OO1.
A Casa Greyjoy era conhecida como uma família selvagem e rebelde, sempre arranjando brigas por onde passava. E, dessa vez, não foi diferente. A guerra contra as Cidades Livres estava chegando ao fim e, com ela, vieram as perdas.
Viena era teimosa demais. Sua mãe sempre dizia isso. Todos diziam que ela era mais teimosa do que muitas donzelas. Sempre decidia se aventurar de última hora, mas sempre se arrependia. Ela nunca aprendia. Como pôde achar que seria uma ótima ideia se disfarçar de homem para ir à guerra com sua família?
Ela sabia lutar e velejar, mas ainda era uma mulher, e seu pai ordenara que permanecesse em casa, cuidando da mãe doente. Mas, como sempre, a Greyjoy mais nova era mais teimosa que o próprio pai na juventude.
Roubou as roupas do irmão gêmeo e embarcou escondida no navio. E foi nessa viagem que Viena descobriu o que era uma guerra no mar. Não foi nada agradável nem divertido como nas canções em Pyke.
Junto com ela, o navio se despedaçava por completo, levando a vida de seu pai e de seu irmão gêmeo. Viena acreditava que também morreria junto com eles.
"Com uma cabeça tão grande, mas sem cérebro o bastante para pensar", dizia seu irmão gêmeo, Vorian. E ele estava certo. Viena não pensava duas vezes antes de agir, e, dessa vez, aprendeu a lição de uma vez por todas.
Dentre tantos irmãos, Viena e Vorian eram como unha e carne, sempre grudados. A dama era teimosa e extrovertida, já o irmão era introvertido e sempre tinha piadas ácidas na ponta da língua. Eram opostos, mas se completavam e estavam sempre juntos.
Mas o Deus Afogado os separou, levando Vorian para o fundo do mar. Viena queria ter ido junto, mas ele não deixou. Agora, ela carregaria o fardo de ser chamada pelo nome do irmão morto.
O Deus Afogado tinha outros planos para Viena Greyjoy, e seu fim ainda não havia chegado. Não agora. Mas talvez em breve.
Os pescadores avistaram um corpo, mas, para a surpresa deles, ainda estava vivo. Carregaram o pobre rapaz e o levaram para um dos quartos dos fundos de Pedra do Dragão.
O que será de Vorian Greyjoy? Ou melhor...de Viena?
Enquanto as tragédias afundavam no fundo do mar, um banquete reunia senhores e donzelas no salão de Pedra do Dragão. Todos comemoravam o aniversário das jovens princesas Aerea e Rhaella, que a cada dia se tornavam mais graciosas e espertas. E, como sempre, lá estava Rhaena, com uma carranca, entediada, observando os risos estridentes que ecoavam pelo salão como as risadas das hienas na selva.
Ao seu lado estava Andrew Farman, seu marido detestável. Rhaena só se casara com ele para ficar perto de Elissa, mas, adivinhe? Todas as mulheres eram iguais. Sempre iam embora, deixando-a sozinha, com sua alma amargurada e cheia de espinhos.
— Não está gostando da festa, esposa? — perguntou Andrew, com a voz embriagada pelo álcool, como sempre tentando se aproximar.
Andrew Farman, mais conhecido como um bobalhão — ou até mesmo o próprio bobo da corte —, não era um, mas bem que poderia ser, de tão tolo e fraco. Sempre fazia o papel do palhaço, sempre tentava conquistar a afeição da esposa, mas nunca conseguia. Afinal, ele não era uma mulher.
Antes, era magro como um palito; agora, era um homem gordo e infeliz, bebendo até cair e rolar no chão.
— Eu estava gostando da festa...até você abrir a boca. Você está com mau hálito. O que comeu? Um urubu? — respondeu Rhaena, ríspida, virando o rosto para evitar o cheiro podre de comida e bebida que exalava dele.
O Farman se encolheu, afastando-se um pouco mais. Rhaena não lhe deu chance de falar novamente, apenas se levantou e saiu de perto, caminhando em direção às filhas.
Aerea era travessa e malcriada; já Rhaella era positiva e pacífica, sempre pensando no lado bom da vida e das pessoas. Ao ver a mãe se aproximar, Rhaella sorriu docemente, enquanto Aerea revirou os olhos, deixando seu sorriso se desfazer.
— Minhas dragãozinhas...estão bem? Estão gostando da festa? — perguntou Rhaena, séria, mas preocupada.
— Sim, estamos gostando, mamãe! — respondeu Rhaella, aproximando-se e dando um pequeno abraço na mãe, que apenas deu um tapinha nas costas da filha como retribuição.
— E você, Aerea...não faça nada imprudente. Não quero que apronte!
— Claro... Eu já sei disso, você sempre diz a mesma coisa! — retrucou Aerea, emburrada.
— Cuidado com o seu tom de voz... — começou Rhaena, mas foi interrompida.
— Dê um tempo! Você sempre quer brigar comigo ou reclamar das minhas ações, sempre querendo me repreender! Só me deixa em paz! — disse Aerea, irritada, levantando-se da cadeira e saindo do salão.
Rhaena respirou fundo. Qual o problema dessa garota?, ela pensou. Rhaella sorriu, tentando reconfortá-la, antes de dizer.
— Eu vou falar com ela, mamãe... Não se preocupe tanto!
Rhaella sempre se cansava das discussões bobas entre a irmã e a mãe, mas, mesmo assim, foi atrás de Aerea.
Quando a filha também se afastou, Rhaena ficou perdida em pensamentos. Onde havia errado? Teria jogado pedra na Estrela dos Sete em uma vida passada? A vida seria assim? Infeliz? Sem luz? Com um marido que não amava? E com filhas que nunca a obedeciam?
Mas isso mudaria. Com a chegada de um certo cavalheiro...ou melhor, de uma donzela.
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