𝐈. 𝐏𝐈𝐋𝐎𝐓𝐎

𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐈: o início

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— Eu não acredito que você me deixou ir naquela balada sozinha. dizia Emma enquanto tentava tirar seu salto ainda de pé. — Está dormindo, [Nome]?

Meu olhar sonolento percorreu pela loira que se mostrava um pouco agitada pela bebida. Ela sempre tentava me levar de volta para essas festas, mas a última coisa que eu precisava era de um local cheio de pessoas, álcool e drogas ilícitas.

— Você sabe que eu não gosto dessas baladas que vocês vão. - minha voz sonolenta ecoou pelo quarto. — São quatro horas da manhã, Emma, é claro que eu estava dormindo. - reclamei.

Meu olhar ainda sonolento percorreu pelo cômodo, eu preferi passar a noite em casa comendo meus doces preferidos, assistindo um bom filme de terror e tendo uma boa noite de sono.

— Eu odeio esse seu surto de ser a diferente. - disse Emma se sentando ao meu lado. Me olhou com um sorriso no rosto, rosto que estava completamente avermelhado pelo álcool.

— Não é ser diferente. - argumento. — Eu apenas não gosto mais de sair assim, você sabe o porquê.

Senti seus braços envolvendo meu pescoço e ela se deitando sobre meu ombro. Emma me entendia, ela entendia porque eu evitava esses locais, mas continuava insistindo para que eu saísse de casa e fosse para outros lugares que não fosse a faculdade e meu emprego, que literalmente só fico lá para me destrair um pouco durante a semana.

— Eu entendo que você ainda se sinta mal com aquelas coisas, mas você sabe que sempre estarei aqui, né?

— Eu sei, Emma.

— Você e o Mikey ficariam tão lindos juntos. - ela diz soltando um suspiro. — Mas eu sei que você jamais faria isso com ele.

— Emma... - suspirei. Sabia que ela estava se referindo ao meu ex namorado. Eu jamais cogitaria ficar com Mikey ou algo do tipo.

— Meu sonho era sair em um encontro de casal, eu e Draken junto de você e alguém. - ela diz me soltando e se deitando na minha cama enquanto ria. — Encalhada.

— Isso não vai rolar Emmazinha. - digo me deitando ao seu lado. — Eu só quero focar na minha faculdade, somente na minha carreira.

— Me abraça? - ela pergunta já me agarrando.

— Amanhã você vai comigo na casa dos meus pais, ouviu? - digo olhando ela fechar os olhos.

— Eu vou onde você quiser minha vida. - ela diz fechando os olhos.

— Tomar banho antes de dormir na minha cama comigo? - pergunto e ela ri.

— Tudo menos isso. - ela diz me fazendo rir.

Me deito ao seu lado e ela me abraça, logo deixo o sono me pegar.

A claridade do sol invadia o quarto me fazendo acordar. Olhei para o lado e Emma ainda dormia tranquila ali no canto. Me levantei devagar, tomei um banho quente, vesti uma saia preta e uma blusa branca, arrumei meus cabelos e fui até o quarto acordar Emma.

— Vamos acordar aí princesa - digo puxando o cobertor.

— Eu odeio quando você me acorda assim. - ela diz se sentando na cama levando a mão até a cabeça, certamente estava com a cabeça doendo pela ressaca.

— Eu não me importo, agora se levanta e se arruma - estendi a mão com um comprimido e um copo de água vendo ela tomar em seguida sem questionar.

— Meu Deus! Você está gata, onde vai? - ela questiona.

— Na casa dos meus pais, já se esqueceu que você combinou de ir comigo semana passada, Emma Sano? - pergunto e ela leva uma mão até a cabeça.

— Me esqueci, mas vamos lá - ela diz se levantando. — Depois de lá vamos para o churrasco da Toman. - ela sai do quarto correndo esbarrando o braço na porta.

— Não, eu não vou. - digo mas estranhamente ela não voltou para retrucar.

Aproveitei que ela foi tomar banho e preparei um chá com algumas torradas, começo a tomar o chá e ela logo aparece com um vestido amarelo claro, ela estava linda.

— Chá... Você é tão sem sal que olhando assim nem parece que foi a mais respeitada da Toman. - disse irônica enquanto tomava um pouco do líquido do copo.

— Eu fiz isso para você não se prejudicar com a ressaca, mal agradecida. - digo indignada comendo um pedaço da torrada.

— Eu tenho saudades de quando você era legal, hoje em dia ficou chata.

Eu sabia que ela estava tentando me provocar. Mas essa hora da manhã eu não deixaria isso acontecer.

— Defina legal, Emma. - digo e vejo seus olhos revirarem, ela não conseguiria me vencer em argumentos.

— Você só sai de casa para estudar e trabalhar, não se diverte mais, se tornou uma... Chata. - ela diz terminando de tomar o chá.

— Eu cumpro minhas obrigações, isso não é ser chata. - digo. — E eu saio sim, as vezes, mas sempre sendo responsável. - completo.

— Responsável... Tudo que eu queria era uma noite cheia de luzes coloridas e bebidas duvidosos e no final correr de polícia. - ela resmunga — Faz assim, depois do almoço com seus pais, vamos no churrasco da Toman. - mudou o assunto.

— Não Emma, não começa vai. -digo e ela começa a fazer uma carinha de tristeza.

— Por favor, vai ser legal, o Baji vai estar lá, o Mitsuya também... Eu sei que vocês são amigos e também sente saudades deles. Vamos [Nome], vai ser legal, prometo não te empurrar para ninguém.

— Ninguém mesmo? - questionei.

— Prometo. - sorriu. — Mas se aparecer algum gato eu não garanto. - riu travessa.

Eu logo entendi que ela estava tentando me ver com alguém, desde que terminei aquele namoro eu não dava muita importância em ficar com outras pessoas e até mesmo sair. O que ela chama de "surto em ser diferente". Era apenas a forma mais fácil que eu encontrei para lidar com tudo aquilo que aconteceu.

— Tá bom, eu vou contigo, mas deixando claro que não é pra ficar com ninguém. - digo vendo a loira soltar uma risada vitoriosa.

Chamei um táxi e fomos para a casa de meus pais, cheguei lá vendo minha irmã conversando no celular do lado de fora da casa, ela rapidamente desligou o aparelho ao me ver.

— [Nome]!! Você veio, e trouxe a tia Emma que é melhor que você. - disse Ayumi me abraçando.

— Onde está o papai e a mamãe? - pergunto ignorando o que ela disse.

— Estão lá dentro. - disse ao me soltar e abraçou Emma em seguida.

Entrei pela casa logo vendo minha mãe ali parada, ela abriu um sorriso ao me ver e veio ao meu encontro me abraçando.

— Que saudade eu senti, minha filha. - disse a mais velha segurando meu rosto após me soltar. — Você parece não estar se alimentando bem.

— Também senti saudades, onde está o papai? - pergunto mudando o assunto.

— Aqui meu amor. - ele chega me abraçando.

Emma os cumprimentou e eles a abraçaram. Meus pais amavam a loira.

— Como vocês estão? - pergunto.

— Ótimos, mas e você? - minha mãe pergunta com um tom de preocupação em sua voz.

— Eu estou ótima, como sempre. - digo sorrindo

— Ela continua sem querer sair, Emma?

— Sim, eu chamo mas ela não gosta tia, faça alguma coisa. - disse Emma enquanto ria.

— Você precisa aproveitar agora que está nova filha, depois que ficar velha você vai perceber que perdeu toda a sua juventude. - ela diz tentando me convencer a sair.

Elas sempre faziam isso.

Ficamos ali até o almoço, e após nos despedirmos, fomos até o local onde seria o tal churrasco da Toman.
Paguei o táxi e quando fomos nos aproximando vimos várias motos paradas ali, a Toman estava crescendo cada dia mais, mas ela já era a maior do Japão.

— Que bom que vieram. - ouvi a voz de Draken que vinha vindo em nossa direção.

Ele abraçou Emma primeiro e depois me abraçou, suas mãos apertaram forte minha cintura e eu sentia sua respiração forte junto com o cheiro de álcool.

Me separei dele e caminhei até Mikey que me abraçou e beijou meu rosto.

— Fico feliz que tenha vindo. - disse o menor sorrindo ao me soltar. — Faz tempos que não aparece por aqui.

— Culpa da sua irmã. -digo e vejo Senju passando pelo outro lado. — Senju! - chamo pelo seu nome e a  garota veio em minha direção me abraçando fortemente.

— Felizmente a Emma te tirou de casa, sentimos sua falta nas festas da Toman. - disse Senju ao me soltar. — Sentimos sua falta, [Nome].

— E onde está a Yuzuha? - pergunto.

— Ela e o Hakkai já estão vindo. - disse Mikey bebendo um gole da sua cerveja. — Finalmente teremos Emma, [Nome], Yuzuha e Senju juntas em uma festa de novo. - sorriu animado.

— Como nos velhos tempos. - disse Senju tomando um gole em sua bebida também.

Apenas sorri. Era bom estar de volta, mas talvez não
me sentisse tão em casa, assim na Toman.

A música tocava deixando o local ainda mais animado, o cheiro de álcool, cigarro e demais coisas invadiam minhas narinas, aos cantos, pessoas usavam tudo aquilo que podiam, sem pensar duas vezes.

Minha atenção foi tomada por Baji, que chegou já brincado com um copo de bebida na mão.
Começamos a conversar sobre diversas coisas, situações que passamos ali há mais ou menos dois anos atrás, e tudo parecia engraçado agora.

— [Nome]. - ele chamou minha atenção. — Não é querendo me intrometer na sua vida, mas eu queria te perguntar uma coisa. - ele diz levando uma mão até a cabeça. — Posso?

Ele parecia nervoso, não faço a mínima ideia do que ele ia perguntar, mas tenho certeza que ele precisava da resposta.
Segurei sua mão e olhei em seus olhos.

— Vamos lá, faça sua pergunta.

— Vou direto ao ponto, você e o Mikey... Tem algo? - sua voz saiu baixa.

— Não, somos apenas amigos, por quê? - questiono.

— É que... - ele sorriu. — Vejo Mikey cuidando diferente de você. - seu olhar se encontrou com o meu. — Ele cuida de você como família, por isso achava que vocês tinham algo.

— Não. - sorri me lembrando do motivo. — Somos apenas amigos.

Continuamos conversando ali, devagar a sede batia, e nessas horas que eu sempre tentava me lembrar para ficar longe de álcool e de qualquer outra coisa que eu pudesse me arrepender futuramente.
Ainda conversando, fomos até a mesa de bebidas e me servi com um pouco de whisky e energético.

O álcool escorria pela garganta me levando de volta para o início, aquele que eu sempre dizia que não voltaria. Mas sempre estava lá.

Me vi terminando aquele copo e iniciando outro, deixando agora, meu antigo eu falar por mim.

— Nossa velha [Nome] está de volta? - perguntou Baji me vendo virar mais um copo.

— Talvez, Keisuke. - sorri.

Me afastei dele um pouco indo até Emma, peguei seu copo que estava em sua mão e comecei a tomar um pouco. Talvez eu realmente estivesse sentindo falta de mim mesma. Ou o que eu achava que era eu.
Talvez a saudade fosse apenas de sentir novamente, qualquer coisa que seja.

Ouvi a voz de Mikey, e ao ouvir meu nome, cheguei um pouco mais perto para ouvir sobre o que ele dizia, e felizmente me confortou muito as coisas que ele dizia.

— Olha só, minha irmã e [Nome] estão aqui, também tem outras garotas aqui, e eu só queria dizer que nenhum tipo de assédio será permitido, e quem descumprir essa regra irá se resolver comigo, agora podem aproveitar a festa -disse Mikey

Só deu para ouvir gritos quando ele terminou de falar, todos concordaram. Dei um outro gole na bebida observando todos ali bebendo, dançando, outros usando drogas, cada um se divertindo da sua forma.

— Será que eu posso falar com você, em particular? - ouvi a voz de Draken. Concordei.

Saímos dali indo para um lugar mais reservado, ele me encarou e por fim suspirou.

— O que foi? Parece tenso. - digo o observando.

— É que... Já tem alguns dias que eu queria te dizer uma coisa. - ele diz me encarando com as pupilas dilatadas. Certamente deve ter usado alguma coisa.

— Dizer o quê? - pergunto sem entender o que ele dizia.

Mesmo sem saber o que ele ia dizer parte do meu coração se gelou, mas somos amigos, não é como se ele fosse se declarar para mim.

— Sabe... É que eu... - ele começa a falar mas para. Como se tivesse tentando entender se tinha certeza que realmente queria falar isso.

— Draken, o que foi?

— Hoje, [Nome], só hoje?

— Do que está falando?

— Quer me beijar? Só hoje?

Suas palavras fizeram até parecer que o efeito do álcool havia passado. Senti um vazio por dentro, não queria ter ouvido isso. Embora eu compreenda que ele não estava sóbrio, mas realmente era algo chato de ouvir, mesmo que fosse só um beijo.

— Draken, do que você está falando? Você está bebado... - ia dizendo mas ele me interrompeu.

— Não, [Nome], isso mesmo que você ouviu, eu quero uma chance com você.

A situação parecia ficar ainda mais chata. Não parecia que era ele falando por ele, e sim o álcool, mas talvez isso fosse o que eu queria. Meus olhos estavam abertos apenas encarando tudo isso.
Emma, ficaria arrasada se soubesse de algo assim, ela é minha melhor amiga.

— Draken, isso é impossível. - o encarei. — Não sei o que te levou a pensar que isso pudesse acontecer mas minha melhor amiga gosta de você, Draken, não é qualquer pessoa é a minha melhor amiga que divide o apartamento comigo.

— Eu sei que é complicado. - sua mão tentou tocar a minha mas recusei o toque. — [Nome], não é justo... - o interrompi.

— Não é justo o que você está tentando fazer com Emma. - suspirei. — Eu acho que já deu minha hora - me afastei.

— Não vai, por favor. - ele diz e segura meu braço.

— [Nome] pode me ajudar com o... - Emma ia dizendo mas para ao ver Draken me segurando.

— Com o que? - pergunto.

— Nada, acho que você está ocupada. - ela diz esfregando os dedos polegares mostrando estar nervosa.

— Não estou, posso te ajudar no que for. - digo um pouco nervosa com a situação.

— Eu vou ir pegar mais bebidas. - disse Draken se afastando me deixando sozinha com Emma.

— O que estava acontecendo aqui? - ela questiona.

— Nada. - menti. — Mas no que queria ajuda?

Eu sei que não devia ter mentido, mas não aconteceu nada, e se depender de mim não irá acontecer.

— Exagerou no álcool? -ela pergunta arqueando uma sobrancelha e apenas concordo. — E você está bem com isso?

— Estou bem, pode ficar tranquila.

— Então. Vamos preparar algumas bebidas? - ela perguntou e apenas concordei.

Caminhamos até a mesa onde começamos a preparar algumas bebidas, o celular de Emma tocou e ela precisou ir atender, Mikey que estava caminhando em minha direção atendeu o mesmo, naquele momento percebi que os fundadores da Toman estavam todos em juntos em um círculo conversando, e pareciam estar tensos.

Peguei um dos copos de bebidas que havia preparado, olhei meu celular e haviam algumas mensagens aleatórias. Respondi algumas e me distraí ali.

— Pode ir comigo comparar algumas coisas? - perguntou Mitsuya me tirando daquele transe.

— Claro, vamos lá. - digo deixando o copo em um balcão e saímos juntos.

Subimos em sua moto e saímos em direção a onde ele disse que precisava ir.

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