Two souls into one flesh

Capitulo Unico.
Leitora/Dean Winchester.

Primeira musica: Breathe Again - Sara Bareilles

Segunda musica: Say You Won't Let Go - James Arthur (mídia) 

Terceira musica: Hunger - Ross Cooperman

***

Inverno de 1998. Columbus, Georgia.

Deitei no sofá e passei de canal em canal de Tv, totalmente desinteressada, caçando algo de interessante para assistir. Aporta do motel abriu-se e Dean entrou com Sam em seu encalço.
- O que eu tenho que fazer pra você me deixar em paz - Sam falou, revirando os olhos de irritação para o irmão mais velho.
- Eu quero ajudar você, Sammy - Dean respondeu em tom humorado, mas claramente deixou Sam ainda mais irritado.
- Qual  o problema de vocês dois? - Perguntei, me sentando.
- Dean é um idiota - Sam respondeu. E Dean deu de ombros, murmurando "vadia" para o mais jovem. - Ele não consegue parar de me encher.
Lanço um olhar de censura para o loiro e ele apenas sorri e me manda uma piscadela de volta.
- Eu estou sendo um bom irmão mais velho - Estreitei os olhos e encarei Dean novamente, ele riu.- Amanha vai ter aquele baile no colégio de vocês e eu estava tentando convencer o esquisitinho aqui a convidar alguém.
O baile de inverno. Era amanha á noite e todas as garotas do ultimo ano estavam doidas com isso, todas menos eu. Afinal, eu nem ao menos sei se ficarei tempo o suficiente nessa cidade para me formar, logo John estará de volta e nos levará para outra cidade. No entanto, enquanto isso não acontece, ficamos Dean, Sam e eu aqui, tendo de ir a escola e agir como adolescentes. Dean já está formado, livrou-se de toda a chatice infernal do ensino médio, mas Sam e eu ainda não. 

- Cala a boca, Dean - O moreno resmungou.- Eu não vou ao baile porque não quero. Tenho mais o que fazer.
Sam apanhou um grosso livro na cabeceira, algo sobre monstros mitológicos e se jogou em sua cama, fechando-se em sua bolha a qual ninguém é capaz de penetrar.  Infelizmente sobrou apenas a mim para Dean atormentar. O loiro jogou-se ao meu lado no sofá e me olhou interessado.
- Mas e você, S/n, vai ao baile?
- E por que te interessa? - Pergunto, minha atenção voltada para a tv.- Você nem esta mais no colégio.
- Tem razão, mas eu fui convidado, então aproveita a corona. 
Fiquei em silencio, encarando a Tv, sem nem mesmo registrar o que passava, apenas encarando as imagens que eram transmitidas e sentindo algo dentro de mim se torcer. 
- E quem convidou você? - Pergunto sem me conter. 
- Uma garota gostosa que faz ginastica com você... acho que se chama Tina, ou algo assim. Quando fui buscar você e Sam á alguns dias ela me chamou e perguntou se eu iria com ela.
Não respondi, fiz apenas um som baixo com a garganta, em sinal de entendimento e desinteresse. Betina, ou apenas Tina, era um ruiva que não polpava esforços para ser vadia. Tratava todos com superioridade e agia como se fosse a rainha da porra do mundo todo. Eu não estava surpresa por ter sido ela a convidar Dean, afinal ela tem fama de namorar caras mais velhos. Senti meu estomago revirar com a simples ideia de que ela tenha algo com Dean. 

Eu e o Winchester mais velhos nos conhecemos desde sempre, basicamente. John era melhor amigo dos meus pais, e sempre caçava com meu pai. Mas certa vez, algo deu errado e meu pai acabou morrendo, alguns meses depois minha mãe também se foi enquanto tentava vingar a morte do marido. Desse jeito, eu acabei órfã e John decidiu que cuidaria de mim a partir daquele dia. Isso faz 12 anos.
Dean e eu, mesmo não sendo irmãos vivemos como se fossemos, ou pelo menos Dean me trata como se fosse. Eu sempre o encarei como o irmão mais velho chato do meu melhor amigo, que no caso é Sammy, que tem quase a mesma idade que eu e de certa forma pensa igual. E eu odeio que seja assim. Odeio que Dean me veja como caçula, odeio que saia com outras garotas na minha frente e peça que guarde segredo, e odeio que fale que sou uma criança na frente de outras garotas. Eu odeio tudo isso porque simplesmente o amo, e todas essas coisas são a prova de que não é reciproco.

Ele ainda estava do meu lado, rindo de algo que provavelmente passou na tv e eu não prestei atenção. Observei seus traços com cuidado para que ele não me apanhasse e desejei ser diferente. Desejei ser atraente como as garotas com qual ele escolhe para sair e desejei ser corajosa o bastante para dizer a ele tudo o que sinto. Balanço minha cabeça, afastando tantos clichês que decidiram me pegar hoje e me levanto.
- Aonde vai?- Dean logo indaga, curioso ao me ver apanhar um casaco encima da comoda.- Já esta escurecendo.
- Vou dar uma volta -Respondo evasiva antes de sair do quarto e não dar chances para que ele faça novas perguntas.

***

O colégio estava todo preparado para a recepção dos alunos. O baile de inverno parece ser algum tipo de tradição por aqui, e todos ficam extremamente empolgados com sua chegada. Convenci Sam a vir comigo, pois não quero passar o constrangimento de vir a um baile sem par. Não disse ao Winchester mais velho que iria ao baile, e no dia anterior quando sai na pressa de arrumar um vestido também não falei o que planejava. Não interessa a Dean se vou ou não ao baile, e muito menos com quem. 

- Você esta linda, S/n, é sério - Sam falou, sorrindo quando desci do carro e aceitei seu braço estendido para mim.
- Você é meu melhor amigo, Sammy, sua opinião não conta.
- E a de quem conta? Dean?
Desviei o olhar e abaixei a cabeça, encarando a barra esvoaçante do vestido.
- Talvez - Resmunguei sem conseguir mentir. Sam sabia que eu sentia algo por seu irmão, mas nunca me dedurou, pelo contrário sempre tentou me encorajar, já que era sempre eu a ajuda-lo quando Dean o aborrecia.- Mas não estou aqui para isso. Lembra que o combinado era se divertir?
Sammy riu.
- Eu não combinei isso. Lembro de ter sido arrastado da minha cama e enfiado em um terno.
Nós seguimos até o interior do prédio e em seguida caminhamos pelos corredores quase escuros até o ginásio, onde aconteceria a festa. Sam e eu cruzamos o portal enfeitado e iluminado, dando de frente para o lugar quase cheio de alunos que dançavam animados. 
- Pronta?
Sam perguntou-me ao ver que travei na entrada.
- Acho que sim.

Murmurei, repentinamente insegura. Caminhamos através do salão, passando por varias pessoas que por algum motivo não parava de nos encarar. Por instinto me encolhi mais junto a Sam e apertei mais seu braço.
- Por que elas não param de nos encarar?
Indaguei. Sam riu suavemente e respondeu:
- Estão encarando só você, S/n, eu disse que estava linda.
Continuamos andando até o outro estremo do ginásio onde haviam bancos, mas antes que eu pudesse me sentar, duas figuras se aproximaram de nós. Só quando estavam diante de mim pude distinguir quem era. Dean e Tina. Ela agarrada em seu braço, quase grudada.
- Vocês vieram - Dean falou, estava em sua voz que ele achava engraçado o fato de estarmos juntos. Como se nenhum de nós dois tivesse a capacidade de estar lá com mais ninguém. Esse pensamento me aborreceu, e por mais que uma vozinha em meu inconsciente, mais conhecida como "razão" me disse que eu estava sendo paranoica, continuei me irritando cada vez mais.
- Achei que talvez não fosse uma completa perda de tempo - Respondi dando de ombros. Desviei o olhar dele para o resto do salão e assim que voltei a pousa-los no Winchester conseguir captar seus próprios olhos e analisarem de cima a baixo e seus lábios repuxarem-se em um sorriso por breves segundos. Uma musica lenta começou e em minhas fantasias malucas e românticas, esta seria a ocasião perfeita para que Dean me tirasse para dançar, mas como nada acontece como o planejado.

- Eu amo essa musica! Vem, vamos dançar - Tina exclamou empolgada e arrastou o loiro pista a dentro. Dean foi, mesmo com uma expressão que sugeria seu total descontentamento em ter de ir.

- Vem, Sam, vamos sentar e sei lá... rir das outras pessoas dançando.

Falei segurando a mão do garoto e o puxando comigo. Entretanto, Sam não saiu do lugar.
- Não, nós vamos dançar.
- Você não tem que fazer isso, Sam - Falei, sorrindo fraco. Eu sabia o que meu amigo estava tentando fazer... claramente me consolar.- Vamos só... sair daqui.
- Eu não vim até aqui para ver você triste, S/n. Dean vai notar o quanto você é incrível, ele vai ver como esta perdendo tempo com essas garotas sendo que tudo o que ele precisa está em você.
Eu estava emocionada com as palavras de Sam e com a forma com qual ele estava dedicado a me ajudar com os problemas de meu coração idiota. Eu o acompanhei até o centro da pista e me posicionei com os braços em volta de seu pescoço enquanto ele envolveu minha cintura e em seguida iniciou movimentos compassados, onde me conduzia delicadamente. Eu percebia que discretamente nos aproximávamos mais de Dean e de seu par. Sam rodopiou comigo em seus braços, seguindo a melodia lenta da canção de forma que eu não ficava tonta ou perdesse meu equilíbrio. 
Sam sorria discretamente e indicava o irmão com a cabeça. Dean nos encarava como um lobo, totalmente atento, seus olhos se assemelhavam com faróis, fixos em nós. Enquanto nós estávamos dançando percebi o quanto Dean perdeu varias vezes o ritmo e em algum momento chegou a pisar nos pés da garota. Para disfarçar minha enorme risada por isso, escondi o rosto contra o peito de Sam, que também não continha um sorriso. Ao fim da musica, nós nos afastamos.
- Você foi incrível, Sammy! - Exclamo, empolgada. Logo em seguida uma nova canção começa. Imediatamente tal letra toca meu interior, algo nela me faz virar a cabeça na direção de Dean. Ele se desvencilhou de Tina e vem calmamente em minha direção, com seu sorriso sedutor clássico, mas que nunca foi dirigido a mim. 

- Será que você se importaria em dançar essa musica comigo? - Perguntou, estendendo a mão para mim, Dean lançou um breve olhar para Sam e sorriu.- Tenho certeza que o seu par não vai se incomodar.

- Tanto faz - Sam deu de ombros, forjando desinteresse, mas assim que se afastou me lançou uma piscadela.

- Acho que seu par não vai gostar muito de ser trocada - Falei enquanto era guiada por Dean até o centro da pista, embaixo das luzes em tons de azul suave que iluminava o ambiente. Tina nos encarava com raiva, nada feliz por seu parceiro ter abandonado-a em frente a todos. 

- Ela vai superar - Dean respondeu, sem desviar seus olhos dos meus assim que nos posicionamos. A canção continuava, a letra era sobre um cara apaixonado, que pela primeira vez foi notado por seu amor, ele que dizia querer estar com ela até ficarem velhos e a unica coisa que pedia era para que ela não fosse embora. Aparentemente esses dias tem sido carregados de clichês românticos. Dean não era tão bom dançarino, mas admito que tentava.- Você esta linda, S/n.

Ele soltou tão de repente que só me restou encara-lo com olhos surpresos. Dean não dera qualquer indicio de ter reparado em como estou. Rapidamente disfarcei a surpresa.

- Eu não precisei de muito esforço - Ele riu baixo balançando a cabeça. Dean voltou a me fitar de uma forma que nunca havia feito antes. Ele me girou n pista, suavemente e aproximou um pouco mais nossos corpos.

- Eu sei disso, você não precisa se esforçar - Ele murmurou, como se tivesse pensado em voz alta. Ergui meus olhos em sua direção e dessa vez não contive minha surpresa por suas palavras.

- Dean... o que isso significa?

- Não sabia que curtia bailes de escolas - Ele mudou de assunto tão rapidamente que me deixou atordoada.- Se soubesse, teria vindo com você. Mas achei que não era seu estilo.

- Não acredito em você - Resmungo, acompanhando seu ritmo que acelerava junto com a musica. Esse comportamento de Dean esta me deixando confusa.- Você não perderia a oportunidade de dormir com uma garota como Tina, apenas para dançar algumas musicas comigo.

Dean balançou a cabeça em negativa.

- Pensei que me conhecesse melhor, S/n. Eu não pensaria duas vezes em aceitar estar aqui com você. 

Seus olhos verdes brilhavam e suas mãos apertavam minha cintura mais junto dele. Meu coração estava acelerado, parecia querer saltar por minha boca, eu engoli em seco e desviei o olhar. A canção continuou, era como se o cantor quisesse expor todos os meus segredos, já que a letra dizia tudo o que sentia com relação ao loiro. 

- Dean - Comecei incerta, com um leve aperto no peito.- O que você diria se.. se eu dissesse que estou apaixonada por você?

- Diria que você tem bom gosto - Ele falou me um tom humorado.- Por que?

- Porque eu estou apaixonada por você - Afirmei.

Dean parou de dançar e mil coisas passaram pela minha mente naquele momento. Meu coração parou de bater e depois retornou ainda mais acelerado. O que suas reações significavam? Dean me encarou de boca aberta e por alguns segundos cogitei sair correndo. Foi o que fiz. Recuei alguns passos para longe dele e me infiltrei no meio das outras pessoas, disparando para a saída logo em seguida. Logo eu me encontrava caminhando pelos corredores vazios do colégio, sentindo o arrependimento pulsando dentro de mim. Eu sabia, sabia que não deveria dizer nada. O assombro no rosto dele foi pior que qualquer negativa.

Do lado de fora, eu caminhava para o mais longe que conseguisse daquele lugar, pensando em como concertar essa situação, em como desmentir o que eu havia dito e nada parecia ser capaz de concertar. No estacionamento eu avistei o Impala e fui até o veiculo, me encostando na lateral com a intenção de recuperar o fôlego e talvez um pouco da dignidade.

- S/n? Você está aqui! - Dean exclamou, ele veio de algum lugar de trás do prédio.

- Dean, você não tem que fazer isso - Começo, estendendo minhas mãos para mante-lo afastado.- Não precisamos ter essa conversa. Só finja que nunca aconteceu.

- E se eu não quiser fingir? - Ele perguntou, se aproximando mesmo que eu recuasse.- S/n, você não me deu tempo de responder. Você nem me deu tempo de assimilar.

- Dean, por favor, a gente não tem que...

- Tem sim - Ele me cortou. Dean segurou meus pulsos e os abaixou, de modo que pudesse se aproximar.- S/n, eu não sei como aconteceu. Devíamos ser como irmãos, entende? Alguma coisa mudou.

Respirei fundo, querendo conter a represa prestes a romper atras de meus olhos.

- Eu sinto muito.

- Não sinta - Ele falou, passando seu polegar por minha bochecha e secando uma lagrima que eu mal havia notado que estava caindo.- Porque não é sobre você que estou falando. É sobre mim, S/n - Dean notou que eu estava confusa e prosseguiu: - Eu não sei quando eu passei de enxergar você como uma irmãzinha caçula para a mulher que eu quero na minha vida.

Mil questões envolviam minha mente agora. Por que nunca disse nada? Como e quando isso aconteceu? Mas eu não posso culpa-lo, afinal, eu omiti tanto quanto ele. Dean estava muito perto agora. Foi quando ouvi, vindo de dentro do prédio, estava muito alto. Era outra musica, ainda mais lenta que as outras duas anteriores, com uma melodia ainda mais inebriante. Eu me surpreendi como outra vez tudo o que era dito me representava perfeitamente. Eu realmente me sentia queimar como mil sóis. Dean mais uma vez estendeu sua mão em minha direção.

- Dança comigo.

Encarei seus olhos brilhantes, e pareceu que nada ali importava alem de nós e daquele momento. Ambos, em um estacionamento vazio e embaixo do mesmo céu escuro e estrelado. Aceitei sua mão, ainda que meio incerta de tudo e senti ser envolvida por ele. 

- Achei que não sentia o mesmo - Murmurei enquanto ele me guiava pela noite ao som da canção.- Achei que não significava nada para você.

- Você se chocaria se eu dissesse que pensava a mesma coisa? - Ele indagou. Antes que eu respondesse, Dean me segurou pela cintura e me levantou no alto, girando comigo em pelo ar. Ele desceu meu corpo calmamente e antes de me por no chão, enquanto meus pés pairavam a poucos centímetros, ele beijou-me.

Lentamente fui posta no chão, e a dança continuou, Dean me inclinou para baixo e outra vez tocou meus lábios com os dele, e eu retribui.

- Acho que já ficou explícito - Dean murmurou em meus lábios, sem se afastar nem por um segundo.- Mas eu estou apaixonado por você, S/n.

Um enorme sorriso tomou meu rosto, algo como o peso de dois elefantes pareciam ter sido retirados de meus ombros. Acariciei seus cabelos, enquanto uma risada leve escapava por dentre meus lábios:

- Eu diria que você tem um ótimo gosto, Winchester.

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