Once Upon a Dream

Capítulo Unico.
Leitora/Dean Winchester.

***

— Só pode ser um sonho… ou pior, um pesadelo – murmuro para mim mesma, apoiando minhas mãos em minhas têmporas. – E eu só preciso acordar.
Fecho os olhos e os aperto com força. Torço para que quando eu os abra esteja tudo da forma como conheço, no entanto ao abri-los, encontro tudo destruído.
Levanto o olhar para as paredes em pedaços que costumava ser o meu quarto. É como se uma bomba atômica tivesse sido jogada aqui.
Eu não lembro como isso aconteceu, eu não sei como vim parar aqui. A última coisa de que me recordo é ter ido dormir. E o Bunker estava normal, inteiro e  intacto.
Levanto do chão, não posso ficar aqui para sempre, saio do quarto e caminho pelos corredores destruídos. As paredes que não estão derrubadas estão rachadas e imundas.
Não chamo outra vez pelos rapazes. A primeira coisa que fiz ao acordar foi procura-los, mas Dean e Sam não estão em canto algum.
Passo pelo que era o quarto de Dean e sua situação é idêntica aos outros quartos.
Vou para onde era a biblioteca, não há nada aqui. Livros, mesas, computadores, nem sinal de que em algum momento esse lugar foi habitado. Esta tudo em ruínas.
Um grande buraco na parede leva para a rua. Saio por ele.
Olho em volta, procurando alguém para quem possa pedir ajuda, descobrir o que esta acontecendo.

A única coisa que encontro é um carro no fim da rua, e é para ele que sigo. Nunca gostei de roubar, mas quando é necessário sou obrigada.
Consigo arrombar a porta, como uma vez Dean me ensinou, faço uma ligação direta e o motor ganha vida. Lembro agora que não faço ideia de para onde devo ir. Talvez uma biblioteca, então posso usar o computador – já que o meu sumiu junto com todos os meus pertences –, para rastrear os rapazes.
Arranco com o carro seguindo para biblioteca mais próxima que conheço.
~~

Por sorte a biblioteca ainda está inteira. Entro e vou direto para um dos computadores, na intensão de rastrear o celular do Dean. Sem sucesso. Passo para o de Sam, mas também não consigo nada. Minha ultima esperança é rastrear a placa do Impala. Quase solto um grito de alivio quando o encontro, e não esta longe, Dean ainda está no Kansas… em Lawrence.
Volto para o carro, entro e pelo retrovisor a visto uma espessa cabeleira castanha andando pela calçada se aproximando da biblioteca. É Sam.
Saio correndo do carro e quando o alcanço seguro-o pelo braço.

— Sammy! – Chamo tirando o capuz de meu casaco azul.– Onde você estava?
Ele se vira para mim e franze as sobrancelhas confuso. Sam mantém essa expressão por alguns segundos até que se recupera.
— Oh S/n, desculpe eu não a reconheci. Você… cortou o cabelo?– Pergunta confuso.
Passo a mão por meus cabelos que estão acima do queixo e o encaro sem entender.
— Sim… há quase duas semanas. Sam, onde você estava? O Bunker… está em ruínas e onde esta Dean?
Começo a perguntar desenfreada, Sam poe a mão em meu ombro me fazendo parar de falar.
— S/n você andou bebendo?
— Eu? Claro que não Sam. Você sabe que não bebo.
Ele me lança um olhar preocupado.
— Vem, vou leva-la até Dean – Ele murmura de maneira estranha me puxando pelo braço.
— Não, Sam – Finco os pés no chão.– O que está acontecendo?
Ele se volta para mim e pisca algumas vezes.

— Prometeu que não iria mais beber S/n. E justo hoje que é aniversário de Viollet – Falou de forma decepcionada.
— Quem é Viollet?– Pergunto.
— Sua filha – Sam responde impaciente.
— Filha?– Grito.– Não… impossível. Eu não tenho filha nenhuma!
Eu estou ficando com dor de cabeça.
— Vamos S/n, isso esta saindo de controle – Ele volta a segurar meu braço e começa a me arrastar em direção a um carro prata do outro lado da rua.
— Não. E-eu encontro o caminho sozinha – Difo, soltando meu braço e seguindo até o carro que estou usando. Sam não conseguiu me alcançar a tempo de impedir que eu entrasse no carro e desse partida.
~~

Dirigi direto para o endereço que peguei na internet. Ao chegar no destino, estacionei um pouco distante da casa. Era bonita, toda branca e com um grande jardim. Era a casa que sempre sonhei ter um dia.
Daqui conseguia ver a grande movimentação no jardim. Várias pessoas, dentre elas crianças, adultos, idosos e… Dean?!
Saio do carro e escalo uma arvore, acho que daqui fica mais fácil assistir tudo o que acontece do outro lado.
Dean anda de um lado para outro. Ele sorri o tempo todo e para todo enquanto carrega caixas, bandejas, balões, toda parafernália necessária para festas. Bem… então hoje é mesmo aniversário da minha filha? Impossível. Eu nem tenho uma filha!
Como que para me afrontar uma garotinha corre para fora da casa toda vestida de azul. Ela salta sobre Dean, fazendo com que ele deixe cair as caixas com vários brinquedos que ele carregava. Seu sorriso aumenta ainda mais quando pega a garota no colo.
Ao mesmo tempo em que Dean se levanta com Viollet no colo, uma mulher sai da casa. Ela grita pela garota e para aborrecida quando encontra os dois em pé no jardim. Não consigo ver o rosto da mulher, ela esta de costas. Movimento-me para mais perto do jardim na arvore, torcendo para o tronco não ceder sob meu peso para que eu não caia de cara no chão. Nem precisei que o tronco cedesse para isso.

Assim que consegui ver o rosto da mulher que agora se virava sorrindo para pegar a garotinha no colo, cai para trás.
Levanto atordoada, torcendo para que aquilo tenha sido uma ilusão, mas não. Olho outra vez e sou eu ali! Ou uma copia… um clone. O que seja!!
Subo mais uma vez na árvore e volto a observar tudo. É realmente uma festa de aniversário, com chapéus e línguas de sogra. Tem até confete.
Nunca imaginei Dean cuidando de crianças. Mas ele até que leva jeito. E só agora quando vejo a outra eu beijando Dean me dou conta de que aquela é nossa filha. De nós dois! Eu… e Dean… casados? Onde diabos eu vim parar?
Meia hora depois, um carro prata que eu juro conhecer de algum lugar estaciona em frente a casa. Dele sai Sam – ótimo – e uma mulher loira, acho que nunca à vi antes. A mulher leva pela mão um garoto de cabelos tão grandes quanto os de Sam.
Consigo ver a surpresa de Sam estampada em seus olhos quando ao entrar no jardim ele encontra a outra Eu.
Daqui não consigo ouvir muito, o que me deixa irritada. Nunca fui boa com leitura labial.
Desço da árvore e me aproximo um pouco da casa, com intenção de ouvir melhor o que eles conversam. Mas a única coisa que ouço são gritos de crianças surtadas querendo mais doces.
Bem, eu preciso saber o que esta acontecendo, e aonde eu estou. Mas por aqui eu não irei descobrir nada de útil.

Com esse pensamentos em mente dou a volta e entro outra vez no carro. Acho que posso achar algo em alguma biblioteca por ai.
Vou a outra biblioteca, não quero correr o risco de encontrar alguém e ser confundida outra vez.
Pesquiso por quase duas horas em livros de ocultismo e mitologia atrás de alguma coisa que possa explicar minha situação. E não encontro absolutamente nada. Sem mais opções vou para a internet. E mais duas horas se vão em sites inúteis e cheio de idiotices falsas.
Quando já não sei mais o que fazer um pensamento ilumina minha mente, eu deveria ter considerado isso antes!
Começo a pesquisar sobre diferentes dimensões, sobre sonhos ou feitiços que possa alterar a realidade.
E então bingo. Encontro um site que parece confiável, nele tem um curto texto que fala sobre poções em espelhos, isso pode causar viagens em diferentes dimensões.
Não entendi absolutamente nada. Por isso comecei a pesquisar outra vez a partir desse ponto e outra vez tive sucesso.
Parece que quando se faz uma mistura com uns ingredientes bem macabros, se consegue um tipo de gosma, que quando passado essa mistura na superfície de um espelho é criado um portal para outra dimensão. O espelho sempre foi usado em rituais de ocultismo, pois ele é conhecido por prender almas e serem passagens para outros mundos.

O problema é que eu não tenho certeza se isso é realmente o que ocorreu comigo, eu não me lembro de ter caido em nenhum espelho ou ter feito qualquer ritual.
O site explica que a transição de uma dimensão para a outra é muito perigosa. Pode causar perda de memória recente, membros do corpo e até morte, sem contar que eu posso nunca mais voltar para casa.
— Com licença – Uma voz suave chama. Dou um pequeno pulo de susto na cadeira, estava tão concentrada que nem me dei conta que alguém se aproximava.
— S-sim?– Respondo ainda tremendo.
— Eu vim ver se estava bem. Você esta aqui a horas e acho que não saiu nem para comer…
Ergo a cabeça para ver quem fala e o susto é ainda maior.
— Castiel? – Pergunto ficando de pé.
— Sim… mas como sabe o meu nome?– Ele pergunta confuso. Droga! Ele não me reconhece.
— Seu crachá – Aponto agradecendo aos Deuses por ele ser funcionário da biblioteca.
— Oh… sim – Ele olha para o crachá e depois para mim seu rosto avermelhado. Uma vez Cass sempre Cass.– Então, eu queria saber se você não gostaria de ir a uma lanchonete… não sou um maluco, eu… alias como se chama?
Okay, isso ta ficando cada vez mais confuso. Agora Castiel esta me chamando para sair.
— Ahn… S/n … e eu estou realmente ocupada – Começo lançando um curto olhar para o monitor onde onde a tela ainda estava o site com a matéria sobre os universos.
Cass segue meu olhar e pousa sobre a tela.
— Você… curte essas coisas?– Ele pergunta genuinamente interessado.
— Quase isso – Suspiro.
— Algum problema? – Pergunta procurado.
— Todos. Mas você não acreditaria – Respondo me sentando e passando a mão nos cabelos.
— Ficaria surpresa com o que eu acredito – Castiel sorri e se senta ao meu lado.
— Ta...– Começo hesitante, mas afinal ele é Castiel, então que problema teria?– Eu não sou daqui. Eu vim de um lugar bem distante…
— Canadá?
— Não – Digo e sorrio.– Ta olha, eu não sou louca, okay? Eu sou de outra... dimensão.
Ele passa um longo tempo me encarando sem dizer nada. Sua expressão é indecifrável.

— É uma brincadeira?
— Não, eu juro. Eu sei que pode parecer maluquice, eu sei. Mas eu estou perdida e confusa, não sei como vim parar aqui.
— Você não me parece louca, e nem mentirosa – Cass diz de forma compreensiva. – Apesar de o que você esta me dizendo ser bem impossível.
— Então... você entende?
— Na verdade, não – Ele riu.– Mas estou disposto a tentar.
E por um momento não controlo o impulso de abraça-lo.
— Ai Cass – Murmuro. – Você é mesmo um anjo.
Me afasto dele e posso notar seu rosto corado.
— Então agora me sinto segura para falar que na dimensão que eu venho nós já nos conhecemos e somos grandes amigos.
Ele da um pequeno sorriso e pergunta:
— E como eu sou no lugar de onde você vem?
— Você é um anjo.
— Serio?
— Sim – Confirmo com um pequeno sorriso.– Um anjo do Senhor como gosta de se alto nomear.
— Eu… não acredito em anjos – Cass abaixa a cabeça e murmura.
— De onde eu venho anjos são reais, e demônios, fantasmas e lobisomens.
— Isso tudo parece inacreditável – Comenta.
— Eu sei! – Exclamo. – Mas serio… é tudo verdade. E por mais que eu deteste tudo isso, eu preciso voltar.
— E por que quer tanto voltar? Se não gosta de lá, não acha que o melhor seria ficar aqui? Fazer uma nova vida aqui?

Abaixo a cabeça, me lembro da outra Eu naquele jardim. Beijando Dean enquanto ele segurava a garotinha que seria nossa filha. Não posso ficar aqui, não tem lugar para mim aqui.
— O que foi?– Cass pergunta preocupado. – Eu disse algo errado?
— É que… aqui já tem uma S/n. E meus amigos… o cara que eu gosto – solto uma risada curta.– Minha família, estão todos lá. Nesse lugar meu melhor amigo achou que eu estava bêbada.
— Quer ajuda nas pesquisas?– Cass pergunta depois de uns minutos de silêncio.
Sorrio largamente e começo a explicar tudo o que descobri.
~~

— Certo... – Cass começa um pouco tenso, enquanto observa a casa que antes estava tendo a festa. Agora as luzes começam a se apagar.– Você vai invadir a casa?
— É a minha única opção Cass – Digo já cansada de ter que repetir.– Você viu naquele site. Eu preciso fazer um ritual usando o sangue ou alguma coisa que contenha DNA do meu equivalente nesta dimensão.
— Pode ser descoberta – Ele fala, e posso ver a preocupação em seus olhos.
— E o que vão fazer se me pegarem? Castiel, eu vou ficar bem.
— Ta, mas já sabe o que fazer. Entra lá pega uma mecha de cabelo dela e sai.
Desço da arvore sem responder. Cass estranha e desce logo atrás.
— O que foi?
— É que… Cass, você sabe que quando entrar lá, eu não vou sair.
Ele abaixa a cabeça visivelmente decepcionado.
— Hey, não fique assim. Ainda terá outra eu nessa dimensão.
— Não é a mesma coisa.
— Cass, eu preciso voltar. Meu lugar não é aqui – Lanço um olhar para a casa. A última luz foi apagada, é agora ou nunca.– Esta na hora. Eu amo você Cass.

Dizendo isso eu lhe dou um último abraço e me afasto em direção a casa, subo o capuz de meu casaco e antes de saltar a cerca para dentro do jardim, dou uma última olhada para Castiel que ainda me observa ao pé da arvore.
Uma vez dentro do jardim, atravesso o gramado correndo até a parte de trás da casa. Torço para haver uma porta dos fundos e tem, mas esta trancada.
— Droga – Murmuro irritada. Tiro o grampo que segura minha franja, deixando-a cair sobre meu olhos. E como uma vez vi Sam fazer, arrombo a fechadura da porta da casa com a maior cautela que consigo.
Entro silenciosamente. A porta dos fundos da para a cozinha, esta tudo escuro e preciso tomar muito cuidado para não tropeçar em nada.
Cruzo toda a cozinha e chego a uma grande sala de estar. A casa é realmente enorme.
Subo as escadas em silêncio e quando chego ao último patamar um barulho de passos no fim do corredor se faz ouvir.
Merda. Me esgueiro nas sombras torcendo para não ser notada, me abaixo entre um corredor e outro e espero que a pessoas passe direto.

Os passos pesados atravessam o corredor, o que me faz deduzir que quem se levantou foi Dean.
Assim que posso ouvir os passo descendo a escada, suspiro aliviada. Saio de meu esconderijo e volto para o corredor seguindo para o quarto que Dean veio.
Estou me aproximando do quarto quando uma vozinha chama:
— Mamãe? – A voz esta sonolenta e bem próxima.
Me viro assutada e me deparo com a garotinha que vi nos braços de Dean mais cedo na festa.
— Mamãe! – Chama outra vez com convicção puxando minha mão.
Chacoalho a cabeça ao me tocar de que ela fala comigo.
— S-sim, querida?– Pergunto baixo engolindo em seco.
— Eu ouvi um barulho no meu armário – Murmura um pouco temerosa.
— Oh – Resmungo.– Vamos lá… não tem nada no seu armário.
— Pode olhar para mim?– Pede com olhos enormes.
Olho de um lado a outro do corredor, aflita.
— Esta bem – Cedo.– Vamos.
Pego-a pela mão e a levo de volta para dentro do quarto. Eu a deito na cama e caminho até o armário.
— Veja, querida – Abro a porta e me afasto para mostrar que lá só tem roupas.– Não precisa ficar assutada. Agora durma esta bem?
Digo me aproximando e ficando de joelhos ao lado da cama.
Ela envolve meu pescoço com os braços pequenos e me da  abraço, terminado com um beijo estalado na bochecha. Sorrio com isso.
— Boa noite, mamãe – Murmura sonolenta abraçando uma miniatura de um esquilo.
— Boa noite, querida – Murmuro de volta acariciando seus cabelos loiros.
Fico ali por alguns minutos até me dar conta de que meu tempo é curto. Me levanto e saio do quarto voltando a caminhar para o fim do corredor. Quando ponho a mão na maçaneta, sou surpreendida por um aperto em meu ombro.
Meu coração gela e minha respiração trava.

— S/n – Dean chama, um pouco de confusão impressa em sua voz.– O que esta fazendo?
Inferno!
— Ahn...– Pensa rápido, vamos, pensa rápido! – Eu… Viollet estava com medo de monstros no armário – dou uma risada forçada que saiu mais parecida com um gemido de dor.– Fui acalma-lá.
Dean solta uma risada rouca e me abraça por trás. Meus olhos se arregalam. Eu não estava acostumada com esse tipo de intimidade, muito menos vindo dele. Digamos que as coisas não estavam muito bem esclarecidas entre nós de onde venho.
— Então… – Ele sussurra ao pé de meu ouvido.– Podemos voltar para o quarto e…
Não! Não mesmo. Ninguém passa por esta porta.
— Não – Digo tentando disfarçar a preocupação.– Vem… lá esta muito abafado.
Digo pegando sua mão e o levando para o mais longe possível daquele quarto.
Quando descemos as escadas, Dean da um tranco e me puxa pela cintura dando-me um beijo daqueles. Eu tentaria afasta-lo, mas se fizesse isso seria suspeito. E eu também estava gostando, então apenas permito que aconteça.

Estamos andando para trás enquanto isso e sem querer tropeço no pé do sofá e caímos os dois um em cima do outro.
Ergo o olhar por alguns instantes e eles se prendem com o de Dean.
— Qual o problema?– Ele pergunta, tocando meu rosto com as pontas de deus dedos.
— Nenhum – Respondo desviando o olhar.
— Eu conheço você S/n, sei quando tem algo te afligindo, pode me falar. Eu vou ajuda-la.
Eu não posso contar, algo pode dar muito errado se eu abrir minha boca. Eu não sei o que, mas sinto isso.
— Não é nada, Dean – Digo me sentando no sofá. Esse movimento faz com que meu capuz caia, expondo meus cabelos curtos.
Dean não demorou a notar, pegou uma das mexas com as mãos e me olhou confuso.
— S/n… o que você fez?
— Na-nada…– Me levanto e dou um passo atrás.– Eu…
— Sam não estava brincando com a minha cara – Ele se levanta também e me encara.– Ele não estava mentindo quando me disse que encontrou alguém exatamente como S/n perdida na rua.
— Não, Sam não mentiu mas...
— Quem é você?– Dean me interrompe.– Como é tão parecida com ela?
— Eu posso até explicar, mas eu tenho quase certeza de que você ainda vai achar tudo muito estranho.
— Vai falando – Dean manda.
— Eu… ah – Penso en uma forma mais delicada de falar. Mas me dou conta de que essa forma não existe. – Que se dane. Eu sou de outro universo, pronto!
Dean só me encara.
— Como é?– Pergunta incrédulo.
— Algo, ou alguma coisa que eu não me lembro do que foi pois estou com lapsos de memoria fez um feitiço, e esse feitiço me trouxe para cá – Explico.
— Você é maluca.
É. Parece que eu estava certa.

— Só confia em mim – Me aproximo de Dean devagar.– E eu vou sumir da sua vida em menos de uma hora.
Dean está hesitante, ele não parece acreditar em mim. Vou precisar apelar.
— Por favor – Peço segurando sua mão. – Dean… ainda sou eu. A S/n, só que de um lugar bem longe daqui.
Dou um pequeno sorriso e pouso a mão em seu rosto.
— Só precisa me ajudar e conseguir uma mecha de cabelo da outra Eu, e então farei o feitiço para voltar.
Ele pisca algumas vezes e por fim diz com um suspiro:
— Esta bem – Eu até me surpreendo por ele ter concordado. Ele parece perceber.– Só vou concordar com isso porque realmente é tudo muito estanho.
Sorrio ainda mais por isso e ele também me acompanha. Nesse momento parecemos apenas nós mesmo, não importa a vida, o universo ou a dimensão. Somos apenas Dean e eu, como costuma ser.
Completamos a distancia que nos separa de forma mútua e nos beijamos mais uma vez, com a diferença de que agora minha reação foi retribuir o beijo. Passo meus braços em volta de seu pescoço.

— Dean? – Ouço chamar da escada.
— Puta merda! – Exclame, sobressaltada. Me solto de Dean e me viro na direção da mulher na escada. Eramos idênticas, com a diferença no corte de cabelo.
— S/n – Dean murmura atordoado.
— O que esta acontecendo aqui?– Ela pergunta.
— Uma festa – Reviro os olhos. – Uma festa muito, muito bizarra!
A outra eu franze as sobrancelhas e acende a luz da sala. Ela me encara confusa e eu suspiro alto. E lá vamos nós explicar tudo mais uma vez.
— Antes de começarmos – Digo, prestes a repetir minha historia para ela.– Alguem quer ir ao banheiro? A história é um pouco longa.
~~

— Levanta isso ai – Murmuro apontando para o queixo da garota que estava quase no pé.
— Desculpe – Murmurou fechando a boca. – Mas isso tudo é muito confuso.
— Você não faz ideia – Murmuro.
— Então para voltar você precisa de uma mecha do meu cabelo?
— Sim, e rápido – Digo.– Não podem existir duas de nós no mesmo universo. Se não voltar agora para o meu, eu…
— Você o que?– Dean pergunta preocupado.
— Eu vou desaparecer – Respondo baixo.– Não tinha certeza de que realmente iria acontecer, mas veja – Ergo minha mão que até agora estava no bolso. Não havia nada saindo da manga.
— Vamos, então precisa fazer isso rápido.

A Eu desse universo se levanta e me puxa escada acima, com Dean logo atrás de nós.
Entramos no quarto que é de casal e ela pega tudo que é necessário para fazer o feitiço. Um espelho, fósforos, um pequeno cálice, mecha de cabelo dela e meu e por fim o último ingrediente:
— Preciso que corte a palma de minha mão, o feitiço precisa do meu sangue.
Dean se aproxima e pega a faca que estou mantendo estendida. Estico meu braço e abro a mão que ainda existe.
— Não vai…
— Não – Repondo antes que termine a pergunta.– Não vai doer. Já passei por coisas muito piores que isso.
Travo o maxilar devido a ardência quando ele faz o pequeno corte em minha mão. Levo a mão ao cálice e aperto para derramar o sangue ali.
— Obrigada – Agradeço a Dean quando ele amarra um pano em minha mão. – Bem… é agora.
Com a ajuda de S/n dessa dimensão, acendo o fósforo e jogo dentro do cálice com os outros ingredientes para o feitiço. Quando o fogo abaixa, uma gosma roxa enche todo o cálice. Viro-me para o grande espelho e passo toda a mistura em sua superfície. O espelho se torna escuro, como um buraco negro prestes a me engolir.
Antes de entrar, olho para mim mesma dessa dimensão e Dean, os dois formam um casal até que bem legal. Sorrio e aceno, entrando. Antes que tudo se desfaça na névoa posso ver um par de pequenos olhos castanhos escuros me observando por uma abertura na porta. Sorrio outra vez e dou tchau a Viollet.
~~

— Aii! – Grito ao me chocar com o chão duro. Me levanto tirando a poeira e calcário de minhas roupas e olhando em volta. Estou em uma sala bem estranha. Vários espelhos e vidros com líquidos de variados tons.
— S/n??– Ouço alguém me chamar, reconheço por ser a voz de Sam.
— SAM! – Respondo ficando de pé. – SAMMY! Estou aqui.
Sam cruza um arco que é a entrada da sala, ele carrega um cano cerrado e esta descabelado.
— Graças a deus – Ele me abraça. – Pensei que estivesse morta, você sumiu a quase três dias.
— Como?– Pergunto assustada com a noticia. O tempo foi distorcido.
— A bruxa que caçavamos, a especialidade dela era necromancia e viagens por espelhos. Ela jogou você contra um deles e você não voltou mais.
— Então foi isso – Murmuro.– Eu acordei em outra dimensão achando que sei lá, havia acontecido um apocalipse zumbi!
— Dean quase enlouqueceu – Sam passa um braco pelos meus ombros e andamos para fora da sala.
— Onde esta Dean, afinal? E o que aconteceu com a bruxa?
— Dean ainda esta procurando por ela, depois que você caiu no espelho nos preocupamos em achar você. A maldita entrou em um dos espelhos e sumiu.
— Sammy, com quem está… – Dean para de frente para mim e me olha de cima a baixo.
— Finalmente – Diz vindo até mim e me apertando em um forte abraço.– Achei que tinha te perdido para sempre.
— Não vai se livrar de mim tão fácil, Winchester – Sorrio.– Vamos atrás dessa bruxa nojenta?
Ambos os irmãos sorriem e concordam com a cabeça. Ele saem em direção a saída do cômodo. No caminho, Dean me entrega uma arma e eu o agradeço.

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