Enter Game

Capitulo Único.
Leitora/Dean Winchester/Sam Winchester.

***

Chicago, Illinois.
12:09 A.M

Assim que abri a porta de meu apartamento larguei a bolsa sobre a primeira cadeira que encontrei. Eu estava morta. Simplesmente não imaginei que um simples caso com Djinn seria tão cansativo.
Atravessei a sala, indo em direção ao meu quarto, porem algo me chamou a atenção. Voltei caminhando devagar até o centro do comodo e encarei a janela, esperando algo acontecer para garantir que eu não estava vendo coisas. Nada aconteceu.
Desconfiada, me aproximei mais da janela e a abri, colocando minha cabeça para fora procurando ver melhor. Quando constatei que não havia nada e estava voltando, senti que alguem me empurrou com força e avancei janela a fora.
Não tive tempo de segurar em nada, nem ao menos gritar antes de atingir o chão e tudo ficar escuro.
~~

Abri os olhos e meu primeiro pensamento foi: Estou morta!
Mas aquilo não se parecia com a morte. E eu sei bem do que estou falando. Levantei de onde havia caido e analisei o cenário a minha volta.
Esse lugar não se parecia em nada com a rua de trás do meu prédio. Eu estava acostumada com coisas estranhas, mas as vezes passam dos limites. Eu me encontrava em pé encima de uma plataforma brilhante. A região parecia uma cidade futurista com prédios altos e luzes neon, era tudo bem estranho.
Desci da plataforma e comecei a caminhar, procurando alguem ou alguma coisa para me ajudar a entender que inferno estava acontecendo. As ruas eram estranhas e vazias, aquilo já estava me preocupando.
- S/n? - Ouvi me chamarem, não muito longe. Eu conheço essa voz.
Comecei a procurar de onde vinha o chamado, até avista-lo a alguns metros de distância. Sam Winchester, corria em minha direção, vindo do fim da rua. Confusa por encontra-lo ali, corri também para encontra-lo.
- Sam! - Eu o abracei, ele retribuiu. Sam me apertou por um longo tempo e acariciou minha cabeça.
- S/n - Sam parecia preocupado quando me soltou.- Você esta bem? O que faz aqui?
- O que você faz aqui?- Devolvi a pergunta confusa.- E que lugar é esse?
- Não faço ideia. Estava caçando com Dean em Indiana, entramos em uma casa abandonada e de repente estávamos aqui. E voce, como chegou?
- Eu...- Parei por um minuto, passando a mão na nuca.- Não sei direito. Parece que as minhas memorias estão se misturando ou algo assim. Eu cai da janela do meu apartamento, apaguei, e depois estava aqui.
- Caiu da janela?- Sam perguntou, arregalando os olhos.- Você está bem? Esta machuda?
- Considerado que eu deveria estar morta, estou até melhor do que pensava - Respondi. - Mas, é bom que esteja aqui também. Eu estava pirando aqui sozinha.
- Claro - Ele me abraçou de lado.- Vem, vamos até Dean.
Voltamos a caminhar na direção que Sam veio.
- Onde ele esta?
- Ficou recolhendo as armas.
- Armas?
- É - Confirmou. - Esse lugar, é muito bizarro. Encontramos um arsenal de armas e eu fui atrás de vida por aqui. Dean ficou lá.
Eu estava feliz por Sam e Dean estarem aqui, estou feliz por não estar sozinha. Mas minha mente ainda estava meio entorpecida.
- Sam - chamei, enquanto caminhavamos. O silencio já estava ficando um pouco incômodo.
- Sim?
- Você se sente... estranho? Ou confuso, desde que chegou aqui? - Eu precisava saber que não era apenas eu.
- Muito confuso, mas estranho, não. Ainda me sinto eu mesmo, por que? - Permaneci em silencio, pensando se contaria a ele. - S/n, o que esta te incomodando?
Nunca consigo esconder nada de Sam. Ele era esperto demais para isso.
- Não sei... acho que é a queda, ou algo assim. Afinal, olha só o que esta acontecendo, não era para menos ficar totalmente maluca. Eu cai de uma janela!
- Tenho alguma idea sobre o que pode ter feito isso conosco - Sam comentou, de maneira pensativa. - Não é a primeira vez que algo assim acontece comigo e com Dean.
- Sério?
- É. Uma vez, fomos verificar um caso de desaparecimentos e acabamos presos em um loop do tempo. E outra quando ficamos sendo transportados por vários programas de Tv.
- Descobriram o culpado?
- Gabriel - Ele respondeu. - Sabe, o arcanjo. No começo pensamos que ele era apenas um brincalhão, mas parece que era coisa bem maior.
Concordei com a cabeça, agora estava começando a trabalhar a mil. Pelo que Sam me contou isso parecia perfeitamente um trabalho de Gabriel. Mas por que ele mexeria em minha mente?
Chegamos em um grande armazém. Como todo o resto da cidade ele era coberto por luzes pirotécnicas, dando um tom futurista e meio brega para ser sincera. Sam levantou a porta de metal e lá estava Dean, ele organizava uma mesa cheia de armas.
- Olha quem encontrei perdida por ai - Sam brincou, enquanto fechava a porta atrás de mim. Dean ergueu a cabeça e sorriu ao me ver, vindo ao meu encontro logo em seguida.
- Estava com saudades - Falei, abraçando-o. Não o via a umas duas semanas, assim como Sam. Os dois estavam bem ocupados com essa historia toda de apocalipse.
Em resposta, ele me apertou mais junto a ele.
- Certo - Falei, meio sem graça pela cena bem em frente à Sam.- Uhn... qual é a do arsenal militar?
Dean se virou novamente para a mesa.
- Ainda não sabemos. Acho que tem alguma coisa prestes a acontecer, ou não teria tudo isso aqui - Dean explicou.
- Esse cenário não me é estranho - Murmuro.- Esses prédios, as armas e as ruas vazias. Conheco isso de algum lugar.
- Seria ótimo se você lembrasse - Sam falou, passando por mim e indo para perto do irmão.- Não estou com um bom pressentimento.
- Bem, podemos nos armar ate os dentes e sair atrás de mais alguem ou alguma explicação - Dean deu a ideia. - É melhor que ficar aqui, e talvez até conseguimos uma solução.
- Dean tem razão - Concordo, pensativa.- Mas não sabemos o que esperar lá fora.
- Não vamos descobrir ficando aqui - Sam encerrou o assunto. Sem mais argumentos, fiz como os dois e fui escolher uma arma.
Fazendo uma varredura em uma das caixas no fundo que Dean não havia olhado, encontrei algumas coisas bem curiosas.
- Hey - Chamei, os irmãos se aproximaram para ver.- Vejam isso, é algum tipo de trage espacial?
Sam pegou uma das peças e examinou, fiz o mesmo. Era um tecido bem resistente, reconheci da época que trabalhei na policia de Nova York. Pareciam ser a prova de balas.
- São roupas de proteção - Ele concluiu.- São de um tecido resistente a fogo e...
- Balas - Eu o interrompi.- Mas por que essas coisas estão aqui?
- Reparei que esse lugar não é só um armazém para guardar armamento - Dean falou.- Também é algum tipo de base, ou esconderijo militar. As paredes são reforçadas e as portas também.
Foi como se uma lâmpada se ascendesse dentro de minha cabeça. Finalmente lembrei de onde conhecia tudo isso.
- Sam - Comecei, colocando os trages de volta na caixa.- Você me falou sobre o arcanjo, não é? Sobre como ele prendeu você e Dean em um loop do tempo? E depois quando ficou mandando-os através de vários programas de TV.
- Sim - Ele confirmou.
- O que Gabriel tem a ver com isso?- Dean questionou.
- Loops do tempo é uma maneira de alterar a realidade. E os programas, mudando o cenário e as situações, como um universo paralelo - Falei, de alguma maneira, tudo começou a se encaixar. - E isso que esta acontecendo com a gente, com certeza não é natural. Tem que ter algum tipo de intervenção.
- Então, Gabriel quer nos ver - Sam entendeu.- Mas por que ele nos prenderia aqui?
- Porque ele é sádico? - Dean deu de ombros.
- Porque pelo que me falou - Eu tentei explicar, ignorando a sugestão de Dean.- Gabriel leva a vida como um Brincalhão. Sem contar que ele é um arcanjo, eles nunca vão direto ao ponto, e amam joguinhos. Isso leva a minha segunda descoberta.
- Que seria?
- Estamos presos em um game - Respondi. Dean ergueu as sombrancelhas.- Estamos em um jogo de video game, Dean. Um game futurista, parece que para encontrar Gabriel, vamos precisar cruzar a cidade passando pelos robôs ate chegar na outra plataforma.
- Acho que conheço esse jogo - Sam falou, com um vinco entre as sombrancelhas.- Por isso estamos aqui, um armazém com as armas e o trage para entramos em campo.
- Quando acordei, estava em uma plataforma iluminada - Lembrei-me.- Igual a que aparecem todas as vezes que iniciamos o jogo.
- Como eu disse antes - Dean bufou.- Sádico.
- Mas... o que ele iria querer conosco? Por que nos faria passar por tudo isso, só para encontrar com ele?
- Aparentemente teremos que encontra-lo para descobrir - Sam me respondeu, pontuando com um suspiro.
Abri novamente a caixa, e puxei um dos trages.
- Bem, acredito que estas coisas serão necessárias - Resmunguei.
- Eu não vou usar isto! - Dean bufou.
- Qual é, Dean. Faz parte do jogo.
- Não vou entrar na onda doentia de Gabriel. Estou cansado dos joguinhos dele - O Winchester se afastou e bateu contra uma das vigas da construção. - Okay, já descobrimos qual é a sua. Pode aparecer e acabar com a palhaçada!
Nada aconteceu. Sera que meu palpite estava errado? Seria mesmo Gabriel que armou tudo isso. Dean ainda andava de um lado a outro dirigindo xingamentos para o Arcanjo.
- Acho que ficar gritando essas coisas não vai faze-lo mostrar a cara - Comentei com Sam.
- Tem razão. Ele não vai aparecer enquanto não entrarmos no jogo dele e fizermos tudo o que ele quer.
- Como foi das ultimas vezes? Como o encontravam?
- Geralmente, ele estava disfarçado. Precisávamos descobrir quem ele era - Sam explicou.- Mas a cidade esta vazia.
- Então precisaremos mesmo cruza-la - Decidi.- Essa area é a inicial, é fácil e deserta, quando passarmos por ela chegamos na parte difícil.
- Esta com medo?
Balancei a cabeça.
- Não - Neguei. - Só... um pouco preocupada com tudo.
Sam segurou minha mão, parei de respirar por alguns segundos. O toque de Sam era como uma onda de paz, ele conseguia me acalmar e fazer com que eu visse toda a situação com clareza. Isso me deixava um pouco aturdida.
Sempre tive sentimentos a mais por Sam, porem, também sempre tive por Dean também. Isso me parecia tremendamente errado, mas eu não conseguia evitar. Os dois sempre foram incríveis comigo, cada um de sua própria maneira. Sam sempre tão doce e carinhoso, um pouco tímido. Tão encantador com suas covinhas.
Mas por outro lado tinha Dean. Corajoso, forte e engraçado. Seus olhos sempre vivos e intensos viviam me confundindo quando insistia em olha-lo por tempo demais.
Eu não sabia como reagir com nenhum deles. E o pior era que estávamos sempre juntos, caçando ou tentando salvar o mundo.
O aperto de Sam em minha mão fez com que voltasse a prestar atenção ao meu redor.
- Vou... vestir essa coisa - Falei, um pouco nervosa, me afastando de Sam e indo para trás das caixas mudar de roupa.
~~

Depois de convencer Dean a vestir a roupa de proteção. Pegamos todas as armas que conseguiamos carregar e saímos para fora do deposito. Estava escuro, como antes, a única iluminação vinham dos postes e fachadas de neon.
- Eles acham que no futuro as ruas vão ser todas como uma discoteca dos anos 70? - Dean falava, olhando torto para as placas que piscavam.
Caminhamos por uns quinze minutos sem encontrar nada. Estava começando a ficar nervosa por aquele silencio todo.
- Tem algo errado - Sussurrei, parando de repente.
- O que?- Sam perguntou, também parando e voltando até onde eu tinha parado.
- Não sei, não exatamente. Mas esta tudo quieto demais - Olhei de um lado a outro. - A essa altura já devíamos estar sendo atacados.
- Esta preocupada porque ainda não tentaram nos matar?- Dean indaga, com uma falsa incredulidade.
Olhei para mais a frente, meus olhos se estreitaram. Caminhei alguns metros ate alcançar a esquina.
- Vejam isso - Apontei para os rapazes a fina linha entre as duas extremidades da rua.- Separa um distrito do outro, ou um Nível do outro. Por isso ainda não fomos atacados.
- Estamos preparados. Vamos logo - Dean tomou a frente e ultrapassou a linha. Não aconteceu nada, tudo ainda estava normal. Sam e eu demos de ombros e fomos logo em seguida.
No entanto, assim que pisamos os pés além da linha, uma nova plataforma se iluminou abaixo de nossos pés. Girei a cabeça, para acompanhar enquanto todo o cenário se modificava.
A cidade se transformou de uma utopia psicodélica para algo mais parecido com um apocalipse das maquinas. As placas de neon estavam estouradas e desligadas, nada mais brilhava. Os prédios estavam decandentes e destruídos, havia carros capotados nas ruas e cabos de energia espalhados por toda parte.
- Gostou mais dessa versão, Dean?- Sam perguntou, apoiando a pesada arma no ombro.
- Me sinto em um dos filmes de "O exterminador do futuro" - O mais velho bufou.- Me lembrem de quebrar o nariz de Gabriel quando o encontrar.
- Depois de mim - Digo, formando uma carranca. Nunca gostei de ser manipulada, e agora estava sendo literalmente controlada, usada como personagem de um game.
Começamos a andar pela calçada detonada e como previsto, poucos metros a frente já podiam ser avistados pelo menos cinco robôs vindo na nossa direção. Eles não pareciam ser dos mais perigosos, estavam quebrados em algumas partes, mas isso dava um certo toque macabro.
Ergui minha arma e atirei contra o primeiro da fila, acertando bem no peito e o fazendo explodir.
- Acertem ou no peito ou na cabeça - Instrui. - Eles explodem na hora.
Até que os dois eram bons jogadores. Acabamos com o grupo com apenas alguns tiros e continuamos nosso caminho.
- O que eles fazem além de se arrastar por ai como zumbis de lata? - Dean perguntou, recarregando sua arma.
- Alguns apenas se arrastam. Outros podem projetar raios elétricos e de calor, já os mais fortes controlam tudo em volta. Tipo, eles se conectam à carros e postes de energia.
Eu expliquei. Esse jogo não era um dos melhores, Gabriel poderia escolher melhor.
Passamos por duas quadras ate encontrarmos outro grupo de robôs. Esses eram mais ágeis, um deles tentou lançar um carro em mim, sorte que Dean me puxou a tempo.
Rolamos até perto de uma loja com a faxada derrubada.
- S/n, esta bem?- Ele perguntou, arfando. Ele ainda estava sobre mim.
- Estou, graças a você - Respondi, encarando-o.- Obrigada.
Dean sorriu, mas não se mexeu. Aquela não era a melhor hora para rolar um clima daqueles, mas eu não conseguia desviar os olhos da boca de Dean, que estava bem próxima, diga-se de passagem.
Ele se aproximou ainda mais e antes que eu conseguisse processar tudo com clareza, seus lábios já estavam nos meus. Eu não recuei como deveria, afinal estávamos em uma situação de perigo e ficarmos ali nos beijando não era uma boa ideia. Ainda assim não consegui me afastar dele. Dean era quase... viciante. Mas então o beijo teve que acabar, pois ouvimos uma explosão. Dean se levantou ee ajudou a ficar de pé.
Meus lábios ainda formigavam, e a vontade de continuar ali, apenas beijando-o estava muito ativa. Consegui me segurar e focar minha cabeça no que era importante.
Olhamos em volta, procurando por Sam e o restante dos robôs. Então eu o vi, não muito longe. Sam estava atrás de uma barricada de carros, tentando se proteger.
De onde estava, mirei em cada um dos robôs que atiravam contra Sam e os derrubei.
Quando não havia mais perigo, Dean e eu corremos ate ele para garantir que estava bem.
Assim que recarregamos nossas armas, voltamos para a rua principal, passando pelos destroços das máquinas que acabamos de explodir e seguindo em frente. Sam e Dean disseram que ficariam de olhos aberto, procurando qualquer coisa suspeita, talvez Gabriel quisesse ver nosso desespero mais de perto.
- Já esta vendo a divisória? - Sam perguntou, referindo-se a linha que separava os distritos.
- Espere um minuto - Pedi, me afastando em seguida. Escalei um caminhão capotado, e me segurando nas janelas da cabine lancei meu corpo para cima. Lá do alto seria mais fácil analisar o perímetro.
Tudo estava vazio, não tinha sinal nem de robôs e muito menos do arcanjo em lugar algum. Felizmente, consegui enxergar a linha, e não estava tao longe.
Estava me preparando para descer quando minha bota prendeu na trava entre a janela quebrada e o ferro da porta. Escorreguei e teria caido se Sam não tivesse ali embaixo.
- S/n! - Exclamou, surpreso me pegando a tempo.
- Ai!- Gritei. - Acho que torci o tornozelo.
Sam me colocou no chão e ele e Dean se ajoelharam ao meu lado.
- Não devia ter subido lá - Dean me repreendeu.- Esta doendo muito? Consegue andar?
- Preciso de uma tala, acho que consigo andar com uma - Falei.
- Como vamos fazer uma tala?- Sam perguntou.
- Já sei! - Dean exclamou, se levantando saindo por alguns minutos. Quando voltou, trazia um pedaço retangular de madeira. Não sei de onde tirou aquilo, mas quando tirou a correia que prendia sua arma nas costas, entendi o que ele faria. Dean posicionou o pedaço de madeira em meu tornozelo e com a tira o prendeu alí. Para um tala improvisada, estava boa até demais.
- Okay, encontrei a divisória - Contei. Sam me ajudou a ficar de pé. Tentei não dar atenção para sua mão firme em minha cintura.- Não esta muito longe.
Apontei na direção que tinha visto e começamos a caminhar.
~~

Não estava sendo tão difícil quanto eu imaginava cruzar o campo. Passamos para a próxima fase e tudo estava indo razoavelmente bem. Agradeci por minha mira ser tão boa.
Sam e Dean estavam se revezando para me apoiar enquanto andávamos. Eu não vou negar que estava gostado daquilo.
Finalmente, quase quarenta minutos e muitos robôs depois, chegamos ao centro do terceiro distrito. Era um Shopping abandonado, com vários monitores. Eu me lembrava desse lugar no jogo, e lembrava também que o que aconteceria em seguida não era bom.
- Precisamos sair daqui - Falei, afobada.- É um shopping, tem monitores, escadas rolantes, máquinas de todos os tipos espalhados por toda parte. Seremos facilmente cercados.
- Que droga, Gabriel! - Dean pragueja.- Qual o problema desse cara?
- Você não vai conseguir correr assim, S/n - Sam falou, em seguida me pegando no colo.- Vamos por aqui.
O único jeito de chegar do outro lado, onde passariamos para o próximo distrito, seria descendo por um elevador de carga. Entramos na cabine, mas quando Dean tentou entrar, as portas bateram e o elevador deu um tranco.
- Que droga ta acontecendo? - Perguntei.- Dean? Dean?
- Estou aqui! - Ele gritou de volta.- As portas estão travadas.
As luzes começaram a piscar, alguém estava controlando o elevador e as luzes.
- Se afasta - Sam pediu e disparou com sua arma contra a porta. Não teve muito efeito.
- Inferno! - Xinguei, batendo meu punho contra a porta, como se isso fosse ajudar.
- Vou procurar algo para arrombar a porta - Dean grita, do outro lado.- Não vou demorar.
- Relaxa, não vamos a lugar nenhum - Bufei, me jogando no chão do elevador.- Cara, você não tem noção de o quanto essa coisa incomoda.
Me referia a tala, quando tentava arrumar a correia já quase solta.
- Esta doendo?
- Muito... fui tao estúpida tentando escalar aquela porcaria.
- Não diga isso - Sam sentou-se ao meu lado.- Se não fosse por você, eu e Dean ainda estaríamos perdidos aqui.
- Dariam um jeito, sempre dão.
Seguiu-se uma pequena pausa. Dean ainda não voltou, e Sam ficou pensativo por um tempo, em seguia começou a ficar cada vez mais próximo de mim, ele parecia muito hesitante em fazer o que estava pretendendo.
Já eu não hesitei e quando ele chegou mais perto de meu rosto, conclui a distância que faltava. O beijo de Sam era como eu imaginava, ele era calmo, parecia não ter pressa que terminasse ou medo que fosse rápido demais e eu me afastasse, não sei. Sua mão direita foi para minha nuca, enquanto a esquerda pousou em minha cintura. Também levei minhas mãos inquietas até seus cabelos e afundei meus dedos em seus fios macios.
Por esse tempo, esqueci totalmente do tornozelo que doía. Esqueci também desse jogo idiota e de Gabriel nos manipulando, éramos apenas Sam e eu ali.
Foi então que houve a batida nas portas do elevador, nos fazendo quase saltar de susto e nos afastarmos imediatamente. Dean gritou que tinha encontrado um pedaço de ferro grande o suficiente e estava usando como pé de cabra. Sam levantou, e me ajudou a ficar de pé, nenhum de nós comentou nada enquanto esperávamos Dean arrombar as portas.
Agora eu estava mais confusa que nunca. Estava nervosa e não sabia se conseguiria encarar Dean depois do que aconteceu. Primeiro eu o beijo e depois beijo Sam, isso não me parece correto. Eu não consigo entender o que esta acontecendo comigo, eu nunca faria algo assim.
- Finalmente - Ele falou, após a porta aberta. - Vamos embora daqui.
- O elevador é a única saída - Falei, enquanto nos afastavamos.
- Não, encontrei outra. É uma sequência de escadas que leva ao subterrâneo.
- Escadas?- Repito, com uma careta. Não seria nada bom descer com o pé assim.
- Não se preocupe, nós vamo...- Sam foi interrompido por outra voz que o cortou.
- Finalmente os encontrei - Castiel arfou.- Eu estou procurando vocês a dias.
- Dias?! - Exclamei surpresa.- Como assim "Dias", estamos aqui a apenas meio dia.
- Não, vocês estão desaparecidos por quase quatro dias. Por onde andavam?
Troquei olhares com os rapazes e eles pareciam estar entendendo as coisas melhor do que eu.
- Eu me esqueci completamente disso - Dean levou a mao aos cabelos. - Quando Gabriel nos prende ele distorce nossa noção de tempo. Poderíamos estar aqui por semanas sem perceber.
- E como nos encontrou, Castiel?- Sam pergunta.
- Pelo apartamento de S/n, Gabriel não foi muito discreto ao passar por lá - Ele tirou vários papéis de bala e doces do bolso.
- Foi ele quem me empurrou da janela... - Murmuro. Aquilo já deveria estar obvio para mim, mas eu ainda conseguia ficar surpresa.
- Vamos, vou leva-los de volta...
- Você outra vez! - Alguem bufo, não muito longe dali. Não conhecia aquela voz, mas algo me dizia que era quem procurávamos.- Por que você você aparecendo, hein?
Olhamos todos na direção da voz, encontrando um homem parado parado próximo as escadas rolantes quebradas. Ele estava de braços cruzados, tinham a ponta do cabo de um pirulito preso no canto dos labios e sua expressão era de profundo deboche.
- Gabriel - Dean praticamente rosnou, ele avançou na direção do Arcanjo, mas Sam o segurou pela jaqueta.- Você não tem nada melhor para fazer que atormentar nossas vidas? Nos trazendo para universos malucos e jogos doentios!
- Você nunca entende, não é, Dean Winchester? - Gabriel Resmungou.- Eu não precisaria estar aqui fazendo isso se vocês fizessem o trabalho de vocês.
- O nosso trabalho? O que quer dizer com isso? - Sam indagou.
- Vocês sabem muito bem. Eu sei que lembram da nossa última conversa. Meu irmãozinho Lúcifer ainda caminha por ai e não aconteceu nenhuma batalha mortal, o que quer dizer que vocês ainda não fizeram a parte de vocês.
- Então é por isso que nos prendeu aqui? Pra convence-los a serem fantoches na birra de vocês?- Soltei, incrédula. - E o que eu faço aqui, afinal?
- Acho que deixamos bem claro na ultima vez que nos encontramos - Dean começou, nervoso.- Não vamos entrar nessa briga. Ela não é nossa, temos problemas demais com a nossa familia, não queremos a de outra.
- Vocês não entenderam nada - Gabriel falou, seu tom um pouco sombrio. - Isso não é questão de escolha. Vocês não tem opção.
Ele me lançou um olhar que fez com que um bolo se instalasse em minha garganta.
- E você, S/n, vai entender o porque de estar aqui. Tem mais a ver com isso do que pode imaginar.
- Chega, isso já foi longe demais - Castiel fala, tomando a frente. De repente estamos todos em meu apartamento. Tudo estava como antes, meu pé não doia mais.
- Por que nos tirou de lá?- Questionei o Anjo.- Você ouviu o que ele disse? Eu estou envolvida nisso tudo de algum jeito. Eu preciso saber o porque.
- Ele nunca diria nada, S/n - Dean responde no lugar de Castiel. - Conhecemos ele. Estava querendo plantar a dúvida em você e nos confundir, foi a única razão desse jogo todo.
Os outros pareciam acreditar na mesma coisa. E eu também deveria, porem eu não conseguia, talvez pelo olhar que ele lançou antes de dizer aquelas palavras. Aquilo as tornou muito mais reais.
- Acho melhor você descansar - Sam sugere, depois de um tempo em silencio.- Você parece cansada.
E eu estava, mas não queria dormir, eram tantas questões em minha mente. Ainda assim concordei, me despedi de Castiel e fiz os garotos prometerem que também dormiriam ali, eles deviam estar tao exaustos quando eu.
Fui para meu quarto, me atirando na cama já de olhos fechados esperando que assim eu dormiria imediatamente. Isso não aconteceu.
Assim que me deitei, lembrei-me quase que imediatamente do beijo que dei em Sam e logo em seguida o de Dean. Onde eu estava com a cabeça para beijar os dois?
Tudo bem que estou confusa quanto ao que sinto em relação a eles, mas beijar os dois? Eu não estaria sendo uma grande traidora?
O sono não vinha, mesmo estando cansada. Levantei, já estava rolando na cama a quase uma hora. Sai do quarto indo para a cozinha atrás de algo para beber e Dean estava parado próximo a janela, a mesma que Gabriel me empurrou. Sam dormia no sofá, e parecia uma criança.
Dean observava a rua no total silencio, uma das maos no bolso e a outra segurava um copo de whisky. Quando ele saiu para comprar isso?
- Não consegue domir?- Perguntei, me aproximando e me juntando a ele.
- Não estou cansado.
- Não esta meio tarde para beber?
- Nunca é tarde para beber - Ele respondeu, ainda sem me encarar. Dean estava diferente, algo estava errado.
- Algum problema? - Perguntei, estranhando suas respostas curtas e grossas. Dean nunca falou assim comigo antes.
- Quando ia me contar sobre ter beijado Sam?- Ele finalmente me encara. E então consegui entender sua expressão, aquilo era decepção. - Ou pelo menos você pretendia me contar, não é?
- Olha, Dean...- Como ele sabe disso? Sam contou pra ele? Tao rápido? - Eu estava confusa, ainda estou. Eu não queria magoar você e nem Sam, mas eu não sei o que fazer.
- Como assim, esta confusa? Você quer dizer que...
- Que eu gosto de vocês dois. E eu não sei o que fazer para não magoar um dos dois. Dean, vocês são incríveis, cada um conseguiu me encantar de um modo diferente. E agora eu não sei como sair disso. Quando me beijou naquela hora foi incrível, eu não queria outra coisa a não ser você. Mas então Sam e eu nos beijamos no elevador e não...
- Você não sabe o que quer?- Dean indagou. Eu fiquei em silêncio, sem saber o que dizer para ele. Eu não podia negar aquilo, era a mais pura verdade.
- Desculpe - Murmurei, meus olhos começavam a arder, a última coisa que eu queria era ter que ver aquela expressão outra vez no rosto de Dean. Doía saber que talvez ele nunca mais fosse querer olhar para mim.
Ele suspirou e abandonou o copo pela metade sobre a mesa próxima. Dean se aproximou de mim e me apertou em um abraço.
- Eu... eu prometo não pressionar você. Irei deixa-la que faça suas próprias escolhas - Ele falou, depois se afastando e depositando um beijo em minha testa.- Só quero que saiba que você é a melhor garota que já conheci, não importa o que faça.
Ele pegou o copo outra vez e saiu em direção a varanda externa do apartamento.

Ainda meio entorpecida por isso,e virei para voltar meu quarto e dei de cara com Sam ainda dormindo no sofá. Isso seria difícil. Eles não eram peças de roupas que eu escolho a que gosto mais ou a que acho mais legal, são pessoas que eu posso machucar e eu não quero isso.
De repente, me vem em mente o que Gabriel falou.
Eu estou envolvida com tudo aquilo. Os arcanjos, o apocalipse, a profecia que envolve os irmãos. Sera que de algum modo tudo o que se passa em mim ira enfluenciar nisso? Foi isso o que Gabriel iria me dizer se Castiel não tivesse nos tirado de lá?
Volto para meu quarto novamente e deito outra vez na cama. Aquele bolo que se formará em minha garganta tornou-se um pressentimento, eu deveria tomar uma decisão e a decisão certa ou algo muito ruim aconteceria.

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