|| capítulo oito

O MAPA QUE CAROLINE havia furtado da casa de William, não ajudava a entender o outro mapa. O mapa de William era de uma pedra gigante, e o outro era um grande mosaico. Nenhum dos pogues conseguiu entender qual era a ligação de um mapa pelo outro, mas Caroline mostrou o pequeno símbolo no canto do mapa, mostrando a conexão.

Caroline estava ao lado de Jonh B, quando Jj entregou um beck de maconha para o Routhegle. Como ele sabia que Caroline não fumava ervas, ele entregou direto para Sarah, que segurou com uma de suas mãos. Caroline olhou para a loira, fazendo com a boca um “hum” chamando a atenção de Kiara, que olhou confusa, mas logo pegou o beck da mão de Sarah, dando um trago.

A Casteli - ou Genrette - ela ainda não sabia como dizer seu próprio sobrenome, foi a primeira a escutar o som de algo caindo do lado de fora. Ela cutucou Jonh B, que se levantou ao lado de Jj, andando em passos silenciosos, segurando com força os pedaços de madeira.

Caroline andou um passo para frente, fechando seus punhos com força, Jonh B e Jj não a questionaram, afinal, porque questionariam? Ela esfregou a cara de Ruth na areia. Não seria novidade se ela esfregando a cara de um ladrão em um fogo.

Quando Chandler apareceu na porta, todos se assustaram, dando um passo para trás. Caroline foi diferente, dando um soco certeiro em seu rosto. Quando viu que era Chandler, ela respirou fundo, se virando de costas para ele, enquanto o Genrette colocava a mão em sua bochecha, sentindo uma dor aguda em seu maxilar.

––– Eu não queria assustar. Eu nadei até aqui… ––– Ele disse com a respiração ofegante. Caroline se apoiou na mesa, encarando aquela cena com dificuldade.

Chandler tentou matar William. William que era seu pai. William que mentiu sobre tudo. Ela não sabia mais de muita coisa, e aquilo a irritava profundamente

––– Eu não tinha outro lugar para ir filho. ––– Chandler olhou para Jj, que ajudou o pai a entrar dentro da casa.

Caroline não queria sentir inveja de Jj, mas sentiu por alguns segundos. Chandler admitiu ser seu pai, havia o chamado de filho. Ela mordeu seu lábio inferior, se negando a sentir qualquer sentimento que não fosse ódio por William, mas ele era seu pai, e no fundo, mesmo que odisseia admitir, sentiu falta de um.

––– Então você é o pai verdadeiro do Jj? ––– Kiara perguntou, quebrando o silêncio que havia se instalado na sala.

––– Não mereço o título, mas sim. Sou eu. ––– Chandler admitiu, e o coração de Caroline se apertou.

Ver a declaração de Chandler para Jj, fez com que seu coração se apertasse ainda mais. Era tão difícil assumir uma paternidade? Porque William não fazia? Ele a odiava? Odiava sua filha? Quem não odiaria Caroline?

Os pensamentos da loira voltaram, quando ele começou a explicar sobre o pergaminho. Ele contou toda a história, sobre um pastor, sobre ouro, e sobre a coroa azul.

––– Seu pai queria a coroa azul. ––– Chandler olhou diretamente para Caroline, vendo a confusão nos olhos dos outros pogues. ––– Por isso ele voltou.

Caroline engoliu seco, arrumando sua postura. Não era seu pai, era seu ex treinador. Uma confusão tomou conta do corpo da Casteli, fazendo com que ela soltasse um pouco a blusa de perto do pescoço, sentindo seu ar começar a falhar.

––– Seu pai? Seu pai não está morto? ––– Jonh B olhou para Caroline, mostrando a confusão em seus olhos, como todos os pogues ali, e como ela também.

Caroline respirou fundo, se levantando da mesa que estava sentada. Suas roupas começaram a sufocar, era como se ela estivesse presa, sentindo seu peito se apertar cada vez mais.

––– Você não contou a eles? Que William é seu pai? ––– A voz de Chandler ecoou pelos ouvidos de Caroline, junto com os suspiros surpresos de cada pogue. ––– Bom, isso não importa, ele veio aqui pegar a coroa azul.

Caroline colocou a mão em seus olhos, passando a mão pelo seu rosto. Ela conseguia escutar de longe as vozes de todos os pogues a questionando, mas todas pareciam ecos distantes. Sua visão ficou embaçada rapidamente, fazendo com que ela retirasse sua jaqueta.

William não veio atrás dela para recuperar o tempo perdido, foi bobagem pensar que ele teria vindo por ela. Ele estava lá porque queria a coroa azul, e sabia que Caroline estava envolvida. Porque não chantagear sua própria filha por dinheiro? Porque não a vender por dinheiro por Ward Cameron?

Tudo se misturou. Parecia que ela estava embaixo da água, sendo sufocada pelas ondas. Ela andou para um lado para o outro, tentando manter sua visão mais focada possível, mas tudo parecia estar em um grande borrão. Ela sentiu Jonh B vir atrás dela, e a voz do garoto se questionando se aquilo era verdade ou não, ela não conseguia escutar.

Jj se aproximou, colocando uma de suas mãos nos ombros dela, chamando a atenção. Caroline conseguiu identificar que era o Maybank, mas sua visão ainda estava curva, como se tudo estivesse borrado. Ela não conseguia respirar, e não conseguiu escutar quando o Maybank perguntou se estava tudo bem com ela, vendo só os movimentos de seus lábios.

––– Eu preciso de água. ––– A voz de Caroline ecoou pelo ambiente, fazendo todos pararem de questionar ela.

Ela andou até a torneira, a abrindo desesperadamente. Sua visão ainda estava torta, ela mal conseguia se ver em pé, mas conseguiu colocar sua boca embaixo da pia, tomando a água. Ela não tomou a água, metade caiu para fora, deixando sua roupa extremamente molhada

Tudo parecia a sufocar, era como se ela fosse um balão, prestes a estourar.

Ninguém a impediu de ir até o banheiro, já que ela parecia não ver ninguém à sua volta. Quando chegou no banheiro, ela retirou todos os seus acessórios, se apoiando na pia. Ela viu seu reflexo pelo espelho, vendo o suor escorrer frio em sua testa.

––– Você quer que ligue para a ambulância? Você pode estar tendo um ataque cardíaco. ––– A voz de Sarah ecoou pelo outro lado da porta

––– É um ataque de pânico. ––– Caroline a respondeu, se apoiando na parede do banheiro, descendo lentamente até o chão.

Como seu pai poderia não se importar? Sua mãe foi embora, deixando Caroline sozinha, mais uma vez. Samuel havia morrido, e ninguém o traria de volta. Ela matou duas pessoas, e estavam atrás dela por conta disso.

Caroline colocou a mão em sua cabeça, piscando algumas vezes. Ela não poderia ficar triste por conta disso, ela não poderia ter um ataque de pânico.

Ela respirou algumas vezes, de forma seguida e calma. Sua mente não conseguia focar em outra coisa a não ser a falta de um amor paterno durante sua vida inteira, sua vida teria sido mais fácil com um pai ao seu lado? William foi culpado por todos os problemas. Só assim para sua mente se permitir descansar.

Caroline abriu a porta, vendo todos os seus amigos em volta do local. Eles ainda tinham dúvidas sobre seu pai, assim como ela, mas Caroline respirou fundo, passando por seus amigos, indo até a porta

––– Eu leio isso. Tenho algo que pode nos ajudar. ––– Aos poucos, sua visão foi voltando ao normal. ––– Eu preciso ir para casa.

Caroline pegou o mapa que havia furtado da casa de William, se dirigindo até a porta. Os pogues não foram atrás dela, sabia que precisava de espaço.

––––––– ⛸️ ––––––

Rafe não estava em casa, e Caroline deu graças a deus por isso. Ela olhou no calendário, vendo o dia que seria amanhã. O pior dia do ano.

Caroline se sentou, colocando o mapa em sua frente. Ela pegou o caderno de William, tentando ler aquelas letras romanas, sendo obrigada a consultar o Google. O livro era complicado, usava metáforas que apenas um grande historiador entenderia, ou uma loira completamente viciada em séries e filmes.

Caroline levantou, animada, batendo palmas. Ela se sentiu superior ao seu pai, a sua mãe, a todos que já a abandonaram. Ela se sentiu inteligente.

Rafe abriu a porta, a fazendo guardar o caderno no exato momento. Ele estava diferente, sua postura estava rígida e a mandíbula trincada, seus bíceps estavam marcando, não por ser algo sensual, mas porque ele estava completamente irritado.

––– Aquela vagabundos roubou todo meu dinheiro. ––– Rafe fechou os punhos. Ele não olhou para a loira, mas sabia que ela estava ali. ––– Porra!

Ele gritou, antes de socar a parede com força. Caroline piscou algumas vezes, não estava com medo, mas preocupada. Fazia tempo que o Cameron não tinha aqueles ataques de raiva, e aquilo a preocupava.

––– Quem? ––– Ela perguntou, não tendo consciência que Rafe tinha aceitado a proposta da Hollis.

––– A Hollis. A Sofia me disse que seria um bom empréstimo, que você queria… Que… Merda! ––– E ele socou a parede, mais uma vez, fazendo com que a tinta seca caísse no chão.

Vagabunda. Pensou Caroline. Rapidamente ela entendeu. Sofia havia se irritado com Caroline, não gostando muito do que ela havia dito na última vez que a viu, e soube onde atacar, e onde machucaria. Rafe.

––– Ela te usou… ––– A loira começou, mas foi interrompida por mais um soco de Rafe, dessa vez, na porta.

––– Qual das duas você acha? ––– O Cameron murmurou, andando agressivamente até Caroline. Os olhos da garota o acompanhou, enquanto ele manteve o olhar fixo em seu rosto. ––– Se você não tivesse feito amizade com a inimiga, talvez isso não teria acontecido.

––– Eu? Você acreditou nela. ––– A Casteli não conteve sua afeição, mostrando que odiou levar a culpa ––– Você preferiu acreditar na sua ex namorada, do que em mim. Não me perguntou se eu queria isso.

––– Você não falaria. ––– A voz dele estava baixa, mas seus músculos bem aparentemente, pela irritação que estava sentindo. ––– Não, porque você não se importa com muita coisa a não ser ser fodida por mim.

Rafe fechou seus olhos, se arrependendo no mesmo instante. Ele os abriu novamente, e viu que a Casteli não estava mais em sua frente, e sim a alguns metros dele, como se aquela frase tivesse, de algum modo, a atingido sem ser verbalmente.

Ele não pediu desculpas, mas seus olhos pediram por ele.

––– Eu não te obriguei a entregar quatrocentos mil para Hollis. Eu não fiz você assinar, mas eu garanto que a próxima vez que você falar como se eu fosse uma puta, eu obrigo você a comprar uma casa nova para mim. ––– As palavras foram afiadas, sem nenhum pingo de preocupação.

––– Sua amiga Sofia mexeu com a minha cabeça, eu… ––– Rafe colocou a mão na cabeça, tentando processar aquela informação

O olhar de Caroline mudou, junto com duas respiração. Rafe - que antes estava com o olhar baixo - o levantou, percebendo que estava descontando tudo na Casteli.

––– Porque você falou com sua ex? ––– O tom dela saiu baixo, e Rafe reconhecia aquele tom. Ela estava pronta para atacar.

––– Ela me disse que construir um lar novo, uma casa… Comigo, a faria feliz. ––– Rafe abaixou o tom de voz, mordendo seus lábios ––– Se você não tivesse…

Em questão de segundos, todos os pratos que estavam em cima da mesa, foram jogados no chão, com uma brutalidade que nem a Casteli sabia que era capaz de usar.

––– Você fez isso. Não eu. Você foi atrás dela. Não eu. ––– A Casteli gritou aquelas palavras, vendo o Cameron cerrar seu olhar para ela

––– Não finja como se você também não tivesse passado um dia com aqueles pogues imundos! ––– Rafe chutou a mesa, fazendo com que não só os pratos se quebrassem, mas também a mesa.

––– Esses pogues imundos salvaram sua vida, minha vida, mais de uma vez! ––– Caroline gritou, passando a mão pelo seu rosto ––– Como você consegue ser tão egoísta e pensar só em você?

––– Não é como se você quisesse fazer parte do meu ciclo pessoal de amigos. Você odeia o Topper, e nem esconde isso! ––– Rafe gritou, dando um passo na frente de Caroline, abrindo seus braços.

––– Eu não odeio o Topper. Para odiar o Topper, eu teria que o considerar humano, e não acho que ele entre nessa categoria. ––– Caroline respondeu, com seu tom ácido e sarcástico. ––– E você não se lembra de quem ficou rindo de você em um clube com outras pessoas? Eu posso garantir que não fui eu.

––– Não é como se seus amigos também não começassem a se questionar sobre você, quando descobrirem que você matou algumas pessoas pelo caminho.

Caroline deu mais um passo para trás, sentindo aquelas palavras atingirem seu estômago.

––– O que foi? Acha que eles te amariam quando descobrirem que eu encobri um corpo por você? Eu sou cúmplice de um assassinato por sua causa, porra! E você nunca nem me agradeceu! ––– Ele gritou, gesticulando com suas mãos em direção a Casteli.

––– Você é um assassino também Rafe! Esqueceu que matou Peterkin para chamar a atenção do papai?

E dessa vez, Rafe foi para trás, sentindo as palavras deixarem seu estômago enjoado. Ele piscou algumas vezes seus olhos, tentando assimilar que Caroline havia de fato dito aquilo. Ela nunca disse nada relacionado a Peterkin, ou aquele incidente. Era como se fosse uma palavra proibida, e ela havia acabado de quebrar a regra.

––– Não? Deixa eu te lembrar. Você escapou, e meus amigos pagaram o pau! ––– Caroline gritou, vendo os olhos de Rafe se tornarem vazios. Ele não estava mais com raiva, agora, a chateação havia tomado conta de seu corpo.

A Casteli se sentiu mal por ter dito aquilo, mas Rafe havia dito coisa muito pior. A verdade era que o sangue dos dois havia se esquentado, um por perder seu dinheiro, e outro por perder pessoas.

––– Seu ciclo de pessoas é tão duvidoso quanto o meu, Caroline. ––– O nome da Casteli saiu com um certo desdém e desconfiança da boca de Rafe. ––– Eu até faço um esforço para entender os pogues, mas sou eu que tenho que suportar o Maybank batendo na nossa porta às seis da manhã! Não é o Topper, é a porra do Jj!

––– O que? Você acha que eu mandei uma mensagem e pedi pra ele vir aqui? “Jj acabei de transar violentamente com meu namorado, vem aqui me contar sobre meu pai que eu achei que estava morto e agora reviveu como uma fênix.”

O tom sarcástico na voz de Caroline, não fez com que Rafe se sentisse melhor. Ele havia esquecido daquele detalhe, seu pai havia revivido, e ele não estava lá por ela. Ele não a escutou, estava mais ocupado comprando um golpe, pensando que ela adoraria, mesmo sem perguntar.

––– Eu não me importo se você foi atrás da Sofia, o se você transou com ela… Eu… ––– Ela se importava, ficava nítido em sua voz. ––– Porque acreditou nela?

Seu pai havia a abandonado, sua mãe também, não seria novidade se Rafe estivesse se questionando se gostaria de ficar com ela. Ele já havia beijado outra garota uma vez, e o que a garante que ele também não estava beijando outras? Ela estava revivendo coisas do passado, mais uma vez.

––– Eu não transei com ela. Não transaria com ela mesmo se fossemos as últimas duas pessoas na face da terra, e fôssemos obrigados a reproduzir. ––– No normal, Caroline iria soltar a gargalhada mais profunda de sua vida ––– E eu acreditei nela porque… Eu queria acreditar que você queria construir uma vida comigo.

Caroline balançou a cabeça, respirando fundo.

––– Como eu vou construir uma vida com um homem, que nem me questiona se é verdade ou não. Que vai atrás da ex, tentando pedir conselhos.

Sempre que Caroline citava o nome de Sofia, uma faca atravessava seu peito, e ia direto para Rafe, como uma defesa. Uma defesa que nunca achou que iria precisar.

––– Chame a Sofia para dormir aqui. Para morar com você. Talvez ela goste, assim como você gosta de pedir conselhos para sua ex namorada, sobre nosso namoro.

Quando ela saiu pela porta, seus joelhos fraquejaram. Ela queria continuar ali, queria se desculpar com o Cameron, mas se desculpar pelo que? Seu corpo - ou melhor, seu coração - pediu para que voltasse, para o acalmar, e dizer que o dinheiro voltaria. Mas ela não voltou.

Ela olhou para trás, querendo que ele abrisse a porta e pedisse para ela ficar, mas ele não fez.

—--------- ⛸️ —---------

A pista de patinação era um dos únicos lugares que Caroline se sentia em casa. Sempre que colocava os patins, era como se pudesse respirar, mesmo com o caos acontecendo ao redor, ela conseguia respirar.

A única pessoa que estava com ela ali, era Tonya. Caroline não sabia se agradecia ou não Rafe por ter comprado aquele lugar, não quando ela sabia que ele estava a observando pelas câmeras de segurança. O Cameron só ia até lá por conta de Caroline, não parecia ser de fato dono, e ela só conseguia lembrar quando olhava para as câmeras de segurança, e via a pequena luz vermelha piscando, simbolizando que alguém estava a vendo.

Tonya tentou impedir a entrada de William, sabendo de tudo que estava acontecendo entre ele e Caroline, mas não conseguiu, mesmo se colocando na frente da porta.

––– Acha legal invadir a casa dos outros? E roubar coisas? ––– Caroline estava do outro lado da pista de patinação, deslizando livremente pelo gelo. Aquele grito de William, fez com que ela se virasse, deslizando até ele ––– Não quis escutar minha história, mas roubou minhas coisas.

––– Furtei. Roubo seria se eu tivesse pegado de você bem violentamente, mas eu furtei. Não estava em suas mãos, e não causei violência. ––– Caroline explicou, da forma mais clara possível.

––– Porque você não me perguntou? Foi atrás da minha… Da coroa azul. ––– Ele se corrigiu, fazendo Caroline sorrir ––– Eu te conto o que quiser saber. Só me devolve a porra do meu caderno.

––– Estamos tendo nossa primeira briga de pai e filha? ––– Ela ironizou, tombando sua cabeça para o lado, sorrindo de orelha a orelha

––– Você… ––– Ele começou, mas não encontrou palavras o suficiente para ofender ela.

Se alguém achava que pais não poderiam sentir ódio por sua filha, William era a prova viva que poderiam sim. Ele quis bater a cabeça dela com força no gelo, até sangrar.

––– Eu te conto a minha história. Mas me dê a merda do meu caderno.

––– Você fala como um adolescente. ––– Ela patinou até sair da pista de gelo, não desviando o olhar de seu pai.

––– Eu vou chamar a polícia. Você invadiu minha casa.

––– Nossa casa. ––– Caroline deu de ombros, como se fosse algo casual. ––– Esqueceu que eu sou sua filha?

William engoliu seco. Caroline era muito convivente, provavelmente havia assistido todas as temporadas de suits e lei e ordem para saber de todos aqueles pequenos detalhes advogacionais.

––– Está bem. Eu conto minha história, e depois você acha que é boa o suficiente para me devolver o meu caderno. ––– William a olhou no fundo dos olhos, tendo um reflexo de si próprio.

Aquele reflexo logo foi embora. Caroline não era como ele, ou como a mãe, ela era diferente. Um diferente muito, muito ruim para seus planos.

—-------- ⛸️ —--------

Nenhuma palavra que saiu da boca de William, Caroline considerou ao menos achar que era verdade. Mas aquilo foi como ensinamento. Ela tinha que se armar, se preparar para ir até Marrocos, e roubar aquela merda daquela coroa.

––– Quero comprar duas armas. ––– Caroline jogou o dinheiro no balcão de uma mercearia, sabendo que ali eles traficavam armas

––– Não sei do que está falando ––– O homem fingiu que não sabia, pegando o dinheiro no balcão

––– Eu não tenho todo o tempo do mundo, e nem a paciência. ––– Ela foi direta, encostando seu cotovelo no balcão da loja ––– Ou você deixa eu ver suas armas, ou eu chamo o Shoupe e deixo ele resolver tudo. ––– Ela suspirou, fingindo desinteresse naquela informação

O homem a olhou por alguns segundos, tombando sua cabeça para o lado. Ele a levou até o porão da mercearia, mostrando diversas armas.

Não poderia ser uma arma muito grande, tinha que caber em sua cintura, mas também não poderia ser tão pequena, já que pretendia usar o cano da arma também.

Duas glock.

Seu celular tocou, no começo ela não atendeu, pensando que era Rafe se desculpando, já que naquele dia ele já havia a ligado sete vezes. Quando o celular tocou pela segunda vez, ela viu que era Kiara.

Jj estava estava acusado de assassinato.

Ela colocou as duas armas na cintura, pagando por elas, saindo rapidamente daquele porão. Como Jj conseguia passar um dia sem se meter em confusão? Ela a xingou de todos os nomes possíveis, e aqueles xingamentos só pararam quando sentiu uma mão tampar sua boca.

Ela sabia que não era Rafe, ou um de seus amigos. A pessoa havia a puxado com agressividade, afundando suas mãos na boca de Caroline, e a loira conseguiu sentir um cano de arma atrás de suas costas.

––– Eu disse para parar de procurar. ––– A pessoa estava usando um modificador de voz ––– Eu não disse isso?

Ela gritou, apertando o cano da arma nas costas de Caroline. A loira arregalou seus olhos, engolindo seco. Ela conseguia sentir não só o cano daquela arma em suas costas, mas o cano das duas armas que havia comprado há minutos atrás.

Seu cotovelo atingiu com força o rosto da pessoa que estava atrás dela. Quando ela cambaleou para trás, Caroline viu que vestia uma máscara do pânico. Ela se recompôs rapidamente, tentando puxar o cabelo da Casteli, mas Caroline desviou, acertando um soco em seu estômago. Ela não seria sequestrada, não pela terceira vez.

Quando a pessoa se abaixou alguns centímetros, colocando sua mão no estômago, Caroline tirou a arma de sua cintura, apontando fixamente para a pessoa. Ao levantar seu olhar, ela percebeu que estava sem saída. Sua arma estava no chão, enquanto a Casteli apontava uma para ela.

––– Cansei das pessoas me ameaçarem as escondidas. ––– Caroline destravou a arma, atirando ao lado da pessoa, vendo ela tomar um susto, deixando uma brecha para ela correr atrás dela, passando um de seus braços pelo seu pescoço, apontando a arma com a outra mão para sua cabeça. ––– Me mostra quem você é.

A pessoa tentou se afastar, mas Caroline foi rápida em puxar a máscara, revelando uma mulher de cabelos negros.

––– Me desculpa. Meu pai me disse para eu te assustar. Disse que você só correria. ––– A mulher levantou seus braços, tentando esconder que seu corpo tremia

––– Está tremendo como uma vara de bambu. ––– A Casteli chutou os joelhos da garota por trás, a fazendo cair de boca no chão. Quando a mulher tentou se levantar, Caroline pisou na sua mão, descontando sua raiva toda na palma dela ––– Qual é o seu nome?

A mulher gritou de dor, sentindo as botas de Caroline esmagarem seus dedos. A Casteli não estava com paciência, aquilo estava faltando nela nos últimos dias, e a vontade de socar aquela garota até ela perder os dentes, era o que mais tinha em seu corpo.

––– R…R…Re…Reegina. ––– Ela gaguejou, se contorcendo de dor. ––– Vai quebrar minha mão porra!

Caroline tirou suas botas da mão dela, passando sua língua em seus lábios.

––– Quem é o seu pai?

––– Eu nunca vou te contar! Não sou desleal! ––– A mulher gritou, levando sua mão esmagada até o peito, a segurando segurando se fosse um bebê.

Caroline fez uma careta, mostrando o desdém.

––– Eu não estou com muita paciência nos últimos dias, na verdade eu acho que estou prestes a enlouquecer ––– Caroline voltou a apontar a arma para a mulher, dessa vez, para sua cabeça. Ela não a mataria, mas não custava nada a assustar ––– É melhor você responder.

––– Vai me matar como matou o Jason? ––– Regina gritou, tentando mexer sua mão esmagada.

Como ela sabia? Foi ela que mandou as mensagens anônimas, que entregou aquele vídeo para a polícia.

A raiva tomou conta de si, Caroline voltou a colocar a arma na cintura, dessa vez, se abaixou em direção a garota, a segurando pela gola da camiseta. Seus olhos encararam profundamente os olhos negros daquela garota, deixando suas narinas abertas.

––– Meu pai me disse que você ia ser agressiva. Agir como um animal. ––– Regina murmurou, encarando fixamente a Casteli

––– Sabe qual é a graça da vida na selva? O melhor animal sempre ganha. ––– Caroline bateu a cabeça dela uma vez no chão, escutando o grito angustiado de Regina ––– Se eu perguntar de novo, você responde certo. Quem é o seu pai?

––– Não vou te responder. Não mesmo. ––– A morena respondeu, sentindo sua cabeça bater no chão mais uam vez

––– Resposta errada. ––– A Casteli murmurou, batendo sua cabeça no chão mais uma vez.

Talvez ela fosse um animal, ou estava só com muita raiva acumulada, e ela apareceu no momento certo.

––– Tá. Tá. Tá. Eu falo. ––– Regina se desesperou, fazendo Caroline soltar sua cabeça ––– William. Ele engravidou minha mãe.

––– Jura? Para ser filha de alguém você tem que ter espermatozoides de homem. O que é um saco. ––– Caroline se levantou, balançado a cabeça negativamente.

Legal, uma meia irmã.

Por mais que ela se esforçasse, não tinha um interesse em saber sobre a vida daquela garota, ou sobre William.

Mas foi William que entregou tudo aquilo para a polícia. Que enfernizou sua vida por causa de um homem morto.

Seu próprio pai, sua família. Porque seus pais tinham o costume de enfernizar sua vida? Era uma pergunta que iria perseguir a vida de Caroline. Um dia na sua vida, ela poderia ter uma família convencional, apenas por um dia?

––– Fala para o William, que eu vou pegar aquela coroa azul, e vou enfiar tão fundo na bunda dele, que vai sair pela garganta.

Caroline saiu, deixando a garota caída no chão, com sua cabeça sangrando.

Ela estava cansada. Sentiu seu corpo todo pesar, e ela só queria deitar, e dormir por cinco dias, ou talvez para sempre.


1. não sei oque comentar sobre
esse capítulo, sobre essa briga, ou sobre a Caroline viver e irritar muita gente KKKKKKK

2. vim avisar que o capítulo 10 de ice curse
( o último de obx ) terá 2 partes, porque
com 1 capítulo , ficaria com +20k de palavras,
e eu não sou nem louca disso KKKK tenho que colocar meis planos + o de outer Banks e ficaria muito!

não se esqueçam de votar e comentar.
até o próximo.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top