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༆𝐀𝐧𝐚𝐭 𝐩𝐨𝐯’𝐬

༄𝗧𝗿𝗲̂𝘀 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀...

Eu nunca imaginei que a minha vida daria esse giro todo em tão pouco tempo; em uma semana eu tinha um emprego em Paris, um amigo virtual – que se tornaria meu marido – e nessa mesma semana perderia meu emprego, descobriria que meu amigo virtual era Kylian Mbappé e agora eu ocupava o cargo de diretora chefe da maior revista de Paris.

Sem dúvidas eu estava realizada. Assim que a pandemia “acabou” e todos vacinados, a minha mãe me pediu para que fossemos visita-los. Todos estavam ansiosos para conhecer Kylian, esse encontro era para ter acontecido bem antes, porém com a correria do trabalho e mais a pandemia não rolou.

Agora seria diferente. Estávamos em um avião a caminho do Brasil. Estava com saudades de casa, dos meus pais, das comidas típicas daqui e das praias. Levaria Kylian para conhecer todos os lugares, experimentar todas as comidas e bebidas, música, dança e tudo de melhor que existe no Brasil.

Kylian ainda não fala português. Ele se arrisca em algumas palavras, mas nada que faça manter um diálogo com alguém. Assim como não entendia muito bem o português; minha preocupação era justamente essa: a comunicação. Falei com o meu francês, mas ele me disse que não haveria problemas, ele queria conhecer os meus pais.

Nem mesmo no casamento eles puderam vir por conta da pandemia. Sim, infelizmente nosso casamento foi feito durante a pandemia; não fizemos festa por causa do momento. Assim que acabar a temporada, Kylian e eu faremos uma festa para todos.

Olho para o lado e vejo Kylian encostado na cadeira olhando para a tela do tablet. Ele estava assistindo um jogo de Ethan – seu irmão que jogava nas categorias de base do PSG. O time juvenil estava ganhando por 1X0 com o gol feito pelo irmão de Kylian. Era possível observar o orgulho que o francês tinha do irmão.

Ethan não ficava muito atrás; ele sentia um orgulho gigante do irmão mais velho. O pequeno se inspirava no irmão e seguia seus passos; o talento é realmente de família. Fayza se tornou uma segunda mãe para mim; ela ficou ao meu lado em cada vitória e derrota que eu passei nesses anos. Assim como Wilfried – seu pai – havia me adotado como filha. Eu tinha muita sorte de ser amada pela família Mbappé.

Observo os traços do meu marido. Ele era muito bonito; Kylian reunia tudo de melhor em uma pessoa só: era atencioso, gentil, fofo, romântico e excelente de cama. Durante todos aqueles acontecimentos sobre sua personalidade, o meu jogador havia ficado inseguro com todos as características que atribuíram a ele. Com o tempo e terapia, o francês estava lidando melhor com essa questão.

Nosso relacionamento não era perfeito. Havia discussões e desentendimentos como qualquer relacionamento; a diferença é que sempre nos resolvíamos. Não havia aquele jogo de silêncio, sempre deixávamos claro o que nos incomodava ou quando algo não estava bem. O diálogo é um dos pilares do nosso relacionamento; as conversas eram calmas e tranquilas. Nunca houve um aumento no tom de voz. Não era perfeito, mas Kylian e eu somos pessoas maduras o suficiente para lidar com os problemas. Sou muito sortuda de ter um relacionamento saudável.

Kylian estava concentrado no jogo, sua mão estava na minha perna e sorrio com a imagem do meu jogador. Suspiro e me aconchego em seu peito e automaticamente sinto seus braços rodearem minha cintura me puxando mais perto. Amava o cheiro do meu amor.

Vejo Kylian tirar os olhos do jogo e me olhar; ele me olhava atentamente como se quisesse capturar cada reação minha. Ele sorri e logo me pergunta.

—𝑸𝒖𝒐𝒊 𝒅𝒆 𝒏𝒆𝒖𝒇, 𝒎𝒂 𝒃𝒆𝒍𝒍𝒆? 𝑱’𝒂𝒊 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒖 𝒕𝒐𝒏 𝒔𝒐𝒖𝒑𝒊𝒓 (𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒃𝒆𝒎, 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂? 𝑶𝒖𝒗𝒊 𝒔𝒆𝒖 𝒔𝒖𝒔𝒑𝒊𝒓𝒐) — Sorri. Nada passa desapercebido pelo meu jogador — 𝑫𝒆́𝒔𝒐𝒍𝒆́ 𝒔𝒊 𝒋𝒆 𝒏𝒆 𝒇𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒂𝒔 𝒂𝒕𝒕𝒆𝒏𝒕𝒊𝒐𝒏 𝒂̀ 𝒕𝒐𝒊 (𝒅𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒆 𝒔𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒐𝒖 𝒕𝒆 𝒅𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒂𝒕𝒆𝒏𝒄̧𝒂̃𝒐).

—𝑵𝒆 𝒕’𝒆𝒙𝒄𝒖𝒔𝒆 𝒑𝒂𝒔, 𝒎𝒐𝒏 𝒃𝒆𝒂𝒖. 𝑱𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒍𝒂𝒊𝒔 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒆 𝒆́𝒕𝒓𝒆 𝒕𝒆𝒏𝒖 (𝑵𝒂̃𝒐 𝒔𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒆, 𝒍𝒊𝒏𝒅𝒐. 𝑬𝒖 𝒔𝒐́ 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒊𝒂 𝒇𝒊𝒄𝒂𝒓 𝒂𝒈𝒂𝒓𝒓𝒂𝒅𝒊𝒏𝒉𝒂) — Kylian sorri e me aperta mais em seus braços.

— 𝑻𝒖 𝒂𝒖𝒓𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒖 𝒑𝒂𝒓𝒍𝒆𝒓 𝒂𝒗𝒂𝒏𝒕, 𝒎𝒐𝒏 𝒄𝒉𝒆́𝒓𝒊 (𝒑𝒐𝒅𝒊𝒂 𝒕𝒆𝒓 𝒇𝒂𝒍𝒂𝒅𝒐 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔, 𝒎𝒆𝒖 𝒃𝒆𝒎) — Ele fala sorrindo e fico ainda mais apaixonada. Ele me dá um selinho longo e logo vira um beijo. Peço passagem com a língua e aprofundo o beijo; ainda bem que me lembro onde estamos. Encerro o beijo com selinhos e deito em seu peito.

Kylian faz carinho em meus cabelos e sinto meus olhos pesarem. Me aconchego no corpo quente do meu marido e me sinto confortável para dormir até o avião pousar.

(...)

O uber estaciona no portão da minha antiga casa, de fora era possível ouvir o pagode tocando e o cheiro de churrasco fazia minha barriga roncar. Kylian pagou o uber e tirou as malas do carro. Aperto a campainha e ouço minha mãe gritar “já vai”. Aperto a mão do meu marido e ele sorri para mim.

Logo vejo a figura da minha mãe e corro para abraça-la. Eu estava com tanta saudade da minha mãe. Ficamos abraçadas por um longo tempo até ela perceber a figura de Kylian do meu lado. Meu marido estava com os olhos brilhando; ele sabia a saudades que eu tinha de casa e sempre tentava me consolar dizendo que em breve estaríamos no Brasil.

— 𝑭𝒊𝒍𝒉𝒂! 𝑸𝒖𝒆 𝒔𝒂𝒖𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔, 𝒎𝒆𝒏𝒊𝒏𝒂. 𝑽𝒐𝒄𝒆̂ 𝒔𝒂𝒊𝒖 𝒅𝒂𝒒𝒖𝒊 𝒉𝒂́ 𝒕𝒓𝒆̂𝒔 𝒂𝒏𝒐𝒔 𝒆 𝒂𝒈𝒐𝒓𝒂 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒐𝒖 𝒄𝒂𝒔𝒂𝒅𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒖𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒇𝒂𝒎𝒐𝒔𝒐 — Ri de sua fala. E ri ainda mais quando Kylian olhou confuso para ela — 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒊𝒓! 𝑶 𝒔𝒆𝒖 𝒎𝒂𝒓𝒊𝒅𝒐 𝒗𝒂𝒊 𝒕𝒆 𝒂𝒄𝒉𝒂𝒓 𝒍𝒐𝒖𝒄𝒂. 𝑨𝒒𝒖𝒊 𝒎𝒆𝒔𝒎𝒐 𝒆𝒍𝒆 𝒑𝒆𝒅𝒆 𝒐 𝒅𝒊𝒗𝒐́𝒓𝒄𝒊𝒐.

— 𝑴𝒂̃𝒆! 𝑬𝒍𝒆 𝒎𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆 𝒐 𝒔𝒖𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒎𝒆 𝒂𝒎𝒂 — Kylian observava atento tentando entender o que falávamos — 𝑽𝒐𝒄𝒆̂ 𝒎𝒆 𝒂𝒎𝒂, 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆́, 𝒂𝒎𝒐𝒓?

Kylian sorri e acena a cabeça que sim.

— 𝑴𝒆 𝒂𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒍𝒆, 𝒎𝒆𝒏𝒊𝒏𝒂. 𝑨𝒕𝒆́ 𝒑𝒂𝒓𝒆𝒄𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒖 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆 𝒅𝒆𝒊 𝒆𝒅𝒖𝒄𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 — Sorri. O drama de sempre.

— 𝑴𝒐𝒏 𝒂𝒎𝒐𝒖𝒓, 𝒄’𝒆𝒔𝒕 𝒎𝒂 𝒎𝒆̀𝒓𝒆 (𝒎𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒐𝒓, 𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒆́ 𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒎𝒂̃𝒆) — Ele sorri e abraça a minha mãe.

— 𝑪’𝒆𝒔𝒕 𝒖𝒏 𝒑𝒍𝒂𝒊𝒔𝒊𝒓 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒓𝒆𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒆𝒓 𝒎𝒂𝒅𝒂𝒎𝒆 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏 (𝒆́ 𝒖𝒎 𝒑𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓, 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏) — Minha mãe odiava que a chamassem pelo sobrenome. Mas como Kylian não sabia disso, ela iria relevar.

— 𝑬𝒍𝒆 𝒅𝒊𝒔𝒔𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒆́ 𝒖𝒎 𝒑𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓, 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏 — Estava brincando com a morte.

— 𝑻𝒖 𝒎𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒆𝒊𝒕𝒆, 𝒎𝒆𝒏𝒊𝒏𝒂. 𝑬 𝒇𝒂𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒂 𝒆𝒍𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆́ 𝒑𝒓𝒂 𝒎𝒆 𝒄𝒉𝒂𝒎𝒂𝒓 𝒅𝒆 “𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂” — Dei uma risada alta. Kylian observava tudo sorrindo.

— 𝑪𝒉𝒆́𝒓𝒊, 𝒆𝒍𝒍𝒆 𝒂 𝒅𝒊𝒕 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒖 𝒏’𝒂𝒗𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒂𝒔 𝒃𝒆𝒔𝒐𝒊𝒏 𝒅𝒆 𝒍’𝒂𝒑𝒑𝒆𝒍𝒆𝒓 𝒎𝒂𝒅𝒂𝒎𝒆 (𝒂𝒎𝒐𝒓, 𝒆𝒍𝒂 𝒅𝒊𝒔𝒔𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒏𝒂̃𝒐 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒂 𝒄𝒉𝒂𝒎𝒂-𝒍𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂) — Meu amor assente com a cabeça.

— 𝑽𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒓, 𝒔𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒂𝒔𝒔𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒄𝒂𝒓𝒏𝒆 𝒆 𝒐 𝒂𝒍𝒎𝒐𝒄̧𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒑𝒓𝒐𝒏𝒕𝒐.

Entramos, deixamos as malas e fomos para a área do churrasco. Meu pai estava tomando cerveja enquanto terminava de assar a carne.

—𝑷𝒂𝒊! 𝑶𝒍𝒉𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒎 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒂𝒒𝒖𝒊 — Ele sorri e me abraça.

— 𝑭𝒊𝒍𝒉𝒂! 𝑸𝒖𝒆 𝒔𝒂𝒖𝒅𝒂𝒅𝒆. 𝑴𝒆𝒏𝒊𝒏𝒂, 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒆 𝒂𝒕𝒓𝒆𝒗𝒂 𝒂 𝒔𝒖𝒎𝒊𝒓 𝒏𝒐𝒗𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 — Ri alto. Estava com saudades da minha família — 𝑬𝒔𝒔𝒆 𝒆́ 𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒎𝒂𝒓𝒊𝒅𝒐? 𝑬𝒏𝒕𝒂̃𝒐 𝒂𝒈𝒐𝒓𝒂 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒆̀ 𝒂 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́?

— 𝑺𝒊𝒎! 𝑨𝒈𝒐𝒓𝒂 𝒔𝒐𝒖 𝑨𝒏𝒂𝒕 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́ — Vejo os olhos de Kylian brilharem quando ouve meu nome completo.

— 𝑩𝒐𝒎 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓, 𝒓𝒂𝒑𝒂𝒛. 𝒆́ 𝒃𝒐𝒎 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒇𝒊𝒍𝒉𝒂 𝒇𝒆𝒍𝒊𝒛, 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂́𝒓𝒊𝒐 𝒆𝒖 𝒄𝒐𝒓𝒕𝒐 𝒕𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒊𝒈𝒖𝒊𝒏𝒉𝒐 𝒂𝒊 𝒇𝒐𝒓𝒂 — Seguro o riso enquanto observo meu marido olhando confuso para o meu pai.

— 𝑴𝒐𝒏 𝒑𝒆̀𝒓𝒆 𝒅𝒊𝒕 𝒒𝒖𝒆 𝒄’𝒆𝒔𝒕 𝒖𝒏 𝒑𝒍𝒂𝒊𝒔𝒊𝒓 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒖𝒔 𝒓𝒆𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒆𝒓 (𝒎𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊 𝒅𝒊𝒔𝒔𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒆́ 𝒖𝒎 𝒑𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒕𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒆𝒓) — Kylian dá um abraço no meu pai.

— 𝑳𝒆 𝒑𝒍𝒂𝒊𝒔𝒊𝒓 𝒆𝒔𝒕 𝒑𝒐𝒖𝒓 𝒎𝒐𝒊, 𝑴 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏 (𝑶 𝒑𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒆́ 𝒎𝒆𝒖 𝒔𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 𝑪𝒐𝒉𝒆𝒏) — Meu pai não entende nada, mas sorri.

Minha mãe avisa que podemos ir almoçar. Passamos a tarde inteira comendo, bebendo e um Kylian arriscando passinhos de pagode. Não demorou para ele se acostumar com o ambiente. Ele estava em casa. Ajudei minha mãe com a louça e Kylian ajudou meu pai a limpar a área externa.

Vi os dois conversando e sorri, aposto que meu marido não entendeu nada, mas arriscava responder algo. Ao que parece meu pai estava marcando de levar Kylian para um estádio do time dele. Como Kylian só balançava a cabeça que “sim”, então em breve teremos Kylian Mbappé na Vila Belmiro.

(...)

Já estava de noite, todos estavam em seus respectivos quartos. Estava deitada no peito de Kylian enquanto ele fazia cafuné no meu cabelo. Ouvia as batidas do coração do amor da minha vida; meu amor era a minha casa.

Eu não me arrependi de nada nesses três anos. As experiências foram fundamentais para que tudo tivesse se realizado. Os meus dias eram sempre alegres; eu podia estar no dia mais tenso da minha vida, mas eu sabia que Kylian estaria em casa para me acolher. Eu não esperava que a minha vida fosse ter essa reviravolta mágica. Olho para o meu marido e falo:

— 𝑱𝒆 𝒕’𝒂𝒊𝒎𝒆 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́. 𝑱𝒆 𝒕’𝒂𝒊𝒎𝒆𝒓𝒂𝒊 𝒕𝒐𝒖𝒋𝒐𝒖𝒓𝒔 (𝒆𝒖 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒐 𝑲𝒚𝒍𝒊𝒂𝒏 𝑴𝒃𝒂𝒑𝒑𝒆́. 𝑽𝒐𝒖 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒂𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒔𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆) — Ele me beija.

Um beijo cheio de significados. Ele pede passagem com a língua e o beijo se torna ainda mais intenso. Finalizamos o beijo com selinhos.

— 𝑱𝒆 𝒕’𝒂𝒊𝒎𝒆, 𝒎𝒂 𝒃𝒆𝒍𝒍𝒆. 𝑳𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏 𝒎’𝒂 𝒓𝒆́𝒔𝒆𝒓𝒗𝒆́ 𝒍𝒂 𝒎𝒆𝒊𝒍𝒍𝒆𝒖𝒓𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏𝒏𝒆 𝒅𝒖 𝒎𝒐𝒏𝒅𝒆. 𝑪’𝒆́𝒕𝒂𝒊𝒕 𝙄𝙣𝙖𝙩𝙩𝙚𝙣𝙙𝙪 𝒆𝒕 𝒑𝒂𝒓𝒇𝒂𝒊𝒕. 𝑬𝒖 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒐, 𝒃𝒓𝒂𝒔𝒊𝒍𝒆𝒊𝒓𝒂 (𝒆𝒖 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒐, 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂. 𝑶 𝒅𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒐 𝒎𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒆𝒓𝒗𝒐𝒖 𝒂 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂 𝒅𝒐 𝒎𝒖𝒏𝒅𝒐. 𝑭𝒐𝒊 𝙄𝙉𝙀𝙎𝙋𝙀𝙍𝘼𝘿𝙊 𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒇𝒆𝒋𝒕𝒐) — Kylian diz a última três palavras com o sotaque forte. Eu iria agradecer o destino para sempre.

Foi perfeito. Foi incrível, perfeito e principalmente 𝙄𝙉𝙀𝙎𝙋𝙀𝙍𝘼𝘿𝙊.

𝓕𝓲𝓶...

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𝗦𝗲 𝗽𝘂𝗱𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗰𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮𝗿 𝗲 𝘃𝗼𝘁𝗮𝗿, 𝗲𝘂 𝗮𝗴𝗿𝗮𝗱𝗲𝗰𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼
𝗔𝘁𝗲́ 𝗺𝗮𝗶𝘀
𝗕𝗲𝗶𝗷𝗶𝗻𝗵𝗼𝘀