|| capítulo um

SEUS PATINS DESLIZAVAM PELO GELO, suas mãos faziam movimentos delicados e sutis, conforme as batidas da música. Caroline esticou uma de suas pernas, girando logo em seguida, segurando a ponta de seus pés. Ela sentiu o vento bater em seu rosto, enquanto colocava novamente seu pé na pista, voltando a patinar sutilmente.

Ao colocar um pé atrás, ela o impulsionou para frente, dando um axel duplo.

Ao aterrizar, ela sentiu o gelo quebrar, caindo em um grande buraco de água. Caroline sentiu a água começar a entrar em seus pulmões, ela tentava subir, tentava nadar, mas a garota não conseguia fazer nenhum tipo de esforço, por conta das lâminas de seus patins, que pareciam cortar a água. A loira gritou por ajuda, mas ninguém conseguiu a ouvir, talvez pela água que abafava completamente seus gritos, ou por não se importarem.

Caroline fechou seus olhos fortemente, desejando que aquele pesadelo acabasse. Ao abrir seus olhos de novo, ela se viu na frente do pequeno mercado se seu pai. A loira olhou em volta, observando a ilha em que nasceu. A grande placa escrito "Mercado dos Casteli" fez com que Caroline sorrisse.

Ao entrar, a garota se viu, mas na sua versão menor. O som da porta dos fundos se abrindo fez com que ela se virasse, e assim visse o seu pai. Sua mão foi até a boca, tentando abafar o grito. Caroline se aproximou de seu pai, vendo que seus olhos estavam arrancados. Ela não se lembrava dos olhos do pai.

—— Aqui filha —— O homem entregou um pacote de balas de banana para ela —— Não deixa sua mãe ver, está bem? —— A pequena Caroline concordou com a cabeça, sorrindo para seu pai

Uma lágrima escorreu dos olhos da Casteli. Ao mesmo tempo que a garota estava feliz por se lembrar, ela só conseguia perceber que nem dos olhos do pai ela se lembrava, que mesmo que quisesse sentir qualquer dor em relação a sua morte, não conseguia.

Caroline olhou para trás, vendo Rafe Cameron pequeno. O garoto entrou pela porta, juntamente com Topper. Rafe tirou um saquinho com cocaína, dando um sorriso malicioso para Topper. Os dois tinham em média oito anos, Caroline seis, dois anos mais nova.

—— Ei! O que é isso na mão de vocês? —— A voz fina de Caroline ainda tinha a típica grosseria da garota. Seus braços estavam cruzados, exatamente como ela fazia —— Me responde, o que é?

—— Que voz irritante —— Rafe estava virado, mas ao se virar para observar a garota, ele abriu sua boca, vendo a loira em sua frente

Rafe encarou a Casteli, ela era muito mais baixa que ele. Ele abriu sua boca, mas não conseguia falar nada. Estava encantando com a pequena em sua frente. Pela primeira vez, seus olhos brilharam, e seu coração bateu mais forte. Ele observou a garota com seus braços cruzados, vendo como eles eram finos, mas tão encantadores. E mesmo que Caroline o encarasse com raiva, cerrando seu olhar, ele estava completamente hipnotizado pela loira.

—— Quem são vocês? —— Caroline olhou para Topper, desviando seu olhar para Rafe. Ninguém respondeu, Topper estava esperando Rafe dizer algo, mas apenas a boca do garoto estava aberta —— Eu perguntei quem é você!

—— Eu... Eu... —— Rafe engoliu seco, se embananando com suas palavras —— Eu sou... —— Ele deu uma pausa, respirando fundo —— Bem eu... Rafe —— Caroline ergueu suas sobrancelhas, segurando o riso ao ver o garoto tão nervoso em sua frente —— Cameron. Rafe Cameron.

—— Bom, Ra... Rafe —— Caroline o imitou, soltando uma risada áspera entre seus lábios. Desde pequena a garota zombava de Rafe —— O que é isso na sua mão?

Rafe não a respondeu, apenas encarou a garota em sua frente. Topper olhou para seu amigo, um pouco confuso com o tanto que Rafe estava se embananando naquele momento

—— Vão embora! Agora! —— Caroline gritou, apontando em direção a porta. A pequena se aproximou de Rafe, fazendo o garoto engolir seco, sentindo seu coração disparar, mas ela apenas arrancou o saquinho da mão dele, jogando no lixo do pequeno mercado —— Vão!

—— Vamos —— O olhar de Rafe ainda continuava na garota, mesmo que ele tentasse, ele não conseguia desviar seu olhar

—— Mas cara foi você que deu a ideia... —— Topper foi interrompido por Rafe, que por um impulso colocou a mão na boca de seu amigo

Antes que a garota pudesse continuar a observar aquele momento, o cenário mudou rapidamente. Ela estava na pista de gelo em Nova York, do lado de fora. Caroline se observou, ela estava ao lado de Tonya, tomando água. Ela estava resmungando por não conseguir nenhum parceiro adequado

—— Eu vim... Vim pela dupla —— Samuel se aproximou de Caroline, vendo a garota soltar uma risada

—– Mas você já não fez o teste? Você não passou. Nem conseguiu me segurar —— Caroline deu de ombros. A loira olhou para Tonya, na esperança que sua treinadora falasse algo, o expulsasse, mas ela apenas o olhava

—— Eu sei. Quero tentar de novo. —— Caroline deu um sorriso para Samuel, balançando sua cabeça negativamente —— Você que não deixou eu te segurar. Não me deu abertura, mas de resto fomos perfeitos, não? —— Samuel olhou para Tonya, que concordou com a cabeça —— Eu vou ficar aqui. Vou ficar aqui até você aceitar fazer mais uma audição comigo.

—— Isso não vai acontecer —— Caroline desceu das arquibancadas, encarando a pequena mochila que Samuel carregava em suas costas

—— Ainda bem que eu trouxe bolachas —— Samuel se sentou na arquibancada, olhando fixamente para a loira em sua frente —— Eu posso esperar quanto tempo você quiser.

—— Então você vai esperar aí —— Caroline revirou seus olhos, saindo do local

Caroline se sentou ao lado de Samuel, mas o garoto não conseguia a ver, afinal aquilo era uma memória. A loira deu um sorriso, e então o cenário mudou, mas foi para o dia seguinte. Caroline não sabia, mas Samuel havia passado a noite toda na pista de gelo, esperando que talvez Caroline voltasse pela noite, o que não aconteceu. A garota voltou só no dia seguinte, e Caroline ao ver sua versão antiga na memória, se lembrou exatamente de como foi ver o garoto dormindo na arquibancada. Ela se sentiu amada.

—— Acorda —— Caroline cutucou Samuel, que acordou no susto —— Coloca o patins. Rápido.

Caroline acordou rapidamente, sentindo uma lágrima escorrer pelo seu rosto. A garota queria ter ficado naquela memória para sempre.

A loira olhou em volta, vendo que Jj estava sentado um pouco acima dela, colocando um curativo caseiro na cabeça dela.

—— Cadê o Rafe? —— A pergunta saiu dos lábios de Caroline involuntariamente. Sua respiração estava ofegante, enquanto a garota encarava a ilha em seu redor, vendo que ainda estava ali

—— Rafe? —— Jj perguntou confuso, encarando a garota em sua frente

—— Desculpa eu... Ainda tô no navio —— Caroline deu um sorriso falso, ajeitando sua coluna

Jj não sabia exatamente o porque a garota havia chamado o nome de Rafe quando acordou. No momento que ela havia chamado o nome dele, o clima pareceu ficar tenso. Jj ainda colocava o curativo na cabeça de Caroline, mas ficou pensando naquilo por um bom tempo.

—— O resgate não vai chegar? —— Ao terminar o curativo, Caroline se afastou de Jj, se levantando com dificuldade da areia

—— Resgate? Salvar a gente do que? Do paraíso? —— Jj abriu seus braços, mostrando para Caroline a ilha ——Eu não vou voltar não. —— O garoto deu de ombros, vendo a expressão de Caroline ficar cada vez mais séria —— Caroline, olha em volta. Temos tudo que precisamos, eu sei que não... Não é o que você queria mas...

—— Eu vou procurar a Sarah —— Caroline se afastou de Jj, caminhando até algumas árvores

Havia três meses que os adolescentes estavam naquela ilha. Era realmente tudo perfeito, mas não para a garota. Caroline havia percebido que não era exatamente como os pogues, ela preferia a cidade, não gostava de ficar nadando muito na água salgada, e gostava de sempre estar limpinha. Não gostava muito de procurar sua própria comida, e acho que todo mundo conseguia perceber que ela não havia se adequado exatamente na ilha.

Caroline se sentou na areia, pegando um pedaço de madeira, começando a afiar ele, para Jj e Kiara pegarem alguma coisa para comer.

Os pogues se sentaram em volta de Caroline, Jonh B deu um peteleco na cabeça dela, vendo a garota gemer de dor

—— Acordou, finalmente. Essa batida foi bem forte —— Jonh B se sentou ao lado dela, pegando o pedaço de madeira de sua mão —— Está fazendo errado. Não é para afiar para trás, e sim para frente —— Caroline sorriu sem graça, vendo o garoto realmente afiar a madeira

—— Vamos verdade ou desafio? —— Kiara jogou um chapéu feito de grama em direção a loira, que agarrou com uma mão

Caroline balançou sua cabeça negativamente, soltando um suspiro pesado

—— Ah por favor! —— Kiara implorou para a amiga, que apenas balançou sua cabeça negativamente

—— Por favor —— Sarah olhou para Caroline, dando um sorriso de canto para a Casteli

Caroline olhou para Sarah. A Casteli deu de ombros, desviando seu olhar para Jonh B

—— Vai você Jonh B —— Caroline colocou o chapéu na cabeça dele, dando um sorriso.

—— Se você pudesse voltar atrás, e fazer tudo diferente... Faria? —— Sarah olhou para Jonh, esperando por uma resposta

Todos falaram diferentes coisas, mas Caroline só pensou em uma.

Teria falado antes que amava Rafe. Talvez se tivesse feito tudo aquilo diferente, se tivesse falado seus sentimentos antes, ela poderia estar com ele agora.

Jonh B colocou o chapéu em Caroline, fazendo a garota dar um sorriso de canto

—— Verdade —— Caroline piscou, fazendo um bico com sua boca

Jj - que antes estava de costas - se virou rapidamente para Caroline, esperando que Jonh B fizesse alguma pergunta

—— Com quantos homens você já ficou? —— Jonh B riu. Caroline colocou a mão em sua testa, rindo com a pergunta do garoto —— Eu sempre quis saber

—— Não foi com muitos —— Caroline deu de ombros, desviando seu olhar para Jj. Ela tirou o chapéu de sua cabeça, jogando para Jj, que colocou em sua cabeça —— Verdade ou desafio?

—— Desafio. —— O garoto disse firme, vendo o olhar de Caroline desviar para uma rocha que tinha ali —— Ah não...

—— Duvido!

Todos se levantaram ao ver Jj subir na rocha. Caroline cruzou seus braços, balançando sua cabeça negativamente. Caroline gritou o nome de Jj, e sorriu ao ver o garoto pular da rocha. A garota bateu palma, correndo até Jj, abraçando o garoto, que dizia que sentia que ia morrer

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Caroline passou a noite em claro, ela tinha medo de fechar seus olhos, e voltar a reviver as melhores memórias de sua vida, então decidiu ficar acordada. Geralmente Jj ficava acordado junto com ela, mas dessa vez ele decidiu dormir.

A loira olhou para cima, vendo um avião passar. Ela sorriu, correndo até a beira do mar, começando a gritar por socorro. Jj se levantou, chamando os outros que dormiam. Quando o avião deu meia volta, todos começaram a pular animados.

A garota correu até o avião, vendo um homem sair dele. Peixe voador. Esse era o nome do avião, que não tinha uma grande aparência, mas pelo menos iria tirar eles dali.

—— Bem vindos ao peixe voador. Eu vou ser o capitão de vocês —— Caroline sorriu ao escutar o homem dizer aquilo, e logo ela entrou no avião.

—— O que estava procurando? —— Jj perguntou para o Jimmy, o capitão do voo

—— Ah o mesmo de sempre. Cavala.

Caroline olhou pela janela, se segurando pela decolagem. Jonh B olhou para a garota, puxando a loira para perto

—— Não tem cavala em setembro —— Jj olhou para Caroline, balançando sua cabeça negativamente —— Não sei oque ele é, mas não é pescador.

Caroline olhou para a bolsa do homem, depois olhou para Jonh, fazendo um sinal para o garoto começar a falar com ele.

Jj pegou a mochila dele, começando a vasculhar as coisas. Caroline segurou um livro, que dizia "El dourado". Jj pegou a foto do barco onde estavam, mostrando para os pogues. Caroline cutucou Jonh B, que soltou um suspiro ao ouvir Sarah dizer que ele realmente trabalhava para seu pai. Caroline apontou para a janela, mostrando que eles estavam chegando em um lugar. Cléo disse que parecia ser barbados

—— São um contra seis. Vocês sabem o que eu penso? —— Jj olhou para Jimmy, que estava pilotando o avião concentrado

—— E quem vai pilotar o avião, otário? —— Caroline olhou para o loiro, erguendo suas sobrancelhas

—— Eu já aprendi tá? No simulador —— Jj disse como se realmente soubesse pilotar um avião

—— Vamos esperar ele aterrizar, e fugimos. Se ele tentar atacar a gente, a gente ataca —— Pope olhou para Caroline, que balançou a cabeça positivamente

Jj tentou colocar as coisas novamente dentro da mala de Jimmy, mas ele se virou. Ele parou de pilotar o avião, começando a puxar sua mochila. Sarah começou a gritar para ele pilotar o avião.

Quando o avião caiu no mar, Caroline sentiu sua cabeça bater contra a janela, quebrando a janela. Jj segurou a mão da Casteli, a puxando para mais perto, enquanto a água entrava no avião.

Jj soltou a mão de Caroline para pular na água, e quando todos os adolescentes saíram, Caroline ficou dentro do avião. Ela olhou para Jimmy desacordado, escutando Kiara gritar seu nome, pedindo para ela ir logo.

Caroline começou a nadar, vendo que os homens entraram na água. Os pogues tentaram nadar mais rápido ao ver que eles estavam se aproximando.

Um dos homens agarrou os braços da loira, impedindo que ela continuasse a nadar.

—— Me solta! —— Caroline gritou, tentando jogar água neles, mas não conseguia —— Vocês estão me machucando!

Jonh B nadou até Caroline, acertando um soco no homem que a prendia. Mas ele foi pego por trás, vendo que o outro o enforcava

—— Solta ele. —— Um dos homens exigiu —— O chefe mandou só ela.

Os pogues não conseguiram alcançar a garota sendo levada. Eles a puxaram para fora da água, apertando cada vez mais seu braço.

Os homens colocaram Caroline em cima de um jeep - do lado de fora -  A garota tremia de frio, e ao colocar a mão em sua cabeça, viu que seu curativo havia saído.

—— Eu não pensei que seria assim. Mas se você fizer tudo que eles mandarem, eles provavelmente não vão te machucar —— Jimmy se aproximou de Caroline, que se encolheu —— Obrigada por salvar minha vida.

—— O que o Ward te prometeu?

—— Quem? —— Jimmy a olhou confuso, piscando seus olhos —— Boa sorte.

Caroline sentiu o carro começar a andar. Ele andou por alguns kilometros, até chegarem em uma mansão. Havia diversos policiais fora dela, fazendo um tipo de escolta. Ao entrar na casa, a garota viu mais, era vários homens com muitas armas. Um policial a segurou pelo braço, a levando para dentro.

Uma mulher disse para levar a garota até um quarto, e um homem a segurou, a obrigando a subir as escadas.

—— O que vocês querem? —— Caroline foi empurrada para dentro do quarto —— Para quem você trabalha? —— A garota se aproximou brutalmente para cima do homem, que apontou a arma para o peito dela. Caroline levantou suas mãos, suspirando logo em seguida

—— O jantar é às oito. É melhor se arrumar. —— O homem disse antes de a trancar no cômodo.

Caroline andou de um lado para o outro, abrindo um pouco a janela, observando o lado de fora. Ainda havia diversos homens com armas, mas eles estavam com um cachorro. Pit Bull. Caroline respirou fundo, caminhando até um guarda-roupa, vendo que havia vários vestidos vermelhos, dizendo para a garota escolher seu tamanho.

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Ela observou seu próprio reflexo naquele espelho. Seu vestido era vermelho, com um decote em "V" em seus seios, e uma parte cortada em sua perna. Alguém queria que ela mostrasse bastante. Caroline se virou, vendo que o vestido era aberto em suas costas. Ela observou algumas cicatrizes das suas mordidas. Caroline se sentou na cama, pegando o salto que estava lá. Ela viu a sola de seu pé, com a grande cicatriz do tamanho da lâmina de seu patins. O machucado já havia se curado, mas ainda sim tinha a cicatriz.

—— Ele está te esperando —— Caroline se levantou rapidamente ao escutar a porta se abrindo, e um sussurro sair de trás dela —— Eu te acompanho.

Caroline desceu as escadas, vendo a mulher a levar até uma sala de jantar.

A garota reconheceria aquelas costas em qualquer lugar. Rafe Cameron

—— Rafe?

Nada poderia explicar o sentimento que foi quando seus olhos se encontraram. O garoto abriu sua boca, tentando formular alguma frase, mas nada saia. Seus olhos azulados brilhavam, e ele não sabia exatamente o que falar

—— Eu... Caroline... Eu... Bem... —— Rafe não conseguia formular nem se quer uma frase sem se embananando com suas palavras. O sentimento de alívio e felicidade tomou conta do corpo do garoto —— Eu... Sou eu. Rafe

—— Eu sei que é você, Rafe. —— Caroline sorriu ao ver o garoto em sua frente. Ela mordeu seus lábios, observando o Cameron tentar dizer algo, mas não saia nada de sua boca —— O que você está fazendo aqui?

—— Eu...

Rafe se aproximou de Caroline, piscando diversas vezes, tentando ver se aquilo era real ou não. Por muito tempo, o garoto pensou que Caroline estivesse morta. Não havia notícias da garota, não tinha nenhuma pista que ela estava viva, e nem onde ela estava. Ele procurou por todo canto saber de alguma coisa dela, mas ela havia sumido. E então, ela estava ali, parada em sua frente.

—— Rafe? —— Caroline olhou para os olhos dele, observando o garoto completamente perdido

Quando a garota chamou seu nome, tudo pareceu parar. Não apenas para Rafe, mas sim para Caroline, que sonhou diversas vezes com o reencontro deles dois. Que imaginou tantas vezes quando poderia chamar seu nome novamente.

Rafe a puxou para perto, a abraçando. Seus braços se envolveram nas costas da garota, e ela poderia sentir a respiração aliviada de Rafe em seu pescoço. Caroline sorriu ao sentir o corpo do garoto contra o seu, soltando uma risada baixa

—— Eu pensei que esse reencontro seria assim —— Uma voz ecoou do outro lado da sala, fazendo Rafe e Caroline se afastarem. Ambos olharam para o homem, vendo ele se virar —— Por isso eu escolhi ela. Sabia que você não seria tão sentimental com os outros

—— Escolheu ela para que? —— Rafe deu um passo para frente. Ele não fez nenhuma questão de esconder a preocupação que estava sentindo em relação a Caroline

—— Primeiro... Meu nome é Carlos Singh. —— Ele sorriu para Rafe, enquanto se aproximava lentamente dos dois —— É um prazer conhecer você, Sr Cameron. Ouvi muito sobre você —— Carlos desviou seu olhar para Caroline, vendo a loira cruzar seus braços —— O garoto louco e impulsivo, apaixonado pela loirinha patinadora —— Caroline olhou para Rafe, vendo o garoto abaixar sua cabeça envergonhado —— E você senhorita Casteli, é a garota que não sabe controlar seus sentimentos, mesmo que saiba que ele será sua ruína, você quer se destruir, junto com ele. —— Caroline ergueu suas sobrancelhas, vendo o olhar de Rafe se levantar, a observando seriamente —— Eu ouvi muito sobre vocês. Venham.

Caroline olhou para Rafe, e por alguns segundos a garota havia se esquecido do último encontro dos dois. Era muito fácil se esquecer das coisas ruins que Rafe já havia feito.

Caroline se sentou em uma poltrona, arrumando sua coluna. Ela prestou atenção nos movimentos do homem, mas seu olhar se desviou ao ver Rafe se sentando ao seu lado

—— Temos interesses em comum. Objetivos. —— Carlos sorriu para Caroline, que revirou seus olhos, sabendo exatamente do que se tratava

—— Isso é sobre a cruz, não é? —— Ao ver a cabeça de Carlos se balançar em confirmação, Caroline fechou seus olhos, respirando fundo —— Olha, pegou a pessoa errada. Não tenho o mínimo de interesse em saber sobre essa cruz.

—— A história diz que um soltado espanhol saiu da bacia do rio, com algumas gotas de ouro. E quando perguntaram da onde vieram aquele ouro, ele disse que ganhou de uma aldeia indígena, uma cidade de ouro. El dourado.

Caroline encarou o homem, se lembrando do livro que havia visto mais cedo.

A garota olhou de canto para Rafe, pensando que ele não iria a ver, mas ele já a encarava antes. Rafe desviou seu olhar ao ver que Caroline havia o visto a encarando. Mas como não encarar a garota? Ela era tão bonita. Rafe ficava sempre em choque ao ver como a garota era bonita, e mesmo que a visse todo dia, ele nunca se acostumaria. Como alguém poderia ser tão angelical?

—— Muitas pessoas foram atrás. Tribos, marinheiros, nações inteiras. Cabe a mim terminar esse papel —— O homem pegou um canivete, apontando para o rosto dos dois —— Vocês terão um papel importante nisso —— Carlos se sentou ao lado de Caroline, observando a garota —— Tem algum interesse em história, senhorita Casteli?

—— Nenhum. Prefiro o gelo. —— Caroline olhou para o homem, dando um sorriso de canto

—— Eu não ouvi nada do que você disse. Vai ficar filosofando por muito tempo? —— Rafe deu de ombros, encarando a proximidade que Carlos e Caroline estavam

—— Bem direto, não é? —— Carlos sorriu, se aproximando um pouco mais de Caroline.

Rafe arrumou sua postura, incomodado com a aproximação. Caroline colocou um pouco sua cadeira para o lado de Rafe, se afastando de Carlos. Rafe sorriu para a garota, satisfeito com seu ato.

—— O que você quer? —— Caroline deu de ombros, dando um sorriso para Carlos —— Eu não tenho nada para te oferecer

—— Um manuscrito. Você e seus amigos tem. —— Carlos confirmou, olhando para a loira —— Um diário.

Caroline sabia exatamente qual diário ele estava falando. Provavelmente era o de Tenny Hill, o parente de Pope.

A garota deu de ombros, fazendo um bico com sua boca

—— Não tô sabendo de nenhum diário, mas se você quiser comprar um diário para mim, eu falo tudo que estou pensando —— Caroline sorriu sarcasticamente

—— Como descobriram onde estava a cruz?

—— Eu não posso revelar os segredos de um mágico —— Caroline sussurrou, se levantando da poltrona

Quando a garota deu um passo para frente, Carlos segurou o pulso de Caroline, fazendo a garota soltar um gemido de dor. Rafe se levantou rapidamente de sua cadeira, empurrando o homem para longe de Caroline

—— Você e seu namorado não teriam achado a cruz sem o diário —— Carlos olhou para Rafe —— Eu não sou idiota.

—— Quer saber? Eu 'tô fora —— Rafe segurou a mão de Caroline, a levando até a porta, mas ao chegar, um homem armado se aproximou. Rafe ficou na frente de Caroline, colocando sua mão na barriga da garota, a empurrando um pouco para trás

—— Eu sou idiota, Rafe? —— Carlos andou até Rafe, até Caroline se colocar na frente do loiro

—— Acho que estamos ficando bem sérios. Não estou gostando —— A loira deu de ombros —— Vamos se acalmar

Dois homens seguraram Rafe por trás, o levando primeiro
pela escada. Outros dois pegaram os braços de Caroline, tentando segurar a garota, que se debatia ao sentir as mãos a agarrando

—— Não toca nela! —— Rafe empurrou os dois homens para trás, correndo até Caroline. Ele acertou dois socos em cada policial que carregava a garota de uma bruta

Um dos homens acertou as costas de Rafe com a arma. O Cameron gritou de dor, caindo no chão logo em seguida

—— Rafe! Caralho! —— Caroline se ajoelhou na frente do garoto, que gemia de dor —— Está doendo?

—— Claro que está doendo! —— Rafe olhou para a loira —— Uma arma me bateu!

—— Não foi a arma que te bateu! Uma pessoa te bateu com a arma! —— Caroline levantou um pouco a camiseta de Rafe, vendo as costas do garoto vermelha e inchada —— 'Tá feio

Um dos homens segurou Caroline pelo braço, enquanto Rafe era puxado por outro.

Quando eles chegaram no quarto, um dos homens jogou Rafe no chão, vendo o garoto se contorcer pelo golpe da arma. Caroline se ajoelhou na frente dele, segurando a mão do garoto

—— Vocês vão ficar aqui essa noite. —— Carlos apontou para a mesinha, onde tinha algumas camisinhas —— Você vai gostar de ficar aqui.

Ele deu um tapinha no ombro de Rafe, antes de ir embora.

Caroline caminhou até a janela, vendo Rafe ir atrás dela. Ela abriu um pouco a janela, vendo Jimmy chegar com os policiais

—— Eu conheço ele. É o Jimmy Potis. —— Rafe olhou para a garota —— Ele tentou me ajudar

Carlos apareceu do lado de fora, olhando para a janela, vendo Rafe e Caroline dentro do quarto. Ele retirou uma arma de seu bolso, caminhando até um homem.

Ao ver o rosto do homem completamente irreconhecível, Caroline colocou a mão em sua boca, sentindo suas mãos começarem a tremer. Rafe olhou para o homem morto, desviando seu olhar para a loira, segurando uma de suas mãos, sentindo a garota parar de tremer aos poucos

—— Esse diário... Não mente para mim, 'tá bom? Está com você? —— Rafe se virou para Caroline, um pouco desesperado com o ato violento —— Olhuda?

—— Não.

————————— ⛸️ —————————

Caroline estava deitada na cama, ela estava dormindo como um anjo. Rafe estava sentado na poltrona em sua frente, roendo suas unhas, observando a garota dormir.

Ward Cameron estava certo, Caroline era sua ruína. Era o que fazia o garoto se tornar fraco.

Desde que ele viu a garota entrar pela porta, quando ele viu que ela estava viva, ele sentiu que precisava proteger ela. Não porque ela não conseguia se proteger sozinha, ele tinha certeza que ela conseguia fazer aquilo sozinha, mas ele precisava ter a confirmação que ela estava segura.

Caroline abriu seus olhos lentamente, olhando em volta. Rafe se levantou, dando um sorriso para a garota, que coçou seus olhos, se levantando da cama

—— Como você está? Você estava... Aonde? —— Rafe andou atrás de Caroline, vendo a garota tentar abrir a porta —— Dormiu bem?

—— Você pode não falar comigo? —— Caroline se virou, franzindo sua testa —— Obrigada.

—— Eu... Eu pensei que você estava morta —— Rafe admitiu com uma certa angústia em sua fala

—— Você deve ter ficado bem feliz então —— Caroline se virou, andando para o outro lado do quarto. Rafe voltou a seguir a garota, Caroline se virou para ele, que deu um passo para trás —— Estamos em um quarto que tem no máximo vinte metros quadrados. Não precisa me seguir —— Caroline sorriu sarcasticamente para Rafe, se virando de costas para ele

—— Eu não deveria ter ficado com a cruz, não se isso significasse perder você. —— Caroline olhou para o loiro, dando um sorriso de canto para ele —— Era como se você tivesse sumido da face da terra

—— Eu não tinha celular, não tinha nada. —— A garota suspirou, se lembrando de Ward tentando a matar —— Eu não tinha para onde ir.

—— Você tinha a mim.

Então o mundo parou. Era como se tudo que Caroline tivesse vivido nos últimos três meses havia sido em vão. Afinal, quem ela queria enganar? Ela queria ter ido com Rafe desde o princípio.

—— Eu não sei o que você quer que eu diga —— Ela se afastou do garoto, que segurou sua mão de uma forma delicada —— Você fez a sua decisão. Como você mesmo disse, você sabia que eu não ia se você estivesse com a cruz.

—— Eu deveria ter deixado a cruz fora disso. Eu deveria... Eu deveria ter escolhido você. —— Caroline abaixou sua cabeça, soltando a mão de Rafe —— Se algum dia você achar que é capaz de me perdoar... Você me perdoaria?

Caroline levantou sua cabeça, olhando para o loiro em sua frente.

Ela gostaria de não o perdoar, ela gostaria tanto de não o perdoar, mas no fim, Caroline sabia que o perdoaria. Não porque Rafe a manipulava, mas porque estava apaixonada. Se Rafe não fosse tão gentil e compreensivo com ela, ela poderia pensar em não o perdoar.

Se ele não a olhasse com os olhos brilhando toda vez, ela não perdoaria.

—— O chão é duro demais para você dormir. Dorme comigo na cama —— Caroline suspirou, se sentando na cama —— Se quiser, é claro.

eu já digo aqui logo no primeiro capítulo,
esse ato vai ser o ato DELES! vai ser o ato
que eles vão ser tão melosos ( mentira obviamente )
que vai dar até ânsia!

brincadeiras a parte, mas nesse ato
eles já estão na fase "lovers" MUAHAHA

espero que tenham gostado desse capítulo,
porque eu honestamente AMEI DEMAIS

até o próximo capítulo amores!

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