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Nick Carter
Véspera de natal

A turnê foi de bom a espetacular quando o Brian voltou. Por mais que de vez em quando ele demonstra estar triste, ele sempre faz o seu melhor sorriso na maioria das vezes. E nesse feriadão de final de ano, decidimos passar o natal e o ano novo aqui em Londres, já que foi o local do último show. Para acrescentar vamos para a Ásia depois que virar o ano e talvez, visitar a Oceania.

— Olha o que eu consegui de última hora! — AJ chegou no apartamento que alugamos, com uma pequena árvore de natal.

— Mas isso não é de verdade. — Howie disse tocando nas folhas. — E vamos decorar com o quê?! Com os sapatos gigantes e fedorentos do Nick?!

— HEY! — Gritei com o latino que deu de ombros.

— Eu trouxe alguns enfeites também. — Alex retrucou deixando no meio da sala.

— Eu preparei rabanadas, o frango daqui a pouco vai para o forno porque…

— A torta de maçã está ocupando o fogão por enquanto. — Brian interrompeu o Kevin e Howie ficou balançando a cabeça como estivesse entendendo alguma coisa. Eu não entendi nada. — Aliás, acabei de colocar.

— Receita dos Fletcher. — AJ me cutucou e já entendi. — Altas saudades, huh?

— Você nem imagina o quanto. — Brian sorriu todo sem jeito. — Mas saber de que a Crystal anda melhorando a cada dia… me sinto esperançoso pelo seu retorno que creio de que será em breve.

Ele repete essa frase desde que nos reunimos no fim da primavera, ou seja, há sete meses. A Crystal manda uma carta de vez em quando para a gente e ela diz que voltará no ano que vem, pois apareceu outras oportunidades para a mesma lá na Nova Zelândia. E nesse mês de dezembro, não chegou nada dela ou da Venice.

— Nós sabemos que sim. — Kevin sorriu e olhou para a gente como soubesse de alguma coisa.

Nós cinco arrumamos a árvore de natal enquanto a nossa ceia estava no fogo ainda, aí a campainha tocou três vezes seguidas.

— Ah, são os convidados! — Kevin colocou a estrela no topo da árvore e foi andando até a porta e abriu, apresentando Sam, Nivea e a Maya.

A Maya estava tão linda, que com toda a minha distração derrubei o anjinho de porcelana no chão.

— Nick, tás bem?! — A latina se aproximou tocando na minha mão.

— Eu tô é ótimo! — Okay, estou surtando. Eu abracei a garota bem de repente. — O que está achando de Londres?

— Maravilhoso! Eu conheci o Big Ben, London Eye hoje mais cedo com as garotas… você deve estar cansado também.

— É, um pouquinho. — Ri fracamente. Toda a exaustão passa ao ver o sorriso dela. — Vai para perto da lareira, lá fora está tão frio.

— Sabe Nick, deveríamos ir para a neve amanhã, o que acha?

— Eu ia fazer a mesma pergunta. — Maya gargalhou e foi tirando o seu cachecol e o seu casaco. — Foi fácil vir pra cá?

— Bem, sim. A minha irmã estava no comando no dia em que a Nivea e a Sammy vieram me buscar lá em casa. Aí a mama pegou eu fazendo as malas e veio as broncas dela “você só vive grudada com esse menino ao invés de tá fazendo as suas coisas pipipi popopo!” toda braba, né?! Aí eu respondi “mama, será apenas duas semanas com os meus amigos! O Howie vai tá lá.” aí ela cruzou os seus braços e ficou fumaçando “ele magoou a sua irmã e não confio nele, só na Helena!” aí eu pensei no que responder antes que ela me trancasse no quarto e falei: “isso tem quase dez anos que aconteceu, eu não tenho nada a ver com os problemas da Flor e eu só tinha sete anos, como vou me lembrar?!” aí saí correndo. — Maya falou bem ligeiro fazendo os gestos que a sua mãe fez e depois começou a gargalhar, encostando a sua cabeça sobre o meu ombro. — Ai Nick, vou tá completamente lascada quando voltar pra casa.

— Mas Maya, isso foi loucura. O que a sua mãe vai pensar de mim? — Digo e ela ficou pensando, olhando para a árvore que estava toda desengonçada.

— O mesmo que pensa de mim, um imprestável de má influência. — Howie respondeu saudando a mais nova e ambos começaram a rir. — Nunca imaginei que você teria a coragem de desobedecer a tia Rosário.

— Eu não fui a única, Howie. — Respondeu soltando os seus cabelos ondulados. — O Jorge é o que mais desobedece e já tá acostumado de ficar no canto do castigo.

— Também, vocês tem o Carlos como mal caminho. Enfim, daqui a pouco o jantar está na mesa. — Disse indo até a Sam que conversava com o Brian.

— Soube que a Crystal tá mais afastada do que um íon negativo. — Ela disse baixinho olhando para o trio que conversava lá no canto da sala, vendo um pedaço de Londres coberto pela neve. — A Nivea me disse que ela só volta pra Seattle ano que vem depois do bafafá que aconteceu.

— É provável de que ela volte ano que vem, mas pelo menos ela tá mandando notícias.

— Sim, faz tempo que eu não converso com ela. — Ela disse brincando com o seu cachecol lilás.

— Tudo culpa da Sherry e do Sawier… — Solto um suspiro. — É uma droga pensar que um dia desses, eles eram os meus primos preferidos.

— De fato, mas olha, não se sinta culpado disso. Eu sei que você ajudaria muito o Bee e a Crys porque eles são os seus amigos e também, aqueles gêmeos do mal não têm o que fazer da vida. Tem grana e não procuram fazer um cursinho de artes ou um intercâmbio, me perdoe, mas eles não se passam de dois mimados que acham que vão ser ricos pra sempre com esses cérebros de mosca morta! — Eu ri e muito sobre o que ela falou, daí ela acabou rindo também.

— Você tem toda razão, Maya. — Digo limpando o meu rosto.

Eu sei que é bem cedo pensar nisso agora, mas eu vou casar com essa garota.

Howie Dorough

Quando o jantar já estava na mesa, cada um ficou no lugar sem problema nenhum. A Sam ficou do meu lado, o Kevin do outro… bem, a mesa é redonda.

— Brian, a torta está incrível. — Digo para animar ele já que tá todo borocoxô desde que decidimos fazer uma simples ceia de natal. — Soube fazer igual como a Crys faz, ela ficaria orgulhosa de você.

Kev deu uma leve cotovelada no meu braço, e isso doeu muito. Deve ser porque eu citei o nome dela.

— É receita da Crys? Por que ela nunca fez essa torta quando estava em Seattle? — Nivea ficou indignada. — Ela vai me ouvir quando voltar.

— Acho que ela não fez sabendo que haveria alguém que provavelmente comeria tudo de uma vez só. — Sam disse e a líder de torcida fez bico.

— Eu não faria isso!

— Você acabou com a minha dispensa em uma semana, Nivea.

— Meninas, união. — Maya tentando parar essa discussão com cara de que está curtindo combinam muito bem.

— Mas isso é uma calúnia! — Nivea saiu da mesa e AJ foi atrás dela.

— O que acabou de acontecer? — Nick todo perdido da vida, perguntou.

Sammy também se levantou e foi andando para o lado de fora do apartamento. Eu não entendi foi nada.

— Maya, você que está mais próxima delas do que da gente, pode nos explicar o que houve? — Perguntei e a mais nova assentiu.

— Foi coisa bem boba, sabe? É que a Nivea de fato comeu tudo da dispensa e a começaram a discutir, aí a Sam disse à ela que a Crystal só poderia viver estressada por tá gastando dinheiro pra repor as coisas a cada uma semana e não por um mês. Aí elas ficaram com essas frescuras.

— Vou falar com a Sam. — Me levantei e saí do apartamento procurando por ela.

Saí do edifício e ela estava quase virando a rua, então fui correndo até a mesma.

— Sam! — A loira não me ouviu de primeira e continuei chamando, até virar pra mim. — Sam, volta. Você tá com pouco agasalho, pode ficar doente.

— Caso não se lembra, eu vim de um lugar mais frio do que Londres, Howie! — Retrucou e começou a andar de volta, daí segurei a sua mão. — É você quem tem que voltar, me deixa sozinha.

— Sam, por que tá fazendo isso por causa de uma discussão boba?!

— Boba?! Aquela draga falou que sou uma péssima levantadora e que a minha seleção não merecia o título da Liga!

— Ela deve ter falado isso porque estava nervosa. Nada funciona quando está desse jeito e acaba falando coisas que não são verdade. Vocês duas são ótimas amigas e têm o esporte como algo em comum! Vocês são talentosas e são especiais do que jeito que são. A Nivea come muito por vida e você é uma ótima atleta desde que começou a sonhar em ser. Deveriam desculpar uma à outra.

— E você acha que ela vai se desculpar?! Volta pra casa, Howie, você já tá tremendo de frio.

— Eu não vou voltar pra lá se você não for. — Cruzei os meus braços tentando me aquecer e senti alguns flocos de neve caírem sobre a minha cabeça. — Primeiramente a culpa é minha, não deveria ter citado o nome da Crystal por causa do Brian.

— Volta pra casa, Howie. — Ela deu meia volta e fiquei na frente dela. — Volta agora, isso não é problema seu.

— Mas fui eu quem causou essa discussão. Caramba, é natal! Eu sei que essa ceia tá chata porque não está todo mundo junto, a gente tá cansado por causa dos shows, vocês estão cansadas também, mas hoje deveríamos estar bem compartilhando as coisas boas. Eu sei que isso é bem idiota da minha parte, mas eu queria que hoje fosse especial pra mim que nem os comerciais clichês da Coca-Cola! E ficaria mais especial se você voltasse lá tomando um chocolate quente com biscoitos de gengibre comigo. Mas se prefere estar aqui no frio, eu fico no frio com você.

— E por que tá fazendo isso?! — Disse sem tirar os olhos de mim. A neve estava fazendo uma pequena montanha em seu cabelo. — Me responda, Howie! Por que?

— Porque eu gosto de você, Sammy. — Sorri para a sueca que paralisou na hora. Creio que tenha sido por causa do frio e da neve caindo cada vez mais forte. — O seu jeito, o seu sorriso, o seu sotaque me deixa doidinho. Você apareceu como um presente pra mim. E não há nada mais precioso além de estar perto de você. Então vou ficar aqui já que não quer voltar.

— Ninguém nunca falou algo assim pra mim. Vários caras me dispensaram por causa da minha dedicação ao vôlei e por causa da minha altura. — Disse abaixando a cabeça. — Você tá falando isso pra me confortar e voltar pro apartamento, ou tá me fazendo de boba?

— Eu não tenho nada a ver com esses patifes! Eu adoro ouvir você falar do vôlei, eu até entendi melhor como se joga por sua causa! E Sammy, você é uma pessoa maravilhosa e eu não me importo por você ser mais alta do que eu! Essa é a sua qualidade por ser uma grande jogadora e eu admiro muito o que você faz. Quando eu estava em Kentucky vendo toda aquela situação da Crys de perto, eu coloquei na cabeça de que você não precisa ser o que as pessoas pensam ou querem que você seja, você tem a sua própria vida e pode ser o que quiser sem se importar com os outros! E você não precisa ficar mal porque não agradou os outros, eles que se lasquem! Você é única e não há ninguém igual à você, Sammy.

Ela me abraçou tão de repente que nem soube como reagir, mas quando eu iria reagir, a mesma me beijou e me aquecia com todo esse frio. Por mais que eu já sabia que ela já sentia algo por mim, eu não esperava de que iria acontecer tão rápido.

Ouvimos algumas pessoas comemorando em volta e daí veio o som dos sinos. Caramba, já são meia noite!

— Acho que era isso que estava faltando para você fazer o meu coração bater mais forte. — Samantha disse ao se afastar e tirou a neve que caía sobre mim. — Feliz natal, Howie.

— Feliz natal, Sammy. — Peguei em seu rosto e encostei os meus lábios nos dela novamente.

— Vamos voltar pra casa tomar chocolate quente e comer biscoitos. — Ela disse pegando na minha mão e fomos andando de volta até o edifício.

Brian Littrell

Assim que veio as doze badaladas da meia noite, todo mundo foi se abraçando como nada tivesse acontecido. Quando fui na cozinha pegar alguma coisa pra beber, deparei com a Maya puxando o Nick para um beijo debaixo do visco que o AJ espalhou em cada porta do apartamento. E quando decidi ir para a varanda, lá estava ele e a Nivea trocando declarações e se beijaram também. Então decidi ficar na sala vendo o Kevin ligar o pisca pisca.

— Chegamos! — Howie e Sam entraram de mãos dadas.

— Caramba, vocês ficaram esse tempão na neve?! — Nivea apareceu preocupada com ambos e viram as suas mãos entrelaçadas. — Ah… Sam, desculpas.

— Eu também peço desculpas, Nivea. — Ambas se abraçaram e a Sam parecia tão contente. — Gente, eu e o Howie estamos juntos!

A gente aplaudiu e eu os parabenizei do sofá mesmo. Caramba, todo mundo feliz comemorando o dia de hoje e eu aqui sozinho sem saber o que fazer.

Nunca senti tanto desânimo e espero que o presente que aguardo ali debaixo da árvore de natal me deixa melhor quando amanhecer.

— Aqui Brian, o seu chocolate quente. — Kevin me serviu e eu nem tava prestando atenção nas coisas. — Hey, falta pouco para abrir o seu presente.

— Eu sei. — Soltei um suspiro. — Como será que está o natal dela?

— Eu não sei dizer, mas tenho certeza que ela pensa que tudo estaria melhor se todo mundo estivesse junto.

— Se ela realmente sente minha falta…

— Brian, não fala isso. Eu sei que fazem sete meses de que ela foi embora, mas logo logo essa saudade vai passar. — Ele sorriu. — Ela espera ver você feliz por ela.

— E estou, tenha certeza. Eu só quero ver ela, é só isso que estou pedindo. Se fosse possível, eu ia me teletransportar pra fazenda.

— Eu faria a mesma coisa por causa da Venice. — Disse. — Mas saber que estão bem, já significa tudo. Tenta ver pelo lado bom.

Disse indo conversar com a Maya e o Nick. Todo mundo se falavam e riam de piadas que surgiam no meio da conversa. Eu jamais havia sentido que estar distante era tão horrível assim, eu vendo eles parecia que eu estava no lado de fora do apartamento como fosse um completo desconhecido andando na rua coberta de camadas e camadas de neve. Assim que terminei a minha bebida quente, fui para o meu quarto esperar o dia amanhecer entre cochilos.

Mas eu não consegui dormir.

Eu só pensava na Crystal. E a última vez que a vi foi chorando, o que me faz sentir pior. Por que fui tão ruim com ela? E como cheguei ao ponto de ser tão burro para acreditar numa carta que o Sawier me entregou?! Espero que ela me dê outro tapa bem marcado na minha cara quando voltar por causa dos meus chiliques.

Assim que a claridade começou a entrar pela janela do quarto, decidi me levantar e trocar o meu pijama por uma roupa confortável e que me aquecesse. Ironicamente, era o moletom que ela usou e não, não tem mais o seu cheiro por causa de várias lavagens desde do dia que ela se foi. E também, não sou seboso ao ponto de não lavar uma roupa.

Depois do banho, fui andando até a sala que estava vazia e quando olhei o relógio, eram seis e quarenta da manhã. Olhei para a cozinha sentindo um pouco de fome, mas o meu cérebro apontou para a árvore de natal e de um jeito cômico, o sol refletia no meu presente. O que faltou foi um coral divino cantando em dó.

Olhei para os lados, para atrás de mim. Nenhum sinal dos meus amigos, então andei devagar até debaixo da árvore pegando a caixa que pesava uns dois quilos embalado por um papel metálico azul e com um laço amarelo.

Eu senti como tivesse oito anos, ansioso pra saber o que tinha na caixa e torcendo de que não fosse roupa. Abri a embalagem e abri a caixa, vendo um suéter no tom vinho feito de tricô logo de primeira. E o cheiro me trouxe uma saudade tão grande que me preocupei o que tinha a mais. E lá havia um livro verde com um bilhete escrito “é a continuação do primeiro livro que você estava lendo meses atrás. Feliz natal! ~ Venice”. O suéter havia outro bilhete “feito com muito amor da tia e dos seus pais diretamente de Kentucky.”. e quando fui ver havia uma caixa e abri, tirando uma fita cassete e era do filme da Crystal. Também havia outra fita, só que não havia nome nem nada.

Quando eu ia dispensar essa caixinha, caiu um envelope azul bebê.

Abri na mesma hora, vendo de que era a caligrafia da Crystal. Minha Crystal.

“Amado Brian,

Soube que você anda meio triste por eu não estar aí contigo, mas não vou mentir. Eu também estou mal por não estar perto de você. Mas te digo que me sinto muito, mais muito melhor com as coisas que estou convivendo de volta e sim, Brian. Eu encontrei o que estava procurando! Sabe o que isso significa? Em breve, bem breve mesmo, eu estarei voltando. Em janeiro, pra ser específica. Como eu falei na carta anterior, você está sendo o primeiro a saber dessa notícia e não espalhe pra ninguém porque pretendo chegar chegando! Ai, estou tão empolgada em ver vocês de novo, principalmente você, seu patético. Espero que essa carta tenha roubado um sorriso seu e pra roubar o seu coração de novo, o Ronnie me ajudou a fazer um vídeo pra você ver como foi os meus sete meses com os meus pais! É a fita com a caixinha do Polaroid e também como presente, o meu filme que você não viu. Espero que goste.

Até breve,
Crystal Fletcher.”

— Você já roubou o meu coração com essa carta. — Digo pegando a fita e ligo a televisão, depois o cassete. Coloquei o mesmo no lugar quando tudo estava bem ligado e fiquei esperando.

E daí, apareceu o rosto do Ronnie ajustando a câmera.

“Ronnie, eu acho que já está bom!” — Era ela falando e ele se afastou, amostrando a Crys com os cabelos já longos que estavam como rabo de cavalo, usando um vestido florido. — “E já tá gravando, seu desastrado!”

“Pelo menos ele ri um pouquinho no início, né?!” — Ele retrucou e acabei rindo disso. — “Brian, dispense essa parte porque o vídeo começa… agora.”

“Oi, Brian! Você deve estar surpreso por estar me vendo com o cabelo grande, né?! Enfim, são dez horas da manhã e vamos dar uma volta na fazendinha dos Fletcher!”

Ela começou a andar até o celeiro, apresentando a Storm, que abaixava a cabeça para ser acariciada pela mesma.

“Eu nunca imaginei que eu havia perdido a prática de andar em um cavalo, Bee. Por mais que ela seja calma, eu caí dela umas três vezes e uma dessas vezes acabei parando no hospital porque fraturei o meu braço esquerdo e é a mão que escrevo! Por isso que teve umas vezes que chegou só as cartas da V dando os meus recados.” — Disse começando a rir. — “Enfim… vamos para a minha plantação.”

“A gente vai andar a fazenda inteira?!” — O mesmo perguntou e ela fez que sim com a cabeça, daí ambos começaram a andar. — “Tá vendo, Brian?! Ela me explora!”

“Lembra que a gente combinou de que você gravaria calado pra fazer o Brian imaginar que está aqui comigo?!” — Meu Deus, que coisa mais fofa. — “Muitas plantas cresceram desde que cheguei aqui, então você deve estar achando aqui um pouco diferente na vez que veio. Ah, aqui estão o meu pé de tomate, açafrão e manjericão. Estão bem verdinhas, está vendo? Agora, nós vamos para as árvores coletar algumas frutas que caíram.”

Ela foi andando até pegar uma cesta e foi até as árvores aonde estavam as frutas caídas no chão. Crystal foi falando de que não para de cuidar das plantações e que está sendo um sucesso com as vendas no centro da cidade, então ela explicou que foi por causa disso que não voltou antes, estava ajudando os seus pais com o negócio.

“Então, tem um lugar que eu não te mostrei quando veio pra cá por causa da chuva, mas como está um sol, vou te mostrar. Cuidado com as pedras, Ronnie.”

“Agora lembrou do meu nome?! Pensei que deveria ficar calado!” — Ele retrucou revoltado da vida.

“É só na hora que estou amostrando as coisas, seu tonto.” — Crystal disse rindo do irmão. — “Aqui é um lago, é onde fico na maioria das vezes alimentando uns patos, lendo livros, estudando as plantas e tocando o violão pra passar tempo. Não é bonito? Aqui é bem tranquilo, na próxima vez você conhece essa parte pessoalmente.”

— Claro que sim. — Digo mesmo sabendo de que isso é apenas um vídeo. Dobrei as minhas pernas, apoiando os meus braços e a minha cabeça sobre elas, dando mais atenção para a Fletcher.

“Ronnie, pode ir.”

“Terminar o vídeo?”

“Não! Me deixar sozinha com a câmera, vou falar algo que só interessa a ele.”

“Okay, eu vou. Fique bem, Brian. Até breve.” — Ronnie se despediu e foi andando.

A Crystal pegou a câmera e colocou em algum lugar para não cortar a imagem. Então ela se sentou alguns centímetros em frente do objeto e sorriu, mexendo em seus cabelos castanhos.

“Bem, eu sei que tivemos uma péssima despedida e… foi muito complicado pra mim ir embora, te deixar desse jeito. Mesmo sabendo de que estava bem melhor e não precisando mais da minha ajuda, eu queria ficar perto. Eu iria contar tudo pessoalmente a você e não através das cartas. E naquela época eu não tinha noção do perigo, talvez eu poderia ter… sei lá, mas isso não vem mais a questão. Quando a V recebeu a carta do Kevin e me contou de que você leu e me entendeu, foi um alívio imenso que surgiu e sinto grata por isso, Brian. Eu só precisava de uma resposta sua para ter certeza de adquirir uma segunda chance. Nesses sete meses, que foram longos, né? Eu me tornei o que estava tentando ser, ou seja, alguém melhor, com a mente aberta e principalmente, segura. Então, aquela Crystal que mentia, que era arrogante, mimada, chata… não existe mais em mim. Eu era daquele jeito por medo e nem prestava atenção de que eu estava ferindo as pessoas com as palavras, você não sabe o quanto me sinto péssima ao lembrar de como eu tratava você e… o quanto você me aturou, nossa!” — Ela riu e limpou o seu rosto. — “Ou você tem muita paciência, ou já estava apaixonado por mim, sério! Eu era insuportável até com o vento! E tenho certeza do que está perguntando agora sobre o quê eu estava procurando e vou te dizer. Eu estava procurando a minha essência, não o meu cheiro, do que realmente sou, do que aprendi aqui até os meus dezesseis anos e caramba, me sinto tão livre depois de ter encontrado! Foi certo eu ter voltado pra cá e foi graças à minha mãe que me entregou o suéter do meu pai biológico que está em paz. Bem, é… também descobri de que será impossível deixar de te amar, Bee. Eu comecei a sentir esse sentimento fortalecer quando fui cuidar de você, com toda a paciência que tive contigo sendo cheio dos kikiki como diz o Howie… foi um belo troco, até.” — Eu acabei rindo junto dela. — “Okay, em janeiro estarei chegando nos Estados Unidos porque apareceu alguns trabalhos pequenos pra mim e a novidade bomba é de que eu fui indicada ao Oscar! Não só eu, o filme também! Quatro indicações, Brian! Quatro, tem noção disso?! E sei de que vou estar bem ocupada, mas isso não vai me impedir de ir ver você, saber como está, te dar uns abraços apertados, te encher de beijos e sairmos para o parque de diversões ter muita adrenalina lá na montanha russa! A fita já tá acabando, então, eu senti muitas saudades também de você e do resto da turma e desejo a você com muito carinho um ótimo natal e ano novo já que ainda vou estar aqui arrumando as minhas coisas. Você deve estar tão lindo agora, Brian… mal posso esperar! Eu te amo e até logo, seu patético!”

Crys distribuiu beijos e parou a gravação. De fato, eu me senti como estivesse perto dela lá e caramba, me esqueci do quanto eu estava desanimado, do quanto eu sentia falta de ouvir a sua voz e de ver ela recuperada e renovada, é de fazer errar as batidas do meu coração.

— Eu também mal posso esperar em ver você de volta, Crys. — Digo removendo a fita e quando olhei pra trás, todo mundo estava acordado tomando o café da manhã.

— Isso foi tão belíssimo! — AJ disse começando a aplaudir. — Então, ela vai voltar logo.

— Só não espalhem isso, gente. Ela disse no bilhete aqui de que quer chegar chegando. — Digo e eles assentiram. — E vocês viram?! Ela foi indicada ao Oscar!

— Esperamos que ela ganhe! — Howie disse tentando roubar uma rabanada do prato da Sam.

— Cadê o sorriso, Brian?! — Nivea disse e comecei a rir sentindo maior vergonha. — Olha gente, que fofinho!

Tenho certeza que tô vermelho que nem pimentão agora. Meu Deus, como ela sempre consegue me deixar tão sem jeito mesmo em outro continente? E falta pouco para eu ver esse rosto pessoalmente de novo, lhe dar mais um buquê de azaléias brancas para lhe alegrar mais ainda. Falta pouco para demonstrar o meu amor por ela.

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