075

Eles passaram por várias mulheres, algumas delas chamando por eles enquanto passavam. Algumas até tentandi convencê-los a entrar. Mas eles recusavam com um balançar de cabeça.

Eles chegaram a um prédio que parece mais luxuoso do que os outros.

— Está ficando com medo, agora? — perguntou Aegon, rindo enquanto olha para o jovem príncipe, que parecia estar corando muito.

— N-não, nunca. — Daeron respondeu. — Eu apenas... acho a situação um tanto divertida. Então é disso que você gosta? — ele perguntou

Eles se aproximaram da construção, que é um bordel de luxo conhecido por servir a realeza e os lords de casas nobres. Ao redor está recheado de prostitutas e homens se deleitando do serviço delas, publicamente.

— Sim, é disso que eu gosto, irmão. — Aegon diz, dando um sorriso para Daeron. Ele lhe faz um gesto em direção à grande porta do edifício. — Venha. Agora, você verá. Você verá por que gosto de estar aqui. — com um empurrão brincalhão, Aegon parece empurrar o príncipe mais jovem para dentro.

— Talvez você deva rever seus gostos. — Rhaenys alfinetou o tio mais uma vez, revirando os olhos e devagar seguindo os dois garotos.

O comentário é ignorado por Aegon.

Mas, antes que pudessem se aproximar da construção, Aegon usa ambas mãos para retirar os capuzes de Rhaenys e Daeron, expondo os cabelos platinados deles para que todos vejam.

Rhaenys instantaneamente coloca as mãos no cabelo, em uma tentativa falha e frustante em esconder o cabelo dela, Daeron por outro lado foi como se ainda estivesse usando o capuz e capa.

— Aegon! — Rhaenys exclamou, tentando alcançar a capa da mão de Aegon, mas foi em vão pois ele logo jogou no meio de uma multidão onde pessoas estavam fazendo uma orgia. — O que há com a sua mentalidade?!

A Rua da Seda fica em silêncio no momento em que Aegon tira as capas, todos olhando para os dois Targaryen com um leve interesse, choque ou até medo. Todos ficam olhando enquanto os dois membros da realeza são expostos no meio de uma das ruas mais picantes e indecentes de Porto Real.

Tudo que o Príncipe Aegon II faz é apenas rir, continuando seu caminho para dentro e puxando Daeron e Rhaenys junto com ele.

Dentro do bordel, é muito mais quente do que nas ruas. O local é pouco iluminado e tem um ar denso, com muitos incensos ligados. Uma música muito baixa pode ser ouvida ao fundo, enchendo o ar com um certo ambiente calmo.

Um grupo de mulheres estava sentado ao redor do estabelecimento, algumas delas conversando com o que parecem ser homens. As mulheres estavam todas vestidas com roupas reveladoras, com suas características acentuadas de forma a torná-las mais atraentes.

— O que é essa parte, Aegon? — Daeron perguntou, tão curioso como um filhote de cachorro.

— Chama-se antro dos prazeres.

Ao adentrar mais fundo no lugar, mais escuro ficava e mais os sons obscenos aumentavam. Rhaenys olhou ao redor observando as pessoas fazerem sexo tão livremente, sem se importarem com espectadores a mercê deles. Ela se impressionou, na verdade, nunca havia entrado de fato em uma casa dos prazeres sem ser por engano. Mas era interessante, assistir as pessoas fazerem isso sem vergonha alguma de mostrar aos outros, apenas se importando com o prazer.

Aegon parece gostar da ideia do lugar, e sua expressão não esconde esse fato de forma alguma. Ele olha para a sobrinha, parecendo ter a impressão de que ela também está gostando da paisagem.

O som de gemidos e sussurros é ouvido em todo o estabelecimento e Daeron parece completamente encantado com a cena, o jovem príncipe corando profundamente ao ver duas pessoas fazendo sexo. Seus olhos estão por toda parte. Ele parece estar procurando por Aegon, que o leva ainda mais fundo no estabelecimento.

Finalmente, eles entram em uma sala mais isolada com várias mesas ao redor. É menor e não há tantos sons. Aegon se senta em uma mesa vazia, fazendo sinal para que Daeron se sente também.

— Sentem-se — Aegon diz, com a voz calma e calma, olhando para o irmão mais novo e a sobrinha.

Daeron se senta e olha de volta para Aegon, enquanto encara o Príncipe, com os olhos um pouco inchados. Ele parece um pouco bêbado.

Rhaenys se senta ao lado de Daeron e mantém os olhos dela focados nos círculos de orgias e outras pessoas fazendo sexo, ou então apenas conversando.

Ela se sentiu tonta por alguns segundos.

Daeron estava corado dos pés a cabeça vendo toda aquela encenação, aquelas danças e as pessoas se satisfazendo, mas nem mesmo a vergonha impedia que ele se sentisse excitado com a vista, causava desconforto entre as pernas, as amarras ficando apertadas e era algo que ele sabia que não acabaria se ele não fizesse algo a respeito.

Mas Aegon era um bom observador, e sabia que algo estava errado com Daeron. Ele chegou a dedução de que em Oldtown não deveria ter tantas mulheres e muito menos bordéis, especialmente junto com os meistres.

Daeron era virgem.

Aegon, com um sorriso, volta sua atenção para Rhaenys, que está concentrada nas outras pessoas. Parece que ela está estudando cada uma das pessoas na sala, observando seus rostos e como agem nesse estabelecimento.

Daeron vira a cabeça para Rhaenys e olha para ela por um bom momento.

— Você parece estar bastante concentrada em todos. — ele diz a Rhaenys, com o rosto corado e a expressão levemente envergonhada pelo que está sentindo.

— E se eu estiver, Daeron? Há algo de errado com a observação? — Rhaenys dá de ombros e olha para Daeron com sobrancelhas erguidas.

O príncipe mais jovem parecia estar bastante distraído, mas intrigado, com a cena.

Aegon serve-se de uma taça de vinho. O príncipe parece estar de bom humor quando percebe que Daeron está olhando para Rhaenys.

— Meu Deus, irmão... você gosta dela, não gosta?

— O quê? Não... — ele diz, corando ainda mais.

— Oh, não se sinta envergonhado, irmão. Está claro como o dia que você gosta dela. Posso ouvir isso em sua voz. — Aegon sorri brincalhão, tomando um gole de seu vinho enquanto Daeron parece manter o rosto tão vermelho quanto já está.

— Você... você é louco. — Daeron diz, afastando-se dos dois enquanto pega sua taça de vinho e dá um longo gole.

Rhaenys solta uma risada, pois o vinho parecia ter um leve efeito em seu sistema agora. A princesa parece não se importar com o que Aegon diz e continua olhando em volta em silêncio.

— Cale essa boca, Aegon.

Quando Aegon lhe oferece outra taça de vinho, ela aceita de bom grado.

— Oh, acho que Daeron está realmente apaixonado. — Aegon suspira e se recosta em seu assento enquanto bebe mais vinho. Daeron está corado, mas está se esforçando ao máximo para manter a compostura e não olhar nem para Aegon nem para Rhaenys nos olhos.

— Eu... o quê? Não! Não estou! — diz ele com pressa, embora ainda esteja desviando o olhar e seu rosto pareça estar demonstrando um certo tipo de emoção.

Aegon ri e continua bebendo.

Enquanto os três Targaryens continuavam a beber o vinho pouco a pouco, um grupo de pessoas começou a cercá-los. Muitos estavam fazendo sexo ao redor deles, os gemidos enchiam seus ouvidos.

Homens com homens, mulheres com mulheres, mulheres e homens, orgias, sexo a três.

— Oh, hm... — ela murmurou, notando o número de pessoas que estavam cercando os três, provavelmente só por causa dos cabelos à mostra.

Afinal, ninguém jamais havia visto a princesa, filha da herdeira do trono, neste lado da capital.

A quantidade de pessoas que estavam no estabelecimento aumentou gradualmente durante o tempo em que estiveram lá. O cabelo deles certamente se destacou para todos e eles definitivamente chamaram a atenção das pessoas.

O Príncipe e a Princesa pareciam não se incomodar com a visão, no entanto, Aegon não se importava com a atenção, mas sim a apreciava, Rhaenys simplesmente observava o estabelecimento de um ponto de vista neutro.

Eles veem duas mulheres e um homem em um ménage à trois, que parecem estar se divertindo bastante. Uma mulher está deitada e a outra está de joelhos com as mãos nos quadris. O homem está atrás dela.

Rhaenys percebe que as mulheres parecem estar prestando atenção em si mesmas também, pois todos parecem notar que o novo trio no estabelecimento é bastante singular, especialmente quando estão no Covil dos Prazeres.

A princesa também começou a notar que havia muitas coisas que as mulheres e os homens faziam uns com os outros que Rhaenys nunca fez com Aemond antes. Isso aguçou a curiosidade dela mais uma vez, olhando atentamente.

Algumas pessoas perguntam se podem participar, ao que Aegon acena com a cabeça e dá uma piscadela. Depois de alguns minutos, um grupo de cinco homens e mulheres cerca o trio, grupo é formado por homens e mulheres, e a maioria das mulheres é bastante atraente e parece ser bem jovem também. Os outros são apenas homens e parecem estar muito interessados nos três Targaryens, especialmente nos dois príncipes.

Daeron olha para uma das mulheres, uma garota bonita e loira, que parece estar lhe dirigindo um olhar de flerte.

Rhaenys, apesar de levemente embriagada ainda estava consciente do que fazia ou acontecia. As bochechas da princesa começaram a ficar coradas de vergonha e nervosismo, e ela devagar levantou-se para sair do meio das pessoas que obviamente tinham segundas intenções.

Daeron olhou para as pessoas ao redor da mesa. Ele estava se sentindo bastante nervoso e ansioso e parecia estar completamente perdido quanto ao que fazer. Ele também estende a mão para pegar uma taça de vinho, enquanto todos estão distraídos com o pequeno evento que está acontecendo, ninguém está prestando atenção.

Muitas das pessoas ali presentes queriam se agarrar a Rhaenys, e algumas delas pareciam estar bastante ansiosas para se juntar a eles ainda mais. A jovem que Daeron estava olhando finalmente se aproxima dele.

— Você parece muito bonito, Príncipe Daeron.

Daeron pareceu estar muito confuso e corando bastante agora. Aegon apenas observou o desenrolar da situação com sua taça de vinho na mão, ainda parecendo estar sorrindo.

— Não seja tão tímido, meu príncipe. Quero tê-lo em meu quarto. — Daeron parece ainda mais confuso e começa a caminhar de volta para Aegon e Rhaenys, aparentemente tentando escapar da garota.

— Oh, não. Oh, não, irmão. — Aegon diz, seu rosto se transformando em um sorriso.

Uma das mulheres da casa chega por trás de Rhaenys, posicionando ambas mãos dela ao redor dos quadris da princesa e a puxando para perto. Rhaenys se assusta com o súbito toque no corpo e vira-se para encarar a mulher, alta e jovem.

A mulher se inclina para o rosto da princesa e começa a sussurrar e falar com ela. Ela tem um certo charme e graça, um ar de autoridade e confiança.

— Você está tão bonita, princesa. — ela diz e começa a acariciar a bochecha de Rhaenys com o polegar. — Posso pedir um tempo a sós com você em um de nossos quartos?

Aegon parece estar rindo de toda a ação que acontece ao redor deles, embora Rhaenys tenha sido o centro das atenções.

Rhaenys devagar e gentilmente afasta as mãos da mulher com um pequeno sorriso nos lábios, declinando a proposta da prostituta. A princesa se coloca entre as pessoas, procurando por Daeron e Aegon. Assim que ela consegue capturar os dois homens, ela afasta cada um de suas ações; Daeron, que estava aos beijos com uma das prostitutas e Aegon que havia uma delas sentado em seu colo. Rhaenys puxou a mão de ambos com força, o que consequentemente afastou as mulheres de perto dos dois príncipes.

— Está na hora de irmos.

A prostituta parece um pouco decepcionada com a resposta da princesa, mas não deixa isso transparecer em seu rosto. Ela apenas sorri e acena com a cabeça, indo em busca de outro cliente, o que, nesse estabelecimento, não deve ser tão difícil.

Daeron está sorrindo um pouco enquanto a prostituta vai embora, tendo gostado do beijo.

— Tão cedo, Rhaenys? Estávamos começando a relaxar um pouco. — Aegon diz, um pouco irritado, quando é puxado para longe da prostituta que estava em seu colo. — Oh, não, essa aqui estava começando a ficar boa!

— Já está tarde, Aegon. — diz a princesa, com uma firmeza e autoridade em sua voz que parece ser um pouco diferente de antes.

Aegon está prestes a dizer outra coisa, mas então ele olha por um momento para os arredores e percebe que, sim, é melhor eles irem embora.

— Talvez da próxima vez possamos nos divertir um pouco mais com essas garotas? — Aegon diz, enquanto seus olhos passam por algumas delas ao sair.

— Concordo, irmão. Foi divertido. Não sei como você consegue fazer isso com frequência. — Daeron diz com um suspiro, enquanto caminham para a saída. — Mas é melhor irmos embora. É quase a hora do lobo e não queremos correr o risco de sermos pegos, ainda mais em um lugar como esse.

— De fato, irmão. Mas nós voltaremos... — ele solta uma risada suave, olhando para o estabelecimento à distância.

Rhaenys o ignora completamente e continua caminhando em direção a saída do lugar, certificando-se de que seus tios acompanhem seu ritmo e se mantenham perto, os braços dela engatados aos dele.

Daeron está quieto, provavelmente tentando processar tudo o que aconteceu antes.

Aegon, por outro lado, parece estar bastante animado.

— Foi uma experiência e tanto, não foi? — Aegon diz a Rhaenys, e o príncipe sorri para ela. — Admita, sobrinha.

A princesa olha na direção do tio com um olhar surpreso porém irritado, mas o estado de embriaguez dela não a permite achar as palavras certas para dar um bronca no príncipe. Ao contrário disso, ela assente com a cabeça e solta a própria risada baixa, sorrindo abertamente quando eles chegam na porta do bordel.

Foi quando os três saíram de dentro da casa de prazeres que a princesa imediatamente se arrependeram de não terem continuado dentro como Aegon havia sugerido anteriormente.

Jacaerys, Aemond e Sor. Erryk estavam parados em frente a porta, os dois príncipes de braços cruzados e carrancas no rosto.

— Jace! - Rhaenys exclamou alto, em uma adrenalina percorrendo o corpo de nervosismo e vergonha. Qualquer um que olhasse para ela diria que a menina havia acabado de sair de uma diversão imprópria, mas não era bem isso que tinha acontecido lá dentro. — Irmão... me escute.

Aemond apenas mantinha seu olhar de fúria parado sobre os dois irmãos, Aegon e Daeron, que se mantinham em silêncio com sorrisos pequenos e bêbados puxando as maçãs da bochecha para cima.

— O que você está pensando? Vir a hora do morcego em um lugar perigoso e inapropriado como esse, acompanhada de dois homens, ainda mais Aegon? — Jacaerys gritou ainda parado no lugar, movimentando as mãos no ar de forma agitada. — Não tem o mínimo de idéia do quão irritado Daemon e nossa mãe estão por causa de você.

Rhaena se encolheu com o frio batendo contra a pele que antes estava quente demais, causando um choque e arrepios. Ela encararou os platinados parados ao lado dela, não recebendo nenhuma reação diferente.

— Ora, não se altere, sobrinho! Qual seria o problema em uma inocente diversão? Nada foi roubado, nem perdido... acredito eu. — Aegon, na intenção de deixar interrogações na mente de Aemond, pousou seu olhar desconfiado e presunçoso para Daeron e então para Rhaenys. Isso chamou a atenção de Aemond, que mal pode deixar de não pensar no que ele queria dizer com essa troca de olhares. — Talvez bêbados, mas ninguém machucado. — Aegon riu, abraçando o corpo de todos eles de lado e logo em seguida deixando todos para trás para ir caminhando para longe até a Fortaleza, bêbado demais para pensar nas consequências que teria de ter trazido a querida de Daemon e Rhaenyra para a baixada.

— Jace, eu estava apenas tentando me distrair! Não foi nada demais, eu lhe prometo que estou perfeitamente bem...

— Diz isso enquanto acaba de sair de dentro de uma casa de prazeres. — a princesa havia esquecido desse detalhe. — Vamos, chega de conversas paralelas.

Jace caminhou em direção da irmã mais nova junto de Sor. Erryk, para assim pegar em seus braços e a escoltar para o castelo novamente, em completo silêncio.

Rhaenys deu um rápido olhar em direção a Aemond, este a encarando com a mais profunda raiva e ciúmes que podia se sentir, os lábios retos e a pupila tão dilatada que era difícil de se enxergar a coloração azulada de seu olho descoberto. Ela sabia que Aemond havia criado suas próprias explicações e certamente estava irritado, pelos mais diversos motivos.

Daeron devagar caminhou até perto do irmão mais velho e o encarou por alguns segundos antes de começar a falar e se explicar.

— Aemond... — ele começou, mas logo foi interrompido pelo irmão.

— Está insano, Daeron? Como achou que seria uma boa idéia trazer a filha de Rhaenyra até as ruas da seda, casas de bebidas e demais?! Como é que considerou uma idéia estúpida dessas, principalmente porque eu tenho certeza que foi feita por Aegon? — Aemond falou, em um tom mais alto do que está acostumado a ouvir. — Terá sorte ainda, se Daemon não decidir lhe ameaçar de morte.

Logo, os dois apressaram o passo para alcançar o restante do grupo, recebendo olhares de todos que ali estavam. Os boatos de amanhã seriam os mais difíceis de lidar, ainda que agora estivessem escondendo as madeixas brancas, o estrago já havia sido feito e boa parte da fofoca se espalharia tão rápido como o vento, como se fosse ele quem levasse isso para os ouvidos das pessoas.

O caminho foi um grande e constrangedor silêncio, sendo quebrado apenas pelos resmungos bêbados de Aegon, ou as reclamações de Jacaerys com Rhaenys.

Porém a princesa ficava a todo momento olhando para Aemond, não parecia estar focando em mais nada.

Enquanto os dois se apressavam para alcançá-los, os murmúrios bêbados de Aegon foram recebidos com os olhares frios do resto do grupo, que pareciam atravessá-los. Aemond, por sua vez, podia sentir os olhos de Rhaenys sobre ele durante toda a viagem, embora ela nunca parecesse realmente falar com ele.

O grupo finalmente chegou ao seu destino, exausto de sua caminhada, mas ansiosos para se acomodar e com muita expectativa ansiosa do que o restante da noite traria.

Em uma única sala, Daemon Targaryen, Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower tinham olhares sérios na direção do trio, que estavam sentados em cadeiras com suas cabeças cabisbaixas, exceto por Aegon.

Nenhum dos três adultos tinha noção de como iniciar a conversa, porém era possível sentir a atmosfera pesada do ambiente.

Rhaenys tentou simpatizar com o padrasto, mas seu meio sorriso foi devolvido com um olhar irritado e severo.

Rhaenyra olhou os garotos de cima a baixo, e em seguida fez o mesmo com a filha. Uma mistura de fúria e decepção estava clara em seu rosto. Um suspirou baixo escapou de seus lábios antes de ela falar.

— Presumo que vocês saibam por que pedimos que estivessem aqui.

Daemon falou em seguida, suavemente, mas havia uma clara raiva e firmeza em sua voz.

— Bem? — Daemon disse, cruzando os braços para o grupo. — Alguma chance de vocês explicarem por que estavam se esgueirando por aí, sem se preocupar em informar a ninguém onde estavam, durante esse horário da noite? — ele suspirou.

— Não é do nosso feitio ficar no escuro. — disse Rhaenyra, tentando manter a calma e a compostura.

— Talvez porque somos os nobres e temos algum poder de ação? — disse Aegon, cruzando os braços e tentando manter contato visual com os adultos. — Nós só queríamos sair da Fortaleza Vermelha, ir aos mercados, nos divertir. Todos nós já temos idade suficiente para explorar, não acha, tio?

Alicent olhou para seus dois filhos com um visível olhar de decepção no rosto, a mulher descruzou os braços com um suspiro alto e se aproximou dos dois meninos.

— Explorar sozinho é perigoso. Especialmente quando você é uma figura conhecida, com o alvo em suas costas. — disse Rhaenyra, suspirando irritada enquanto seus olhos se voltavam para Alicent.

Rhaenys olhou na direção da mulher também, mas depois desviou o olhar dela para seus pais.

— Eu não fiz nada de errado. — a princesa disse, tentando se inocentar.

Aemond e Jacaerys estavam presentes no cômodo também, mas em completo silêncio.

Um lampejo de diversão tocou o rosto de Daemon e Rhaenyra, antes de ser apagado por uma expressão séria.

— Mas isso não significa que você não possa se meter em problemas por isso também, estou muito decepcionada por você ter seguido o plano deles em vez de me informar sobre sua intenção. — Rhaenyra suspirou baixo, mexendo nos dedos de forma nervosa.

Daemon ficou em silêncio, observando sua enteada e esperando que eles respondessem por suas ações.

— Tem certeza disso? — Daemon franziu a testa levemente para a Velaryon. — Vocês sabem que, como príncipes e princesa, correm mais riscos do que os outros. Você teve sorte de escapar sem punição. — disse Daemon, mantendo o tom calmo, mas sério.

— Você não contou a ninguém sobre seu paradeiro ou quanto tempo ficaria fora. Você deve admitir que isso está errado, não deve? — Rhaenyra perguntou em um tom severo, tentando ser justa.

— Nossa segurança está em nossas mãos. — Alicent acrescentou.

Aegon soltou uma gargalhada baixa e bêbada, sorrindo e se escorando na cadeira de forma desajeitada. Ele cruzou as mãos encima do colo e ergueu os ombros duas vezes, como se estivesse levando a situação na brincadeira.

Normalmente o que ele fazia no bairro de King's Landing, ficava no bairro de King's Landing. Dessa vez era diferente provavelmente pela participação de Rhaenys na aventura. Caso contrário, eles não estariam participando dessa interrogação agora.

— Nós entendemos. — disse Aegon, seu tom sarcástico. — Começaremos a informar a todos na próxima vez que sairmos para foder. — ele olhou para os três adultos, soltando outra risada baixa.

Alicent olhou para ele e ficou furiosa. Ela tentou se acalmar e não gritar com o filho, mas foi impossível conseguir se controlar.

— Aegon Targaryen, segure sua língua, seu pequeno... — Alicent estava prestes a dizer algo que não deveria ter dito, se aproximando do filho mais velho com a mão levemente erguida na ação de estapear ele, mas Rhaenyra interveio, colocando a mão no pulso dela para acalmá-la.

— É dessa forma que você educa seus filhos, vossa majestade? Não me impressiona o porque o comportamento deles. — Rhaenyra disse baixo, encarando a antiga amiga de cima a baixo. — Por favor, mantenha sua voz controlada. Entendo sua raiva, mas você não quer perder a compostura perto de seus filhos. — disse ela, soltando o pulso de Alicent.

Alicent ficou em silêncio por um momento, seu rosto ficando visivelmente mais vermelho a cada respiração. Ela estava tremendo, mas fazia o possível para não falar em voz alta.

— Peço desculpas pelo comportamento de meus filhos. Vou conversar com eles sobre o que fizeram. Como mãe deles, não tenho orgulho deles e de suas ações. — Alicent disse com uma pequena reverência, tentando conter sua própria fúria e constrangimento.

As duas mulheres se encararam por uns minutos, todo o ódio estampado em seus olhos, porém ao mesmo tempo havia a saudade da antiga amizade delas também, quando ainda eram felizes.

— Obrigada, Vossa Graça. - disse Rhaenyra, e Daemon concordou com a cabeça. — Entendemos que eles são jovens, de sangue quente e curiosos, e só queremos ter certeza de que estão bem. Agressão nunca será a melhor forma de educar, apenas uma forma de afastá-los, criando razões para que nos odeiem.

Daemon olhou para Rhaenys, que finalmente levantou os olhos de seu colo.

— A Baixada das Pulgas é um lugar perigoso, com assassinos, estupradores e ladrões a cada canto, eu conheço bem aquele lugar. — Daemon sussurrou, seu olhar firme e severo ainda era presente no rosto, sua mão descansando no apoio da espada. — Rhaenys, precisa tomar cuidado. Nossos inimigos estão a cada passo que damos, bem ao nosso lado.

O príncipe disse ao olhar de canto para a Rainha Consorte, Alicent Hightower.

Rhaenys olhou para a mãe e o padrasto com um pequeno sorriso, assentindo com a cabeça pela culpa que sentia em decepcionar os pais e o irmão dessa forma.

— Certo, eu entendo. Peço perdão pelas minhas ações, e eu prometo pela alma de minha avó e pelos Deuses que eu não fiz nada de errado na Baixada, mãe.

— Nós acreditamos em você, — disse a herdeira do trono, tocando gentilmente no ombro de Aegon. — Sua palavra é tudo o que precisa para mim, filha. — Rhaenyra olhou para ela com um aceno de cabeça. — É bom ouvir isso, vamos deixar ir por agora. Mas, por favor, tenha cuidado, da última vez que visitei esse local quase fui raptada. — disse Rhaenyra, lançando um olhar de canto para Daemon, com lembranças.

— No entanto, seria justo um castigo. — Daemon comentou.

Alicent se permaneceu quieta enquanto encarava os dois filhos mais uma vez, mordendo a carne das unhas. A rainha queria gritar com Aegon por ter feito algo tão estúpido como ter levado Rhaenys Velaryon para um local como aquele, propositalmente fazendo com que ela fosse vista pelas pessoas nascidas baixas.

Rhaenyra assentiu com a cabeça.

— Você está certo, Daemon. Um castigo ainda é necessário, mas não muito severo. — disse Rhaenyra, sua voz de repente se tornou doce novamente. Ela se virou para encarar Alicent, erguendo as sobrancelhas. — Seus filhos são homens bem crescido e ainda não entende os perigos que existem fora da Fortaleza Vermelha? — disse Rhaenyra com um suspiro. — Eles têm idade suficiente para entender, especialmente Aegon. O que ele fez esta noite foi extremamente perigoso. Não só para ele, mas também para todos nós.

Daemon, Alicent e Rhaenyra ficaram totalmente em silêncio enquanto pensavam em algo bom o suficiente para o trio.

— Uma semana sem se aproximar do fosso, e sem voar em seus dragões. — Rhaenyra disse com um pequeno sorriso, alguns murmurios preenchendo a sala em protesto pela escolha de castigo.

Os dragões eram a vida deles.

— Dispensados. — Daemon disse, deixando sua guarda baixar por um tempo, mãos caindo aos lados do corpo ao invés de estarem descansando no punho da Irmã Sombria.

Com tudo dito; Aemond, Jacaerys, Aegon, Daeron e Rhaenys saíram do cômodo em completo silêncio e com cabeças baixas, cada qual seguidno na direção de seus aposentos pessoais sem comentar sobre o assunto.

Os três adultos, no entanto, continuaram na sala enquanto pensavam um pouco mais na situação.

— Isso será um escândalo e um grande alvo de fofocas, que poderá manchar a reputação de Rhaenys. — Rhaenyra disse ao marido, soltando um baixo suspiro a medida que uma idéia acima da hora estava vindo em sua mente. — Para que o escândalo não seja maior, seria melhor se adiantassemos o casamento de Lucerys e Rhaena para que algum boato mentiroso seja abafado na corte.

Daemon pensou por um tempo, mas como sempre concordava com as idéias da esposa, em maioria, ele apenas assentiu com a cabeça e lançou um último olhar para cima de Alicent antes de voltar a olhar a esposa com a expressão mais suave e relaxada.

Um casamento Targaryen seria providenciado.

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