Eu nunca... [16+, abuso de álcool]

Capitulo Único.
Leitora/Kevin Tran.

***

Era uma tarde tediosa de sábado. No bunker dos homens de Letras, o tédio comandava com mãos de ferro.
Não havia nenhum caso em vista, apesar de estarmos como loucos procurando alguma coisa. Kevin trabalhava sem parar na placa e eu sentia que logo todos nós entrariamos em colapso.
— Chega! Definitivamente, eu não aguento mais – Exclamei, levantando os braços. – Eu preciso fazer alguma coisa que não seja pesquisar sobre morte.
— Por que não sai um pouco? Nós cuidamos disso aqui –Sam sugeriu.
— Ótimo, super divertido sair sozinha em um sábado – Digo, fechando meu notebook.– Não é nada deprimente.
— É melhor do que só ficar aqui reclamando o tempo todo – Dean resmungou.
— Cala a boca – Mandei, revirando os olhos.– Falando assim até parece que esta feliz.
— Não estou, mas não fico resmungando como uma velha – Rebateu.
— É, você prefere beber como um velho alcoólatra.
— Okay, parem – Sam interrompeu nossas provocações.– Estão parecendo um casal de velhos.
— Desculpe então, vovó – Dean debochou e fingiu jogar os cabelos para trás. Eu ri com sua imitação de Sam.
— Essa foi boa – Falei, ele estendeu a mão e eu bati nela.

— Vocês podem fazer menos barulho? Tem alguem aqui tentando trabalhar – Kevin entrou na sala de reuniões vindo do corredor onde ficava os quartos e ocupou um dos lugares na mesa longa de reuniões.
Soltei um suspiro cansado e me silenciei. 
Poucos minutos depois tudo havia voltado ao estado monótono de antes. Dean estava entretido com seu computador, não posso afirmar com certeza se ele estava trabalhando ou vendo pornografia, então preferi ficar na duvida. Sam estava igualmente concentrado em seu notebook, mas ao contrario do irmão, eu posso afirmar que ele esta realmente trabalhando. Kevin estava debruçado sob a placa dos anjos, tentando descobrir uma forma de devolver os anjos ao céu depois da queda. Observei Kevin por mais tempo que os os outros, ele ficava uma graça quando estava concentrado daquele jeito. Não é a primeira vez que me pego encarando e pensando nele, à semanas eu sentia algo diferente pelo jovem profeta, mas optei por não dizer nada nem a ele e nem a ninguém.

Kevin é um doce, apesar de já ter passado por tanta coisa, ele é jovem e inocente. E eu? Sou uma caçadora grossa, que passa metade do dia com um copo de whisky em uma das mãos. Eu só tenho 23 anos e me considero uma depravada perto dele. Kevin merece alguem melhor, definitivamente, ele precisa de alguem psicológica e emocionalmente estável.
Todo o silencio estava me cansando, levantei da mesa e sai do comodo sem dizer nada, tomando o caminho da cozinha onde fui até a geladeira e peguei uma garrafa de vodka que havia guardado lá à alguns dias atrás.

Voltei para a sala e encontrei os rapazes na mesma situação.
— Tudo bem, tudo bem. A fada do álcool chegou para alegrar o dia de vocês – Digo, depositando a garrafa e os quatro copos de dose na mesa.
— São seis horas da tarde – Sam falou, olhando reprovador na direção da garrafa.– Quer começar a beber vodka à essa hora?
Nós vamos começar, meu querido – Digo frisando bem o "nós", e fechando seu notebook.
— Que ideia é essa, S/n? – Sam perguntou, não entendendo minha intenção.
Voltei para a garrafa e a abri, despejando o liquido nos copinhos tranquilamente.
— Vamos jogar um jogo muito divertido – Começo.
— Olha, eu não sei o que é, mas se tem álcool no meio eu to dentro – Dean concordou.
— É assim que se fala, Baby – Digo, piscando para ele. Dean pisca de volta.
— Façam o que quiser, eu vou estar no meu quarto trabalhando – Kevin murmurou começando a se levantar. Me apressei em ir até ele e empurra-lo de volta para a cadeira pelos ombros.
— Opa, opa, rapazinho. Nada disso – Falei, abaixando até que minha cabeça estava ao lado de seu ouvido.– Você vai ficar aqui e se divertir com a gente.
Ele engoliu em seco e concordou com a cabeça. Me afastei dele e me sentei na ponta da mesa.
— Então qual é o jogo? – Sammy perguntou, cedendo também.
Abri um sorriso largo.
— Você já ouviram falar de "Eu nunca"?
— Não – Os três responderam em uníssono. Revirei os olhos.
— Vocês são chatos demais – Falei.– Até parece que nunca frequentaram o ensino médio.
— Algumas pessoas costumavam estudar, sabe? – Sam pergunta de maneira irônica.
Kevin sorriu concordando com Sam.
— É, a gente costumava chamar eles de nerds sem vida própria – Dean retrucou.
Ergui a mão e Dean bateu nela.
— Você pode explicar logo como é esse jogo? – Kevin perguntou, irritado.
— Claro – Concordo.– É simples. Cada um diz uma coisa que nunca fez, e se você já fez essa coisa é só beber uma dose de vodka.

— Parece divertido – Dean deu de ombros.
— É claro que é divertido. Vamos lá – Falo.– Sammy você começa.
Ele pegou um copo e todos nós o acompanhamos.
— Certo. Eu nunca... transei com uma estrela porno – Ele falou, sorrindo maldoso.
Dean revirou os olhos e tomou uma dose. Foi apenas ele.
— Sério? – Perguntei.
— É uma história engraçada, mas que é melhor deixarmos para depois – Dean falou, enchendo seu copo.– Você me paga, Sammy. Essa foi pessoal.
— E essa é a sua hora da vingança, Dean – Falo.– É a sua vez.
— Ótimo – Ele sorriu maligno. – Eu nunca fumei maconha.
Ele olhou de forma significativa para Sam que revirou os olhos.
— Aquilo não conta, eu nem tenho certeza se era – O mais novo se defendeu.
— Anda, Sam, bebe. O que vale é a intenção e a sua era ficar doidão.
— Aquilo podia até ser orégano...
— Sam, bebe – Dean falou, prendendo o riso. Sam revirou os olhos e bebeu.
Eu olhei para um lado e depois para o outro e virei o copo.
Os três me encararam surpresos.
— O que foi? – Pergunto. – Eu estava na faculdade e eu cursava filosofia é quase uma lei. E foi só uma vez.
— Ela tem razão – Dean deu de ombros. Sam o olhou aborrecido.
— Então dela você não tira uma com a cara? – Sam perguntou.
— Vamos voltar ao jogo, ainda não estou bêbada o bastante para aguentar a DR de vocês
Eu interrompo Sam. Agora é minha vez.
Reponho a bebida no meu copo e no de Sam.

— Vamos lá – Começo, lanço um olhar brincalhão para Kevin. – Eu nunca... Fiquei com um asiático.
— Asiática no feminino conta, certo? – Dean perguntou. Eu balancei a cabeça afirmativamente. Dean bebeu e Sam também.
— Isso é idiota – Kevin resmungou antes de tomar.
— S/n? – Sam chamou.– Não vai beber?
— Não. Eu disse que nunca tinha ficado, estava falando sério – Falei. Pisquei para Kevin.– Mas estou disponível.
O garoto desviou o olhar. Qual é? Eu posso pelo menos me divertir, não é como se flertar com ele fosse crime e ele nem mesmo me da atenção.
— Sua vez, Kevin – Dean falou, enchendo os três copos vazios.
— Tudo bem, então... eu nunca tomei um porre.
Sam, Dean e eu bebemos.
— Isso foi injusto – Dean falou.
— Somos mais velhos que você – Sam também resmungou.
— Para tudo existe uma primeira vez, baby – Falei, enchendo novamente os copos.– Sua vez vai chegar.
Ele deu um pequeno sorriso e eu senti que alguma coisa estava mudando alí.
— Eu, eu vou agora – Dean levantou o braço como uma criancinha. – Eu nunca me casei em Vegas.
Sam revirou os olhos e bebeu.
— Dean, o jogo era para todos nos divertirmos, não para você me atacar – O mais novo falou.
— Foi você quem começou, vadia.
— Imbecil.
— Chega os dois – Eu interrompi. Hoje eles estavam terríveis.– Vai, Sam, para de chorar e continua o jogo.
— Eu nunca traí minhas namoradas – Falou, sorrindo malicioso.
— As duas únicas...– Dean resmungou antes de virar o copo.
— Dean, você é um imbecil – Comentei.
— Eu era imaturo.
— Você ainda é – Kevin acrescentou.
— Minha vez! –Exclamei, empolgada. – Eu nunca fui a uma praia de nudismo.
Ninguém bebeu.
— Mas eu gostaria – Dean comentou.
— Eu nunca fui a Vegas – Kevin falou, dando de ombros.
— Você adora apelar, não é? – Falei, tomando a vodka assim como Sam e Dean.

O jogo seguiu assim, varias coisas que nunca fizemos e que já fizemos foram expostas e a garrafa foi rapidamente esvaziada. Dean voltou com outra, dessa vez de tequila e com alguns limões. Houve um momento em que eu nem me lembrava mais do que estava falando. Dean levantou o copo e falou:
— Eu nunca fiz topless – E olhou para mim.
Eu virei.
— Sério? – Kevin perguntou, ele estava bem vermelho pela bebida e mais solto também. Eu gostava desse Kevin falante.
— Viva a Atlantic City! – Exclamei.
— Chega, acho que para mim esse jogo já deu – Sammy falou se levantando um pouco bêbado demais.– Eu vou dormir.
— Eu disse que ele é fraco para bebida – Dean deu de ombros.
— O que faremos sem um dos mosqueteiros? – Perguntei quando Sam saiu do cômodo.
— Bebemos? – Kevin sugeriu.
— Eu gosto desse garoto – Falo, apontando para ele com o polegar, Dean ri.
— Alguem aqui nunca fez mais alguma coisa? – Kevin perguntou.
— Eu nunca bebi tequila no umbigo de uma stripper na noite de São Patrício – Falei.
— Isso foi bem especifico – Kevin murmurou confuso.
— Cara, não era para você contar a ninguém – Dean reclamou, virando o copo.
— Dean, você me assusta – Kevin falou, rindo.
— Eu só sei como me divertir – O loiro falou.– Certo e agora é minha vingança. Eu nunca quis beijar ninguém nessa sala.

Meus olhos se arregalaram e minhas mãos congelaram, eu sabia que deveria beber, mas não podia me entregar desse jeito. Ao meu lado, Kevin bebeu.
Eu não sei se ficava feliz ou preocupada.
— Opa! – Dean gargalhou. – E ai, S/n, não vai beber?
— E-eu? – Perguntei. – Acho que não, o jogo acabou.
— Não, você tem que beber.
— E você esta bêbado, não sabe o que diz.
— Você também está.
— Ah, cala a boca – Mando.
Revirei os olhos e bebi.
Percebi a tensão que se instalou. Dean sabia, droga. Como ele descobriu que gosto do Kevin? Sempre achei que fosse bem discreta quanto a isso, mas pelo visto eu me enganei.
— Ótimo, agora o jogo acabou – Dean riu e ficou de pé. – Boa noite, crianças.
Nem eu e nem Kevin falou por minutos depois que Dean saiu.
— Só pra esclarecer... não era o Dean – Kevin diz, envergonhado.
Dei um meio sorriso.
— Digo o mesmo – Falo, olhando em sua direção.
— Você...
— Isso aí.
— Eu pensei que vocês estivessem tendo algo. Estão sempre juntos e brincando.
— Dean é tipo meu irmão mais velho – Falo.– E ele me conhece bem até demais. Desculpe ele ter feito você passar por esse constrangimento.
— Tudo bem – Falou compreensivo.– Pelo menos agora eu sei que não à nada entre vocês.
— E agora eu sei que você quer me beijar o que nos leva ao próximo passo – Digo, levantando da cadeira e segundo a mão de Kevin, puxando-o para que ficasse de pé.
Ele segurou minha cintura com as mãos em me fitou nos olhos. Com um movimento mútuo de ambas as partes, aproximamos nossos rostos até que estávamos nos beijando. Nos afastamos um pouco para respirar.
— Agora você já pode dizer que ficou com um asiático – Kevin brincou. Balancei a cabeça e sorri.
— E você pode dizer que já tomou um porre.
Ele riu também.
— Foi você quem disse sobre ter uma primeira vez para tudo.
Sorri ainda mais, pensando o quanto deveria agradecer ao Dean por esse empurrãozinho. Depois de soca-lo no rosto, é claro.

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