|| capítulo sete
AS MOEDAS NA MÃO de Caroline a faziam perder o raciocínio. Seu único dinheiro eram moedas de cinquenta e vinte cinco centavos, juntando tudo, dava cerca de cinco reais, o suficiente para comprar um pão de queijo na cantina do ringue de patinação. Mas as moedas a faziam se confundir, nunca conseguindo chegar no valor exato.
--- Problemas com as moedas? --- William se aproximou de Caroline, vendo a garota desviar seu olhar para ele. Ele retirou uma nota de cinco reais do bolso, pagando o pão de queijo para Caroline --- Porque está aqui tão cedo?
Caroline não conseguiu explicar. Ela o olhou, começando a notar em cada detalhe de seu rosto, os olhos azuis, os cabelos loiros. Ela se parecia com ele?
--- Se não fosse café, eu diria para comprar um hambúrguer --- William a olhou, vendo a Casteli o encarar fixamente. Seu coração disparou, e ele se lembrou de como Caroline o olhou pela primeira vez quando nasceu --- Você está bem?
--- Eu queria conversar com você --- Caroline piscou seus olhos algumas vezes, sorrindo fracamente para o pão de queijo em sua mão --- Aceita?
--- Não. Vem, vamos para minha sala
Caroline deu uma última mordida no alimento, tentando disfarçar a raiva quando escutou "minha sala". Não era a sala dele, era a sala da Tonya, que foi tirada dela a força.
Quando entrou, ela percebeu que ele havia mudado as cores da parede. Tonya escolheu bege, mas ele pintou de branco.
Seu olhar passou pela sua mesa, geralmente havia fotos de família, ou até mesmo da própria pessoa, mas sua mesa estava vazia. Tinha apenas um computador e um livro de história. Nenhuma foto com esposa, ou filhos.
--- Você tem uma família? --- A pergunta de Caroline fez William reerguer sua postura. Ela desviou seu olhar para o homem em sua frente, o vendo engolir seco
--- Não... Não entendi a pergunta. --- William gaguejou, virando suas costas para ela, encarando a janela.
William pensou em como sua vida foi solitária, e a vida de Caroline um sucesso. Ele apertou suas mãos, sentindo raiva da garota. Ela não deveria ser tão feliz, não quando matou uma pessoa.
--- Tem filhas? --- Ela perguntou, observando o reflexo de William no espelho.
Ela sabia. William sabia que ela sabia, e Caroline sabia que William sabia que ela sabia.
Um jogo de olhares foram trocados pelo reflexo da janela, fazendo William desejar ver Caroline morta. Se ele a empurrasse pela janela, ninguém saberia que ele foi o culpado. Ele poderia fazer como Chandler, Caroline estava muito envolvida na questão da coroa azul, seria uma troca justa. Ela morreria, pagando pelos seus pecados, e ele teria a coroa.
--- Não. Nunca pensei em ter filhos ou me casar. --- William se virou para a Casteli, cruzando os braços. Era verdade, ele nunca pensou em engravidar alguém, mas quando Teresa apareceu grávida, não teve outra saída.
Uma pergunta se formou em sua mente. Quando o amor pela Caroline, pela sua própria filha, havia se tornado ódio?
Caroline piscou seus olhos, se sentindo uma tola por ter acreditado nas palavras de Luke. O Maybank nunca foi confiável, nem com seu próprio filho. Provavelmente, ele queria apenas a herança da família Genrette, e inventou toda a história. Se fosse verdade, porque William sairia de Marrocos só para a treinar? Ele a amava?
Mesmo se sentindo uma tola, ela quis acreditar. Ter seu pai presente, era o que ela queria por muito tempo.
--- Me desculpa. Eu... Não quis ser intrometida. --- William concordou com a cabeça, vendo Caroline abaixar a cabeça. Ela mordeu o lábio, tão forte que sentiu o gosto de sangue em sua boca. Uma mania que não sabia que tinha pego de seu pai. --- É que... Me disseram algo que... Eu acreditei
--- O que?
Ela não queria dizer, era algo tão idiota. Mas a conexão que os dois tinham, mesmo se conhecendo por pouco tempo, o jeito que William preferia um hambúrguer de café da manhã, comia hot dog do mais barato... Coisas fúteis
--- Que você é meu pai --- Caroline respirou fundo, sentindo a frase cambalear.
William arregalou seus olhos por alguns momentos, respirando fundo. Os dois se olharam, e William conseguiu ver o reflexo de Caroline bebê.
Uma esperança surgiu no peito da garota, pela demora de William, ele poderia dizer que era verdade. Uma alegria se fixou em seu coração, mas rapidamente saiu, ao ver o olhar do homem em sua frente mudar, como se estivesse com pena.
--- Eu sei que sua mãe foi embora... E talvez você queira uma figura mais velha para a substituir --- William se aproximou de Caroline lentamente, vendo os olhos da Casteli cabisbaixo. Ele encostou sua mão em seu ombro, deixando seu olhar cair no perfil da garota, que evitou o olhar naquele momento --- Mas eu não sou o seu pai. Eu lamento, porque você é uma garota agradável e muito especial.
Caroline se afastou do homem, se sentindo envergonhada com a pergunta. Ela foi uma tola em pensar que poderia ser verdade.
--- Eu... Eu sinto muito. --- Caroline deixou aquelas últimas palavras, antes de sair de sua sala.
Sua cabeça estava a milhão, como ela foi idiota de acreditar nas palavras de Luke? Principalmente quando se tratava de seu pai. Ela se lembraria de como ele era, se lembraria das memórias.
Não, ela não lembraria. Sua mente havia apagado por completo seu pai. Ela se sentia culpada, mas sempre que fazia um mínimo esforço para se lembrar, sua cabeça doía, como se fosse um bloqueio do seu próprio cérebro.
Todos estavamas entrando com sua família, as pessoas que os apoiariam. As pessoas que jamais os abandonaria. A Casteli não tinha a mesma sorte, sendo abandonada pela mãe.
--- Devemos criar um clube. O clube sem família. --- A voz de Jj fez com que Caroline virasse para ele, deixando um sorriso latino escapar de seus lábios --- Eu sinto muito pela sua mãe.
--- Eu sinto muito pelo seu pai. --- Caroline colocou a mão no ombro do loiro, o confortando. Jj sorriu para Caroline, retirando seu boné, colocando na loira --- Tem caspas?
--- Tem. Não lavo o cabelo há dias. --- Jj brincou, passando sua mão pelo seu ombro
Quando os dois entraram, o olhar de Caroline se fixou em Tonya. A mulher estava ali, sentada em uma das cadeiras, do lado dos pogues. Caroline pensou que ela não vinha pelos seus problemas com a justiça da ilha, mas ela estava ali. Tonya não havia a abandonado.
Caroline se afastou de Jj, indo até a loira. Quando Tonya se virou, ela sorriu para a Casteli, a abraçando de lado. Tonya estava sentada na frente de Pope, se virando de costas para eles, fazendo um joinha, dizendo que ficaria tudo bem.
O prefeito da cidade havia dito que já havia resolvido sobre o terreno dos pogues. Eles se entre olharam, e Caroline se virou para o Maybank, trocando olhares de preocupação com ele. Quando pediram um representante, Jj se levantou, mas Caroline o puxou, o obrigando a voltar a se sentar.
--- Caroline vai você. --- Jonh B olhou para a Casteli, que balançou a cabeça negativamente --- Você conhece as leis. Me lembro que você vivia assistindo Suits. Você consegue.
--- É! Você deixa o Shoupe quieto toda vez! É a sua chance! --- Kiara disse, tocando nos braços da garota, a incentivando a ir
--- Você vai ser incrível. --- Tonya murmurou, sorrindo para a loira
--- Vai lá e dá uma de Harvey! --- Pope olhou para Caroline, sorrindo de orelha a orelha.
Quando ela levantou sua mão, dizendo que ela seria a representante, todos bateram palmas - do lado pogue - o xerife suspirou, colocando sua cabeça para trás, enquanto o prefeito a encarava fixamente
--- Diga seu nome para registro --- Ele disse, vendo Caroline tocar no microfone
--- Eu me chamo Caroline Casteli. --- Sua voz saiu firme, escutando as palmas das pessoas.
O prefeito balançou a cabeça, dizendo para ela que poderia começar
--- Compramos a propriedade em um leilão, que foi organizado pelo próprio prefeito de Outer Banks, não foi algo comprado contra a lei, ou um acordo de aperto de mão. O prefeito sabia, e ainda sabe que foi ele que organizou todos os leilões. Talvez ele tenha esquecido da parte pobre da ilha, fazendo o leilão para beneficiar apenas os kook's, mas ainda sim seu nome está no final daquele contrato. --- Caroline olhou para o prefeito, vendo ele arrumar sua postura, claramente descartável
--- Nesse tempo, construímos um negócio, uma loja para ser mais precisa, junto com passeios de barco. O negócio já está funcionando há um tempo, construímos também nosso lar. --- Caroline olhou para Jj, voltando seu olhar para frente --- Mudar a zona significa mudar nossa casa, mudar nosso negócio, tudo que construímos, abandonar nossa casa.
As pessoas começaram a gritar, dizendo que aquilo era golpe. Não demorou para todo o lado pogue gritar também, batendo palmas.
--- Tem algumas pessoas, que nunca tiveram um lar na vida. --- Caroline continuou, quando o barulho parou, o prefeito respirou fundo --- Eu vou fazer uma pergunta... Vocês vão mudar a zona da área kook também?
Aquela pergunta fez todos voltarem a gritar. O juiz bateu novamente seu martelo, e o prefeito colocou a mão na cabeça.
Caroline sorriu levemente, sabendo que todas aquelas pessoas eram o juri, e aquilo era um tribunal. O juri decide tudo, e o juri estava a favor.
--- Não estamos pedindo esmola, apenas para deixar nosso lar.
O tio de Topper se levantou, dizendo que gostaria de explicar.
--- É com você senhorita Casteli. Gostaria de deixar ele falar?
--- Se puder explicar melhor. --- Caroline se segurou para dizer "não", dando o pequeno microfone para o homem
--- O que os proprietários atuais não sabem, é que tem uma nota que inválida a compra recente, otimida pelo proprietário anterior. O banco não tinha autoridade para fazer o leilão.
Luke se levantou, confirmando. Carolime arregalou seus olhos, abaixando sua cabeça.
--- Isso é crime. Você fez ele assinar esse papel, em troca de anistia. --- Caroline murmurou, apenas para ele escutar
--- Não tem provas. --- Ele murmurou de volta, sorrindo para frente --- Os jovens serão recompensados.
Kiara começou a falar, mas tudo pareceu ficar em silêncio. Caroline se lembrou de sua mãe, e se perguntou como os dois foram capazes de fazer aquilo com seus próprios filhos.
--- Não encosta nela! --- Tonya gritou, chamando a atenção de Caroline. Quando a loira voltou a atenção para frente, ela viu o policial a empurrar, tentando a afastar da frente do prefeito. Tonya empurrou o policial, fazendo ele soltar Caroline --- Seus lixos! Corruptos!
O som da janela quebrando fez com que Caroline olhasse para frente, sabendo de quem se tratava. Jj.
Quando correu até ele, ele estava batendo em um policial, deixando vários socos em seu rosto. Caroliné arregalou seus olhos, observando um policial se aproximar, batendo com o cacetete nas costas de Jj. Caroline pegou o banco que Jj havia usado, batendo com força na cabeça do policial, fazendo ele cair para o lado.
Estava acontecendo tudo muito rápido. O policial começou a bater no rosto de Caroline, dando um soco em seu nariz. A loira gemeu de dor, e antes que pudesse revidar, ela viu Tonya subir nas costas do homem, enfiando seus dois dedos nos olhos do policial. Jonh B ajudou Caroline a se levantar, e quando um dos policiais ameaçou bater na loira com o cacetete, ele pegou da mão dele, batendo no policial.
Caroline se afastou, correndo para fora, vendo jogarem o Maybank em cima da viatura. Ela subiu em cima do carro, chutando a pequena janela que tinha do lado de trás, puxando o Maybank para sair. Pope os ajudou, empurrando ele para fora
--- Corre Jj! Sai daqui! --- Caroline gritou, e logo juntou os pogues em seu lado, gritando para Jj
Eles começaram a correr, percebendo que o Maybank estava indo em direção ao lado kook.
Quando chegaram, estava tudo quebrado. Caroline olhou para os lados, tentando encontrar o Maybank, mas ele já havia corrido.
Jj estava quebrando todo o escritório do juiz, fazendo com que os policiais se reunissem em volta. Kiara gritava no auto falante, tentanto chamar o Maybank para fora, mas ele não saia, apenas o som das coisas quebrando eram ouvidas.
Os policiais apontaram sua arma para dentro, ameaçando atirar em Jj. Pope foi rápido, correndo até um, o empurrando. Eles colocaram as algemas no corpo do garoto, deixando uma brecha para Caroline correr até atrás da porta, vendo Jj encostado em uma janela, tentando a abrir.
Caroline sorriu para Jj pela janela, vendo o Maybank sorrir de volta para ela. Ela abriu a janela, não deixando o Maybank ser muito grato a ela, o empurrando para longe, vendo ele correr.
----- ⛸️ -----
O dinheiro que Caroline estava guardando, estava na casa de Teresa. Ela teria que voltar para lá de qualquer jeito, para pegar suas coisas, já que agora moraria com o Cameron, e deixaria aquela casa para Tonya, sendo temporária, já que a mesma já estava vendo casas na ilha.
Aquela casa estava rodeada de fantasmas, sendo bons e ruins. Logo quando entrou, ela se lembrou do dia que se sentou ao lado de sua mãe, comendo dois baldes inteiros de pipoca. Seu olhar passou para alguns quadros com fotos de Teresa, engolindo seco.
Sua mãe era uma pessoa horrível, mas ela a amava.
Caroline segurou um dos quadros, onde tinha as duas. Elas eram novas, nem pareciam a mesma pessoa. A loira suspirou, colocando o quadro no lugar.
O quarto de sua mãe parecia um cemitério, sem cor, apenas com um cobertor e um espelho. A Casteli se lembrava como se fosse ontem, quando voltou de seu sumiço, e sua mãe estava transando com um garoto quinze anos mais novo. Foi nojento.
Ela se abaixou, pegando uma caixa que estava embaixo da cama da mãe. Teresa havia dito que guardaria uma pequena quantia para Caroline, como desculpas, e lá estava o dinheiro, mas as desculpas haviam ido embora com ela.
Caroline pegou o dinheiro, colocando em seu bolso. Ela encarou o quarto em sua volta, e a curiosidade sobre William ficou ainda maior. Ela mordeu seus lábios, dando de ombros, sua mãe não estaria ali para ver.
Ela procurou em todos os lugares, mas não encontrou nada. Todas as fotos que havia, estavam rasgadas ao meio, onde seu pai estava. Caroline sabia que sua mãe havia nutrido um certo ódio pelo pai, mas não sabia que era tanto.
"Uma boa garota sempre
guarda coisas embaixo de seu colchão"
Teresa havia dito aquela frase quando viu Caroline guardar um maço de cigarro em seu travesseiro.
Quando levantou o colchão, ela viu uma foto. Uma única foto inteira. Caroline estava na frente, Teresa e William atrás, os três apontavam para o mercado da família.
------ ⛸️ -----
A cada passo que dava, Caroline sentia a raiva tomar conta de seu corpo. Como William poderia ter mentido na sua cara? Olhando em seus olhos? Ele era seu pai, e a abandonou. Porque ela sempre era abandonada?
William estava virado de costas, encarando fixamente a janela. Ele não se virou, sabendo que se tratava de Caroline.
Quando ela entrou na sala, um silêncio se instalou. Caroline olhou fixamente para as costas largas de William, amassando a fotografia em suas mãos
--- Quando o meu pai morreu, eu sabia que minha mãe tinha pegado um certo... Ódio. Era como se ela o culpasse pela morte, mesmo não sendo culpa dele. --- Caroline começou, vendo William prestar atenção em suas palavras --- Ela rasgou todas as fotos, apagou todos os requisitos dele, abandonou o super mercado... Sempre que alguém começava a falar dele, ela cortava, nunca deixava as pessoas terminarem de falar seu nome.
William tomou coragem, se virando para a filha. Os dois se encararam, e William conseguiu ver a raiva em seus olhos.
--- Com o tempo, eu esqueci o nome dele, e como ele era. Sabia que ele existiu, mas não me importava. Eu só não lembrava.
--- Eu sinto... Sinto muito.
Caroline mordeu seu lábio, deixando uma risada ácida sair entre eles. Ele não sentia muito, dava para ver em seus olhos, e em como ele evitava o contato visual.
--- Eu te chamo de papai agora ou depois? --- Caroline jogou a carta em cima da mesa de William, vendo o homem correr para pegá-la.
A expressão de William mudou rapidamente. Ele ficou branco, paralisado, seu corpo não conseguia se mexer. Ele desviou seu olhar para a Casteli, mas voltou seu olhar para a foto, se lembrando daquela época.
--- Caroline, eu posso... Eu posso te explicar... --- William tentou se aproximar da Casteli, mas ela se afastou brutalmente, colocando suas mãos na frente. Os olhos de William se tornaram pedintes, marejados, seu rosto havia se tornado pálido --- Eu... Eu posso...
--- Eu não quero. --- Caroline o respondeu, cerrando seu olhar para ele. Ela cerrou seus punhos, sentindo sua respiração pesar ainda mais. A raiva estava consumindo seu corpo, uma raiva que não tinha uma razão aparente, poderia ser muitas coisas, mas agora estava focada em William --- Você olhou para mim e disse que não era meu pai. Olhou na porra dos meus olhos, e Mentiu! --- Caroline gritou, deixando sua voz e posturas rígidas. Ela apontou o dedo no rosto de William, franzindo as sobrancelhas
William tentou encostar na filha, mas Caroline se afastou novamente, dessa vez, o empurrando.
William não tinha o que explicar, ele mentiu. Ele sabia que Caroline não iria o perdoar se assumisse ser seu pai, e nem o contaria sobre seus planos com a coroa azul, mas agora, ele tinha certeza que deveria ter assumido quando foi questionado.
--- Caroline, se você se sentar, eu explico tudo. Cada detalhe... --- William começou, com sua voz pesada e suas mãos ainda tentando encostar em Caroline --- Eu posso explicar tudo.
--- Você pode, mas eu não quero escutar nenhuma palavra que sai da sua boca.
William entregou a foto para Caroline, olhando para seus olhos. Caroline engoliu seco, sentindo una pontada em seu peito, ou melhor, em seu coração.
Ele não poderia ter uma boa explicação, não para abandonar a filha. Mas e se ele tivesse? A mente de Caroline se tornou uma confusão em menos de segundos, olhando fixamente para os olhos de seu pai, que não o via há dez anos, seu pai que estava morto.
--- Lembra como éramos felizes? Eu te leve na sua primeira aula de patinação. --- Ao ver Caroline segurando a fotografia, William viu uma brecha para se aproximou da Casteli. Ele tocou em seu ombro, a vendo paralisada, encarando a foto em suas mãos --- Fui eu.
Ela piscou algumas vezes, se sentindo culpada por ter sido tão grossa. William havia a levado para sua primeira aula de patinação, foi ele que construiu seu sonho, e ela estava o agradecendo assim?
Não. Era isso que ele queria que ela pensasse.
Ela se aproximou dele, o suficiente para colocar a mão em seu bolso, sem ela sentir. William apenas olhou para sua filha, a encarando fixamente, sem sentir as mãos de Caroline em seu bolso
--- Eu não vou cair na sua manipulação de quinta. --- Caroline cuspiu aquelas palavras, amassando fortemente a foto em suas mãos.
------ ⛸️ ------
A casa de William estava vazia. Caroline não sabia exatamente oque estava procurando quando entrou, ela não tinha certeza se roubar suas chaves seria uma boa ideia, mas roubou mesmo assim.
Antes de ir, Caroline roubou a arma de Rafe. Não era para machucar William, era apenas por preocupação, para conseguir se defender - era isso que achava-
Os primeiros passos da escada se tornaram silenciosos e pesados, enquanto ela olhava para os lados, segurando sua arma firmemente, apenas esperando William aparecer, mas ele não apareceu. Ela subiu todos os degraus, vendo que tinha dois quartos, o que era curioso, já que William não tinha família, ou tinha, e a abandonou.
Caroline entrou no primeiro quarto, vendo uma cama encostada na parede, e em cima havia uma cruz, com um quadro da santa ceia. Ela bufou, começando a procurar em todo aquele lugar. Ela revirou as gavetas, os armários e olhou embaixo do colchão, mas não encontrou nada. Todas as gavelas estavam vazias, e o armário estava embrulhado como veio da loja.
Ela revirou os olhos, voltando a andar atentamente pela casa, se dirigindo ao quarto de Will. Quando entrou, viu diversas câmeras de uma outra casa, era um lugar cheio de areia, e as pessoas andavam com um pano em suas cabeças. Marrocos.
Caroline se abaixou, começando a procurar por qualquer pista. Não demorou para que ela achasse um livro antigo, e quando o abriu, viu uma pintura da coroa azul no meio de uma das páginas. Ela colocou o livro em cima da mesa, lendo atentamente aquelas pequenas letras. Ela apertou um pouco seu olhar, não conseguindo enxergar as letras miúdas, mas entendeu o que o livro dizia. A coroa azul estava em Marrocos, e ela sabia a localização. Aquele livro tinha toda a pesquisa de William, e só depois ela percebeu que foi escrita a mão.
Caroline olhou mais uma vez para as câmeras, tirando uma foto da localização que aparecia no canto.
Seu celular vibrou no momento que ela tirou a foto, fazendo com que ela xingando baixo, deixando o celular cair. Ao ver a mensagem, era de Jonh B
"Cadê o Harvey Specter? Estamos no centro destruído."
Caroline bufou, se lembrando que havia combinado de encontrar os amigos. Ela bufou de novo, entrando na conversa de Rafe. Ele não havia respondido nenhuma de suas mensagens, e nem estava ao seu lado quando acordou. Aquilo a deixava angustiada.
Antes de sair, Caroline viu mais um caderno, dessa vez em letras romanas. Ela o pegou, apenas por precaução.
----- ⛸️ -----
--- A localização não está exata, mas a gente descobre. --- Ela explicou, andando ao lado de Jonh B
--- Marrocos é longe para caramba. Será que é isso mesmo? --- Ele se questionou, vendo Kiara levantar seus braços
Caroline desviou seu olhar para Sarah, que parecia perdida entre o centro. A loira colocou a mão nos ombros da Routhegle, a chamando a atenção
--- Você está bem? --- Perguntou a Casteli
--- Tô eu só... --- Sarah se afastou, entrando dentro de uma farmácia.
--- O Jj também sumiu. --- Caroline bufou --- Vê se encontra ele aí.
Kiara puxou a Casteli para o canto, a olhando nos olhos. Caroline a olhou, confusa, esperando que a Carrera dissesse algo, mas apenas a olhou, com as mãos em sua cintura
--- Você acha que o Groff é o pai do Jj? --- Ela foi direta, vendo Caroline torcer o nariz --- Eu sei do William, e... Não acredito em nenhum dos dois
--- Temos a mesma opinião, cachinhos. --- Caroline deu de ombros, cruzando seus braços. --- Mas o Jj surtou.
Seria melhor se Caroline não revelasse que William era seu pai. Eles não precisavam se preocupar com mais coisa, já estavam sem casa, e aquilo só iria piorar.
--- Eu sei onde está o Jj. Vamos chamar a Sarah --- Kiara andou rápido até a farmácia, fazendo Caroline bufar, andando também.
Kiara bateu na porta duas vezes, e quando Sarah finalmente atendeu, ela a chamou. Sarah parecia assustada e nervosa. Seus olhos estavam arregalados, como se tivesse visto um fantasma.
--- Você está bem? --- Perguntou Caroline
--- Tô. --- Sarah respondeu, tentando impedir que a Carrera olhasse por cima de seus ombros
Kiara observou um teste de gravidez, deixando seu olhar fixo por alguns segundos. Caroline olhou para o teste também, tentando esconder sua confusão.
Sarah entregou o teste nas mãos das duas amigas, as encarando fixamente, tentando captar alguma reação. Kiara ficou surpresa, abrindo sua boca um pouco
--- Você tem certeza? --- Kiara perguntou, olhando para Sarah, que concordou com a cabeça
--- Certeza do que? --- Caroline perguntou, não entendendo aquela situação. Kiara mostrou o teste para ela, vendo a Casteli coçar sua cabeça levemente --- Eu não... Não entendo esses traços.
Caroline murmurou as últimas palavras, envergonhada por não saber algo básico feminino. Kiara riu, balançando a cabeça negativamente
--- Dois traços são dois bebês? --- Caroline olhou para Sarah, que deixou uma risada sair abertamente
--- Dois traços é positivo. --- Kiara afirmou para ela, rindo. --- A quantidade de bebês, descobre no ultrassom.
Caroline abriu sua boca, surpresa. Ela levou uma de suas mãos até os lábios, encarando fixamente Sarah. A loira deu um sorrisinho para a amiga, tímida pelo fato de estar grávida.
--- Sem teto, falidos de novo e sendo perseguidos por assassinos... Momento perfeito. --- Kiara começou
Caroline sorriu para Sarah, ignorando a fala negativa de Kiara. Ela a puxou para um abraço, um abraço forte e apertado, passando confiança e amor ao mesmo tempo. Kiara as abraçou também, formando um abraço em três.
--- Você vai ser uma boa mãe. --- Caroline disse, se afastando de Sarah
--- Titia Kiara --- Kiara brincou, escutando a risada das amigas
Caroline não se segurou, e a abraçou mais uma vez.
--- Eu te amo. --- Sarah murmurou para a Casteli
--- Eu também te amo.
Quando as três saíram da farmácia, viram Topper conversando com Jonh B. Caroline saiu em passos largos, andando até os dois, sabendo que daquela conversa sairia vários insultos, ou alguém preso.
--- Kiara, Sarah, estão bonitas. --- Topper as elogiou, olhando para Caroline em seguida. Seria idiota se ele não a chamasse de polícia, ela era a mais bonita das três. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente alinhados com o rosto, e sua blusa regata branca valorizava seus seios, os deixando mais arfados. Mas ele não a elogiava, por medo que Rafe pudesse se irritar, e ele iria.
--- Isso foi a coisa mais idiota que você já falou. --- Jonh B mostrou o dedo, antes de sair do local com as garotas.
------ ⛸️ ------
Kiara contou toda a história de Chandler e Jj no caminho, a pedido de Caroline, ela não mencionou a parte de William, respeitando o segredo da garota.
--- Porque os Genrette manteriam esse segredo por tantos anos? --- Jonh B se questionou, era sobre a situação de Jj, mas Caroline sentiu como se fosse para ela.
Porque William não voltaria?
O céu já estava azulado, e Caroline odiava quando ficava daquela coloração. Ela gostava das noites escuras, com estrelas no céu, e não a noite azulada, Jj havia dito que por conta do ar abafado da ilha, e a grande quantidade de praias, ficava assim. Se era verdade ou não, ela não se importava, só sabia que odiava as noites azuladas.
--- Para o motor. Desliga! --- Caroline olhou para um navio, apertando seu olhar para o barco que estava a metros de distância --- Não consigo enxergar.
--- Você já tentou usar óculos? --- Jonh B perguntou, fazendo Caroline o olhar, revirando seus olhos --- Só uma pergunta.
Ele se aproximou do barco, e Caroline conseguiu enxergar. Era o homem do mergulho e que roubou um pergaminho. Quando ela apertou mais seu olhar, viu que no barco tinha o símbolo que estava na capa do livro de William.
Eles estavam juntos? Não. Não poderia ser.
Sim. Eles estavam.
--- Não é o Jj que eles querem. --- Caroline apertou o olhar, vendo Chandler ali.
--- Podemos bater neles. Criar uma distração --- Kiara começou, vendo Caroline sorrir --- Ou sei lá, encomendar um óculos para a Caroline
--- Bater naquilo? Não vai nem amassar.
--- E eu não preciso de óculos. --- Caroline terminou a frase de Jonh B
Caroline olhou para a garrafa de vodka em seus pés, a pegando. Ela sorriu, mostrando para os pogues sua nova descoberta, como se fosse uma criança.
--- Vamos colocar fogo nesses cuzões. --- Caroline sorriu, olhando para Jonh B, que concordou com a cabeça.
Jonh B fez todo trabalho manual, criando a bomba. Caroline ficou atenta naquilo, olhando fixamente.
--- Tenta não acertar nele. Eu prefiro ele inteiro --- Kiara resmungou
--- Pra aproveitar o corpinho né? Salada. --- Caroline murmurou, dando um leve empurrãozinho em Kiara, vendo a garota revirar os olhos
Quando Jonh B jogou a bomba pela primeira ele, ele errou, e errou feio. Caroline levantou seus braços, mexendo sua cabeça, indignada com a má pontaria. Quando olhou para o lado, viu que o barco estava pegando fogo, tomando um pequeno susto.
Caroline pegou a outra bomba, arremessado em direção ao navio. Jonh B olhou surpreso ao ver que ela havia acertado, ele só não sabia da experiência dela com armas de fogo.
Jonh B e Caroline correram até o navio, entrando dentro deles. Os dois se entreolharam, e foram em posições opostas, procurando por Jj. Caroline desceu uma pequena escada, chutando o estômago de um dos capangas, e quando o outro apareceu, ela acertou um soco e uma cabeçada nele.
--- Caroline! Vamos! --- Caroline olhou para trás, vendo Jj gritar seu nome. Ela correu logo atrás dele, entrando dentro de uma sala, pegando o pergaminho
Os três pularam do navio, caindo na água. Eles nadaram rapidamente até o pequeno barco.
Quando colocou as costas no navio, sentindo Kiara acelerar, Caroline respirou fundo, se lembrando do símbolo que estava no navio. William estava procurando a coroa azul, como eles, e provavelmente, junto com eles.
1. a Caroline invadindo a casa
do William igual um espírito obsessor juro
2. o capítulo sem nenhuma interação da Caroline
com o Rafe me fez chorar tá bom.
3. me digam que estão gostando do plot, pq eu
acho que William Genrette é um dos plot mais complexos que eu já fiz.
4. o William odiando a Caroline sempre será meu império romano. ele odiando ve-lá feliz sem um pai,
mesmo sendo ele que foi embora.
não se esqueçam de curtir e comentar,
isso dá mais ânimo para escrever.
espero que estejam gostando. até o próximo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top