Me Espera
Capítulo Único.
Leitora/Sam Winchester;
***
Uma manha chuvosa e cinza se fez presente naquela segunda-feira.
Eu e Dean não falávamos uma única palavra a quase dois dias, mesmo assim no entendiamos muito bem. Compreendiamos a dor um do outro.
A apenas alguns passos de onde estava, havia uma cama e nela deitada estava simplesmente o amor da minha vida, que agora estava morto.
Sam Winchester, deitado com um buraco ensanguentado nas costas e os olhos fechados, eu poderia dizer que ele parecia estar dormindo, mas isso não confortaria, porque eu sabia que ele não estava.
Eu já tinha passado por praticamente todos os estágios que antecedem o luto.
A negação, quando gritei até minha garganta doer e eu ficar rouca para que Sam não se fosse. Depois, a raiva, minha fúria contra o desgraçado que fez isso com ele, o covarde que o apunhalou pelas costas. Então veio a aceitação e com ela uma dor que parecia não ter fim. O buraco aberto em Sam se reproduziu no meu próprio peito.
Mas eu ainda não tinha me conformado, eu nunca me conformaria.
Men aproximei da cama, ajoelhando-me ao lado de Sam. Ele estava frio. Sua mão sempre tao quente e macia, estava dura e fria.
Mesmo assim, segurei ela com força e deitei minha cabeça em seu ombro.
— Sammy...– Murmuro. Eu sabia que ele não podia me ouvir, mas eu precisava dizer para tantas coisas que estavam engasgadas.– Acho que nunca falei isso, na verdade não com essas palavras... mas eu amo você. Desde o dia em que te vi pela primeira vez, fingindo ser do FBI, sem saber que eu caçava também.
Dou um leva risada me lembrando de como nos conhecemos.
Flashback:
Seattle, maio de 2005.
Entrei na delegacia e sorri para o policial que me aguardava na recepção. Quando liguei confirmando minha ida até lá para interrogatório ele foi super gentil.
— Tudo pronto com o suspeito? – Pergunto. O policial confirma.
— Dois dos seus já estão com ele, chegaram a alguns minutos.
— Dos meus? – Pergunto sem entender.
— Agentes do FBI. Eles disseram que precisavam falar com o suspeito.
— Claro, vou me juntar a eles agora, obrigado.
Uma pontada de nervosismo me domina enquanto caminho para a sala. Eu não sabia como reagir caso encontrasse agentes de verdade, eu não era do FBI!
Entrei na sala de interrogatórios e lá estavam dois caras de terno, falando em vozes baixas com Jimmy Lincoln, meu suspeito. Com a minha entrada, ambos se voltaram para mim. O mais baixo, loiro e com expressão de durão me mediu de cima a baixo antes de sorrir maliciosamente. Já o mais alto, tinha cabelos um pouco maiores que o habitual, eram castanhos. Seus olhos chamaram muito a minha atenção por serem de uma tonalidade curiosa e incomum. Ele era lindo.
— Oi? – O loiro chamou. – Estamos trabalhando aqui.
— É, estamos – Concordo. Aponto para Jimmy.– E esse é o meu suspeito.
Eu não sabia se eles eram mesmo do FBI, mas eu agiria como uma agente.
— Seu suspeito? – O mais alto repetiu.
— Isso ai, o interrogatório que vocês invadiram foi agendado por mim, tive alguns problemas que atrasaram a minha chegada – Expliquei. E de fato isso havia acontecido, algum idiota estacionou perto demais do meu carro no motel onde eu estava hospedada e acabou fechando a saída, tive que dar outro jeito de chegar aqui, já que meu carro não podia sair do lugar.
— Ah, desculpe – O moreno falou,corando.– Você deve ser a agente Foster.
Apertei sua mão estendida.
— Exato. E vocês são?
— Agentes Smith e Rose – O loiro responde.
Dou uma olhada em Jimmy atrás dos dois. Ele parecia muito abalado, não do tipo serial killer. A namorada fora assassinada, agora ele estava levando a culpa, na verdade aquilo me parecia trabalho de espírito vingativo
— Oi, sr. Lincoln – Falo passando pelos rapazes.– Você parece tenso, sinto muito se meus... colegas não foram muito gentis. Pode contar o que aconteceu?
A julgar pela aparência do rapaz, os dois deviam ter agido como dois brutamontes com ele. Depois que assumi, ele contou tudo sem problemas, quando deixamos a sala, o moreno veio até mim.
— Você foi ótima lá dentro.
— Eu tenho prática. Ele estava assustado, o que disseram pra ele?
— Meu parceiro não é muito complacente – Falou sinalizando para o loiro. Dei uma risada.
Eles não pareciam ser do FBI, eram tão jovens. Me passou pela cabeça que talvez eles não fossem do FBI, podiam ser caçadores como eu, agiam sem o menor profissionalismo.
— E o que achou? Ele é culpado? – Pergunto com a expressão curiosa.
— Não, não acho que ele seja um assassino, é só um garoto.
— E o que ele disse sobre uma mulher que está morta a quarenta anos aparecer e degolar a garota?
— Ele deve estar em choque – Falou.
Seu parceiro aparece e o chama, nos despedimos e eles vão embora. Resolvo voltar para o motel onde me trocaria e pegaria minhas armas, mesmo que eles fossem caçadores eu não iria arriscar deixando a cidade.
Quando chego na velha casa colonial, a fechadura esta forçada. Não considero como pista pois a casa esta vazia a tempos garotos idiotas invadem.
Entre no lugar, tomando cuidado com o som de meus passos e com a arma carregada com balas de sal pronta. Conforme entro mais na casa, mais estranho fica.
Não ouço nenhum som, nada mesmo, mas percebo que realmente tem algo errado quando a temperatura cai radicalmente.
Ouço um grito agudo rompendo o silencio. O grito soou como se navalhas fossem cravadas em meus tímpanos. Cai no chão de joelhos, perdendo a arma e tapando os ouvidos com minhas mãos.
Encarei a mulher parada diante de mim, sua imagem tremulou, ela não deveria ter mais de 23 anos quando morreu aqui. Seus ossos estavam em algum ligar da casa e eu tinha que encontra-los.
O espirito gritou novamente e avançou em minha direção, me arremessando contra a parede oposta. Senti uma nova onda fria, quando dei por mim, não podia mais controlar meus membros. A vadia havia me possuído.
Sons de passos se tornaram audíveis, os dois caras do FBI apareceram armados e usando calças jeans e jaqueta. Quando me viram, ambos pararam no lugar e me fitaram. Eu não conseguia falar.
Minha mão se ergue e ambos são jogados contra a parede. Caminho até eles enquanto Luísa Benigni, a jovem que me possuiu, começa a falar:
— Sempre aparecendo. Vocês estão sempre aparecendo. Contando mentiras românticas, jurando amor eterno. Promessas vazias.
Eu podia sentir o seu ódio. Luisa fora abandonada pelo noivo, desde então mata casais que aparecem em sua casa para namorar escondidos.
Ela sentia ódio de todos eles, de todas as promessas. Ela ficou cega e perdeu o propósito, agora ela apenas matava, não portava quem.
Ouvi o mais alto gritar para o mais baixo:
— Não atire, Dean. Ela esta possuída!
Olhei para o loiro que preparava uma arma e com um aceno arremessei o objeto para longe. Caminhei até estar de frente para moreno.
— Você já fez promessas que não cumpriu, Sam Winchester– Minha voz saiu deformada. – Jurou para aquela garota que cuidaria dela, que seriam felizes.
— Jessica?...
Eu não sabia quem era Jessica, mas Luísa sabia.
— Eu não tive culpa...
— MENTIROSO!
O espírito gritou e me obrigou a pular em Sam. Sua força era enorme. Começamos uma luta corpo a corpo e rolavamos pelo chão empoeirado.
Sam me prendeu no chão, ficando por cima, de repente senti algo queimando de dentro para fora e o espírito de Luisa foi expulso de meu corpo. Ela começou a entrar em combustão, até desparecer. Dean apareceu de algum lugar carregando um galão de gasolina.
— Feito! – Falou. Sam saiu de cima de mim e eu soltei um longo suspiro aliviado. Lancei um olhar para o moreno e a primeira coisa que falei foi:
— FBI, né?
Ele riu balançando a cabeça e corando violentamente por ser pego.
Fim do Flashback;
Eu lembrei de tudo isso enquanto acariciava seus cabelos, agora levemente maiores. Passei a ajuda-los em alguns casos depois daquilo, até que pediram minha ajuda para encontra o pai deles que tinha sumido.
Nunca contei a Sam o quanto o amava, agora me arrependo como ninguém.
Lembrar de nosso primeiro caso acabou me remetendo para Luísa. Ela enlouqueceu pois perdeu o amor da vida dela, porque ele a deixou. Sam não sabia que eu o amava, ele sabia que era muito especial para mim, mas não que eu o amava. E de certa forma ele me deixou, não de forma proposital, mas deixou.
Eu não quero ficar como Luísa. Eu não quero definhar.
Dean não estava melhor que eu, estava destruído. Eu não podia ver meu melhor amigo sofrendo assim, da mesma maneira que eu não podia ver Sam morto sem tentar nada.
Levantei, Dean não percebeu, em seu torpor de dor, estava tão imerso em si mesmo que nem notou minha saída.
Entrei no meu carro e não pretende ao menos atenção no velocímetro, eu podia estar a 150kh que eu não me importaria e nem iria reduzir.
O caminho até meu destino se tornou leve conforme eu ia tendo certeza do que iria fazer. Eu sabia que era o certo, eu sabia.
Estacionei o carro no acostamento, descendo do mesmo carregando comigo uma pequena caixa de metal, em seu interior tudo o que precisava para a invocação.
Assim que enterrei a caixinha, uma brisa gélida cruzou meu corpo, causando-me arrepios mesmo por cima da jaqueta de couro que eu vestia.
— S/n S/s Colt – A voz feminina murmurou com satisfação ao dar lentos passos e minha direção. – É um prazer conhece-lá.
— Não posso dizer o mesmo – Falo. Minha voz sai rouca e arranhada devido a falta de uso e o choro contínuo.
— Você é famosa onde eu venho – A Demonia riu.– Todos conhecem a descendente de Samuel Colt.
— Pule as bajulações, você sabe o que eu vim fazer aqui – Eu a interrompo ficando sem paciência.
— É, eu sei – Ela concordou. Agora estávamos frente a frente.– E você tem absoluta certeza do que está fazendo?
— Isso sou eu quem decide.
— Uau, aquilo mexeu mesmo com você, não foi? – Pergunto com um sorriso malicioso. – A morte do Winchester caçula. Você deve ama-lo muito.
— Cala a boca!
— Calma ai, gatinha – A Demonia fecha a expressão.– Não de esqueça que você depende de mim para ter o seu cabeludinho de volta. Então me trate direito.
— Ou posso simplesmente manda-la para o inferno e invocar outro demônio menos tagarela – Falo mantendo meu tom ameaçador. Ela engole em seco.
— Tudo bem – Balança a cabeça. – Mas eu acho bom você saber, a sua alma é quase como uma figurinha dourada lá embaixo. Você está muito ferrada, tem muitas contas para acertar.
Ela só queria me assustar, é isso. Mas não adianta, eu quero Sam de volta.
— Eu não ligo.
Ela ergueu uma de suas sobrancelhas negras.
— Quem sou eu para julgar. Você tem até meia-noite.
— O que? Não! São 10 anos.
— Não para você, queridinha – Ela balança a cabeça. – Se existe alguem mais valioso que você, esse alguém é um Winchester. Para ter Samuel de volta você acaba aqui. 12 horas ou pode queima-lo antes que comece a feder.
Eu não tinha escolha, fechei os olhos e falei:
— Sim. Eu aceito.
A Demonia se aproximou e antes que eu me preparasse já estava me beijando para selar o pacto.
Ela se afastou e riu. Antes de desaparecer falou:
— Vejo você no inferno.
~~
Voltei na casa onde deixei Dean e Sam. Os dois conversavam, a confusão de ambos era visível, mas felizmente Dean não contou nada sobre a morte.
— S/n! Onde estava? – Perguntou Perguntou levantando vindo até mim. Não respondi ate que o tivesse abraçado com todas as minhas forças.
— Eu fui para casa, tomar um banho. Não achou que eu ficaria olhando a Bela Adormecida o dia inteiro – Forço um sorriso. Ele não percebe.
— Dean falou que Bobby conseguiu dar um jeito na facada. Ele esta ficando bom nisso, não tem nem cicatriz.
Lanço um olhar de agradecimento para Dean e ele revida.
— O velho é bom no que faz – Digo, então mudo de assunto.– Vamos comer? Estou morta de fome.
— Tudo bem, mas temos que ver o que vamos fazer com Jake, ele ainda esta por ai.
— Claro – Concordo.
Ele vai para o carro e eu fico sozinha com Dean.
— S/n, eu sei o que você fez.
Olho para o loiro.
— Eu precisava, Dean.
Ele respirou fundo.
— Eu estava prestes a fazer o mesmo, seu raciocínio foi mais rápido. Mesmo assim, Sam vai pirar quando descobrir.
— Não, ele não vai – Falo, séria.– Porque ele não vai saber de nada, nunca.
— Ele vai acabar descobrindo.
— Não, Dean. E você não vai falar nada.
O loiro se aproximou e me apertou em um forte abraço. Ele acariciou minha cabeça e se afastou um pouco olhando meu rosto.
— Você é incrível, pequena. Tenho muito orgulho de você. Vou tira-la dessa, eu juro.
Senti que choraria, Dean nunca falou assim comigo.
— Não vai, Dean – Balanço a cabeça negando. Ele me olha confuso.– Eles me deram um dia.
— Um dia?! S/n...
— Era isso ou nada. Eu tive que aceitar.
— Podia ter barganhado.
— Ela não estava aberta a negociações – Falo.
Sam apareceu na porta e nos olhou confuso.
— Por que estão demorando?
— Estávamos nos beijando loucamente – Disfarçou dando um meio sorriso. Sam revira os olhos.
— Vamos logo, não temos o dia inteiro.
— Estou indo, garoto prodígio – Falo.
Assim que Sam sai outra vez me volto para Dean.
— Eu vou dar o jeito. Só... quero me despedir dele a altura. Eu amo você, o irmão badboy que nunca tive.
Ele sorriu tristemente e me abraçou.
— E você é a irma pentelha que não quero perder.
Me afasto dele e seco a lagrima que escorreu.
A parte mais difícil ainda viria.
~~
Foi difícil convencer Sam a esperar para ir atrás de Jake. O dia passou rápido enquanto estávamos na casa do Bobby traçando um plano de ataque.
Voltamos para meu apartamento onde passaríamos a noite noite.
Dean deu todo o espaço que eu precisava com Sam, depois de juntarmos, o loiro disse que iria beber algo e nos deixou a sós.
Sentei ao lado dele no sofá e deitei minha cabeça em seu colo, ouvi Sam rir.
— O que foi? – Perguntei.
— Você está tão diferente hoje – Falou.
Sentei e o encarei nos olhos, eu não tinha muito mais tempo.
— Sam, tenho algo para contar a você.
— Pode falar o que quiser.
Respiro fundo e falo de uma vez.
— Eu amo você.
Sam me encarou, ficou assim pot uns segundos e sorriu.
— Sério? Eu... eu achava que eu era apenas um irmão pra você.
— Dean é um irmão para mim, você é o homem da minha vida.
Sam me puxou para perto e me beijou profundamente, seus braços envolveram meu corpo e me ajudaram a subir em seu colo.
— Eu amo você, S/n – Falou.
Parei de beija-lo.
— Sam, promete algo para mim? – Peço.
— Qualquer coisa.
Seus olhos, no momento azuis com pigmentos cinzas, me encaravam.
— Eu vou fazer uma viagem – Falo.– Vai ser de repente, eu descobri algo sobre o meu avô. Vou precisar sair do país.
Sam parece decepcionado.
— Mas...– Continuei. – Eu volto logo, eu... só preciso que me prometa, você me espera?
Sam me beijou novamente, para confirmar, assim que nos separamos ele falou:
— Eu prometo.
Sam levantou comigo em seu colo e nos levou para o quarto.
Eu haviam tomado outra decisão. Eu iria para o inferno, não tinha como escapar disto, mas eu voltaria e Sam não iria precisar se acostumar com a minha ausência.
Ficaríamos juntos.
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