076
O casamento de um príncipe e uma princesa Targaryen é sempre um evento opulento e luxuoso, com todas as melhores decorações e adornos dispostos de forma extravagante. As paredes, janelas e até mesmo os tetos do grande salão em que a cerimônia acontece são decorados com tapeçarias elaboradas que retratam as Casas da noiva e do noivo.
Até mesmo os convidados estavam vestidos com suas melhores roupas, com uma infinidade de cores e padrões vibrantes.
O salão do casamento foi adornado com faixas e bandeiras com o símbolo da Casa Targaryen e da Casa Velaryon, representando um dragão envolto em fogo e um cavalo marinho banhado na prata. O grande salão estava repleto de belos arranjos de flores e plantas que traziam uma sensação de admiração de outro mundo aos espectadores. Um grande banquete repleto de alimentos de diversas variedades e bebidas foi organizado no meio do salão. Daemon e Rhaenyra estavam sentados na cabeceira de uma mesa real, radiantes de orgulho pela ocasião.
Era uma exibição extravagante de riqueza e poder, e os convidados ficaram impressionados com o esplendor de tudo aquilo.
Lucerys e Rhaena estavam sentados lado a lado após os cumprimentos serem feitos, estavam apenas a espera de todos os convidados.
À medida que os convidados e nobres da região enchiam o salão e a cerimônia de casamento começava, uma interpretação melódica e assombrosa de uma balada Targaryen era tocada por uma orquestra de músicos.
A cerimônia foi conduzida com tradição e solenidade, como seria de se esperar de um casamento real da Casa Targaryen e da Casa Velaryon. Quando Daemon colocou uma coroa adornada com rubis e diamantes na cabeça de Rhaena, uma alta e grande salva de palmas foi ouvido, ecoando pelo salão.
Enquanto um coro de trombetas enchia o ar em comemoração, os convidados saíram de seus assentos e encheram a pista de dança. Uma atmosfera de alegria e felicidade encheu o grande salão, enquanto todos se regozijavam com a união de duas casas poderosas e valirianas.
Rhaenys estava sentada ao lado de Baela como estava sempre fazendo nos eventos, sua mão descansava em cima do pequenino volume da barriga grávida da Targaryen, quase imperceptível aos olhos. Seu vestido era chamativo como sempre, dessa vez representando a Casa Targaryen ao invés de Velaryon. O tecido era preto com detalhes em vermelho e dourado, jóias de rubi e ouro adornavam e aumentavam a beleza tão única da princesa.
Uma trança lateral juntamente do restante de cabelo solto deu destaque ao platinado e a única mecha castanha, um grande contraste.
Os noivos sentaram-se à cabeceira da longa mesa, cercados por seus familiares e senhores da região. Os criados circulavam pela sala com pratos de comida e taças de vinho para os convidados desfrutarem.
O ar estava repleto de risadas e conversas alegres enquanto Daemon e Rhaenyra sorriam e riam, e a música tocava, enchendo os corações de todos com uma sensação de alegria e satisfação.
Os boatos de que a filha da herdeira havia sido vista se esgueirando pelas ruas da seda tinha sido abafado pelo grandioso evento, que foi preparado as pressas em menos de três dias, noite e dia sem parar para descanso.
— Como é lá embaixo? Digo, a rua da seda? — perguntou Baela com uma baixa risada, sua mão também acariciando a própria barriga. — Indecente, imagino?
Rhaenys acompanhou o comentário com uma pequena risada, bebendo da taça de vinho dela e colocando em cima da mesa mais uma vez.
— Sujo, e sim, muito indecente! As pessoas praticam o coito ao ar livre, com todos ao redor assistindo. — ela contou com bochechas coradas, mas gostava de conversar com Baela sobre esses assuntos.
Rhaena e Baela eram como damas de companhia dela, eram suas melhores amigos e confidentes.
Exceto para alguns assuntos.
— Oh, parece interessante. Mas lembre-me de manter meu neném longe desse local, talvez não seja certo que os filhos tenham os mesmos pensamentos dos pais. — comentou a princesa, dando outra risadinha baixa e focando o olhar para frente. — Você sabe quem está aqui hoje?
Rhaenys virou a cabeça para olhar Baela de forma curiosa, franzindo as sobrancelhas juntas enquanto estava degustando de mais vinho.
— Quem? — perguntou ela.
— Cregan Stark!
As sobrancelhas de Rhaenys quase fizeram um nó de confusão e uma pequena risada escapou de seus lábios, bochechas corando com lembranças. A princesa olhou ao redor com curiosidade, procurando pelo lobo do Norte em todos os cantos, mas o pátio do salão estava cheio demais para que ela conseguisse ver algo.
— Oh, mais tarde falarei com ele...
Ambas princesas soltaram risadas e então ficaram em silêncio enquanto observavam aos arredores e também julgavam algumas pessoas que dançavam na pista. Muitos lords e ladies chegavam a mesa para parabenizar Lucerys e Rhaena pelo casamento, apesar do Velaryon ainda ser jovem para o casamento.
Rhaenys, devagar girou seu rosto para a sua direita, sentindo algo a olhando de forma fixa. Ou melhor, alguém a encarando fixamente, que ela já imaginava ser Aemond e seu olhar penetrante.
O olho azul claro de Aemond se fixou em Rhaenys, e seu olho de safira coberto pelo adesivo lhe causava desconforto na carne. Ela era linda. Não era de surpreender que muitos dos Senhores de Westeros estivessem disputando sua mão em casamento.
Aemond estava sentado do outro lado da mesa. Ele não conseguia tirar o olho singular de sua sobrinha. Ela era tão bonita, com seu cabelo loiro platinado e seus olhos azuis escuros. Ele observava cada movimento dela, seu olho solitário observando cada detalhe. As curvas suaves do pescoço, a forma como o peito subia e descia quando ela respirava, a forma como os lábios se moviam quando ela falava.
Seu desejo por ela não tinha limites. Ele queria possuí-la, de corpo e alma. Para tê-la só para ele. Para torná-la sua. Ele a queria mais do que qualquer coisa no mundo, mais do que sua reivindicação ao Trono de Ferro, mais do que a aprovação de sua mãe, mais do que sua própria vida.
Ele a queria. Ele a queria tanto que podia sentir seu gosto.
Seu olhar único estava cheio de luxúria, seu coração disparava no peito enquanto ele a observava atentamente. Ele era como um leão de olho em sua presa, esperando o momento perfeito para atacar.
Ela estava apenas sentada ali, sendo linda.
O príncipe e a princesa desviaram os olhares depois de alguns minutos encarando um ao outro sem quebrar contato visual, e voltaram a focar em suas respectivas tarefas de antes.
Rhaenyra, por outra lado, manteve seu olhar concentrado na filha e no irmão. Sua intuição estava totalmente certa, ela sabia que estava. Não havia nenhum resquício de ódio naqueles olhos azuis, ao menos não do lado de Aemond. A forma que os dois se olhavam dizia mais do que mil palavras diriam, mostravam mais do que contato físico jamais mostraria.
Os olhos eram as chaves da linguagem corporal.
Tudo que era demonstrado, era a partir deles.
Algo a mais estava acontecendo, ela sabia.
Ou ao menos, suspeitava de que estava.
A princesa mudou seu foco para o salão de dança, observando Lucerys e Rhaena dançarem de forma tão graciosa mesmo sabendo que o irmão tinha um pé esquerdo para dança. Mas, era magnífico ver o quanto ele estava se esforçando apenas para manter a futura esposa feliz e entretida, Lucerys seria um dos melhores maridos de toda a Westeros.
Mas Rhaenys, apesar de estar feliz com o casamento do irmão e da prima, tinha seus próprios planos em mente.
O acônito que ela comprou na noite passada estava escondido dentro de suas longas meias debaixo do vestido, ainda dentro do mesmo saquinho que a mulher havia lhe dado na casa de especiarias. O Lord Strong estava sentado em uma mesa afastada, ainda rodeado de pessoas e com o copo de vinho grudado em sua mão.
Rhaenys precisava pensar bem em como ela colocaria esse saco de acônito dentro da taça do homem, e ao mesmo tempo iria apulhar ele sem que as suspeitas subissem. Para isso, ela iria precisar criar uma grande briga dentro do salão, assim as pessoas estariam tão ocupadas machucando umas as outras que ninguém de fato prestaria atenção no que a princesa estava fazendo ou não.
Porém a princesa faria isso apenas para o fim da cerimônia, não querendo estragar totalmente a festa do irmão por uma bobagem como essa.
A princesa tinha que ser cuidadosa, pois uma briga em um casamento real certamente seria notada. Se a atenção de todos estivesse voltada para a briga, a princesa poderia facilmente se esgueirar por trás do Lorde Strong e colocar o acônito em seu copo.
Entretanto, era importante avaliar a situação e descobrir como começar a briga sem causar um tumulto grande demais a ponto dos guardas do castelo não serem o suficiente para deter tal confusão.
E enquanto a princesa não pensava exatamente em o que fazer quanto a isso, decidiu se mover para o pátio de dança.
Afinal, uma diversão nunca era de menos.
Principalmente dança.
Quando a princesa foi para o pátio de dança, ela se viu entre os outros lords e ladies do reino. Todos tinham vindo para aproveitar o casamento, dançar ao som da música e celebrar a união de duas casas poderosas.
A princesa abriu caminho entre as festividades, com a música e as risadas ficando mais altas à medida que ela se aproximava do pátio de dança. As vestes coloridas dos dançarinos giravam e rodopiavam a cada passo, e seus sorrisos estavam cheios de alegria e satisfação.
Aemond não conseguia tirar o olhar de Rhaenys enquanto ela dançava com um vestido preto que realçava sua pele pálida e sua bela paleta de cores. Ela era como o ar fresco, seus cabelos platinados esvoaçando atrás dela enquanto dançava com o outro lord.
O príncipe queria ser o outro homem naquele momento, dançar com ela, tocá-la, pressionar o corpo dela contra o dele. Ele queria beijá-la, abraçá-la, sussurrar palavras doces em seu ouvido e a manter por perto.
Ele sentia cada vez mais a influência do vinho e seus ouvidos estavam quentes. O príncipe olhou atentamente para seu sobrinho Jacaerys, como se tentasse chamar sua atenção. Aemond queria dançar com Rhaenys, mas antes de partir queria fazer parecer que dançar com a princesa não era seu desejo pessoal, mas apenas uma provocação para seu sobrinho.
O príncipe levantou-se de sua confortável cadeira e caminhou lentamente até o centro da sala após chamar a atenção do sobrinho. Seus passos eram firmes e havia um sorriso orgulhoso, mas frio, em seus lábios. Ele tocou o ombro da sobrinha, interrompendo a dança e se aproximando dela, chamando sua atenção com um toque frio em sua pele quente.
— É a minha vez, Rhaenys. — ele disse com uma voz profunda e rouca. Antes que Rhaenys pudesse dizer qualquer coisa, ele agarrou o braço dela e puxou-a para longe de seu companheiro.
Rhaenys franziu a testa novamente e deslizou os dedos de Aemond entre os dela. Por alguns segundos, sua respiração ficou presa na garganta e ela ficou confusa. Mas ela não negou Aemond, nem o afastou, mas sim o segurou perto para que a dança pudesse realmente começar.
Havia um certo brilho nos olhos dela.
Quando Aemond sentiu o aperto da mão dela em sua própria mão, ele sabia que a tinha, por agora. Então ele se aproximou e entrelaçou seus dedos aos dela. Aemond a girou, com o olho fixo nela, havia um fogo dentro de seu peito, e ele estava queimando cada vez mais quente.
— Não está falando comigo, eu assumo? Desde que fui pega a dois dias atrás na Baixada das Pulgas, você pareceu estar me evitando, ou ao menos parou suas visitas em meu quarto. — ela sussurrou baixo, levantando o queixo para olhar Aemond. O príncipe a levantou pela cintura enquanto a girava em um círculo, a colocando no chão mais uma vez antes de responder a pergunta.
— Minhas visitas ao seu quarto? — zombou Aemond, com um sorriso estampado em seu belo rosto. Ele não era bobo, ouviu Rhaenys claramente. — Estou aqui. Tenho estado ocupado com estudos e treinamento, e sei como sua mãe reagiria se descobrisse que estamos conversando secretamente. — ele disse casualmente. Sua mão ainda estava entrelaçada com a de Rhaenys. À medida que a música aumentava de ritmo, ele moveu lenta mas seguramente a outra mão até a cintura dela, puxando-a para mais perto.
Seus corpos estavam se tocando mais uma vez.
A princesa soltou um suspiro e olhou para a mesa real, acenando com a cabeça para Jacaerys para dizer que estava tudo bem, já que o irmão parecia encarar os dois com um olhar não tão contente.
— Temo que estávamos fazendo mais do que conversando secretamente. — ela sussurou novamente, olhando para os lados.
Ainda estava em busca de como causar uma confusão para conseguir o acesso ao copo de Larys Strong.
— Havia alguns toques envolvidos, eu admito isso. — Aemond respondeu com um sorriso, sua mão subindo ainda mais pelas costas de Rhaenys. — Mas ninguém descobriu, não é? — ele a aproximou ainda mais, até que eles estavam completamente pressionados um contra o outro durante a dança.
Rhaenys voltou sua atenção para vários dos lords ao seu redor. Talvez, se a princesa conseguisse causar uma comoção entre eles e alguns outros agregados, algo pudesse acontecer a partir daí, uma confusão.
Enquanto a princesa ponderava sobre o que poderia ser feito para causar um tumulto, ela notou um grupo de lordes bêbados amontoados em uma mesa próxima. Eles estavam rindo e falando alto e pareciam estar bastante entretidos com suas próprias travessuras de bêbados. Isso poderia ser exatamente o que a princesa precisava.
Ela poderia tentar iniciar uma pequena discussão entre o grupo e ver se isso causaria algum problema. Então, enquanto a atenção de todos estivesse voltada para a discussão dos lordes, ela poderia colocar o acônito no copo do Lord Strong.
Ou então, melhor.
Nada deixa um homem mais irritado do que outro homem mexendo com uma mulher casada.
As pessoas que mexiam com o casamento de outra pessoa sempre traziam à tona o pior de todos os envolvidos. Se a princesa se metesse com uma das esposas dos lordes, ela certamente causaria algum tumulto e chamaria a atenção para a situação.
Enquanto ainda dançava com o príncipe Aemond, a princesa devagar foi guiando os passos dele para perto de um casal o qual ela conhecia bem.
Lord Jason Lannister e sua esposa Johanna Westerling.
Posicionado logo atrás da esposa do Lannister, um dos lords embriagados contribuiu para o cenário ideal.
Embora estivesse consciente da sua desonestidade inerente, naquele momento Rhaenys foi compelida a priorizar seus motivos mais elevados antes da integridade e da honra pessoal.
O lorde bêbado atrás de Johanna estava na posição perfeita para causar alguns problemas, e agora era apenas uma questão de tempo para que algo acontecesse. Rhaenys não podia deixar de se sentir um pouco culpada por suas ações, mas ela era movida por um objetivo maior. Isso era algo que ela tinha que fazer, e ela o faria por qualquer meio necessário.
Com uma lentidão deliberada, a princesa se libertou das mãos de Aemond e discretamente manobrou através da multidão aglomerada. Sua mão desceu devagar, roçando momentaneamente o traseiro de Johanna Lannister com um aperto firme. Rapidamente, ela escapou de entre o aglomerado, criando a ilusão de que o lord embriagado era o culpado por ter tocado inapropriadamente na esposa da Casa Lannister.
Deveria ser o suficiente para causar uma comoção.
A princesa olhou para Aemond, que parecia ter notado a ação dela, mas ela estava pronta para ver o que havia causado com suas ações quase sutis. A cena estava tensa e acalorada, e ela esperava para ver o que aconteceria em seguida.
Rhaenys observava com um leve sorriso, sabendo que tinha acabado de colocar tudo em movimento. Ela deu outra olhada rápida para Lorde Jason e Johanna e viu a expressão de pura raiva no rosto de Jason.
Com certeza, o toque do lorde bêbado causou um alvoroço. Lady Johanna reagiu com choque e raiva, e Lorde Jason Lannister imediatamente correu para defender sua esposa.
Houve gritos e discussões entre os Lannisters e o lorde, e logo os outros lordes se juntaram a eles. As duas facções estavam furiosas, e a situação rapidamente se transformou em uma briga generalizada entre os dois lados. A música foi completamente abafada pelos gritos e berros dos lordes em luta.
A intenção da princesa era iniciar uma breve comoção como forma de desviar a atenção e se aproximar de Strong. No entanto, a estratégia falha desencadeou uma briga maior e mais intensa dentro do salão, cheia de violência desenfreada e gritos estridentes que vinham de todas as direções. No meio do caos, Rhaenys se encontrou cercada por senhores desconhecidos trocando socos e chutes.
Durante a grande cerimônia, em meio ao vasto caos sangrento que se seguiu, ela se viu abaixado no chão enquanto os guardas pareciam completamente inúteis para parar a confusão.
Daemon, Rhaenyra e os irmãos de Rhaenys se ergueram de suas cadeiras em busca de encontrar a princesa no meio da confusão, mas a aglomeração da briga estava agitada e cheia demais para conseguirem enxergar ela. Ficaram nervosos, Rhaenyra foi eficientemente rápida em pedir para que os guardas a encontrassem no meio dos bárbaros.
Ela viu homens batendo uns nos outros com força brutal e ouviu sons abafados vindos de todas as direções. Ela não conseguia chegar à mesa de Strong para colocar o veneno em seu copo, e os guardas pareciam incapazes de manter a situação sob controle.
A situação era maior do que ela havia previsto, mas era tarde demais para fazer algo a respeito agora. Ela precisava sair dessa confusão antes que se metesse muito fundo.
Rhaenys se rastejou pelo chão, tentando não ser pisada pelos homens e mulheres que brigavam. Sua respiração estava ofegante e ela soltou um gemido de dor quando alguém acabou chutando a costela dela sem querer, ou por querer. A princesa se rastejou mais, pegando uma adaga que estava caída no chão e usando os cotovelos para se mover com mais pressa.
O Strong estava em um canto do pátio de dança, seus olhos atentamente observando a briga no meio do banquete enquanto sua taça estava disposta em toda a sua glória em cima da mesa de madeira.
Em meio ao tumulto, Rhaenys viu Strong de pé ao lado, observando a violência com olhos afiados e um largo sorriso se formando em seu rosto. Ele estava gostando disso, do caos e da violência que enchiam o grande salão.
Ela viu a taça dele sobre a mesa e soube o que tinha de fazer.
A princesa se arrastou lentamente pela chão, mantendo a cabeça baixa, até chegar à taça. Com as mãos trêmulas, ela retirou o acônito das meias longas que usava e abriu a bolsa para colocar um pouco no cálice. Mas antes, ela precisava fazer com que ele desviasse o olhar de alguma forma.
Rhaenys se aproximou lentamente de Strong, mantendo-se fora de sua linha de visão. Ela precisava que ele desviasse o olhar por apenas um momento e, então, despejaria o veneno em sua taça.
Com passos silenciosos, ela passou por trás da cadeira e se posicionou sobre o Lord Strong. A taça de vinho estava diante do homem, esperando por seu destino mortal.
— Olá, princesa. — disse Larys, se virando levemente de lado com aquele mesmo sorriso assombroso dele.
Ela paralisou por alguns segundos enquanto olhava para Strong, mas enquanto tentava manter seu papel a princesa retribuiu o sorriso, assentindo com a cabeça.
— Olá, Lord Larys. — disse ela com um pequeno sorriso, e então cruzou os braços para esconder o saco de acônito que estava nas mãos. — Um casamento Targaryen nunca termina sem uma tragédia, não é mesmo? — comentou, tentando descontrair.
— Oh, isso é um fato, minha princesa. Lembro-me bem do casamento de sua mãe com Laenor Velaryon, uma confusão parecida fez com que a cerimônia fosse terminada bem antes do esperado, com mortes e sangue. — o homem se aproximou da princesa, apoiando a mão na bengala e olhando ao redor da confusão, virando a cabeça levemente para o lado e distraindo a visão por alguns segundos. — O príncipe Aemond está participando da briga.
Larys disse em um tom quase animado e virou o rosto totalmente para olhar Aemond no meio da confusão, também brigando com violência. Rhaenys tentou ser o mais rápido que conseguia, abrindo o pequeno laço do pequeno saco e despejando o conteúdo inteiro dentro do vinho. Deveria ter sido apenas uma pitada do acônito, que seria mais do que suficiente para paralizar o homem.
Incidentes acontecem, talvez com uma quantia maior ele tivesse um efeito colateral maior.
Rhaenys no entanto, também mudou a atenção dela para ver Aemond brigando com outros lords. Uma pontada surgiu no coração dela, e a princesa precisou resistir entre seguir na direção do tio ou se manter ali e finalizar o trabalho por completo.
Ela esperou um pouco mais ao lado de Strong e observou enquanto ele tomava um gole profundo da taça envenenada, com o rosto fazendo uma leve careta ao provar o vinho.
— É sempre prazeroso observar confusões tão de perto, me fascina. — ele comentou com uma leve tosse, dando um sorriso assustador para a princesa.
Rhaenys deu uma outra olhada no rosto de Strong, que agora começava a se contorcer de uma forma estranha. Ela podia ver o veneno fazendo efeito quando o Lorde Strong começou a suar e ofegar, seu rosto se contorcendo e ficando pálido. Larys malmente estava conseguindo apoiar as duas pernas, então descansou seu punho na bengala de madeira para manter o equilíbrio do corpo.
A princesa sentiu as mãos trêmulas quando alcançou a mesma adaga que havia roubado a minutos atrás, e quando percebeu os efeitos do veneno mais fortes no Lord, se aproximou mais. O Strong apoiou as mãos na mesa e virou para olhar a princesa, notando o quão séria ela estava diante da situação dele e o quão despreocupada estava.
— Tenha bons sonhos, Alys está lhe esperando nos Sete Infernos. — a princesa sussurrou, pegando a adaga e cravando bem embaixo da costela direita, com duas fortes estocadas na carne.
Strong soltou um suspiro quando a faca perfurou sua carne, e a princesa sentiu seu coração palpitar ao perceber o que havia feito. A luta no salão principal havia continuado mais uma vez e ela não havia notado que sua ação estava sendo observada por um dos guardas.
Ela viu Strong cair no chão, com o veneno fazendo efeito, e a princesa sabia que tinha acabado de selar o destino do Senhor de Harrenhal. Um sentimento de satisfação tomou conta da princesa pelo que ela havia feito, e sua missão estava completa.
— Por Harwin. — ela sussurrou para ele. — Por ter matado o meu pai. — disse novamente, e deixou a adaga perfurada no estômago do Lord.
Seus olhos se voltaram para a direção de Aemond.
O olhar de Aemond sempre parecia encontrá-la onde e quando pudesse, mesmo nas piores situações, ou quando não deveria.
O príncipe a encarou por um tempo, observando o homem morto e se contorcendo no chão, com sangue escapando de suas orelhas e pele ficando pálida demais, uma das mãos da princesa suja de sangue escarlate.
Rhaenys retribuiu o olhar, mas não disse nada, apenas se jogou no meio da grande briga quando ouviu as vozes de Jacaerys e Daemon chamando por ela. A princesa tentou se mover, mas foi difícil devido à violência e ao medo de se machucar, mas Aemond tentou se aproximar dela.
A princesa chamou o nome do irmão e tentou indicar onde ela estava, mas ainda assim foi difícil. Rhaenys se assustou ao sentir duas mãos fortes agarrarem sua cintura e puxá-la para trás, mas antes que ela pudesse se virar para ver quem a estava tocando, uma expressão apareceu em seu rosto. Havia uma forte queimação e dor, e lágrimas imediatamente escorreram por seu rosto, bochechas ficando vermelhas com ansiedade.
Sangue quente escorreu por seu nariz e um gemido baixo de dor saiu de seus lábios.
Aemond a segurou com força, levantando seu corpo e colocando-a em cima de seu ombro, usando seu braço livre para afastar a multidão e aproximar Rhaenys de Rhaenyra, ou qualquer pessoa que estivesse preocupado com a princesa presa no meio da confusão.
— Rhaenys! Rhaenys! — Rhaenyra gritou enquanto abria caminho entre a multidão, Aemond a protegendo com seu corpo. Ela sentiu que as lágrimas viriam, pois a ansiedade e o medo estavam tomando conta dela. — Rhaenys! — Rhaenyra gritou novamente, vindo em seu socorro acompanhada de Daemon.
Aemond a colocou no chão quando conseguiu chegar em um local seguro, e deixou que Daemon apoiasse o corpo da princesa. Alicent veio do outro lado do salão, buscando ver como o filho estava e se havia machucados no corpo dele.
— O que aconteceu? — Rhaenyra perguntou freneticamente. — Quem fez isto para você?
— Mãe, está tudo bem. É apenas.. sangue no nariz. — a princesa disse com uma fraca risada, tentando descontrair a preocupação da mãe e dos irmãos. Rhaenys apoiou os braços em Daemon, ainda levemente tonta pelo soco que levou no nariz, desferido por alguém desconhecido.
Rhaenyra se manteve quieta após dar um beijo preocupada no topo da cabeça da filha, deu uma risada pelo quanto ela estava despreocupada com a situação apenas para acalmar a mãe. Ela se levantou devagar, sussurrando algo para Daemon e em seguida se voltando na direção do meio-irmão dela, Aemond.
A herdeira do trono fez seu caminho na direção do mais novo, e parou em sua frente. O garoto era quase 20 anos mais novo que ela, e ainda sim era mais mais alto que Rhaenyra.
— Obrigada por ajudá-la, Aemond. — disse Rhaenyra, dando um leve sorriso como um aconchego maternal, e um leve carinho no antebraço do garoto.
Aemond não teve quase nenhuma reação, apenas assentiu com sua falta de expressão de sempre e ficou em silêncio absoluto, olhando para os dois irmãos dele, Daeron e Aegon. Moveu-se para perto dos meninos, e se manteve ali enquanto o restante tentava tomar conta de Rhaenys pelo machucado do nariz.
Apesar de que, a preocupação em seu rosto era quase evidente para aqueles que prestassem atenção.
Ele tentava focar seus pensamentos no que havia visto Rhaenys fazer com o Lord Strong.
Mas isso, ele conversaria com ela em outra hora.
Otto apareceu alguna minutos depois, levemente puxando o braço da filha e chamando sua atenção para um canto do salão. Alicent franziu a testa e seguiu na direção que o pai a estava levando, sua curiosidade e confusão se misturando em uma careta descontente.
— Larys Strong está morto.
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