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Kevin Richardson

Eu resolvi não ir ver o Brian pelo simples e óbvio fato de que ele está com a cabeça quente e insuportável ao ponto de eu querer lhe dar um belo cascudo. Então, a Crystal me entregou um bilhete para os meus tios; se despediu de mim e da minha mãe, e foi com as suas malas para o táxi que esperava por ela e pela Venice.

— V. — Segurei a mão dela que me abraçou. — Mande notícias, de como ela está e de você pra mim? Mesmo que demore para chegar aqui, eu quero saber como vai indo.

— Claro que eu mando, Kev. — Ela disse com um fraco sorriso, acariciando o meu rosto. — Foram três semanas ótimas tirando o que houve entre eles dois.

— É, de fato foi ótimo. — Ri fracamente. — Espero que o Brian pense no que fez e que a Crys, supere tudo o que aconteceu.

— Eu também. Eu vou tentar fazer uma ligação quando chegarmos lá. — Assenti e nos beijamos. — Eu te amo, Kev. Até breve.

— Até breve, meu amor.

Depois que a Venice entrou e o táxi deu partida, veio agora a missão sobre o que falar para o Brian amanhã. E por questão de sorte, eu acho, o amanhã chegou rápido.

Cheguei lá e fui atendido pela mãe dele que havia preocupação e dúvida em suas expressões, então lhe contei o que houve e entreguei o recado da Fletcher, que nele havia um agradecimento pelo modo que foi recebida e de ter conhecido ambos. Juro que tia chorou quando leu, ela se apegou muito rápido com a garota desde do primeiro dia. Não sei se é instinto materno por saber das verdadeiras intenções da Crystal com o Brian, ou porque vai sentir falta dela pois não cumpriu um mês inteiro.

— Sabe se ele acordou?

— Sim, já acordou. Comeu e voltou pro quarto, quer ver ninguém. — Ah, ele vai querer ver sim.

— Eu vou pra lá.

— Querido, se ele te ouvir seja bem franco.

— É o essencial. — Sorri e subi apressadamente as escadas, parando de frente a porta do seu quarto.

Toquei com cuidado na maçaneta e rodei, vendo que estava destrancada. Entrei bem devagar e ele estava deitado olhando para o teto, ouvindo alguma fita que estava sendo reproduzida pelo seu walkman. Fechei a porta e me sentei na cadeira da escrivaninha, vendo na mesa que alguns desenhos da Crystal estavam inteiramente rasgados.

— Nunca imaginei de que você andaria tão revoltado em toda a minha vida. — Digo mexendo em um papel e senti ele me dar atenção.

Era perceptível de que não dormiu na noite que passara, e se torna mais perceptível de que chorou desde da briga até o amanhecer de hoje.

— Vai defender ela como defendeu antes? — Perguntou se dispensando do seu objeto. — Ou vai vir com os seus sermões chatos?

— Vim dizer que… a Crystal foi embora ontem.

— Oh, finalmente entendeu o recado. É só gritar que aprende.

Eu não acredito que esse infeliz gritou com a Crystal. E eu só vim aqui pra conversar, não pra meter um cascudo!

— Ai meu pai… — Soltei um suspiro e fui mexendo nas suas coisas, vendo a verdadeira carta e peguei. — Você leu?

— Não vai mudar a minha vida. — Se levantou e corri junto com a cadeira até a porta, bloqueando a mesma. — Que palhaçada, Kevin! Eu não quero saber dessa porcaria não!

— Ah, vai saber e tô nem aí. — Consegui tirar a cola do envelope e fui tirando todos os papéis.

Tem uns desenhos coloridos que a Crys fez de ambos, e umas fotos que o Ronnie havia tirado lá em Laguna com ambos conversando na praia, que inclusive foram para a revista. Mas mantive comigo, caso o infeliz quisesse rasgar isso tudo.

— Eu não quero mais saber da Crystal, Kevin. Ela preferiu ficar com o Howie mesmo cuidando de mim…

— Nunca vi o apelido que ela te deu fazer tanto sentido. — Ri da cara dele que soltou um suspiro. — Olha princesinha ciumenta de Kentucky, o Howie realmente ficou próximo da Crystal para consolar ela e o Nick e o AJ fizeram praticamente a mesma coisa através das ligações nessas últimas semanas. E você foi um injusto por nunca ter parado pra saber o que realmente aconteceu sobre o lance da carta, muito menos o que soube ontem. Foi logo gritando com a menina falando um monte de coisa e ainda por cima, expulsou ela milhares de vezes. Agora, eu vou tentar fazer você abrir os olhos e acordar de que perdeu alguém que sempre se importou com você.

— Como?

— Lendo a verdadeira carta e a outra que está aqui.

— Tenta então. — Deu de ombros e ficou esperando eu começar.

Então preparei a minha garganta e dei toda a minha atenção na letra delicada e legível da Crystal. Daí eu comecei, vendo a sua postura mudar e dar ouvidos — enfim, a hipocrisia.

“Amado Brian,

É de total certeza de que você deixou a minha vida de ponta cabeça. Foi difícil te dizer o que estava preso em mim naquele dia porque nunca passei por isso em toda a minha vida e você foi o primeiro ouvinte da minha confissão. Estou me esforçando ao máximo para ser uma pessoa melhor socialmente e até pra mim mesma, tudo graças a você que sempre teve a impressão de que o meu jeito presunçoso não se passava de uma fachada. Caramba, eu tô falando muito de mim era pra estar falando de você! Perdão. Brian, você já é o único pra mim não só por ter se tornando o meu amorzinho, mas por ter se tornado um grande amigo que eu sempre quis a vida toda. É triste saber de que não tivemos a oportunidade de nos conhecermos antes e acho que tudo seria completamente diferente agora, talvez nós dois teríamos muito mais significados, mais momentos… creio que tudo seria mais maravilhoso do que está sendo em pouco tempo. Saiba que eu valorizo tudo o que se volta a você, principalmente a sua compreensão, atenção, afeto, muito bom humor e zilhões de qualidades. Sabemos claramente de que nada é perfeito, mas você é com certeza, uma das pouquíssimas coisas que chega perto e você não se importa, é isso o que me conquista. Eu te amo, Littrell e sei de que seria bastante complicado para eu deixar de sentir tudo o que for de bom sobre você. Se isso acontecer, é porque eu perdi a cabeça completamente. Pois bem, o que acabei de escrever é o mínimo dos pensamentos que você acaba invadindo do nada na minha mente. Saiba que você é especial pra mim e que desejo o melhor para você o tempo todo. A sua visita aqui em Seattle foi extraordinária e já sinto a sua falta, mas sei de que vamos nos ver em breve, provavelmente no dia da estreia do meu filme. Tenha uma turnê incrível, aproveita os lugares que você ainda não conheceu e se divirta muito com os rapazes!

P.S.: liga pra mim quando for possível, seu patético!

Com muito amor,
Crystal Fletcher.”

— Ela gostou da minha visita? — Perguntou baixinho e assenti.

— Ela adorou. — Lhe entreguei a primeira carta e ele tocava sobre a caligrafia da mesma, relendo algumas partes. — Tá vendo o que ela de fato pensa sobre você? Tá vendo o quanto você é importante pra ela?

— É, estou. — Disse e coçou a sua cabeça olhando para a segunda carta que já estava em minhas mãos. — Essa é longa. Acho que tem haver com o que está escrito no envelope.

“leia quando eu estiver ido embora de vez da sua vida.”

— Ela provavelmente já está longe, então… pode ler pra mim?

— Senti falta desse seu tom de voz. Okay, vamos para a segunda carta. — Procurei pelo início e li a primeira frase, começando a rir fracamente.

— Vai Kevin, por favor.

“Caro resmungão, quer dizer, Brian,

Quando os meninos me falaram sobre o que você estava passando foi um choque pra mim e foi logo depois do que eu tive que ouvir da Sherry. Me sinto exausta e não tem haver com você, muito pelo contrário, é comigo mesma. Bem, eu não durmo bem há semanas porque aquelas palavras mal intencionadas da Sherry atormenta a minha mente e acabo tendo os mesmos pesadelos de que eu não sou importante para ninguém, principalmente à minha família e à você, justamente você, Brian. As palavras que você se dirigiu à mim foi uma das piores coisas que pude lidar e eu entendo, eu mereço ouvir isso depois de tudo o que eu fiz. Provavelmente você me viu chorar naquele dia e pensou: "ela provavelmente está fingindo como sempre fingiu", bem… estava completamente errado. Quando eu agi daquela forma irritante como você sempre fala, é o meu mecanismo de defesa, é automático, é incontrolável. Você sempre soube que havia outro tipo de pessoa debaixo dessa armadura e sobre isso, estava cem porcento correto. O problema é que o meu verdadeiro eu está perdido sem saber qual rumo seguir. Provavelmente durante esse mês cuidando de você irá me fazer refletir e procurar alguma solução, e eu já tenho algo em mente. Eu preciso dar um tempo. Pra tudo e pra todos. Quando a minha tarefa terminar aqui em Lexington, eu vou para Nova Zelândia ficar na fazenda com os meus pais, com as minhas plantas, a Summer e a Storm… como tudo deveria ser. E sinto de que vou encontrar o que eu procuro lá, então, não sei quanto tempo vai levar, Littrell. Pode ser meses ou até mesmo anos. Você é a primeira pessoa ao saber disso e espero que me entenda como sempre entendeu. Sei de que o que aconteceu entre nós aqui na sua casa não foi como queríamos que fosse. Mas posso dizer que foi estonteante ver você bem e se recuperar depois de tomar tanta sopa de legumes! Eu odeio brigar com você, sabia? Porque não gosto de te ver assim, eu gosto de ter ver sorrir e gargalhar com as maiores besteiras que o vento nos trouxe. Provavelmente agora estarei no avião deixando Estados Unidos novamente. Vou sentir falta, mas é bastante necessário. Isso não é um adeus para sempre, Bee, eu vou voltar quando sentir que é pra voltar e você será o primeiro a saber como está sendo agora, porque você entende sobre isso. Vou te mandar uma carta a cada mês que passar para ver o quanto estarei progredindo, você vai ver! Espero que fique feliz por mim.”

Ouvi uns soluços e lá estava ele limpando o seu rosto. Não vou mentir, é de ver a mágoa dela através das palavras escritas e senti a minha visão ficar embaçada em alguns momentos.

— Tem o outro lado. — Virei a página e respirei fundo, vendo o loiro ficar atento novamente.

“Fiz alguns desenhos pra você quando eu estava indo para a sua linda cidade natal e espero que você goste. Algumas fotos também estão aí no meio, eu quis deixar uma lembrança. Eu sei que nada será mais a mesma coisa, mas saiba que acima de tudo o que aconteceu, eu jamais iria te machucar como você ficou achando. Eu jamais escreveria aquela ruindade depois de estar grata por ter alguém como você do meu lado e mesmo assim, me desculpa pelo incômodo, pelas discussões, pelos foras e outras séries de coisas. Eu não só te cuidei por redenção ou pra te reconquistar (algo que é bem complicado agora), eu cuidei de você porque eu estava te devendo uma, se lembra? Quando você salvou a minha vida por causa de uma amêndoa? Pois bem, isso é o mínimo que eu poderia fazer por você depois de tanta coisa que aconteceu. Espero que não fique cabisbaixo quando eu estiver em casa, sei que vai sentir a minha falta de alguma forma misteriosa. E o que eu posso falar mais? É… acima de todo esse caos, eu continuo amando você, seu patético. Eu te amo e mesmo que o mundo saiba sobre os meus sentimentos por você, eu abriria a mão de tudo pra evitar de que tudo de ruim nesse mundo atingisse você. Eu te amo infinito, Brian Littrell.

P.S.: vou sentir muitas saudades de implicar com você, seu chato!

Com todo amor e carinho,
Crystal Fletcher.”

Okay, okay. Tem dois marmanjos chorando em um quarto nesse exato momento.

— Antes… — Brian se pronunciou soluçando. — Antes de brigarmos, eu disse à ela de que eu iria cuidá-la, que ela iria receber a retribuição do que havia feito pra mim nesses dias, mas… os ciúmes falou mais alto quando o Howie disse aquilo e… eu fui cruel com ela, não fui?

— Sim, você foi. — Digo limpando o meu rosto e soltei um longo suspiro. — E ela aturou você até ontem. Eu juro a você que quando eu ouvi ela chegar lá em casa e se trancar no quarto, veio uma aflição tão grande. Quando entrei lá, olhei logo pra mão dela se tinha comprimidos de calmante. A Crystal tava tão abalada, deplorável que… nossa.

— Eu tenho que pedir desculpas. Eu vou atrás dela e dizer que eu ainda a amo…

— Brian, não vá. — Ele ficou em pé. — Se você ainda a ama, deixa ela encontrar a si mesma primeiro.

— Mas não se sabe quanto tempo vai levar para ela voltar, Kevin! — Protestou e voltou a se sentar na cama. — É tudo culpa minha por ter acreditado no Sawier, por não ter desconfiado de que ele ou a Sherry manipularam aquela carta. Isso tudo aconteceu com ela porque eu não estava lá pra defender, para lhe dizer que a opinião alheia não importa… e… eu praticamente a perdi chegando à uma conclusão precipitada no episódio de ontem. Eu nunca me senti um lixo por ter sido péssimo com a Crystal, ela nunca mereceu isso a vida toda porque…

Voltou a chorar e fiquei esperando se ele iria terminar o desabafo ou conceder mais um pouco a sua mágoa.

— Porque ela é imperfeitamente perfeita. — Brian sorriu e foi enxugando o seu rosto com calma. — Ela é única, é preciosa como ninguém. E eu não posso deixar ela escorregar das minhas mãos e sumir da minha vida porque eu a amo e temos como prova de que é complicado eu definitivamente odiar aquela garota, porque tudo o que se resume à ela é complicado pra esquecer. Ela não tá errada por ter ido embora pra tão longe, então, eu deixo ela seguir a sua vida sozinha, porque é isso que alguém dedicado ao seu amor pode fazer à princípio de conversa. E quando a Crys voltar, tudo estará diferente e primeiramente, aqueles gêmeos imbecis que destruíram o nosso relacionamento vão pagar um bom preço com a lei do retorno. E… vou escrever tudo o que for necessário pra ela. Acha isso certo, Kevin?

Eu sorri vendo de que estava empenhado à correr atrás da Crystal. E pelo menos ele abriu os olhos só com aquelas duas cartas.

— Eu te daria um cascudo se estivesse tendo uma atitude estúpida.

— Era de se imaginar. — Disse pegando um caderno e uma caneta. — Como eu começo a carta? Se ela me chama de amado Brian, tem que ser algo do mesmo patamar, né?

— Óbvio. Escreva algo de coração.

— Okay, de coração… — Ficou olhando para o teto pensativo e começou a escrever o cabeçalho da carta, parando logo depois. — O que acha de “Minha adorada Crystal”?

— Perfeito. — Sorri e o seu rosto ficou corado. — O que vai escrever?

— Não sei pra falar a verdade. Eu tava pensando em escrever quando voltarmos a turnê no próximo mês e… nós vamos para Nova Zelândia nesse período?

— Só temos a Europa na agenda por enquanto.

— Bem, talvez chegue mais rápido se eu mandar de lá.

— Você quem sabe. Eu vou indo pra casa e você fala com os tios que estão preocupados contigo.

— Ah, sim! Muito obrigado, Kevin. Mesmo não ter dado tempo de impedir ela e fazer o necessário, eu sei que isso vai acontecer logo.

— Nós sabemos, Brian. Descanse um pouco e se inspire pra escrever algo bem especial para a Crys.

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