The Pink Palace (Livre)
N/a; Eu coloquei a classificação como "Livre", pois o filme (Coraline) o qual a estória é inspirada é considerado um filme "infantil", mas aviso aqui que tem conteúdo perturbador.
Parte 1/?
Leitora/Castiel.
***
Eu não havia dormido muito mais que algumas horas e já me encontrava extremamente desperta e sentada diante de meu notebook atrás de um novo caso. A cozinha do bunker estava mais silenciosa do que o costume, já que os rapazes dormiam, o que é um alivio pois ambos não descansam à dias. Porém, logo o som de passos dispertou minha atenção e fizeram com que eu erguesse a cabeça para ver quem adentrava o cômodo. Sorri feliz o ver Castiel descendo as escadas.
— Bom dia.
Eu o cumprimento. O anjo sorri, mas em seguida me encara com um pequeno vinco entre as sobrancelhas escuras, um sinal de que está preocupado.
— Bom dia... mas não esta cedo demais? Você deveria estar descansando.
Descanso minhas costas no encosto da cadeira e tomo um longo gole da caneca de café fumegante que estava ao lado do notebook.
— Eu não sou do tipo que dorme até tarde – Dou de ombros ao responder.– Eu... estou procurando casos, para encher minha cabeça. Eu quero trabalhar para não acabar pensando no que não devo, entende?
Castiel sorri compreensivo.
— Sim, eu entendo. Mas também sei que isso não faz bem para a saúde. Descanse um pouco, por favor.
O anjo pede com carinho, me olhando atenciosamente. Seus brilhantes olhos azuis me fitam e isso me trás memorias reprimidas... pisco algumas vezes querendo esquecer o que quase subiu a superfície.
— Certo...– Eu acabo cedendo.– Esta bem, eu vou tentar dormir mais um pouco.
Eu me levanto e ao passar por Castiel dou um beijo em sua bochecha. Percebo que ele corou levemente.
— Boa noite, Cass.
— Boa noite, S/a.
***
Tudo parecia brilhar como luzes de neon. Havia azul, rosa e roxo. Apenas alguns segundos depois me dei conta de que estava olhando para um túnel... "O" túnel. Imediatamente recuo, tropeçando em meus próprios pés, me desequilibrando e batendo contra as paredes, sendo jogada e empurrada para todas as direções.
Finalmente consegui me manter firme, mas parecia que todos os caminhos haviam se invertido, e nesse momento eu me deparava com uma única saída. A porta, do tamanho perfeito para que uma criança passasse, parecia ótima para mim, eu não entendia como isso era possível já que eu não era mais uma criança... como depois de tanto tempo eu ainda caberia alí?
"Você voltou..."
Uma voz fraca murmurou do outro lado da porta. De inicio ela soava muito fraca, como um sussurro incerto. Então ela começou a tomar força e novamente proferiu:
"Você voltou!"
A porta tremeu e eu tentei recuar porém minhas pernas não se moveram.
"Eu e papai estávamos com tanta saudades. Estávamos esperando você para o jantar, querida. Eu estou morrendo de fome..."
Arregalei os olhos, sentindo todo o meu sangue congelar. Eu conheço essa sensação, o medo paralisante que me domina por inteira. Fazia tanto tempo que não sentia isso, desde a última vez que ouvi essa voz... desde a última vez que vi a dona da voz.
A porta tremeu novamente. Ela esta aborrecida por não receber alguma resposta, de alguma forma eu sei disso. De repente ela nao estava apenas tremendo, era como se estivesse prestes a ceder, pontas afiadas surgiram das brechas e arranharam a madeira, pronta para arranca-la das dobradiças a qualquer momento e cravarem em minha carne.... foi quando acordei aos berros.
— S/n!? S/n, acorde! Acorde!
— O que está acontecendo com ela, Castiel?
— Eu não sei... ela simplesmente começou a gritar!
Abri os olhos e lentamente o quadro diante de mim tomou forma e foco. Sam, Dean e principalmente Castiel surgiram diante de meus olhos. Castiel estava mais perto, segurando meus ombros, enquanto Sam e Dean se encontravam no pé da cama com armas em punho.
Eu estava sem ar, respirei fundo varias vez enquanto tentava encontrar minha voz. Quando consegui perguntei em tom baixo:
— O que houve?
Os três se entreolharam preocupados.
— Nós que perguntamos. O que houve? – Sam indaga se aproximando.
— Eu não... – Sinto minha cabeça pulsar de dor. Eu sabia que fora apenas outro dos vários pesadelos que eu costumava ter todas as noites nos últimos 15 anos, mas de alguma maneira esse pareceu diferente de todos os outros... ele era mil vezes mais real. Encaro o trio que ainda me observava e dou um resposta evasiva: – Foi apenas um pesadelo. Eu estou bem.
— Você tem certeza? – Dean perguntou ainda me olhando preocupado. Eu forcei um sorriso e confirmei com a cabeça.
— Tenho.
Os irmãos se retiraram do quarto, mas Castiel permaneceu. O anjo me encarou sério.
— Você não esta nada bem.
Ele afirmou e me olhou inquisitivo.
— Eu estou sim...
— Não minta para mim, S/n. Eu vi você... você mudar de repente. Você estava horrorizada.
— Você viu? Como?
Sua postura mudou totalmente, ele parecia quase envergonhado agora.
— Eu estava vendo você dormir quando aconteceu.
— Por que?
Ele ficou vermelho.
— Porque queria ter certeza de que descansaria o bastante.
Aquilo era fofo. Bizarro, mas fofo.
Seguro a mão do anjo e aperto levemente.
— Você é um ótimo anjo da guarda, obrigado.
Ao ver meu sorriso um pouco mais calmo ele relaxou.
— Vai me contar sobre o sonho?
Engoli em seco e desviei o olhar. Nunca havia contado a respeito disso para ninguém, apenas para meus pais que nunca acreditaram, pois eu tinha certeza de que era desnecessário, eu tinha certeza de que "Ela" nunca mais voltaria. No entanto algo havia mudado, eu posso sentir que alguma coisa aconteceu e que devo me preocupar.
Meus olhos encontraram a expressão aflita de Castiel, e novamente seus grandes olhos azuis me remeteram ao passado. Eu sempre senti que podia confiar em Castiel, essa é a hora de ter certeza de que posso.
— Castiel... você pode guardar um segredo para mim?
— Claro.
— Preciso saber que posso confiarem você. Preciso que me prometa que não vai contar a ninguém o que vou dizer a você.
Castiel ficou sério.
— Confie em mim. Eu juro.
Respirei fundo e segurei as mãos dele, me sentindo segura o bastante.
"— À quinze anos atrás, quando tinha mais ou menos dez anos, eu e meus pais fomos morar em Ashlan, Oregon. Era uma casa linda, velha mas ainda assim o sonho de quase todas as garotas de dez anos, o Palácio rosa. Parecia a casa da Barbie. Meus pais trabalhavam muito, quase nunca tinham tempo para mim, mas eu entendia, porém não conseguia evitar ficar chateada de vez em quando. Então... um dia, quando meus pais não estavam em casa, eu decidi explorar o lugar e encontrei uma porta, ela ficava praticamente escondida, oculta atrás do papel de parede, estava trancada. Eu então fui atrás da chave para aquela porta, eu fiquei obcecada para descobrir o que tinha por trás dela."
Castiel me observava com atenção. Eu não sabia se deveria continuar, ele poderia acreditar, ou me chamaria de louca, mas considerando que eu estava contando tudo para um anjo...
Recuperei o fôlego e prossegui:
"— Eu encontrei a chave e abri a porta, mas só havia uma parede de tijolos ali, então eu simplesmente deixei de lado. Naquela noite eu acordei com alguns barulhos estranhos no andar de baixo. Poderia ser apenas ruídos causados pelo vento, afinal era uma casa velha, mas para uma criança curiosa... eu desci as escadas, e caminhei pela sala de estar escura até descobrir que o som vinha da pequena porta. Eu me ajoelhei diante dela e a abri, mas não tinha mais uma parede... tinha uma passagem."
— Um portal?
Castiel me interrompeu. Eu concordei com a cabeça.
— Acha que sou louca?
— Não! Talvez... talvez uma criança com criatividade.
Solto suas mãos e me levando indignada.
— "Uma criança com criatividade"? – Eu repeti.– Não acredito que confiei em você.
Se antes mesmo de contar a pior parte ele já duvidava, eu nao poderia contar tudo.
— S/n, me desculpe, é só que...
— "Só que" nada, Castiel. Você não vai acreditar em mim, da mesma maneira que meus pais nunca acreditaram. Só sai daqui e me deixa sozinha.
Ele hesitou, mas quando dei as costas e entrei no banheiro ouvi seus passos se afastando e a porta fechar.
Caminhei até a pia e lavei meu rosto com a agua fria, tentando me acalmar. Talvez eu só estivesse estressada depois de tantos problemas com Amara e agora Lúcifer desaparecido por ai.
Encarei meu rosto no espelho, vendo as bolsas formadas abaixo dos olhos. As luzes do banheiro piscaram e acenderam novamente. Encarei a lampada por alguns segundos e quando voltei-me novamente para o espelho não contive o grito que cruzou minha garganta.
No lugar dos meus olhos haviam botões.
Continua...
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