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Ronnie Fletcher

Eu passei na casa da Venice pra confirmar o horário da festinha, mas ela não estava. Então fui andando para a casa da Crys pegar a lâmpada vermelha pra revelar as fotos da Helena e entregar pra ela às quatro horas.

Apertei a campainha e o Brian atendeu com a Summer em seus braços.

— Bom dia, Ronnie. — O loiro sorriu e retribuí. — Quer falar com a Crystal?

— Não, eu só vim pegar um negócio rápido e voltar para casa da Nivea. — Digo e olho procurando pela mesma. — Cadê ela?

— Tá dormindo ainda. — Respondeu acariciando a mascote que praticamente estava cochilando em seus braços. — E a festa?

— As meninas me deram o recado de você levar a minha irmã de quinze para às duas. — Afirmei e ele assentiu. — Pergunta, como ela reagiu ao te ver?

— Soltou a Summer pra me abraçar, depois chorou lembrando do que aconteceu na última vez que nos vimos e consegui deixar ela tranquila sobre isso.

— Ah, legal. Bem… — Abri a gaveta de um dos móveis pegando a lâmpada e sorri para o Brian. — Aproveita esse tempo e tem umas roupas minhas que vão servir você…

— Tem certeza? Eu poderia sumir nas roupas de alguém com um metro e noventa como você. — Eu gargalhei da sua resposta.

— Amigo, posso ser mais alto do que o Kev e o Nick, mas confia. Vai ficar legal em você e ainda mais, você vive usando roupa folgada nos shows que eu sei.

— Já que você diz, Ronnie. Eu uso. Obrigado, aliás.

— Disponha. Só não pegue a minha camisa do Bowie! É a minha preferida!

— Fique tranquilo que não vou.

— Bom saber. — Sorri e peguei uma maçã para comer no caminho. — Até mais tarde, cunhadinho.

— Até, cunhado.

Assim que saí do prédio depois de ter trocado umas palavrinhas com o Eli, fui andando de volta para o apartamento da Nivea. Sem prestar muita atenção, trombei em alguém e a minha lâmpada caiu na calçada.

— Você é cego ou quê, hein?! Não viu que estou carregando peso?!

É a irmã da Maya. Nossa, que rude.

— Perdão, eu não te vi. — Digo e ela olhou pra mim, mudando subitamente a sua expressão.

— Ah, você é o amigo do Howard…

— O nome dele é Ronnie, Flor. — Ouço uma voz suave atrás dela e era a Helena, manejando com cuidado a sua cadeira de rodas para não atropelar os pés dos cidadãos. — Oi Ronnie!

— Oi, Helena. — Sorri ponta a ponta ao ver ela e estendi a minha mão para apertar a sua de novo.

Meu Deus, o que eu falo agora? Nossa, nunca tive esse tipo de travamento de cérebro em toda a minha vida.

— Caramba, era a sua lâmpada? — A mesma apontou e eu assenti.

— Bem, era. Mas eu posso comprar outra sem problemas…

— Menos mal, pelo menos não joga a culpa em mim.

— Me desculpe, senhorita, mas eu não sou esse tipo de pessoa que sai acusando os outros por um pequeno desastre que eu mesmo cometi. — Respondo calmamente olhando para a Florença.

— Nossa, que interessante. — A mesma revirou os seus olhos e olhou para a Helena que a repreendia só com o seu olhar. — Vamos, Helena. Não temos tempo para perder no meio da rua.

Florença saiu andando na frente com as suas coisas e quando eu fui saindo, ela segurou firmemente a minha mão, soltando logo depois.

— Não liga pra ela, Ron. — Disse tocando em minha mão novamente. Isso me acalmava, mesmo estando calmo. — A Florença é cabeça quente e também está estressada por causa da Maya não ter retornado as suas ligações.

— Eu entendo, mas ela é assim por vida ou hoje ela acordou com o pé esquerdo?! — Indaguei e a latina sorriu comigo.

— Não diga isso à ela, mas sim. Ela é assim por vida! — Comecei a rir.  — Aliás, o nosso encontro ainda está de pé?

— Claro que sim, Helena. — Me agachei para falar somente pra ela. — Olha, eu vou comprar outra lâmpada vermelha e assim que chegar na casa da minha amiga, eu vou revelar as fotos. Não sei se vou me atrasar, mas estarei lá, isso eu posso garantir à você.

— Eu mal posso esperar!

— Eu também…

— Helena! Vamos, combinamos de preparar o almoço juntas! — Florença disse de uma distância relativa de nós dois.

— Bem… eu vou indo.

— Te vejo às quatro, linda. — Sorri pra ela e me levantei, vendo a mesma indo embora pela rua e virar a esquina junto com a senhorita estressadinha.

Fui andando tranquilamente até o armazém mais próximo e comprei a minha lâmpada. Faltavam algumas horas para a festa começar e fui aproveitando para almoçar e revelar as minhas fotos no quarto que estou. Depois de duas horas vendo todas ficarem prontas, ouvi a voz do AJ falar com as meninas, então saí pra ver se o restante — menos o Brian com a Crystal — haviam chegado, mas só estava ele.

— Oi Alex, cadê o resto? — Perguntei depois cumprimentar.

— Bem, o Howie e o Nick devem estar consolando o Kevin.

— Não entendi nada agora. — Sam afirmou e nos entreolhamos. — O que houve com o Kev? Ele tava tão animado ontem.

— Bem, eu não acho esse momento de comemoração apropriado para contar o que ele me disse, mas vamos animar ele hoje, okay? E também, a Crystal nem imagina o que vai acontecer, então se ela perceber que tem algo de errado…

— A festa vai pro brejo. Aí lascou tudo. — Maya disse terminando de decorar a mesa com uns doces que a Sam comprou ontem.

— Mas tá tudo bem? — Nivea perguntou já um pouco preocupada.

— Eu não tenho certeza, mas acho bom não ficarmos pensando nisso enquanto o Kev estiver aqui e olhe que nem sei se ele vai mudar de ideia.

— É melhor, Alex. Talvez quando ele estiver mais calmo, possa conversar com a gente sobre.

— Vocês têm razão, rapazes. — Samantha assentiu e olhou para o relógio. — Bem, tudo já está arrumado, mas falta nós ficarmos prontas e os rapazes chegarem para ligar ao Brian vir com a Crystal.

— Ótimo, eu fico aqui com o Ronnie.

— Obrigada, meninos. — O trio agradeceu e foram para dentro do apartamento.

— O Howie me disse que você roubou o coração da Helena.

— Não temos certeza disso, acho que ela me vê como um novo amigo das suas férias. — Tento ser realista. — Ele te disse quem está com ela?

— Sim, teve sorte da Flo… não vou tentar falar o nome dela senão passo mico, mas enfim… teve sorte de não ter cismado contigo como ela é cismada com o Nick.

— Tarde demais, cara. — Ri fracamente. — Esbarrei nela no caminho pra cá e quebrei a minha lâmpada, aí vem ela criar ideia de que fiz de propósito e que eu queria pôr a culpa nela.

— Nossa, que…

— É doida mesmo. — Concluí e começamos a rir. — Mas a Helena é de outro nível.

— Hummm, já gostou dela! A Helena é muito divertida.

— Linda também. Eu vou ver ela de novo hoje. — Pensei alto e quando olhei para o meu lado, McLean faltava um fio para surtar com gritaria. — Você não ouviu nada!

— Ah se eu ouvi. Se joga, Ronnie! Vai que seja a garota certa?

— Não quero que os dois lados saem feridos no final.

— Você não é o senhor do futuro! Você só vive tirando fotos, andando pela rua e ensaiando com a sua banda quando está em Wellington! O que custa se apaixonar por alguém só pra deixar a sua vida melhor do que já é?! Tô falando isso por experiência própria!

Sorri ao ouvir isso e o agradeci como um aceno. Talvez dessa vez seja a vez, custa tentar pra ter certeza de que a Helena é cem porcento certa.

Brian Littrell

Pior que o Ronnie tinha razão, as suas roupas deram em mim como luva — só um pouco mais folgado. A Crys estava indecisa qual roupa usar para ver a Nivea e eu fui o seu jurado, o que complicava mais ainda porque ela fica esplêndida com todas as roupas de seu closet.

— Qual você acha melhor, Bee? — Fletcher perguntou segurando três cabides que restavam.

— Eu estava achando você ir mais confortável, Crys. A sua regata lilás e um short jeans já está bom. — Ela concordou.

— E o que eu calço?

— Aquele sapato ali em cima, o branco. — Aponto e a mesma foi se trocar, em poucos segundos apareceu, ficando na minha frente. — Está ótima. Me permita.

Me levantei e peguei a escova de sua penteadeira, passando em seus cabelos castanhos com cuidado para não puxar e o deixei solto, evitando de que alguns fios voassem para o seu rosto. Escolhi um de seus casacos e lhe dei.

— Deve estar um pouco frio lá fora. — Beijei o seu rosto e ela puxou para mais perto, pressionando os seus lábios contra os meus. Incrível como ficam mais doces a cada momento.

— Você não pode ser real, Brian. — Disse ao se afastar, tocando em meu rosto e descia uma de suas mãos até o meu ombro. — Vamos ver a Nivea.

Assenti e fomos saindo do quarto. Crystal pegou a Summer e as chaves para sairmos do apartamento sem preocupações e fomos andando discretamente até a outra rua, onde uma de suas melhores amigas vive.

Quando toquei a campainha, ouvimos os passos se aproximarem e era a própria, com um largo sorriso em seu rosto.

— Nivea! — Crys me deu a cadela e foi logo abraçando a mesma que retribuía na mesma intensidade. — Que saudades senti de você, amiga.

— Você nem imagina o quanto eu senti. Meu Deus, como você está linda! Nunca mais corte o seu cabelo, amiga! — Disse sorridente e olhou pra mim. — Brianzinho! Entrem, temos muitas novidades para trocar.

Deixei a minha namorada entrar primeiro e várias serpentinas voaram para cima dela, jogadas pelo próprio irmão. Então ela percebeu de que todo mundo estava lá, exceto a Venice.

Foi daí que percebi que o Kevin está um pouco pálido mesmo sorridente. Aconteceu alguma coisa mais cedo.

— BEM VINDA DE VOLTA, CRYS! — Todo mundo falou em uníssono e deram um abraço coletivo na mesma que ainda estava boquiaberta com a surpresa.

— Nossa, vocês fizeram isso pra mim! — Disse olhando para a decoração que preparamos de ontem pra hoje. — Isso é maravilhoso, obrigada!

— Ah, não chore não! — Howie e Maya se aproximaram dela que foi se acalmando aos poucos.

— Crys, fizemos um bolo que você vai adorar! Feito com muito carinho. — Sammy disse lhe dando o primeiro pedaço fatiado.

Nick estava servindo todo mundo e fui ajudá-lo. De lá fiquei de olho no meu primo que conversava com o Ronnie e o AJ, mas agora não estava mais com aquele semblante. Talvez ele só precisa conversar, não importa o que tenha acontecido.

Crystal contava tudo o que fez na casa de seus pais e é adorável ver ela assim tão risonha. Até acabei me esquecendo de que no passado ela era aquela garota esnobe do cabelo curto que usava grifes caríssimos para todas as ocasiões, aquilo não era ela, era apenas a sua fama que o mundo queria ver.  E agora, com o seu sotaque mais forte, mais natural e mais confortável de se vestir, agora sim o seu nome ganha peso.

— Aliás, cadê a Venice? — Ela perguntou depois de contar as suas aventuras com a Storm e o seu amigo Ben.

Eu percebi o desconforto da turma ao ouvir essa pergunta e isso me deixava pensando no que houve. Então o Kevin olhou pra mim e para o Ronnie seriamente, então se aproximou da Crystal que lhe deu total atenção.

— Crys, o que eu vou te dizer agora, não é com a intenção de estragar o seu dia e muito menos a sua amizade com ela, okay?

— Okay. — A animação dela virou preocupação. — O que aconteceu com a V?

A Fletcher segurou a minha mão e eu cobri com a minha outra mão, como uma proteção.

— Hoje de manhã, ela foi me ver. — Disse calmamente e respirou fundo. — A primeira coisa estranha, foi dela não ter me dado um abraço como sempre fez. Então ela me disse que tinha algo sério a me falar e disse que apareceu uma oportunidade de gerenciar uma banda lá de Québec, então teria que voltar para o Canadá dar atenção a eles. E ela me disse que…

— Kevin, com calma. — Digo e ele assentiu, depois encarando a Crys.

— Ela me disse que vai abrir mão de você pra dar conta da banda porque são coisas completamente diferentes.

— O quê?! — A voz dela embargou imediatamente, mas ainda dava atenção para o resto do fato. — Ela se demitiu?!

— Sim, Crys. Ela não quis te contar cara a cara, tentei convencê-la dessa ideia e acabou se tornando uma discussão entre a gente. Ela disse que você não merecia saber disso, então eu falei pra ela que se ela não contasse eu contaria, e aqui estou eu. — Kevin começou a chorar também, tá ficando mais sério esse lance. — Crys, ela preferiu abrir mão de nós dois. Eu… eu ia pedir a mão dela nesta semana e falou aquilo tudo, sem querer confirmar de que se cansou da gente. Eu sinto muito por isso.

Crystal se levantou de repente para dentro do apartamento e fui atrás dela, impedindo de que se trancasse em um quarto.

— Hey, hey. — Segurei os seus ombros. — Eu estou aqui. Estou aqui com você.

Ela me abraçou bem apertado, soluçando. Estou sentindo toda a sua mágoa, a sua decepção e isso me quebra o bastante.

— Brian, ela era uma irmã pra mim, eu confiava nela em tudo e… simplesmente foi embora pensando em si mesma, se esquecendo de tudo o que passamos juntas há muitos anos. — Disse se afagando no meu peito e beijei a sua cabeça, na tentativa de conforto. — O que vai ser de mim sem ela?!

— Shh, ela ainda pode correr atrás depois de perceber o erro que cometeu. — Digo com a maior calma. — Mas caso isso aconteça, não age pela emoções.

— E se ela não voltar, Brian?! Não vai ter ninguém que cuide da minha carreira como ela cuida.

— Eu sei que vai ter ninguém comparado a ela, mas escute, existem pessoas aqui com você que vai te ajudar nessa situação. — Acariciei o seu cabelo e os seus soluços foram diminuindo. — Seja forte, meu amor. Eu vou estar aqui com você o tempo todo, okay?

— Okay. — Disse olhando pra mim limpei o seu rosto, lhe dando um sorriso de conforto. — Por fim das coisas, eu ainda queria estar em casa cochilando.

Riu fracamente e me deu um selinho.

— Crys. — Ronnie apareceu e ela foi abraçar o irmão. — Liguei para casa e conversei com a mamãe e o papai sobre o que houve e veio algo na minha cabeça, e eles concordaram muito com isso.

— Qual foi a sua ideia, Ron? — Ela perguntou olhando para o mesmo que sorriu.

— Existe alguém que pode te administrar melhor, que te conhece muito bem e que vai entrar em contato com a agência amanhã para ver como vai ser esse processo. — Disse sorrindo e já entendi o que quis dizer.

— Quem, Ronnie?! O papai?!

— Não anã, o seu irmãozinho aqui! — Sorriu e Crys abriu um enorme sorriso, lhe dando um abraço sufocante. — Okay, só não me mate.

— Seu doido, e as suas coisas?!

— Ah, sabe que sou multitarefas! — Disse tranquilamente. — Os meus colegas de banda entramos em um acordo quando ainda estávamos lá, ou seja, decidimos encerrar e cada um seguir o seu caminho. O papai não sabe trabalhar com essas coisas! Qualquer coisa ele ia surtar e também euzinho aqui é fotógrafo onde haverá um ótimo custo benefício. Maninha, eu vou ser o seu empresário porque sempre estive por perto e sempre tive paciência desde que você era uma criança irritante de seis anos.

— Ah Ronnie, eu te amo! — Ela abraçou mais apertado do que antes que deixou o rosto dele completamente vermelho. — Muito obrigada.

— É o meu dever de irmão mais velho cuidar disso. — Disse e respirou, ajeitando a sua camisa. — Bem, eu vou indo para um compromisso importante. Nos vemos mais tarde ou amanhã.

— Tchau, Ronnie. — Eu e Crys falamos em uníssono e fomos andando de volta para a sala, de encontro com o resto da turma.

— Vou conversar com o Kev. — Digo só pra ela ouvir e a mesma segura a minha mão.

— Eu vou com você, Brian. — Sorriu e fomos andando até a varanda. Percebemos de que ele se assustou com a nossa aparição e foi se recompondo. — Kev, tá tudo bem por pra fora. Você fez o que era certo.

— Obrigado, mas… eu não tive tanta sorte como você.

— Não é questão de sorte, primo. Eu sei como está se sentindo e isso não é culpa sua, você não fez nada de errado. Você foi corajoso em se abrir assim, sabendo que todos nós se importamos com o bem de cada um. — Digo tocando em seu ombro. — Chore a vontade, Kevin. Um dia essa dor vai passar e haverá uma razão maior de querer estar bem novamente. Se quiser dar um tempo como a Crys deu, nós entenderemos.

— Eu também estou muito mal com isso e… não vou conseguir lidar com a situação assim tão cedo. Nós podemos apoiar um ao outro por um período. — Crys sorria para o mais velho que imediatamente a abraçou.

Ambos se confortavam e eu vi de que a amizade deles iriam chegar em outro patamar. Kevin olhou pra mim enquanto abraçava ela e sorriu.

— Ainda bem que assinei aquele termo das fotos em Laguna. — Brincou e fui abraçar ele também. — Obrigado, gente.

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