⭐ 05

Crystal Fletcher

Hoje foi o pior dia da minha vida. Culpa daquele Brian que só ficou longe de mim por causa da gravação. Sim, é culpa dele, a sua presença me incomoda muito e acabei me atrapalhando demais naquela hora.

Agora é só respirar fundo, tomar um bom banho e assistir algum filme na televisão do hotel.

— Venice. — A chamo e a mais velha aparece na porta do banheiro. — Podemos conversar?

— Deixar eu terminar de tirar a minha maquiagem.

— Tudo bem. — Ajeitei o meu cabelo e me apoiei na cabeceira da minha cama, olhando para a TV.

— Deixa-me adivinhar… é sobre o Brian, não é? — A morena sorria como fosse alguém que eu gostasse muito. — Só vou te dizer uma coisa que eu vi: quando você apareceu naquele estúdio, ele ficou… como eu posso dizer… muito admirado.

— Coitado. — Neguei com a minha cabeça. — Ele ficava o tempo todo chegando perto pra falar besteira, falou até do meu esmalte! E eu o vi rindo de mim quando acertei aquela bola pesada na minha cara!

— Mas descobriu o motivo de não ir com a cara dele?

— Sim! Ele é cabuloso, intrometido e muito formal. — A mais velha gargalhou. — Sério, parece um dicionário ambulante!

— Mas cá entre nós duas, ele é bonitinho…

— Óbvio que não. Agora… eu vi o jeito que você tava conversando com o Kevin.

— Não foi nada demais, ele… só me ajudou a servir o almoço, foi bem gentil da parte dele e…

— Ele faz o seu tipo, Venice.

— Não, isso não! — Rápido demais para negar isso, daí ela riu fracamente. — Olha Crys, eu mal o conheço, esse tipo de coisa tem que ser com muita calma. Eu não vou brotar na frente dele e pular em seu pescoço, isso é muito sem noção!

— Isso quer dizer que você gosta dele.

— Eu só acho ele atraente, não é nada demais. — O rosto dela tá mais vermelho do que a maçã que comi hoje de manhã. — Agora o seu ódio pelo Brian… é muito mal contado!

— Ele é só um garoto chato que infelizmente respira o mesmo ar que eu respiro e espero que essa seja a primeira e última vez que vou ver aquela cara dele pessoalmente em toda a minha vida.

— Se é o que você diz, tudo bem. — Riu. — Aliás, eu encontrei um cartão de visitas de um DJ no chão, foi você que ganhou?

— Ah, sim! É do Sawier. Eu acabei me encontrando com ele lá no centro e ele me convidou para sua festa neste sábado, aí ele me deu esse cartão para ligar pra ele.

— E como vai ser essa festa?

— Eu não sei, ele só disse que seria uma honra me receber lá. — Sorri para ela que olhava seriamente pra mim. — Deixa, por favor?

— Eu vou com você. E sem cara feia!

— Tá bom.

No dia seguinte, todo mundo se reuniu no local da gravação e vamos de mais uma vez olhar para a cara do Brian Littrell. Dá-me forças.

— Oi, Crys! — A Sam apareceu do meu lado sorridente e sorri de volta, cumprimentando a mesma. — O que está achando do seu trabalho?

— Tô gostando, o ambiente é bem… — O loiro olhava pra mim enquanto conversava com o Nick. — … agradável. E você?

— Eu tô amando isso! É como eu te disse ontem, eu não imaginava que eu iria gravar um clipe. Agora, você estava um pouco desastrada ontem.

— Pois é, Sam. A minha mente estava muito ocupada no momento e só consegui focar melhor nas últimas tomadas.

— Você mesma disse que era bem comum.

— E é mesmo. Até grandes atores erraram muito em seus papéis, mas eles não desistiram de si mesmo.

— Genial. — Disse ainda sorrindo e acenava para os rapazes. — Sabe, eu queria muito andar um pouco na cidade, só que não posso ir sozinha e…

— Quer que eu vá contigo? — Indaguei olhando para a sueca que ficou bem contente ao ouvir.

— Claro, e eu tava pensando em chamar o Howie, será que ele topa?

— Creio que sim, se ele não tiver outro compromisso.

— É, tem isso também. — Ela começou a falar sozinha do nada, acho que está pensando alto. — Aliás, você mora em que cidade?

— Seattle.

— Legal, eu moro em Beverly Hills, é mais perto de onde eu treino, sabe? Lá é incrível, seria divertido se você fosse pra passar uns dias lá em casa.

— Eu tenho certeza que sim e aliás, eu tenho uma amiga que vai adorar conhecer você. Ela é líder de torcida do NFL.

— Mesmo?! Incrível! Qual é o nome dela? — Quase não a entendi pela velocidade que falou.

— É Nivea Valentine.

— Nivea… acho que eu a conheço. Vai ser legal conhecer a sua amiga, Crys!

— Crystal! — Ouço a Venice e peço licença para a jogadora e vou em direção da minha empresária. — Estamos liberadas, você foi muito bem ontem e não tem uma parte contigo que precisa ajustar.

— Legal, mas… vamos ficar para a festa do Sawier?

— Você quer mesmo ir, não é?

— Ah é que ele é muito bonitinho e queria vê-lo de novo. Você mesma disse ontem que iríamos para essa festa!

— Eu vou pensar e temos que ver se vai aparecer mais um compromisso pra você, okay?

— Okay.

— Pode ir voltar a conversar com a Samantha.

Sorri e fui andando animadamente, até trombar e derrubar uma caixa com itens do cenário que estavam nas mão do Brian.

— Olha pra onde anda, seu besta! — Digo olhando feio pra ele que me olhou feio também.

— Quem deveria olhar era você, miss egocêntrica!

— O quê?! — Me virei para o mesmo que manteve a sua postura.

— Você ouviu muito bem e quer saber? Dou graças a Deus por não ver mais a sua cara depois de hoje.

— Por que não fala assim com alguém do seu tamanho?!

— Porque não sou obrigado à nada. — Sorriu ironicamente. — Se me permita, eu tenho coisas à fazer.

— Tá bom, vossa excelência. Ocupa esse cérebro desconfigurado. — Sorri do mesmo jeito de volta. Brian olhou pra mim dos pés à cabeça com uma expressão incrédula.

— Só fala comigo desse jeito depois de estudar gramática direito, Fletcher.

Cadê o tijolo pra eu tacar na cabeça dele?!

Brian Littrell

Own, coitadinha. Ficou brava por recebido um troco bem justo, até que foi revigorante a sua reação ao me ouvir sendo rude com a mesma.

Depois que ela foi embora com a garota dos sonhos do Kevin, nós retomamos com as gravações que não foram tão demoradas como as de ontem. Então, isso significa que vamos voltar para a casa dos Finnigan passar mais alguns dias com os gêmeos, já que vai haver festa neste sábado.

— Brian, que ceninha foi aquela?!

Um fato que descobri há alguns dias: o Howie é testemunha de todos os acontecimentos entre pessoas próximas ou até mesmo desconhecidas.

— A Crystal teve o que mereceu, ué. — Dei de ombros e abri a porta do meu quarto, mas o latino foi logo atrás de mim.

— Mas sei lá, cara… não achei muito legal não. Ela é uma pessoa incrível e deve ser bem tratada, com muito respeito.

— Quem te disse isso? — Levantei uma de minhas sobrancelhas.

— Você sempre disse isso, Brian. Ela pode estar apenas zoando com a sua cara ontem ou…

— Ou…?

— Ela gosta de você. — Sorriu e gargalhei. — Qual é a graça, toco de carvalho?

— Da Crystal Fletcher gostar de mim. — Digo limpando o meu rosto, por essa eu não esperava. — Howie, eu vi nos olhos dela o maior desprezo que tem por mim. E sabe, ela tá longe de ser o meu tipo, prefiro mil vezes a Lis.

— Lis isso, Lis aquilo… deixa de ser Shakespeariano, Brian! A menina mora lá no fim do mundo e você já tá ficando gamadão por ela!

— Howie, se ela confirmar a minha pergunta de que quer me ver, ficarei muito feliz. Se ela mandar o seu endereço, melhor ainda! Eu já te falei muitas vezes que a garota é muito inteligente, gentil, amável…

— Quando vê ela é uma tiazinha dos gatos, pode apostar! — Riu da minha cara. — Enfim, cada um tem os seus gostos peculiares.

— Imbecil. — Digo e Howie sai do meu quarto ainda rindo.

No dia seguinte, o diretor do clipe nos disse que tudo está perfeito e que já está sendo encaminhada para a equipe de edição audiovisual. Nós cinco ficamos ansiosos para o dia da estreia de qual jeito vai causar esse clipe no mundo.

Como eu queria que a Lis pudesse ver e me telefonar sobre o que estava achando. Não paro de contar os dias até as suas cartas chegarem pra mim, tudo depende dos correios e da exportação.

Nick me abandonou ultimamente. Tá preferindo ficar no porão com o AJ e de vez em quando o Sawier está lá com ambos. E como eu não tinha muita coisa a fazer, o que custa ir dar uma volta pelo centro da cidade?

Mas quando eu abri a porta principal…

— Hey, Brian! — Era a Sher, ela descia as escadas apressadamente até me alcançar. — Vai para o centro?

— Sim, vou dar uma volta. Quer ir comigo?

— Claro! Bem, eu queria te levar à um lugar bem legal lá e depois poderíamos ir para uma padaria onde tem uns sonhos incríveis! Topa?

— Eu topo.

— Então vamos! — Ela pegou na minha mão e fomos andando em direção da garagem. Havia uns três carros caríssimos. — Vamos no Mercedes.

— Como quiser. — Sorri fracamente e entrei no passageiro depois de ter aberto do motorista para a mesma.

Começou a chover assim que saímos da garagem, e tinha cara de que não iria acabar tão cedo. Eu e a Sherry ficamos conversando aleatoriamente enquanto faltava pouco para chegarmos na parte mais urbana da cidade, até que:

— Ai meu Deus! — Sher diminuiu a velocidade do carro e ficou olhando para o seu lado esquerdo. — Olha, é a Crystal Fletcher passeando com a Samantha Finch!

Eu mereço.

— Brian, cê acha que elas vão querer falar comigo? — Ela disse parando o carro e ajeitou os seus cabelos.

— Creio que sim. Vai lá, eu espero aqui. — Digo e a Finnigan sai, e virei o meu rosto para o lado oposto.

— Brian, vem cá! — Sher reaparece sorridente e sorri de volta, um pouco sem graça. — Vem, elas querem ver você.

Saí do carro e ela me arrasta até ambas que estavam conversando, mas quando a Crystal me viu, o seu olhar mudou um pouco. Pelo visto, ela é um pouco educada para não demonstrar publicamente o ódio que tem por mim.

— Crys, Sam, esse é o Brian dos Backstreet Boys! Ele tá passando uns dias na minha casa junto do meu primo e de seus amigos.

Entre nós três, algo a gente sabia: não podemos demonstrar que nos conhecemos depois das gravações, tudo deve ser surpresa, segundo as ordens do diretor.

— Oi, Brian. — Sam acenou pra mim e retribui.

— É um prazer imenso conhecer você, Brian. — Agora ela foi educada e deu a sua mão para eu apertar.

Mas não sei o que deu em mim, acabei beijando a sua mão incrivelmente macia.

— O prazer é todo meu, Crystal. — Sorri para a mesma que sorriu de volta, já tinha me esquecido do quanto ela fica linda assim.

— Então, do que vocês duas acham de irem para a minha casa no sábado? O meu irmão vai dar uma festa!

— Me perdoe pelo atrevimento, mas… o seu irmão é o Sawier Finnigan? — Fletcher o conhece?!

— Exatamente, é o meu irmão gêmeo! Olha que ele é só um simples DJ e campeão municipal de queimada.

— Ah é que nos encontramos aqui há uns dois dias, Sherry. — Crys sorriu e parecia que ela gostou daquele abestalhado.

— E esse doente não me contou! Nossa, é que eu adoro o jeito que você trabalha e sou muito a sua fã.

— Bem, eu me esqueci de ligar pra ele, mas estou confirmando de que vou estar lá.

— O Sawier te deu o endereço?

— Não, ele não me disse.

Sher deu todas as informações para a atriz e as três começaram a ter uma conversa mais fluída e eu estava começando a ficar de fora.

— Bee, vamos para a padaria que te falei! — Sher pegou na minha mão novamente e notei a Crys olhar de relance e voltou a conversar com a Sam. — Você vai adorar os sonhos que eles fazem, tem recheio de vários sabores!

— Legal, Sher. Engraçado que eu nem… trouxe a minha carteira.

— Besteira, Brian. — Crystal abriu a porta para a gente e sorriu novamente. — Está por minha conta.

Tinha me esquecido desse detalhe. Ela é uma ótima atriz, mesmo tendo apenas dezoito anos, podemos deixar entre nós que a Fletcher é… prodígio.

Entramos e o ambiente era bem tranquilo e muito chique. Ninguém se manifestou com a nossa presença. Sam pegou um lugar para quatro longe das janelas e nos sentamos, olhando o cardápio.

Crystal Fletcher

Sorte dele que eu sou atriz, quando eu vi essa figura andando em minha direção, quase dei meia volta. O mais bizarro é que ele beijou a minha mão na hora de cumprimentar, não vou mentir, mas… ele tem cara que beija bem. Porém, todavia, contudo, isso não significa que eu quero beijar ele, que nojo. Tira essa ideia maluca da sua cabeça!

E aquele idiota mal sabe, que fui a aluna mais aplicada em gramática até o primeiro semestre do ano passado, no terceiro ano. Então sim, Littrell. Eu posso falar contigo no jeito que eu bem quiser, só pra deixar isso bem enfatizado.

Cada um fez o seu pedido e formos servidos com rapidez, nem sei o por quê.

Eu só sei que… esse doido infeliz olhava pra mim de relance, dá-me forças. Será que ele é tão lerdo pra se iludir com a minha atuação ou… ele pensa que nós vamos ser amigos com o fato de hoje?

— Esse com açúcar e canela é incrivelmente delicioso! — Sam disse com a boca levemente cheia e ri fracamente. Ela vai se dar muito bem com a Nivea.

Saudades da Nivea, espero que ela esteja bem.

— Sam, vai com calma. — Digo olhando para a loira do meu lado. — Você pode se engasgar.

— Eu tô aproveitando o meu último dia aqui, amiga! Aliás, eu posso pedir mais dois desses pra viagem? Eu transfiro o valor que estou devendo em cheque.

— Não precisa, Sam. Fica tranquila.

— Você que sabe, Crys. Aliás, obrigada.

— Disponha, amiga. — Sorri pra ela e tomei o resto do meu suco de limão. — Por que não escolhe antes que a conta chega?

— É, eu vou lá.

Agora ficou eu, Sherry e o Brian. Eu já estava pensando em ir lavar as mãos para sumir um pouco da frente dele, mas a irmã do Sawier foi pra lá e como eu tinha que esperar a conta…

— Por que você não é assim com todo mundo? — Lá vem ele encher a minha paciência.

— Porque não sou obrigada. — Sorri rapidamente pra ele e olhei o lado onde o mesmo não aparecesse na minha visão periférica.

— Chega você vira outra pessoa quando fala assim, eu quase caí na sua ladainha naquela hora.

— Isso é problema seu, querido. Agora por que não faz algo mais útil que fez até nos últimos trinta segundos, que é calar essa boca?!

— Eu não vou fazer isso só porque você quer, Fletcher. Pare de achar que o universo orbita em você. Você é só uma jovem atriz que mal começou a carreira e já está achando que é a última bolacha creme cracker do pacote! Aliás, você é. — Sorriu. — Porque a última bolacha é sempre a mais quebrada que ninguém se importa e jogam fora.

— Aqui está a conta, senhorita Fletcher.

— Obrigada. — Sorri para a garçonete e vi a nota fiscal. Abri a minha carteira e tirei o valor exato da conta, junto com a gorjeta.

— Obrigada também, senhorita. Tenha um bom dia.

A mesma se afastou e peguei o cardápio, para não ter a vontade de acabar com a cara dele aqui mesmo.

— Perdeu o argumento, Fletcher?

— Você é um lixo, sabia? — Respiro fundo. — Aliás, isso é pouco. Você é pior do que a última bolacha do pacote. Você é a bolacha que ficou ruim e jogaram fora da fábrica.

— Eu tenho o meu valor!

— E é negativo. — Pego as minhas coisas e saio da padaria, acabei trombando em alguém de novo.

— Crystal! — Era o Sawier. Menos mal. — Então, você vai para a minha festa?

— Vou, só por sua causa. — Beijei o seu rosto e fui andando de volta para o hotel.

Eu nunca havia me sentindo tão chateada e pequena como hoje. Eu não ouvia algo assim há anos e acaba que fica na minha cabeça por dias, ou até mesmo semanas. Então ele é realmente assim quando ninguém está por perto? Eu sabia esse tempo todo que o seu semblante de bonzinho poderia ser fingimento. Mais um motivo para eu detestar ele.

— Então, como foi o passeio?

— Foi bom até aquele chato aparecer. — Digo tirando o meu cardigan e os meus sapatos.

— Aconteceu alguma coisa? Está com uma carinha triste e brava ao mesmo tempo. — Venice já se preocupou e não adianta, tenho que lhe contar a verdade. Então eu fiz isso.

— Aquilo foi pior do que uma facada nas costas.

— Ele vai se ver comigo. Aliás, com o primo dele! — Lá vai ela pegar o telefone e discar um número.

Quando a mesma foi atendida, começou a contar tudo para o Kevin até os mínimos detalhes da discussão. Ela ficou muito brava com isso.

— Você já tem o número dele?!

— Pare de pensar besteira, Crys. Descanse um pouco. Eu vou buscar as roupas na lavanderia e pensar em como eu vou conversar com o Brian. Ninguém chateia a minha Crystal!

Eu disse à você que ela é tipo a minha irmã mais velha antes, não foi? Não importa o que aconteça comigo, às vezes pode ser culpa minha, mas ela tá nem aí e defende. E cuidado, ela é faixa preta em judô.

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