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Crystal Fletcher
Três semanas depois

O Brian ficou diferente depois que viu de que eu deixei o envelope no moletom. E de fato está diferente e eu estou achando isso estranho. Como eu posso dizer, ele foi colaborador nos dias que eu estava, comentava sobre o livro e sim, elogiava a minha comida em cada café da manhã. E gente, não foi algo gradativo, foi repentino.

Hoje eu não estou com tanta tarefa, só tinha que preparar a sopa de legumes e organizar as suas coisas no quarto, mas assim que pisei os meus pés naquela casa:

— Oi, Crys! — Ele me viu chegando e abriu a porta de repente, sorrindo pra mim. — Dormiu bem?

— É… talvez. — Digo levantando um sobrancelha e o loiro me deixou entrar. — O que faz com a sua cesta de roupa suja?

— Eu acabei de colocar as minhas roupas na máquina. — Respondeu deixando o objeto no chão e me levou até a cadeira da cozinha. — Quer alguma coisa pra comer? Parece com fome.

— Aquela aranha debaixo da sua cama era venenosa, te picou e o veneno foi para a sua cabeça te deixando completamente maluco.

Ele começou a rir freneticamente. Me senti como estivesse atuando em um sitcom, onde a platéia ri de qualquer piada aleatória.

— Você é muito engraçada, Crys. — Ele voltou a me chamar de Crys e droga, isso me deixa sem jeito. — Você não me respondeu. Vai querer alguma coisa pra comer? Eu fiz waffles!

— Brian, eu estou cheia…

— Ah. Está cheia… — Fez biquinho. — Sabe, eu… tá tudo bem. Você está se alimentando melhor agora e…

— Como soube?

— Do quê?

— De eu estar comendo melhor. — Afirmei e o mesmo se sentou do outro lado da mesa. — E por que você está tão… alegre depois da discussão de ontem?

— A Venice me contou quando eu fui devolver o livro. — Disse e senti a sua mão tocar em meu antebraço, isso me dá arrepios. — E o Kevin me explicou o que aconteceu contigo na estreia e depois percebi de que não estava bem. Você parece melhor agora.

— Você não precisava saber disso.

— Você estava tomando remédio pra dormir e isso poderia ser perigoso.

— O Howie viu, era de se esperar. — Me levantei e fui procurando o que fazer.

Eu não quero contar a ele de que eu e o Howie estamos compartilhando o mesmo quarto e o mesmo móvel nessa temporada, e o Brian poderia entender muito errado e partir pra cima do amigo.

— Ele viu?! Você tava fazendo isso escondido?! Crystal, isso é…

— Eu sei, mas você não percebe do que aquela garota falou não desgruda na minha cabeça?! — Me virei pra ele que se aproximou. — Eu faço de tudo pra distrair a minha mente, mas quando vou dormir tudo volta a estaca zero. Eu nem sei mais o que fazer, Brian.

— Eu sinto muito. Mas o que você estava fazendo poderia te fazer mal! — Ele tá me dando uma bronca, era o que estava faltando para o pacote ficar completo. — Você poderia parar no hospital por estar tomando calmante todas as noites sem nenhuma recomendação! Quando você chega aqui de manhã, completamente pálida, cansada e parecendo de que nem tocou na comida como está hoje, me deixa… coma os waffles, por favor.

Era de ver a preocupação estampando o seu semblante e estava claro de que está finalmente entendendo o meu lado sem saber o que está escrito nas duas cartas dentro daquele envelope.

— A coisa que você mais disse ultimamente foi de que eu preciso estar saudável, agora eu falo isso pra você, Crys. — A sua mão tocou o meu rosto, me assustando um pouco. Daí ele desceu para o meu ombro. — Você precisa ficar forte.

— Okay, eu como. — Voltei para a mesa e ele me serviu, estavam bem douradinhas. Depois colocou um suco verde pra mim. — O que você fez que ficou verde?

— Um certo irmão me falou um dia de que esse é o seu suco predileto. — Sorriu e sorri de volta.

— Suco de maçã verde… — Sorri sentindo falta de casa. — Aliás, tem alguma coisa que eu posso fazer pelo senhor?

— Colaborar comigo.

— Em quê?

— Cuidar de você. — Se eu não estivesse em uma cadeira, eu teria caído no chão. Pressinto de que vou surtar. — Olha só, ela tá coradinha.

— Cala a boca, seu patético.

Eu juro que eu vi os olhos dele ganhar um brilho quando eu o chamei de patético. Eu vi ele suspirar e controlar um sorriso involuntário que começou a surgir em seu rosto, além do tom rosado em suas bochechas e nariz. Vi de que ficou sem jeito e saiu da cozinha para a sala.

Essa foi a coisa mais fofa que eu já vi depois de tanto tempo sem vê-lo.

— Howie, todo dia na minha casa. — Disse ele e o latino entrou, olhando primeiramente pra mim.

— Por que ela pode comer aqui e eu não?! Que injustiça!

— Você acaba com tudo.

Isso pareceu eu com a Nivea quando ela invade o meu apartamento pra atacar a minha dispensa. Que saudades eu tenho dela, de todas as minhas amigas pra falar a verdade. Provavelmente o Nick já se declarou para a Maya sem precisar dos meus conselhos, a Sam deve estar indo bem na Liga das Nações que provavelmente está perto de terminar, e o AJ acompanhando a Nivea em todos os jogos lhe dando apoio em campo. Sinto falta de tudo, inclusive daquele idiota que está lá na sala.

Mas quando será que tudo vai voltar a ser como era antes? Quando?

— Crys, a Venice me obrigou a vir aqui dizer que uma emissora local convidou você para uma entrevista ao vivo hoje à tarde. — Disse e fiquei sem saber o que reagir.

Tinha me esquecido por essas semanas de que sou atriz e o assunto do momento nos programas de fofoca. Todo mundo espera para eu me manifestar ou aparecer publicamente com o Brian. Isso me deixa furiosa ao ponto de surtar incontrolavelmente.

— Crystal, você sabe que não é obrigada a dar entrevista por causa daquilo…

— Eu vou. — Dispensei o que o Littrell estava falando e ele me olhou na maior desaprovação. — Se eu não for, vão inventar outras coisas sobre mim e se eu for, eu posso finalmente dar um ponto final nessa droga.

— E se você se sentir desconfortável com as perguntas? — Howie perguntou.

— Que se dane. Esses parasitas preferem acreditar numa filhinha de papai que nem é tão conhecida assim do que alguém que tentou manter tudo discreto. — Digo e solto um longo suspiro. — Eu vou pra essa maldita entrevista.

— Pra refrescar a sua memória, amiga, a Sher é prima do Nick e podem ir pra cima dele mesmo tendo haver com nada do que aconteceu.

— Mas ele estava lá. — Brian disse olhando para o latino. — Crys, você se sente bem pra isso?

— E eles se importam com isso?! — Olhei incrédula pra ele. — De que horas eu tenho que está lá, Howie?

— Três horas da tarde, é a hora que o programa começa.

— Três horas, eu estarei lá. — Ele assentiu sorrindo.

— Eu vou indo para ajudar a tia Ann nas compras. Ah, eu arrumei o quarto que estamos e vai ter a cama só pra você hoje quando voltar da entrevista. — Aquela cara fofa do Brian sumiu de forma imediata. — Eu vou para outro estado para uma entrevista solo hoje a noite e voltarei amanhã.

— Entendi. Até amanhã.

— Até Crys. — Sorriu. — Até amanhã, Bee.

— Até. — Brian foi acompanhando o latino até a porta e fechou, ficando calado e sentado no sofá assistindo desenho animado.

Meu Deus do céu, o Howie foi muito sem noção. Eu não disse que ele poderia entender tudo errado!

Assim que terminei de comer e fui tentar me aproximar dele, ele desligou a TV, se levantou e foi subir as escadas com uma cara de raiva que eu não tinha visto desde que cheguei aqui.

— Brian. — O chamei e resolvi ir atrás dele que fechou a porta na minha cara. — Não é o que está pensando. Escuta, você provavelmente sabe de que lá na casa do Kevin só tem um quarto de hóspedes e nós resolvemos dividir o quarto pra não ter que dormir no sofá. Entende?

Brian abriu a porta ainda com a expressão negativa.

— Não, eu não entendo. — Disse e algumas lágrimas estavam nascendo em seus olhos azulados.

— Brian, você sabe muito bem de que eu e o Howie somos apenas amigos e nada mais…

— Não foi o que estava parecendo há três semanas! Ele faz questão de vir aqui em casa ver você, ele não sai de perto de você e sim, eu vi muito bem ele falar alguma coisa no teu ouvido e te abraçar logo depois lá na rua! Eu não imaginava que um dos meus melhores amigos poderia fazer uma coisa dessa comigo!

— Brian, ele só estava me ajudando a fazer a minha mente fluir desde do que aconteceu, não há nada demais nisso! Não há motivos pra você ficar bravo!

— Não há?! — As lágrimas desciam atrás da outra e parecia me xingar mentalmente. — Não sei como é lá na Nova Zelândia, mas aqui é algo muito imperdoável. Ele fez questão de falar que teria a cama só pra você, isso é… isso não pode ser o que estou pensando. Vocês estão dormindo juntos, compartilhando o mesmo quarto, andando juntos pra lá e pra cá, te chamando de “gata”. Com certeza aconteceu muita coisa quando vocês foram para a cachoeira.

— Pra quê esse surto, Brian?! Droga, nós não temos mais nada pra sentir ciúmes e caramba, você vai deixar tudo isso chegar em uma péssima conclusão?! O Howie jamais seria assim com você ou um dos rapazes! O que você falou é grave demais e…

— Se não foi ele, foi você então, não é?! Diga pra mim, Crystal. — Ele fez que fosse se aproximar mas acabou recuando.

— Eu jamais chegaria a esse ponto. — Limpei o meu rosto. — Saiba que… mesmo sendo um completo bipolar comigo, e sendo mais nada pra mim, eu nunca iria te machucar.

— Ah tá bom. Explicação mesquinha da sua parte, Fletcher. Eu já deveria ter percebido o quanto ele ficou te defendendo naquela noite. Ele gosta de você. — Fui balançando a cabeça e me atrevi a se aproximar. — Fique longe de mim, você me enoja.

— Brian…

— Não fale mais nada pra mim. — Disse olhando em meus olhos. — Vai embora daqui pra não piorar as coisas.

— Mas do que já começou a piorar?! — Falei um pouco mais alto para a minha voz sair. — Você se tornou alguém com um pensamento tão estúpido ao ponto de criar histórias só pra se magoar!

— Olha só quem fala, a Lis Parker. — Debochou da minha cara. Isso já passou do limite.

— Eu te daria um murro…

— Então faça! Quebre o meu nariz como quebrou o do Sawier! — Gritou e me afastei dele. — Pelo visto você não é tão durona como parecia antes.

— Brian, por favor…

— Eu te odeio. Agora saia da minha minha casa e da minha cidade.

— Brian…

— Você é surda ou quê?! Vai embora! Eu nunca precisei de você mesmo.

Mais uma vez ele fechou a porta na minha cara e fui andando até a casa do Kevin praticamente rastejando os meus pés para não perder totalmente as minhas forças. Entrei no quarto de hóspedes trancando a porta e fiquei no chão, concedendo tudo de uma vez só. Eu não ouvia e nem via alguma coisa, tudo se tornou tão escuro.

E mais uma vez chego na conclusão: a Sherry Finnigan estava certa o tempo todo.

Nada disso teria acontecido se eu não existisse.

Então eu vou embora, se é o que ele quer. Não é porque eu estou fazendo a sua vontade, é porque eu o amo e mesmo ele desacreditando em mim, eu o amo e vou embora porque não quero mais destruir a sua essência.

— Crystal, é o Kev. Você está aí? — Ouço a voz do Kevin, mas eu não tava conseguindo emitir algum som. — Crys, pode abrir a porta?

— Me deixe em paz. — Digo e saiu como um suspiro.

— O quê?! O que houve? — Percebi de que ele insistia em abrir a porta, a maçaneta não parava de fazer barulho. — Crystal, abre essa porta.

— Vá embora! — Digo me afastando da porta e me encosto na parede. — Eu quero ficar sozinha.

— Não, você não vai. — Ouvi a sua voz ficar distante e em poucos segundos, a porta se abriu com uma chave reserva. — Crys!

Ele veio até mim e pegou na minha mão, como fosse pra ver se tinha alguma coisa.

— O que aconteceu pra ter se trancado?! — Eu o abracei mais apertado que podia. — Calma, vai ficar tudo bem.

— Quando? — Digo e vi a Venice deixar algumas coisas cair de suas mãos e correu até mim, tocando no meu cabelo. — Ele me odeia por causa de algo que não fiz e jamais faria.

— Mas estava tudo indo tão bem…

— Ele soube de que eu e o Howie estamos compartilhando o mesmo quarto e… — Comecei a chorar mais ainda e agora era eles dois que me abraçavam. — Disse que era imperdoável. Não aconteceu nada, eu juro!

— Kevin, você pode ir falar com ele? — V olhou para o mesmo que assentiu. — Eu fico aqui com você e cancelamos a sua entrevista, okay?

— Eu quero ir pra casa. — Digo e a morena assentiu me ajudando a se levantar.

— Como quiser, nós voltamos para Seattle…

— Não, estou falando da minha primeira casa. — Olhei pra ela que me deixou na cama e ficou me abraçando. — Eu quero ir pra lá e ficar lá pra sempre.

— Crys… — Suspirou. — Tome um banho, que eu faço as suas malas, okay? Vou ligar para o aeroporto procurar pelo próximo vôo para Wellington.

— Okay. — Sorri fracamente, limpando o meu rosto. — Mas antes de irmos, eu preciso me despedir dos pais dele e deixar algo pra eles, o que falta.

— Como quiser.

— Kevin, você espera para levar?

— Sim, eu espero.

— Obrigada.

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