinha boas memórias dali, alguns jantares com seus irmãos e até mesmo pequenas comemorações de aniversário, momentos felizes que teve enquanto crescia.

Não demorou muito para achar Kaede no meio daquelas mesas cheias. O cabelo loiro na altura dos ombros, sempre arrumado, as roupas elegantes e os olhos extremamente verdes, como duas esmeraldas, nem parecia que tinha acabado de completar 41 anos, uma mulher incrível de todas as maneiras.

— Amaya! — disse animada, levantando-se da mesa ao perceber a enteada se aproximando.

— Oi, Kaede — respondeu sorrindo, correspondendo o abraço apertado da mais velha.

— Você está tão linda — a loira disse e pegou a mão de Amaya, fazendo-a dar uma voltinha — Está a cara da sua mãe.

— Estou ficando cada vez mais parecida com ela.

— E com certeza isso não é algo ruim.

— Não mesmo.

As duas se sentaram na mesa encostada na janela que dava vista para a rua movimentada da região de Ginza, uma das mais nobres de Tóquio, e não demorou para que os pedidos fossem feitos e que um clima sério se instalasse entre as duas feiticeiras.

Kaede tinha plena consciência de que sua enteada estava um pouco ansiosa com esse almoço, era nítido pelo tanto que as chamas dos olhos da mais nova estavam agitadas. Sabia que tudo que envolvia o clã delas era considerado extremamente importante para a de grau especial e também que o que iria contar, com certeza, seria um choque.

— Antes que eu comece a falar, peço que me escute até o final.

— Você está me deixando mais nervosa do que já estava.

— Eu sei, Amaya — a loira suspirou, mexendo na taça de vinho — Não deveria estar te contando isso, estou me colocando em risco por estar tendo essa conversa com você, então só me escute.

— Kaede...

— Depois que você foi embora, assumi a liderança do clã no seu lugar, como tínhamos acordado com seus avós e aqueles velhotes asquerosos. Tudo estava funcionando até que o clã Zen'in se envolveu na história, mais ou menos uns quatro anos depois, dizendo que não era certo uma pessoa de fora liderar um dos grandes clãs e também por eu ser uma mulher. Os seus avós, como as cobras que são, se deixaram levar pela conversa e me tiraram do posto.

— Como assim?! Então quem assumiu?! Meu pai já não tinha mais condição nessa época.

— Só não queime a mesa.

— O que?

— Eu vou continuar, só não queime a mesa.

— Kaede, quem assumiu a liderança do clã?

A mais velha entrelaçou os dedos, nervosa, sentindo o olhar preocupado, quase desesperado, da enteada sobre si. Ela sabia que tinha falhado na promessa das duas de tentar deixar aquele lugar melhor e mudar algumas das tradições estúpidas que os Okumura seguem a séculos. Porém, não conseguiu suportar a pressão dos Zen'in interferindo onde não deviam, já que a feiticeira mais forte estava fora do país, abrindo espaço para fazerem o que quisessem.

— Você é a última Okumura de sangue puro da família principal, logo seria a única que poderia assumir a liderança do clã de forma legítima, mas os seus avós decidiram ignorar as tradições pela primeira vez em séculos. Então escolheram outro decente do seu pai para assumir e, no caso, foi o seu irmão.

— Você só pode estar mentindo. Eles não podem fazer isso.

— Querida...

— Eles não podem fazer isso, Kaede! — Amaya praticamente gritou, chamando a atenção das mesas ao redor.

A feiticeira de grau especial respirou fundo e passou a mão pelo cabelo, completamente irritada.

Yoshiro e Sayuri são os dois filhos que Takashi Okumura teve no seu casamento com Kaede, sendo eles mestiços, já que a loira não fazia parte do clã até se casar com o antigo líder, um ano depois da morte da mãe de Amaya.

— Quantos anos o Yoshiro tinha?

— Amaya...

— Kaede, me responda.

— 15.

Amaya apoiou as mãos no rosto sentindo a mais pura vontade de desabar. Tudo parecia se complicar a cada dia que passava, como se o mundo estivesse se desfazendo aos seus pés e que as causas de todos problemas eram as escolhas dela.

— Eu tentei tanto impedir que isso não acontecesse. Fiz de tudo para agradar seus avós e os Zen'in, apelei para os superiores, mas nada adiantou. Eles fizeram o Yoshiro virar o líder daquele lugar e eu não sei mais o que fazer — Kaede disse depois de alguns segundos de silêncio.

— Eu não sei o que dizer.

— Só que eu sou uma péssima mãe.

— Kaede...

— Eu não consegui proteger o meu próprio filho, Amaya! Ele perdeu a adolescência por causa daqueles idiotas e eu não consegui fazer nada!

Lágrimas silenciosas caiam pelo rosto da loira ao colocar para fora o que guardava há quase seis anos.

— Você disse que estava se colocando em risco por estar me contando isso — Amaya disse séria, segurando a mão trêmula de sua madrasta — Quem ameaçou você?

— Eu não posso...

— Não vou perguntar de novo. Quem ameaçou você?

— O clã inteiro — a mulher soltou o ar que segurava — E não é só a mim, a Sayuri também. Aquele lugar está um completo terror, eles mexeram com a cabeça do Yoshiro, principalmente depois da morte do seu pai no início do ano passado. Tudo está um caos.

— Eles mudaram a visão dele sobre mim, não é?

— Ninguém naquele lugar quer sequer pensar em você.

— Acho que eles vão ter que me aturar.

— O que?! Amaya, pelo amor de Deus. Não volte lá.

— Eles mexeram com as pessoas erradas, Kaede. Ninguém ameaça você e a Sayuri e estraga a adolescência do meu irmão sem ter as devidas consequências.

— E o que você vai fazer?! Simplesmente aparecer lá?!

— Eu não sei ainda, mas vou resolver isso. Vou pensar em alguma coisa, mas vou tirar vocês duas dessa.

— Não se envolva com aquelas pessoas, Amaya. Elas te destruíram também.

— E é por isso que vou sim me envolver. Eu não quero que o Yoshiro se transforme em mim, alguém que simplesmente nem sabe porque está vivo.

— Não diga isso.

— Então me responda, Kaede. Eu só não fui morta quando criança porque tinha os Olhos do Diabo e até hoje essa é a minha função aqui, garantir que eles não saiam do controle e que esse poder não mate mais alguém. Além dessa, tem alguma razão para estar viva? Aquele clã tirou tudo que eu tinha em nome de poder e prestígio, e eu não vou deixar eles fazerem isso com o meu irmão também. Eu prometo que vou proteger vocês duas e salvar o Yoshiro, não sei como ainda, mas vou.





(...)





— Quando iria me contar que o meu irmão agora é o líder do meu clã? — a voz de Amaya ecoou pela sala e Masamichi suspirou, deixando os papéis que estava lendo na mesa para assim, levantar o olhar e ver sua ex-aluna.

— Então você soube...

— Você sabia que a Kaede e a Sayuri estavam sendo ameaçadas?

Yaga suspirou ao ouvir a voz dela falhar e fechar a porta com força atrás de si.

— Por que não me disse nada?! Por que vocês não me disseram nada?!

— O que você iria fazer?

— Eu não sei! Voltar?! Assumir aquela porcaria de clã?!

— Nem eu, e muito menos a Kaede, deixaríamos isso acontecer.

— Por que?! Qual a dificuldade de me deixarem fazer as coisas?!

— Porque nos preocupamos com você e a Kaede te vê praticamente como uma filha.

— Mas isso não é motivo, Yaga! Por que não me contaram?! Não me deixaram proteger a minha própria família?!

— Por que você não deixa nós te protegermos? — rebateu e viu as chamas arderem nos olhos de sua ex-aluna.

A feiticeira fechou as mãos em punho ao ter a sua visão embaçada pelas lágrimas que já caiam pelas suas bochechas.

— Há dez anos atrás, você abriu mão da própria felicidade, se prendendo aos superiores porque queria nos proteger dos Olhos do Diabo. Então, de certa forma, te poupar disso foi a forma de nós protegermos você.

— Mas a que custo, Yaga?! O meu irmão está na mão daqueles velhos a que custo?! Eu teria voltado e assumido no lugar dele!

— Para você perder a cabeça depois?! Eu sei o que você esconde com as mangas compridas, Amaya.

— Eu...

— Até quando vai querer segurar o peso do mundo sozinha?

Amaya viu o seu antigo professor se levantar da cadeira, andar até ela e parar bem a sua frente com um semblante calmo, enquanto ela estava a um passo de simplesmente colapsar.

Nunca passou pela cabeça dela que o seu clã estava daquele jeito, que o seu irmão mais novo estava a cargo daquele maldito lugar e queimava tudo o que tinha ao pensar que poderia ter feito alguma coisa para evitar isso, que tinha falhado em proteger alguém que amava. Ela também se achava ridícula por ter quase 28 anos e se ver em uma situação como essa, só conseguindo chorar e não fazer nada, como se fosse uma criança.

Estava cansada de se sentir perdida, gastar energia, mudar completamente a sua vida e, no final, não ter resultado.

O primeiro soluço ecoou pela sala quando Yaga passou os braços em volta do corpo trêmulo da mais nova.

— Sabe, às vezes nós temos o direito de nos preservar e isso é algo que você deveria aprender. Eu tenho plena consciência de que o peso que carrega por causa do seu poder é absurdo, mas também sei que, de todas as pessoas do mundo, você também merece ser feliz.

— Mas...

— Não argumente, Amaya. Eu sei que se importa com seu irmão e que vai fazer de tudo para salvá-lo e tirar a Kaede e a Sayuri de lá, mas também pense em você, pelo menos uma vez na vida. Não é errado ser um pouco egoísta às vezes.

— Mas isso está acontecendo por minha culpa! Eu não deveria ter saído daqui!

— E ter se matado com 18 anos?

— Yaga...

— Não, Amaya. Você ter saído daqui foi a melhor decisão, mesmo que tenha cometido alguns pequenos erros para conseguir essa liberdade. Além disso, tem uma coisa muito importante que você deve aprender: que não precisa salvar todo mundo.

— Mas o Yoshiro...

— Ele também cometeu erros. Sei muito bem que ele ter aquela posição não foi algo planejado, mas ele também escolheu fazer muitas coisas, como tirar a sua irmã e a sua madrasta da família principal.

— Eu não sei o que fazer.

— E não precisa saber agora.

— Mas...

— Só entenda isso: você também pode se escolher, Amaya.





Oi gente! Tudo bem com vocês?

Eu usei esse capítulo para mostrar a base dos problemas da família da Amaya e também parte do que a fez sair do Japão no passado, junto com as consequências que andam com ela até hoje!

Aliás, não sei se viram o que publiquei no meu mural na quarta-feira, mas eu decidi que a partir de agora e até eu conseguir adiantar bem ou até mesmo finalizar, vou ficar escrevendo somente Infinite Eyes, Aracne e Forelsket! Essas fics são as que eu mais tenho inspiração e também eu não tenho psicológico para lidar com todas as oito histórias no momento kkkkkkk

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentarem o que acharam (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

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