Perfect

Capítulo Único.
Leitora/ Jack Kline

***

Sai do carro e caminhei até a entrada do bunker. Eu não tinha uma chave e os Winchester não colocaram uma campainha nessa joça, então o que me restou foi mandar uma mensagem para Sam e esperar que ele viesse abrir a porta.
Aguardei por uns minutos e lá estava o grandão de frente para mim, ostentando uma expressão confusa.
- O que faz aqui? - Perguntou.
- Olá, Sammy, estou tão feliz em ver você também - Falei, entrando e entregando minha bolsa que estava bem pesada para ele.- Eu estou muito bem, obrigada por perguntar. E você?
- Essa seria a próxima pergunta - Sam me seguiu escada abaixo. - E a próxima é: Jody sabe que esta aqui?
- É claro que sabe - Afirmei.- Eu não fujo mais, Sam. Essa fase acabou.
- Ótimo, é muito bom saber isso. E Clear, Alex, como estão?
- Bem - Respondi.- Estamos todas ótimas. Clear até esta indo bem nos estudos agora.
- Isso é incrível.
- Jody esta muito feliz.

- Eu estou maluco ou ouvi a voz da... S/n - Dean apareceu na porta da biblioteca.
- E ai, Ken - Pisquei para ele que veio na minha direção e me abraçou com força.
- É bom ver você, pirralha - Disse depois de me soltar.
- É, eu sou incrível.
- Jody sabe que está aqui? - Perguntou, me olhando desconfiado, Sam riu.
- Uau, como vocês são chatos - Falei.- É, ela sabe.
- E você ainda não me disse o que veio fazer aqui. É algum caso? - Sam perguntou.
Sentei-me em uma das cadeiras.
- Tem uma convenção de games na cidade - Falo, ambos me encaram desconfiados.- É sério. Vocês sabem como eu adoro games, e ano que vem entro para faculdade, quero ser programadora. Nada mais certo, né?
- Convenção de games? Legal - Sam disse, deixando minha bolsa encima da mesa.
- Coisas de nerd, legal - Dean balançou a cabeça ironicamente.
- Cala a boca - Falei. Levantei e peguei minha bolsa.- Bom, agora eu vou deixar essa coisa pesada no meu antigo quarto e ligar para a Jody, ou ela vem atrás de mim. Palavras dela.
Antes de ir, parei por um minuto, pois desde o momento que entrei e vi o rosto de cada um percebi que tinha alguma coisa errada.
- Hey, rapazes - Falei, chamando-os.- Vamos conversar sobre o que esta preocupando tanto vocês assim que falar com a Jody.
- S/n...- Dean começou mas foi interrompido por mim.
- Eu conheço vocês, sei quando tem algo errado. Vocês vão me contar.
Sem esperar qualquer protesto, saio pelo corredor até o quarto onde costumava ficar antes de ir morar com Jody em Sioux Falls.

Quando abro a porta, deixo a bolsa que estava carregando cair no chão ao me deparar com um garoto mais ou menos da minha idade, deitado na cama e dormindo tranquilamente.
Recuo alguns passos e fecho a porta, indo até a biblioteca e encontrando os garotos cochichando entre sí.

- Tem um cara no meu quarto - Falo.
- O nome dele é Jack - Sam fala.
- Okay... quem diabos é Jack?
- O filho de Lúcifer - Dean responde.
- E por que, Jack, o filho de Lúcifer, esta no meu quarto? - Pergunto tentando manter a calma.
- Era isso o que íamos explicar para você - Sam fala, em seguida ele me puxa para me sentar.- Vamos contar tudo o que aconteceu nos últimos dias.
- Estou esperando - Digo.
Sam e Dean me explicaram os acontecimentos que trouxeram aquele garoto até aqui.

Sua mãe, uma mulher chamada Kelly Kline, engravidou de Lúcifer enquanto ele usava o Presidente como casca. Bem, até ai eu estava por dentro. Kelly conseguiu proteção com um príncipe do inferno, e posteriormente com Castiel que foi convencido de que o bebe era bom e não deveria ser morto. Então Jack nasceu e Kelly acabou morrendo no parto.
Mary, mãe deles, foi lançada por uma fenda inter dimensional, tentando deter Lúcifer que por acaso havia matado Castiel. Eu fiquei destruída ao saber disso, pois foi Castiel quem me encontrou quando eu havia perdido minha familia. Ele me ajudou, me trouxe aos Winchester.
Aparentemente Crowley morreu também durante o confronto. E jack, que deveria ser apenas um bebe de poucos dias, é um garoto de 17 anos, muito poderoso, confuso e... gato. Desculpe, eu não resisti.
- Isso tudo aconteceu em tão pouco tempo? - Indaguei, chocada.- Ele deve estar tão perdido.
- Nós tivemos que trazer ele para cá, já que não temos certeza de como mata-lo.
- Lidar com ele. Nós ainda nao sabemos como lidar com ele - Sam corrigiu o irmão.
- Mas... se ele é filho de Lúcifer, ele não está curioso sobre o pai? - Pergunto, preocupada.
- Ele diz que Castiel é o pai dele. O pai que ele escolheu - Sam explica. - Parece que ele absorveu muito da mãe.
- Mas ainda tem o poder de Lúcifer. E nós precisamos ficar de olho nele.
- Ele não me pareceu perigoso - Comentei, lançando um olhar na direção do corredor onde estavam os quartos, e consequentemente, Jack.
- Aparências enganam, S/n. Por favor, eu quero que você tome cuidado com ele.
Dean me advertiu, mantendo um olhar firme como se fosse um pai dando ordens.
- Dean está sendo muito radical, S/n - Sam ignorou o irmão. - Se tratarmos Jack com um monstro perigoso, ele vai acabar pensando que é um.
- Tudo bem, Sam - Falo.- Eu também acho isso. Se Jack ainda não se mostrou mau, talvez possamos traze-lo para o nosso lado.
- Você falou certo, S/n - Dean disse, então continou: - Ele nao demonstrou, ainda.
- Você é tão pessimista - Falei, ficando de pé. - Eu não penso assim. Eu estou do lado de Sam nessa.
- Aonde você vai?
Dean perguntou.
- Ainda tenho que ligar para Jody, não quero ela batendo aqui. Mas depois vou ver melhor esse Jack, ele não me parece nada perigoso.
- S/n, nenhuma loucura, entendeu? - Dean falou, me olhando sério.
- O que você acha que eu vou fazer com o garoto, Dean?
- Vindo de você, eu tenho medo de pensar.
- Vai pro inferno - Falo. Sinto meu celular vibrar no meu bolso e o pego, vendo o nome no visor.- Ótimo, hora do sermão.
Atendo o aparelho.

- Ei, Jody - Falo, torcendo para que ela já não estivesse na estrada.- Como vai?
- Nada disso, mocinha. Eu já estou com a chave do carro na mão.
- Qual é, eu acabei de chegar. Eu juro que não estou aprontando.
- Quero falar com Sam - Ela falou seria.
Reviro os olhos e nem questiono, estendo o aparelho para Sam.
- Ela quer falar com você.
Ele pega o celular começa a conversar com ela.
- Por que com ele?
Dean pergunta.
- Ela acha que você me acoberta.
- Não é verdade.
- É sim - Sam se intromete devolvendo o celular para mim.- Você sempre acoberta ela.
- Fica quieto, Sam.
Pego o celular e levo a orelha.
- Feliz?
- Pode se dizer que sim. Não se esqueça de me ligar todas as noites.
- Pode deixar, não vou esquecer.
- Boa noite, querida. Eu amo você.
Dei um leve sorriso.
- Eu também amo você.
Desliguei e me virei para os Winchester.
- Também amo você - Dean repetiu.
- Calado.
- É, Dean. Eu acho ótimo que elas tenham chegado a esse nivel. S/n precisava de uma mãe e Jody tem amor de mãe sobrando.
Sam falou.
- Eu sei, só acho que para alguém que só conseguia dizer que amava hambúrguer, é surpreendente ela dizer isso de um ser humano.
- O que é um... Hambúrguer?

Todos nos viramos de pressa e encontramos Jack na entrada da biblioteca, encarando todos nós. Ele não parecia mais perigoso acordado do que me parecia dormindo.
- É uma coisa tão boa que quando começar nunca mais vai conseguir parar de comer - Falo, sorrindo para ele e me aproximando. Estendo uma mão em sua direção. - Eu me chamo S/n, é bom conhece-lo, Jack.
Ele permaneceu parado, fitando minha mão como se não soubesse o que fazer, e é bem provável que não soubesse mesmo.
- Quem é você? - Ele pergunta. Eu abaixo minha mão e respondo:
- Eu me chamo S/n, sou amiga deles.
- S/n vai passar uns dias aqui com a gente, Jack - Sam falou.
Jack apenas concordou, sem falar muito. Ele tombou a cabeça para o lado e continou me encarando profundamente.
Alem de me deixar extremamente desconfortável, também me fez lembrar muito Castiel.
- Ta bom, então.... eu vou dormir agora, preciso acordar cedo amanhã - Falo.- Boa noite rapazes.
- Boa noite - Sam e Dean respondem em uníssono. Jack continua paradão. Sua semelhança com Castiel é assustadora.
Não insisti e fui para outro quarto livre, é melhor deixar Jack onde estava, afinal é apenas um quarto.
~~

Acordo com meu celular despertando às 08:00, e me levanto da cama ainda cansada. As horas na estrada foram bem exaustivas já eu não estava mais acostumada com isso. Desde que voltei para o colégio não fui mais para a estrada caçar e também não costumo mais fazer viagens longas como essa.
Depois de usar o banheiro e me trocar, saio do quarto e encontro Sam na biblioteca.
- Bom dia, Sammy - Sorrio para meu amigo.
- Bom dia, S/a, dormiu bem?
- Como a princesa que eu sou - Sorrio. Sam ri.- Onde está Dean? E Jack?
- Dean saiu logo cedo... quer dizer, mais cedo do que agora. E Jack ainda esta no quarto, ele não sai muito de lá desde que demos a ele.
- É compreensível - murmuro. - As coisas não tem sido fáceis para ele.
- É, não tem.
Me sento ao lado dele e seguro sua mão.
- E você, Grandão? Como vem segurando as pontas? Eu sei que Dean esta bebendo, afinal é assim que ele lida com qualquer trauma emocional. Mas como você está?
Sam suspirou.
- Acho que "difícil" não é suficiente para abranger tudo. Mas eu não posso desistir, S/n. Sei que minha mãe ainda está viva e que ainda tenho chance de salva-la, e Jack.... Jack é essa chance. Mas ele esta confuso e sozinho, e não tenho ideia do que fazer. E tem Dean que claramente não superou nossas perdas e agora está agindo como um imbecil.
Ele parou de falar e passou a mão pelo rosto e em seguida pelos cabelos. Ele estava tão sobrecarregado, preocupado e tenso... eu queria poder ajuda-lo, mas como?
- Sam, e se eu o ajudasse?
- Como assim?
- Se eu levasse Jack comigo para a convenção? Só para te dar um descanso como babá.
- Acha que ele iria querer ir?
- Ele é um garoto, Sam. É claro que vai querer - Falo sorrindo.
- Eu não sei, S/n. Jack não é um simples garoto.
- Não custa nada tentar.
- Tudo bem - Ele concorda.- Jack precisa mesmo sair daquele quarto. E eu preciso de algumas horas sozinho.
- Vou me arrumar e pegar algumas coisas da mala. Avise ao Jack que estarei esperando por ele no carro - Digo a ele, me levantando em seguida.
- Pode deixar.
~~

Ja fazia uns bons quinze minutos que eu estava esperando pelo garoto no carro. Admito que um dos fatores para ter feito o convite era estar profundamente curiosa a respeito de Jack. Por esse motivo estava extremamente ansiosa para quando ele chegasse. Observei pelo retrovisor quando Sam e Jack sairam do buker, e Sam parecia falar algo importante a ele, pois o garoto ouvia tudo com muita atenção.
Por fim os dois caminharam na direção do carro. Jack abriu a porta do passageiro e entrou, enquanto Sam se debruçou na janela para falar comigo.
- Se precisar de qualquer coisa, ou alguma coisa acontecer...
- Eu sei, Sam, é só ligar - Eu cortei ele.- Relaxa.
Ele sorriu meio incerto.
- Tudo bem. Se divirtam.
- Você também.
Pesquei para ele e dei partida no carro, arrancando dali.

Fazia uns bons trinta minutos que estávamos na estrada e o silêncio prevalecia no carro, decidi quebrar o gelo:
- Então, Jack, você gosta de vídeogames?
- Eu não sei o que é um videogame.
- Não sabe o que é um hamburger, não sabe o que são videogames, aqueles caras estão fazendo um péssimo trabalho - Brinquei. Ele não riu. Respirei fundo.- Okay... você vai saber o que são games quando chegarmos à convenção. Mas até lá a gente pode conversar um pouco, o caminho é meio longo.
- Sobre o que você quer conversar?
Jack me questiona. Bato com os dedos no volante, pensativa.
- Bem, aparentemente temos a mesma idade, mas acho que você não conhece nada sobre o nosso mundo.
- "Nosso mundo?"
- Sim... no geral. Digo, você não conhece as músicas, ou filmes ou games, nem nada disso. Acho que posso atualizar você até chegarmos lá.
- Você acha que se eu souber dessas coisas, vou ser normal?
- Você é normal, Jack - Falo.
- Não é assim que Dean pensa, ele diz que eu sou um monstro.
Revirei os olhos e parei o carro em um farol vermelho. Encaro Jack e vejo quem ele realmente é. Ele é só um garoto. O resto são apenas resto.
- Dean está errado - Afirmo, encarando-o.- Isso acontece com muita freqüência. Ele está sempre errado. Ele estava errado sobre mim e esta errado sobre você, Jack. Não permita que isso determine quem você é.
O sinal abriu e eu segui viagem, notei que Jack me encarava intensamente, eu até me sentiria incomodada se eu já não estivesse acostumada com as encaradas de Castiel.

- Por que Dean estaria enganado sobre você?
Jack perguntou curioso.
- Bem, quando nos conhecemos eu era uma pirralha de dez anos. Meus pais haviam sido mortos por demônios e eu estava perdida no meio do apocalipse. Eu meio que... bati a carteira dele - Contei, sorrindo torto.- Significa que eu o roubei... caso não saiba. Então ele me pegou, e no começo foi bem severo, mas então Sam o lembrou de que ele não era muito diferente.
Jack encarou a estrada e soltou um suspiro. Ele não era tão diferente de mim afinal.
— Ele me odeia.
— Não diga isso, Jack. Dean é uma pessoa difícil, mas não ruim. Ele tem dificuldade para confiar nas pessoas, mas quando essa fase passar, você vai ver quem ele é de verdade.
O carro caiu no silêncio, eu dirigia encarando a estrada e Jack também encarava algo a frente. Decido ligar o radio.
— Você gosta de música?
Indago.
— Não conheço muito.
Lancei um sorriso de lado para ele.
— Jack, meu garoto, esteja pronto para conhecer a melhor parte da vida.
Sua expressão ansiosa foi a mais fofa que já vi na vida.
~~

Quando chegamos à convenção, Jack já sabia cantar todas as músicas do Ed Sheeran, o que por um lado foi bom, e por outro... Dean me mataria.
Estacionei próximo a entrada da galeria onde estavam usando para os painéis, e desci do carro.
— Aqui, coloque isso no pescoço – Falo, entregando um crachá para ele e pegando outro.
Eu havia comprado dois ingressos para o caso de Sam querer vir comigo.
— O que é isso?
— Servem como ingressos, você só entra com isso, então não perca.
Ele concordou com a cabeça e eu sorri vendo-o olhar curioso para o crachá.
— Vamos – Chamei, segurando sua mão e o puxando comigo para a entrada. Jack apertou minha mão de volta quando viu a quantidade de pessoas na entrada, talvez estivesse com medo de se perder.

Lá dentro eu nem posso descrever a reação do garoto. Ele estava encantado com tudo.
Rodamos pelo lugar inteiro, haviam games de todos os tipos, principalmente os que usavam óculos 3D ou com realidade virtual. Ele conseguia me fazer rir com mais facilidade do que qualquer outra pessoa.
Depois de mais ou menos uma hora explorando, eu o puxei para próximo à uma praça de alimentação montada.
— Vamos comer alguma coisa – Digo.
— Hambúrguer?
Soltei uma gargalhada alta. Acontece que no caminho, comprei um hambúrguer para ele, e Jack simplesmente amou!
— Hambúrguer.
Afirmo.
Vamos até um banco vazio e eu peço para que ele me espere alí. Ele acaba se distraindo com um dos novos games baixados no meu Tablet e que eu havia deixado com ele.
A fila não estava tão grande, mas estranhamente, assim que me aproximei, pelo menos quatro pessoas também se aproximaram. Poderia ser apenas coincidência, mas meu faro de caçadora apontava perigo. Eu não esperaria minhas suspeitas se provarem reais, me afasto da fila e caminha na direção contrária a Jack, como imaginei, lentamente todos abandonaram a fila. Dei a volta na praça e senti meu braço ser segurado firmemente.
— Venha comigo, e não grite.
— Eu não ia gritar –  Rebato. Agora, acima de tudo eu tenho que desvia-los de Jack. Ele estava um tanto afastado dalí, com sorte passaria despercebido.
O homem de cabelos vermelhos caminhou comigo até a outra extremidade da galeria, os outros que o acompanhavam vieram logo atrás. Eles entraram em um porta quase escondida e me levaram até a parte dos fundos do prédio. Era uma área de carga, descarga, depósito, resumindo: Ninguém me encontraria ali.
— Então, o que anjos fazem aqui?
Pergunto. Eu sabia que nao eram demônios, já que o cheiro de enxofre nao estava presente, fora que a postura engessada nao pertence a nenhuma outra espécie.
— Você sabe o que queremos – O ruivo falou.– Queremos o Nefilin, e sabemos que você está com ele, S/n.
— Devo me sentir honrada por saberem meu nome? – Pergunto, irônica. O anjo revira os olhos e me arrasta até uma pilastra, me algemando à mesma.
— Você já causou problemas o suficiente ao Céu para ser esquecida.
— Sou uma celebridade então?
— Ela está desviando do assunto, Manoel, não percebe?
A única mulher do grupo interviu. Ela se aproximou de mim e me olhou cruel.
— Sabemos que ele está nesse prédio, só não conseguimos rastrear com precisão. Agora você nos leva até ele, ou matamos você mais cedo e o encontramos sem sua ajuda.
— Eu nunca vou fazer isso.
— Já esperávamos essa resposta – Ela puxou uma lamina angelical e aproximou-a de meu pescoço. – E já sabemos como lidar com ela.
Engoli em seco, mas mantive meu olhar firme.
— Jack não é uma arma – Falo, entre dentes. – Ele não é uma vantagem, não é uma mala. É um garoto, com sentimentos, com pensamento próprio. Mesmo que vocês o peguem... ele nunca vai obedece-los.
Os olhos verdes dela me fitaram arrogantes.
— Ele é jovem, teremos tempo para trabalhar nessa parte de obediência.
Forcei meus pulsos nas algemas, mas não teria escapatória. De repente a porta que usamos para entrar estourou através de uma luz dourada. Jack entrou, e seu rosto transmitia diversas emoções, come medo e raiva.
— Soltem ela.
— Jack – a mulher se voltou para ele.– Eu sou Amália. Nós viemos levar você para casa.
— Casa?
— Claro. O Céu. O seu lugar é lá, não aqui com os humanos.
— Não acredite nela, Jack. Ela mente.
Falo, interferindo na conversa. Jack encontra meu olhar.
— Não pedirei outra vez. Soltem ela – Ele volta a falar firme. Amália pôs sua lamina em minha garganta.
— Ela é uma má influencia para você, Jack. Vamos acabar com ela e depois voltar para casa.
— Não vou com você à lugar algum.
Jack ergueu a mão e com telecinese ou algo mil vezes mais potente, arremessou todos os anjos para longe. A única coisa que me impediu de ir junto foram as algemas.
— Essa é a decisão errada, Jack – Amália falou.
Jack conseguiu soltar-me das algemas, assim que pude usar minhas mãos, eu apanhei a lamina angelical dela que havia caído.
Os quatro anjos se voltaram para nós.
— Quatro contra dois não me parece muito justo, mas considerando que você vale por cem deles – Falei.– Damos conta.
— Não quero machuca-los.
Deixei um sorriso cruel escapar.
— Só mantenha eles distraídos, a parte de machucar deixa comigo.

Avancei na direção dos dois da esquerda, Jack os paralisou, de algum forma. Acertei ambos no peito com a lâmina. O terceiro me atacou, vi pela visão periférica que Amália tentava convencer Jack a ir para o seu lado.
Essa foi mais difícil, o anjo Manoel era forte e lutava muito bem. Aprendi com Castiel que esses anjos eram guerreiros e só entravam em ação quando algo realmente valioso estava e jogo. Ele me acertou algumas vezes no rosto e senti o gosto de sangue na minha língua.
— Pode escolher como prefere morrer – Ele sorriu.
— Sempre metidos, não é?
Com o punho da espada acertei o queixo dele, logo em seguida o nariz tirando seu equilibro.
Rapidamente atingi seu estomago, cravando a lamina alí.
Me voltei para Amália.
— Jack? – Chamei, vendo sua expressão de duvida. Limpei o sangue da boca e dei um passo em sua direção.– Não sei o que da te falou, mas é mentira.
— É quem ele é. Jack é um nós, deve vir comigo.
Encaro o garoto.
— Você até pode ser um deles, mas é como eu também. Jack, ela quer usar você, não permita que ninguém te controle.
— Sua vadia....– Ela se voltou para mim, havia recuperado uma lamina e estava prestes a me atingir quando tudo parou.
Bem, nem tudo. Amália parou em pleno movimento, sem conseguir se mover.
Jack a mantinha sob controle. Com minh espada atingi seu peito, matando-a.

Soltei um suspiro.
— É melhor irmos embora antes que outros anjos nos encontrem.
Jack olhou para a direção da convenção.
— Você gostou não é? Queria ficar.
Ele concordou.
— Sinto muito.
Me desculpei. Queria e eles e divertisse, mas aqui não é seguro.
Deixamos o lugar e logo chegamos ao meu carro. Jack parou de frente para mim e segurou meu queixo, nao entendi nada e o encaro surpresa.
— Você esta ferida.
Falou, soltando meu rosto. Balancei a cabeça, compreendendo a razão de seu toque.
— Eu já estou acostumada.
— Dean e Sam irão estranhar.
Sorri diante a obviedade de sua constatação.
— Sim, e vou ter que contar o que aconteceu – Falei, dando de ombros. – Eles vão ter uma solução.
Estava ficando de tarde, e com o sol baixo, as cores alaranjadas brilhavam fortes sob nós.
— Desculpe, foi culpa minha eles terem machucado você. Eles queriam a mim.
Me encostei no carro, e Jack também.
— Não se desculpe por isso. Jack, você é bom, eu tenho certeza disso. Enquanto tiver essa certeza, vou protege-lo de qualquer coisa que tentar ferir você.
Isso nunca me aconteceu antes. Nunca senti essa necessidade de proteger alguém como tenho com ele. Apesar de ser poderoso, ele ainda não sabe quem é, é completamente vulnerável. Jack lembra à mim quando perdi meus pais.
— Vamos agora? – Pergunto após uma breve pausa.
Ele concordou com a cabeça. Antes que ele entrasse no carro, tomei uma atitude estúpida e impensada.
— Jack, espera.
Ele voltou e me encarou.
— Você não sabe nada sobre costumes humanos, certo?
— Não tive oportunidades o bastante para aprender.
— Certo, lá vai outro ensinamento – Respirei fundo.– Você salvou minha vida hoje, então obrigada.
Segurei delicadamente seu rosto e o puxei para perto, dando um beijo rápido nele.
Quando me afasto, Jack me encara sem entender.
— Isso foi um beijo.
Avisei a ele.
— Fazemos isso quando estamos agradecidos?
— As vezes.
Ele imitou meu movimento e me deu um selinho.
— Obrigado por me trazer aqui.
Outro selinho.
— E por me mostrar que é Ed Sheeran.
E outro.
— E por me mostrar o que é um hambúrguer.
Eu acho que nunca fiquei tão vermelha na vida. Jack sorriu e entrou no carro.
Demorei alguns segundos para reiniciar e conseguir voltar para o carro. Liguei o motor e manobrei para sair do estacionamento.
— Jack?
— Uhn?
— Olha... isso que aconteceu, você só deve fazer quando gostar de alguem, entende?
— Eu gosto de você.
— Da mesma forma que gosta de hambúrguer?
Pergunto.
— Não, mas eu não sei explicar.

Dessa vez voltei totalmente minha atenção para a estrada, pois se continuasse com aquela conversa acabaria perdendo a concentração. Jack ligou o iPod acoplado ao radio, escolhendo uma música.
Perfect, Ed Sheeran.

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