⭐ 43
Samantha Finch
Depois que o Kevin contou tudo sobre o sumiço da Venice e o Ronnie decidiu ser o empresário da Crys, as coisas foram se acalmando naquele apartamento. No fim da tarde, Ronnie teve que sair para um compromisso, o Kev decidiu voltar para o hotel e já quando o céu estava ficando escuro, a Crys e o Brian saíram também.
— E agora, o que vamos fazer? — Nick perguntou pegando mais um pedaço de bolo.
— Verdade ou desafio?
— Não, AJ. — Um coral cem porcento entediado afirmou naquela sala.
— Vish, santa ignorância.
— Deveríamos sair para um cinema, o que acham? — Howie sugeriu e todo mundo foi se olhando, curtindo a ideia. — Saiu um filme de terror e presumo que seja bom.
— Eu apoio! — Maya foi a primeira a se animar. — Esse filme é como?
— Bem… eu vi que acontece uma série de mortes sangrentas pela cidade e ninguém sabe quem ou o quê está matando as pessoas. É um terror misturado com suspense, mas se não tiverem estômago pra isso, tem um de ação com o…
— Vamos com o filme de terror! — Alex se levantou pegando as suas coisas.
— Ele nem disse com quem está no filme de ação, cara. — Nick riu do mesmo e apontou para o Howie. — É com quem?
— Steve Seagal…
— Vamos com o filme de terror. — Nick foi ajustando o seu casaco e deu a mão para a Maya se levantar do chão. — Será que a pipoca está na promoção?
— Eu pago a conta. — Nivea afirmou pegando as chaves e ajudei o Howie a se levantar. — Eu tive uma ideia, mas eu não sei se vai dar certo.
— Qual é a sua ideia, bebê? — Alex indagou, envolvendo o seu braço na mesma.
— Vamos fazer um desafio? Tipo, quem demonstrar mais medo vai pagar a minha conta de luz!
— Ah Nivea, tem que ser mais criativa! Vejamos… quem tiver mais medo vai mandar um trote para um dos gêmeos Finnigan! — Maya sugeriu e todo mundo topou.
— Okay, vamos assistir o filme e pensar em um bom trote! — Digo prendendo o meu cabelo e nós seis saímos do apartamento já comentando do longa sem ter visto ainda. Eu só sei que o Howie se esqueceu do nome do filme e nos disse que vai lembrar quando estiver lendo os cartazes.
Ronnie Fletcher
— Eu queria muito deixar essa tarde eterna, Helena. — Digo depois de ver a minha xícara de chá vazia. — Nunca tive uma conversa tão bem fluída assim em toda a minha vida.
— Eu posso dizer o mesmo. E te digo novamente, eu amei todas as fotos que você tirou, você tem um ótimo talento, Ronnie. — Ela disse ainda olhando para os retratos. — Tem mais algum talento que eu não saiba?
— Bem… eu estudo plantas. Tenho uma pequena estufa na minha casa. Uma pequena diversidade, mas é muito bonita. Você iria adorar ver elas. — Tiro uma mecha que voava na minha cara, hoje está uma ventania desde que saí da casa da Nivea.
— Ah, eu adoraria! Quando eu poderei ir ver a sua pequena estufa?
Essa pergunta ansiosa dela foi de aquecer o meu coração.
— Eu não sei, na verdade. A minha casa fica em Wellington.
— Em Wellington, que pena. — A latina riu fracamente e terminou a sua bebida quente. — Mas quem sabe um dia, né? Talvez quando eu entrar de férias novamente, você pode me levar.
— Vai ser uma honra, Helena. — Sorri. — Aliás, quanto tempo você vai passar aqui em Seattle?
— Bem, é a minha primeira semana. Estarei até o final desse mês de fevereiro. Teremos muitos dias de nos encontrarmos e tomarmos um café ou um chá como foi hoje.
— Isso é incrível! — Ai Ronnie, você precisa se acalmar. — Eu estava pensando, não vai querer ver o Howie?
— Sim, claro! A Flor iria dar um chilique, mas ele é o meu primo mesmo não sendo de sangue! O problema é dela que terminou com ele por causa de uma briguinha mixuruca que o irmão dela provocou.
— É o que ele diz quando acabo mencionando a… sua amiga. Não quero parecer chato, mas pronunciar o nome dela é complicado demais! — Eu fiz ela gargalhar e acabei me contagiando.
— Você é bem sincero, Ronnie. Gosto do seu jeito. — Afirmou me encarando. — Agora aqui entre nós dois…
— Sim?
Meu Deus, é agora que o beijo acontece?! Ou a minha mente está enlouquecendo com essa garota bem na minha frente?!
— Você sabe onde Maya está?
Era de se perceber pelo seu olhar de que quer saber da verdade. E disso eu não brinco, eu só espero que ela não conte para a Florença.
— Eu sei, Helena. — Respondi sem quebrar o contato visual. — Ela está com a Nivea, Sam, Nick, Alex e o Howie. Aqui em Seattle.
— Pelo menos está com pessoas confiáveis. A família dela é maluca demais só por causa daquilo e acho que não têm raiva de mim por eu ser… assim.
— Helena, acho que isso não vem a questão. Você tem força, eu vejo isso. E também não tem culpa do que aconteceu entre eles e o Howie.
— Mas eles confiam muito em mim, Ronnie. Você não faz ideia do quanto falam mal da pobre Maya. Eu tento explicar que ela já é independente mesmo ainda bem nova, mas eles não entendem isso. Pra tia Rosário, todo mundo tem que estar junto.
— O que se torna uma verdadeira bagunça.
— Exatamente.
— Isso acaba se tornando mais sério do que eu estava imaginando. Não é pra sempre que o filho fica debaixo das asas de uma mãe. — Solto um suspiro e vi o olhar dela ficar preocupado.
— Ronnie, você passou por isso antes?
— Não, mas… eu nem conheci a minha mãe. Ela abandonou à mim e o meu pai dias depois que eu nasci e nunca mais voltou. — Explico e sinto a sua mão pousar na minha como um ato de conforto.
— Eu sinto muito, Ronnie. Mas se você não se sente confortável ao falar, eu entendo.
— Claro, tá tudo bem pra mim. E também, tenho a mãe da Crystal que preenche todo esse vazio. Queria que você conhecesse a minha irmã, mas ela só tá focando na folga, na carreira e no Brian.
— Brian?! Ela namora o Brian?!
— Shh… não fale assim tão alto em público. — Digo em tom de riso e a mesma pediu perdão rindo junto.
— É que teve os boatos, ela falando que se detestam anteontem na premiação… é uma loucura saber de que isso é verdade!
— Bem, eles se detestavam antigamente. Mas sabe como o mundo dá voltas, né?!
— É claro que eu sei, Ronnie. Agora me diga uma coisa, por aqui nos Estados Unidos, a imprensa sentiu falta dela nos últimos meses. Claro, foi por causa dos boatos e daquele escândalo.
— Nem me fale, Helena. Foi uma dor de cabeça e vimos que não tinha como se defender daquilo, mas a Venice… queria que a minha irmã falasse alguma coisa mesmo se sentindo desconfortável em uma entrevista, até que ela decidiu dar um tempo lá na casa dos nossos pais. Crys não tocou no assunto nos dois primeiros meses, mas quando ela falou que aqueles dois imprestáveis chegaram a enganar o Brian sobre algumas coisas e ele ficou com raiva dela…
— Longa história, né?
— Coloque longa nisso. — Olhei pra ela que checava o seu relógio de pulso.
— Ah, tá quase na hora do jantar e se eu não chegar na hora, a Florença enlouquece.
— Por causa de um jantar?!
— Ela me ajuda às vezes, tem momentos que sou bem dependente dela.
— Aí ela faz chilique contigo porque chegou atrasada para o jantar?! Tem certeza que ela é sua amiga? Porque o jeito que ela me olhou mais cedo sabendo de que sou amigo do Howie e também tive impressão de que não quer me ver perto de você… não me parecia amigável.
— Bem, ela é a minha melhor amiga, Ronnie. Disso eu tenho que discordar de você.
— Okay, mas te digo uma coisa, Helena. — Olho em seus olhos castanhos, me sentindo cativado pelo seu encanto. — Eu não quero que você acabe na mesma situação que a Maya. Você e nem ela jamais mereceram isso. Mas como ela é a sua melhor amiga… quem sou eu pra falar, não é?
— Não quero que você fique chateado comigo, Ronnie. Você é muito legal.
— Eu não estou, Helena. Eu só não quero que você passe por uma situação ruim com ela. E também… eu vou te deixar em casa.
— Acho isso bem gentil, mas não precisa fazer isso.
— Óbvio que eu preciso, daí conversamos mais um pouco no caminho e também… eu acho que vai chover.
Apontei para atrás da mesma que girou a cadeira para ver o céu.
— É, vai chover. Acho bom irmos logo. — Sorriu e fui me levantando, deixando a gorjeta na mesa.
Peguei a minha jaqueta e deixei as mechas do meu cabelo atrás das orelhas e fui ajudar ela a se locomover. A conversa foi se tornando cada vez mais fluída olhando para o movimento do centro da cidade, vendo pessoas voltarem do trabalho, da escola e uns grupinhos se divertindo. Até que apareceu um rosto bem familiar.
— Hey, não é o Nick lá do outro lado da rua? — A latina apontou para a frente do cinema e olhei para a rua, atravessando. — Como ninguém dessa cidade se manifesta ao ver algum famoso andando por aí?!
— Aqui é que nem em New York. Movimento demais e as pessoas não dão tanta importância. Crystal anda por aqui tranquilamente com a Nivea. — Lhe explico quando subimos a calçada. — Esse seu cabelo se destaca em qualquer lugar, hein?!
Nick olhou primeiro pra mim sorrindo e depois foi para a Helena, chamando a gente para se aproximar.
— Helena! Quanto tempo! — O loiro se agachou para abraçar a mesma que retribuiu na mesma intensidade.
— Você tá um poste! — Ela brincou.
— Não quanto o Ronnie que é maior do que eu.
— Só faltou me perguntar se sinto frio na cabeça. — Respondi seguindo com a brincadeira. — O que faz aí no cinema?
— Tô com a galera que está lá dentro comprando lanche e estou aqui pra comprar os ingressos. Só um segundo. — Nick voltou a dar atenção no guichê e pegou seis ingressos. — Querem ir ver um filme com a gente?
— Eu queria muito, mas preciso voltar para a casa que estou morando no momento. — Morales afirmou um pouco mal por ter recusado o convite do Carter. — Mas podemos entrar pra dar um oi.
— Venham. — Nick disse com compreensão. — Howie, olha quem tá aqui!
— Helena! — Howie foi direto para a prima e ambos fizeram um comprimento. Acho que é uma brincadeira deles. — Vamos assistir um filme de terror?
— Não quero ouvir você berrar de medo na sala. — Brincou.
— Oi, você só pode ser a Helena. Eu sou a Sam. — A jogadora se aproximou e apertou a mão dela, acenando pra mim logo depois com um sorriso.
— E eu sou a Nivea!
— Oi, Sam e Nivea. Pelo visto todo mundo deve saber de mim por causa de uma certa pessoa que ama contar histórias.
— Está falando de quem, prima?! Eu e os meninos comentamos de você pra elas e também a pirralha fala de você.
— HELENA! — Maya avistou ela e foi logo a abraçando bem apertado. — Meu Deus, que saudades eu senti de você, mulher! E olha só, é o Ronnie Fletcher! Espera aí… estão namorando?! MEU DEUS VOCÊS ESTÃO NAMORANDO!
— Maya, tá chamando atenção. — AJ tentou repreender a mesma que surtava ao ver nós dois.
— Mas olha, AJ! Eles formam um casal lindo!
— Maya, nós não estamos juntos. — Digo sentindo o suor brotar na minha testa mesmo dentro de um lugar com ar condicionado, além, claro, do meu rosto que já deve estar ficando roxo.
— Somos apenas amigos, Maya. N-n-não precisa dessa gritaria aqui no… cinema.
— Helena, finalmente te achei… — Ah não acredito que essa garota já tava atrás da Helena. — Maya?!
— Florença?! — Maya ficou atrás do Nick na hora ao ver sua irmã. — O que faz aqui?
— Vim passar as férias com a Helena, mas pelo visto… — Florença praticamente me empurrou, quase mexendo na cadeira de rodas da sua própria amiga. Helena ficou assustada com o movimento súbito. — Eu vim buscar você também, irmãzinha.
— Florença, a garota já pode fazer o que bem quiser. — Howie falou em um bom tom. — Pare de querer controlar ela!
— Eu não estou controlando ela, Howard. Ela desobedeceu para ficar com vocês! Se esqueceu também de que não terminou a escola. Você queria fazer faculdade, Maya!
— Eu não preciso fazer faculdade para se tornar alguém, irmã. — Maya retrucou abraçando o braço do Nick ainda recuada. — Eu não vou pra lugar nenhum com você.
— Mama está preocupada contigo…
— Eu não quero voltar, Florença. — A caçula fala firmemente, mas os seus olhos estavam se enchendo d'água. — Eu tô cansada daquela vida, daquele lugar… aquilo nunca foi a minha casa. Você não entende, não é?
— Maya, é claro que eu entendo. Só queremos o melhor de você.
— Proibindo a menina de seguir os próprios sonhos, corta essa! — Nick falou no lugar da garota, era de se ver de que não está gostando dessa conversa. Acho que por um momento ele deixou de se importar com o comportamento sobre a família Waterson. — A Maya pode ser um tesouro, mas sabe lidar muito bem com qualquer tipo de situação, é muito inteligente e determinada. Nenhuma ordem inibe o desejo de ser livre, Florença.
Em um momento tenso no meio daquele saguão, nos fez sorrir com a atitude do pirralho. De alguma forma, eu estava esperando esse dia chegar pra ele provar aos outros o que sente por ela.
E a Florença ficou calada, só olhando friamente para o loiro que eu nunca o tinha visto assim tão sério.
— Eu sei que você e o resto da sua família me detestam pelo simples fato de ser amigo do Howie e por ser a suposta má influência. Mas quer saber? Eu não ligo pra isso. Vocês não vão tirar de mim o amor que tenho pela Maya e ela já deixou claro. Ela não vai voltar contra a vontade.
— Vai deixar ele falar por você, Maya?!
— Não só o Nick, mas todos eles. Porque são a minha família, eu os escolhi. — Maya respondeu calma, limpando o seu rosto. — Só me deixem em paz, por favor.
— Florença, ela…
— Vamos pra casa, Helena. — Disse interrompendo a mesma que olhou pra mim em lamentação, mas eu acenei com um leve sorriso. — Você também, Maya.
— A Maya não vai com a gente, Flor. — O tom de voz da Helena foi surpreendente. Eu até obedeceria e ainda fazia uma reverência aos seus pés. — Ela está ótima e sabe se cuidar.
A latina sorriu para a mais nova que se sentiu mais confortável.
— Helena, você não tem nada a ver com isso.
— Tenho sim, você e os seus pais nunca se deixaram pra ouvir a verdade que tentei falar o tempo todo. Eu vi tudo o que aconteceu em oitenta e nove, e foi tudo culpa do seu irmão. O Howie só tentou o tempo todo fazer o que era certo, mas passam tanto a mão na cabeça do Carlos que se esqueceram de ouvir os dois lados. Não estou falando isso porque ele é o meu primo, estou falando porque vocês não sabem e têm medo de confiar em outras pessoas que não tenham o mesmo sangue.
— Nossa, me lembrei do filme da Crystal. — Ouço a Nivea comentar lá trás, comendo a sua pipoca. Pior que é verdade, lembra o enredo do filme.
— Isso não é verdade, Helena…
— É óbvio que sim, Florença! Por Deus! — Helena a repreendeu. — Nunca foi culpa do Howie e ele tentou até você fazer aquilo. Vocês dois poderiam ter deixado de serem namorados, mas ainda podiam ser amigos. Só que prefere descascar a ferida antes da hora toda vez.
Na minha visão, a Sam olhou para a Florença e o Howie completamente surpresa, por não saber desse fato.
— E nós não somos uma má influência para a Maya. — Sam deu continuidade. — Nós sempre cuidamos dela como uma irmã e também, nos ensinou muita coisa. Ela já está pronta para seguir a vida do seu jeito, mas creio que ficaria grata se a própria família a apoiasse.
— Eu não posso fazer isso, me desculpa. Vamos, Helena.
— Mas Florença…
— Vamos pra casa.
— Helena… — Digo o seu nome e a mesma olhou pra mim com um sorriso triste.
— A gente se vê, Ronnie. — Ela acenou antes de dar meia volta e sair do saguão junto com a Waterson mais velha.
— Que tenso. — Alex disse ainda absorvendo o que acabou de acontecer e vimos que algumas pessoas nos observavam. — Acho melhor voltarmos e esquecermos do trote.
— Tem razão, AJ. — Howie disse desapontado. — Perdi toda a vontade de assistir o filme.
Assim que saímos do cinema, houve relâmpagos seguido de trovoadas, daí que veio com tudo a chuva torrencial. Só via várias pessoas correndo para se abrigar e resolvemos ficar para assistir o filme mesmo, então comprei o meu ingresso e o meu lanche.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top