Nervous
Capítulo Único.
Leitora/Dean Winchester.
***
Abri os olhos e logo coloquei meu braço em frente ao rosto, para tapar a luminosidade vinda das janelas com as cortinas levemente puxadas. Me sentei na cama, usando o lençol para cobri meu corpo que para variar estava nú. Ao meu lado, Dean Winchester dormia como uma pedra.
Me levantei da cama, sentindo minha cabeça pesar com a ressaca da noite passada. Eu realmente preciso para com isso, essas noitadas não me fazem bem. Uma onda de enjôo tão forte me fez correr para o banheiro e me debruçar em frente ao vaso, vomitando tudo o que tinha no estômago, nada além de álcool.
Fiquei pelo menos cinco minutos vomitando, o que é comum considerando o tanto que eu bebi noite passada, mas quando acabei o enjôo e a tontura não passou. Resolvi tomar um banho para ver se passava e se me sentia melhor.
~~
Sai do banheiro e fui até minha bolsa jogada embaixo da cama. Dean estava acordando.
- Como você consegue beber tanto e acordar tão cedo? - Pergunto, rolando na cama.
- São quase duas da tarde, Dean - Digo, revirando os olhos e vestindo minhas roupas intimas.
- Sério? - Perguntou e se levantou correndo.- Sam deve estar maluco.
- Eu mandei uma mensagem para ele - Falei, colocando uma calça jeans escura e uma camisa branca. Outra vez veio o enjôo que quase me derrubou, corria até o banheiro, empurrando Dean que estava na porta e novamente vomitei o que tinha e o que não tinha dentro de mim.
- S/n, tudo bem?
Perguntou preocupado da porta.
- Tudo, eu só... só estou meio enjoada - Falo, me levantando e lavando a boca na pia.
- Você precisa parar de beber tanto - Ele resmungou, passando por mim e indo para o chuveiro.
- Cala a boca - Retruquei, saindo do banheiro.
Do lado de fora do banheiro eu arrumava nossas bolsas com armas e roupas, encontraríamos Sam na cidade vizinha ainda hoje. Ontem a noite tínhamos encerrado um caso, e Dean e eu resolvemos nos divertir um pouco, e como Sam não aprova nosso tipo de diversão, optou por não vir.
Dean e eu passamos a noite juntos, pois como costumo chamar nossa amizade é "colorida", ou seja, nós somos amigos e transamos sem compromisso de vez em quando. Essa pode ser uma prática muito condenada por alguns, mas é um bom trato e ninguém se magoa. Apesar de eu sentir algo conflituoso por Dean, decidi que o melhor é deixar de lado e apenas me divertir com ele... da mesma maneira que ele ele esta fazendo.
Dean saiu do banheiro secando os cabelos com uma toalha e enrolado em outra.
- Vamos rápido, Dean. Sabe como Sam reclama quando demoramos pra voltar e ainda chegamos de ressaca - Falei
Ele grudou o corpo nas minhas costas e abraçou minha cintura.
- Ele pode esperar.
- Dean...
Dean apertou minha cintura e me virou de frente. Ele começou a me beijar e eu abracei seu pescoço, puxando-o para mim. Quando Dean deu um solavanco e me puxou para o seu colo, foi como se tivesse me jogado em uma montanha-russa.
Parei de beija-lo imediatamente e voltei para o banheiro, fechando a porta e vomitando. Eu não sabia nem mais o que eu tinha para vomitar. Dean bateu na porta e me chamou preocupado. Quando acabei, abri a porta e encontrei sua expressão ansiosa.
- O que foi isso, S/n?
- Não sei, acho que você me levantou rápido demais - Falei, passando reto.- Acho que ainda não me recuperei de ontem.
Preferi mentir, pois Dean é muito desantento e com certeza não perceberia que tinha algo errado, mas eu percebi. Três sessões de vômitos e enjôos constantes? Já me da um frio na barriga só de pensar no que pode ser.
O clima acabou totalmente depois que eu quase vomitei na boca dele, então Dean se trocou e fomos para o impala. Antes de entrar no carro tomei um remédio para nao acontrer nenhum acidente durante a viagem e acabei dormindo.
~~
Acorde quando Dean estacionou o carro no hotel aonde Sam estava, mais tarde iríamos para a casa de Bobby.
Encontrei Sam no quarto e antes que ele começasse o sermão, segurei sua mão e o arrastei para longe de Dean.
- Sam, eu preciso da sua ajuda - Falo.
- Para que?
- Preciso que você vá até uma farmácia e compre um... um teste de gravidez.
- O que?! S/n, não esta falando sério!
- Quer gritar um pouco mais? Acho que Dean ainda não escutou. Não estou brincando e estou muito preocupada, então vai logo e compra a porcaria do teste.
Sam se calou e respirou fundo.
- Então ele não sabe ainda?
- Não tem o que saber, Sam. É só uma suspeita, tá? Não é a primeira com certeza não é a última vez que isso vai acontecer.
- Como não é a primeira vez?
- Vai logo, merda! - Exclamei entre dentes.
Ele concordou e finalmente foi comprar o teste. Respiro fundo buscando me recompor para que Dean não suspeite de nada e volto para o quarto.
~~
Abro a porta do banheiro e encaro um Sam extremamente ansioso sentado na cama.
- Eu to gravida - Falo, sem saber se estava feliz, preocupada, desesperada ou tudo junto.- Sam... eu to gravida.
Ele se levantou da cama e veio sorrindo até mim, me abraçando forte.
- Eu vou ser tio? Meu deus, S/n!
Eu não consegui responder, só continuei refletindo todos os prós e contras que brotaram na minha cabeça e que estavam me massacrando naquele momento.
- Precisamos contar ao Dean...
- Não! - Exclamei, segurando o braço dele. Dean estava no quarto ao lado, que ele dividia com Sam.- Ainda não.
- Como assim "ainda não"?
Como eu ia explicar? Como eu vou explicar que eu amo Dean Winchester e que ter um filho dele é tudo o que eu sempre quis, mas que nunca poderia acontecer?
Dean e eu somos amigos. Ele nunca iria namorar sério com alguém, e eu precisava dele. Esse foi o único jeito que encontrei de poder ficar perto dele... de poder senti-lo. Essa gravidez vai estragar tudo.
- S/n, o que você está pensando em fazer? - Sam perguntou preocupado diante meu silencio prolongado. - Você não vai...
- Nem diga isso - Eu o corto.- Nunca.
- Então o que vai fazer? Esconder a gravidez dele? Fingir que não é dele. S/n, o que você está pretendendo?
- Eu vou embora - Falei, tomando minha decisão mais por impulso do que qualquer outra coisa. Eu sei que é algo chocante, simplesmente fugir, mas eu não consigo pensar em outra coisa. Eu não quero me magoar, eu não quero ver a expressão de decepção ou rejeição no rosto de Dean por ter que cuidar de um filho que ele não queria.
- Você vai o que? - Ele perguntou quase gritando.
- Embora - Repeti, correndo pelo quarto e reunido minhas coisas em uma bolsa.- Eu vou desaparecer.
- Não pode fazer isso, S/n. Dean é o pai, ele tem que saber.
- Eu não posso fazer isso com ele Sam. Eu não posso estragar a vida dele.
- Estragar? Olha o que esta dizendo. Você nunca estragaria a vida dele, S/n. Você tem que contar a ele.
- Não, eu não vou contar. E você também não vai. Sam Winchester, eu proíbo você de dizer qualquer coisa a respeito dessa gravidez para o seu irmão.
- Não posso fazer isso com ele S/n.
- Você vai fazer. Eu não estou brincando Sam.
- Como você quer que eu faça isso? Que eu olhe para o meu irmão e minta? Finja que...
- Eu não sei. Mas se você falar alguma coisa, ai sim eu vou desaparecer no mapa e nem você, nem Dean e nem ninguém vai me achar nunca mais.
Sam ficou quieto. Não sabia se estava ponderando sobre aceitar ou se estava pensando em argumentos para me convencer do contrário. Eu não ia esperar uma resposta.
- Eu quero ficar sozinha agora - Falei, ficando de costas para ele e reunindo algumas coisas. Para minha surpresa ele saiu calado do quarto e bateu a porta.
Quando terminei minha bolsa, corri até a mesa e peguei um caderno de anotações e uma caneta que estavam espalhados nas gavetas. Eu vou embora, isso é uma certeza absoluta, mas antes disso preciso pelo menos de uma desculpa para não ser procurada. Talvez Dean até ache que fui sequestrada e eu não quero isso.
Peguei a caneta e a coloquei sob o papel:
"Dean, talvez esteja se perguntando aonde estão minhas coisas e para onde eu possa ter ido, talvez não esteja. Quero dizer que isso é um mal necessário, a corta de veículos é algo que faz bem. Não no começo, pois para mim não está sendo nada fácil, sentirei sua falta mais do que posso escrever aqui, mais do que você é capaz de imaginar. Obrigado pelos momentos que tive ao seu lado, obrigada por estar sempre ao meu lado. Obrigado por tudo."
Era algo raso, não tinha nem metade do que eu queria dizer a ele. Eu nem mesmo dizia adeus na carta, mas é necessário. É muito difícil ir embora, até você ir embora de fato, então ir embora se torna a coisa mais fácil do mundo.
Peguei minha bolsa e deixei a chave do quarto na mesa ao lado da carta. Eu não posso perder mais tempo.
~~
6 anos depois.
Brooklyn, N.Y.
- Diana, por favor, para de jogar a bolsa na cabeça da mamãe - Pedi, tentando conter minha irritação. Parei no sinal e encarei através do retrovisor os pequenos porem inteligentes olhos intensamente verdes da garotinhas no banco de trás do carro. Ela riu e puxou a bolsa de volta pra o próprio colo pela alça.- Obrigado.
O sinal ficou verde e eu pisei no acelerador. Na rua de frente, vi um carro preto que me pareceu familiar furar um sinal vermelho e entrar na rua principal, acelerando e sumindo no fim da rua. Tentei acreditar que foi apenas uma ilusão minha cabeça exausta depois de uma noite em claro de trabalho.
Continuei o percurso até a escola aonde Diana estudava. Ainda era o jardim, mas ela adorava. Parei o carro no meio fio e desci seguindo logo para o banco de trás onde tirei Diana no banco para crianças.
Fui com ela até a porta e me abaixei, ficando de frente para ela, na mesma altura.
- Então, querida, você se lembra da nossa conversa mais cedo?
- Sim, mamãe.
- Nada de bater no amiguinho?
Ela concordou.
- Nada de fazer ele comer as peças do LEGO?
Ela concordou.
- Ótimo - Sorri.- Amo você.
- Amo você, mamãe - Ela disse, retribuindo o abraço que dei nela. Fiquei de pé e me preparei para deixa-lá entrar quando ouvi alguém me chamar:
- S/n?
Olhei imediatamente por reflexo e me deparei com Dean Winchester. Ele usava um terno, semelhante ao que costumava vestir para se fingir de FBI.
- Dean - Falei, mais por choque do que reconhecimento. Diana estava agarrada a minha perna e observava tudo com atenção.
- Eu... uau, quanto tempo - Ele disse se aproximando mais.- Eu nem acredito.
- É, faz um tempinho - Falo, engolindo em seco. Me volto para Diana.- Querida, porque não entra? Vai acabar atrasada.
Ela balançou a cabeça e correu para dentro da escola, sendo recebida por uma inspetora.
- É sua filha? - Dean perguntou surpreso.
- É sim - Concordei, sentindo como um animal acuado. Para piorar meu Dia, Sam surgiu não sei de onde.
- Dean, para de sumir desse jeito. Precisamos falar com o zelador agora ou... S/n?
- Oi, Sam - Falo, mas eu queria mesmo era entrar em um buraco e sumir.
- A gente pode conversar? - Dean se sobrepôs ao irmão. - É que tem muita coisa mal resolvida entre nós.
- Eu acho que não tem não - Falei, dei um passo atrás. - Tchau, Dean, tchau, Sam. Tenho que ir agora.
Dean me seguiu enquanto eu ia para o meu carro.
- Sério que não? Aquela carta que você deixou não dizia nada, pelo menos nada que fizesse sentido. Você nem se despediu.
- To me despedindo agora. Adeus.
Entrei no carro e Dean abriu a porta do passageiro, entrando também.
- Não dessa vez. S/n, por que está fazendo isso? O que eu fiz para você?
- Nada, eu só quero uma vida normal com a minha filha. Essa vida não inclui você.
Sam não tinha contado, admito que estou bem surpresa.
- Não é possível. Você me odeia tanto assim?
- Eu não odeio você.
- Então qual é o problema? Me conta. O que fez você me abandonar daquele jeito? Por que sumiu sem deixar nenhum vestígio, sem se despedir, sem... sem me dar a chance de te fazer ficar?
- O problema foi eu ter amado você mais do que eu devia - Soltei, fora de mim com suas palavras.- Foi eu ter levado a sério a nossa brincadeira e ter te amando tanto a ponto de doer. Nunca ficaríamos juntos, Dean, você nunca deixaria a sua vida boêmia pra ficar comigo. E o único jeito de ter você era daquele jeito... então eu aceitei. Mas quando descobri que estava... que estava gravida, eu não pude ficar, por que não era o que você queria e eu não podia te obrigar.
Os olhos de Dean se arregalaran, Sam realmente nunca falou nada. Meu melhor amigo foi fiel até o último momento. Sam como eu amo você.
- Ela... aquela garotinha - Dean começou gaguejando. - É minha filha? V-você ficou grávida e então foi embora?
- Diana é sua filha - Confirmei.
- Meu deus, S/n, o que você tem na cabeça? Por que fez isso? É a minha filha. Eu passei esse tempo todo dormindo com garçonetes, bebendo e tudo isso porque me culpava por ter perdido a mulher da minha vida. Tudo isso porque você sumiu e me deixou sozinho... porque eu era um imbecil sem coragem pra dizer a você tudo o que eu sentia. Prendi o ar, tentando assimilar o que ele falava. Dean não dava pausas, ele falava tudo de uma vez estava muito nervoso. Eu fiz uma besteira enorme, eu o privei de ter sua filha e privei minha filha de ter um pai. Tudo por causa do meu medo.
- Eu sinto tanto - Falei, começando a chorar mesmo que contra minha vontade.
Dean avançou no banco e me abraçou, puxando minha cabeça para seu peito.
- Eu sou uma pessoa horrível, Dean - Murmurei.- Você deve me odiar.
- Eu não te odeio, S/n - Dean falou.- Eu te amo, sempre amei. Só devia ter dito mais cedo.
- Nós dois devíamos - Falei, minha voz abafada. - Não sabe como estou arrependida.
- Não se preocupa com isso - Falou, beijando o alto da minha cabeça. Dean estava mais maduro, tão mais compreensivo. Ele seria um bom pai.
Sequei meu rosto e me arrumei no banco.
- Eu preciso ir trabalhar agora - Falei, respirando fundo.
- Trabalho? De que?
- Sou editora chefe, de um jornal - Respondi.
Dean sorriu.
- Sério?
- Claro. E por falar em trabalho, qual o caso?
- Espirito Vingativo, Sam e eu só estamos confirmando para poder queimar os ossos.
- Então... podem me encontra aqui por volta das cinco?
Dean concordou. Ele sabia que tinha que ir, antes de sair segurou meu queixo e me beijou.
- Senti falta disso - Falou.
- Eu também.
Voltei a me sentar reta no banco e Dean saiu do carro. Vi ele indo de encontro a Sam e me lembrei de que precisava agradecer a ele pela lealdade.
~~
Às cinco eu estava esperando para buscar Diana. Peguei minha filha no colo e logo vi Dean e Sam aproximando-se pela mesma esquina de mais cedo.
Os olhos de Dean brilharam ao ver a garota loira como ele. Ele parecia meio sem jeito quando se aproximou.
- Dean, esta é Diana - Falei, sorrindo.- Diana, este é Dean. Ele é o seu pai.
Eu nunca escondi dela que seu pai ainda era vivo, e quando me perguntava dele, eu dizia que estava salvando o mundo. Eu nunca odiei Dean, não tinha motivos para queimar o filme dele com ela.
- Papai? - Ela perguntou desconfiada. Eu ri.
- Isso mesmo.
- Você já terminou de salvar o mundo? - Ela perguntou se voltando para Dean. Ele a encarou surpreso e sorriu.
- Ainda não... mas isso pode ficar para depois.
Ele me olhou, como se perguntasse se podia pega-lá. Eu concordei e os deixei sozinhos para se conhecer. Caminhei até Sam e parei ao seu lado.
- Obrigado - Falei.
- Pelo que?
- Por guardar meu segredo por tanto tempo. Você sempre foi muito leal, Sammy.
Ele sorriu.
- Muitas vezes eu quis contar, mas eu sabia que você ia aparecer de um jeito ou de outro. Vocês tinham que se acertar sozinhos.
- Esse é o nosso segredo - Digo, piscando para Sam.- Ele nao precisa saber que você sabia.
- Obrigado - Sam que agradeceu dessa vez.
Ficamos em silêncio observando Dean conversar animadamente com Diana. Eles estavam se dando tão bem.
Eu estava sorrindo, mesmo ainda culpada por ter privado isso dele por tanto tempo, mas agora eles estavam juntos. Estávamos todos juntos.
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