071

Com o termino do treinamento dos meninos, Rhaenys estava se sentindo cansada por razões internas. A princesa andava devagar pelos corredores do castelo, escuros e com pouca iluminação após ela terminar o jantar com os irmãos. Segurava uma parte do vestido em punho, suspirando baixo pela forte cólica que atingia seu baixo ventre.

O sangue quente que descia e ensopava o pano que ela vestia entre as pernas era desagradável, principalmente enquanto ela andava pelos intermináveis corredores.

Ela apenas precisava ir para seus aposentos e tomar um banho quente para que o sangue desse uma trégua de alguns minutos. Seria o suficiente para ela se sentir em paz durante seu segundo dia de sangramento.

Rhaenys estava a quase dois blocos de chegar no corredor de seus aposentos quando ela escutou duas vozes sussurrando baixo, a poucos metros dela. Vozes conhecidas, e o som de algo de ferro sendo arrastado no chão junto ao som de uma bengala martelando.

Rhaenys foi pega totalmente de surpresa pelas duas vozes que ouviu. Instintivamente, ela se escondeu atrás da parede mais próxima, tentando não fazer nenhum barulho enquanto ouvia as vozes sussurrando. Ela ficou intrigada com o som de algo de ferro sendo arrastado pelo chão e, principalmente, com o que parecia ser uma bengala sendo martelada.

A curiosidade de Rhaenys foi aguçada, mas ela não se atreveu a sair de seu refúgio escondido.

O corredor era iluminado apenas pela luz da lua que espreitava pelas janelas estreitas de ambos os lados e poucas tochas, embora a iluminação fraca fosse suficiente para distinguir duas figuras que estavam de pé em um tom abafado.

O mais jovem dos dois, uma mulher de cabelos ruivos e roupas ricas, a impecável Alicent Hightower. Seu companheiro falava baixinho, apenas uma única palavra e segurava uma bengala fina sobre os ombros estreitos para usá-la como muleta.

O inconfundível Larys Strong e seu pé de ferro. O pé torto, como diziam.

Larys olhou para Alicent. Seus olhos não eram calorosos e doces, mas afiados e críticos. O traje dela, as joias, até mesmo a maneira como ela se portava diante dele, inclinando um pouco a cabeça para a frente e para o lado, para olhar para ele.

— Me acompanhe até meus aposentos, Larys. — Alicent falou suavemente, sua voz despretensiosa, como sempre fazia quando queria algo, uma informação.

Rhaenys diminuiu a velocidade de seus passos para ouvir, curiosa com a conversa secreta do estranho par.

O banho teria que esperar.

O rosto de Larys ficou um pouco mais sombrio, pois não esperava tal pedido de Alicent tão depressa. Ele já conhecia muitos de seus segredos mais profundos e mais bem guardados, mas Larys sabia que ela não conhecia os dele, não todos. A essa hora e com tanta urgência, ele não podia recusar.

— É claro, Vossa Graça. Por favor, lidere o caminho.

Alicent sorriu com recato e começou a se dirigir à escadaria principal, seus pés pequenos mal faziam barulho enquanto ela pisava na pedra. Larys seguiu logo atrás, apoiando-se em sua bengala e subindo os degraus muito mais devagar e com os sons de seu pé de ferro batendo nas escadas.

O coração de Rhaenys palpitou e as mãos suaram imediatamente, uma intuição estava dizendo que ela deveria seguir eles e que o que ela escutaria seria importante, seria crucial. Ela ficou presa entre mudar o caminho e ir até seus aposentos para seu banho, evitando confusões, ou seguir Alicent e Larys para descobrir sobre o que eles falariam.

Rhaenys não era boba, ela sabia do cargo de Larys no pequeno conselho como mestre dos sussurros. E Rhaenys também se lembrava do que Alys contou a ela, sobre Larys ter participado no assassinato do próprio pai e do próprio irmão.

Então algo estava errado, muito errado.

A princesa respirou fundo muitas vezes enquanto pensava em uma forma de ouvir a discussão, sabendo que ela não poderia ficar do lado de fora da porta por conta de Sor. Criston Cole que guardava o local.

Ela tirou os sapatos, para que seus passos pudessem ser mais silenciosos enquanto ela se esgueirava em direção ao corredor de seu quarto. Assim que ela conseguir ter um acesso rápido, a princesa se deslocou para dentro da passagem secreta de seu quarto e se aventurou nos tão conhecidos corredores estreitos e longos, seus passos rápidos assustando os ratos que se alimentavam dos bichos do chão, pés sujos de areia e terra preta.

No momento, a princesa apenas ignorou o sangue que continuava molhar o pano de linho entre as pernas.

Rhaenys tinha noção que as paredes falsas das passagens secretas eram finas justamente para situações como essas, ou até mesmo para que não houvesse dificuldades para abrir a parede e conseguir um escape rápido. Então, quando ela finalmente conseguiu chegar a porta da passagem dos aposentos da rainha, torceu profundamente para que não tivesse perdido alguma parte importante da conversa e que ela fosse alta o suficiente para conseguir associar as palavras.

Muito delicadamente, ela abriu uma fresta quase inútil para conseguir enxergar dentro, ou ouvir.

Havia muitas velas, e sussurros de ambos. Depois um longo silêncio enquanto Larys se arrastava para se sentar, sua bota de ferro velho causando sons agudos contra o chão, que machuvam os ouvidos de qualquer um.

— Majestade. — a voz grave de Larys começou, ecoando pelos vazios aposentos da mulher. — Descobri algo que a senhora deveria saber. — Rhaenys esgueirou um pouquinho mais, apenaa o suficiente para que ela conseguisse ver e ouvir o que estava acontecendo.

Ela enxergou Larys sentado em uma das poltronas, sua bengala com o símbolo da Casa Strong descansava ao seu lado, e a Rainha esperava em pé para que o homem falasse.

Mas ele se permaneceu em silêncio, encarando a rainha como se estivesse pedindo algo para ela, exigindo sem usar as palavras.

Alicent soltou um baixo suspiro cansada, de forma hesitante caminhando envolta da poltrona ao lado contrário e se sentando. Suas mãos descansaram em seus lados e a rainha tirou seus sapatos verdes, erguendo seus dois pés enclausurados em meias brancas encima de um pequeno banco da mesma cor.

Rhaenys franziu as sobrancelhas ao ver isso, tentando imaginar por qual razão ela estaria fazendo isso. Porém, no momento a única razão possível que ela conseguiu imaginar foi que Alicent estaria apenas descansando suas pernas.

Não havia outra razão plausível para tal ação.

Não na mente da princesa.

Ela se permaneceu em silêncio enquanto a conversa continuava.

— Alys Rivers. — o Strong mencionou o nome, mas a Rainha não teve tanta reação. Era como se ela estivesse em uma espécie de transe, algo que ela já estava acostumada a fazer. — Sussurros me disseram que a bruxa não aparece em Harrenhal a quase três semanas, sua cabana está vazia. — comentou.

Rhaenys engoliu em seco, sua respiração gradualmente aumentando.

— E qual seria o exato problema, Lord Larys? — perguntou a rainha em um tom baixo, quase sussurrando.

Larys ficou em silêncio novamente, seu olhar fixo nos pés de Alicent, hipnotizado. O homem ergueu a cabeça para olhar a ruiva, seu olhar dizendo mais do que palavras sobre o que queria. Ainda sim, Rhaenys não conseguia decifrar o que, em nome dos Deuses, isso seria.

Alicent soltou ainda mais um suspiro baixo, exausta. Suas mãos desceram pelas canelas e alcançaram o início das longas meias, as tirando em uma velocidade agonizante, expondo seu pés e os erguendo encima do pequeno banco mais uma vez. Seu olhar parecia vazio, nenhum vestígio daquele olhar que Rhaenys conhecia.

Larys manteve seu olhar fixo no mesmo ponto, respiração irregular enquanto continuava falando com Alicent.

— Você se lembra de tê-la visto se esgueirando pelos banquetes do castelo, lembra-se dela se comunicando com a princesa Rhaenys Velaryon? — a menção do nome de Rhaenys chamou a atenção de Alicent, seus ouvidos se aguçando dessa vez.

— Perfeitamente.

— Lembra-se de acontecimentos do passado, que envolvem Alys Rivers e de forma indireta, envolvem a princesa? — Larys mudou seu foco para o rosto da mulher, se inclinando um pouco para frente. — Alys é, ou era, uma mulher muito ambiciosa. Ela seria capaz de matar um próprio filho para atingir seus objetivos, então eu lhe pergunto... o que a custaria para puxar a atenção da princesa, apenas por capricho? Nada.

Alicent escutou atentamente, tentando associar as palavras de Larys ao mesmo tempo que buscava alguma ligação ao que Cole a contou poucos dias atrás, ou o que observou durante o jantar da noite passada.

— O que o desaparecimento de Alys teria com Rhaenys? Ela vive debaixo da asa de Rhaenyra, como ela seria capaz de matar alguém de forma tão discreta? — Alicent perguntou confusa, suas mãos apertando o tecido do vestido.

— Alguém que é alimentado por vingança e raiva pode agir impulsivamente, atacando qualquer pessoa ou coisa que possa culpar pelo que está sentindo. — Larys citou, voltando a olhar os pés de Alicent como se estivesse sedento por algo. — Seus sentimentos e pensamentos são provavelmente obscurecidos pela raiva e pelo desejo de vingança, de modo que podem nem mesmo questionar as consequências ou ramificações de suas ações.

Os pensamentos de Alicent se embaralharam entre si e um baixo som saiu de sua garganta, como um murmúrio de frustacao. A rainha abaixou a cabeça por algum tempo, tentando por em ordem as suas desconfianças e suas frustrações. Quando ela ergueu o queixo novamente, respirou fundo.

— Criston comentou comigo sobre Aemond, meu filho. Chegou ao meu conhecimento que ele estava interagindo com Rhaenys Velaryon e Visenya Targaryen em um corredor isolado do castelo, conversando. — sua voz aumentou um pouco, suas mãos começando a tremer. — O que você consegueria descobrir a favor disso?

Larys ergueu uma sobrancelha com a menção da ruiva, suas costas recostando-se na poltrona mais uma vez, mãos descansando sobre as coxas trêmulas. O coração do homem batia com força no peito, excitação subindo por sua espinha.

— Se a senhora desejar, isso será feito.

Um grande momento de silêncio se instalou entre eles mais uma vez.

Rhaenys se manteve no mesmo local de antes, sua mente parecia queimar diante das tantas informações que estava recebendo, menções de seu nome e de Aemond, Alys. Suas mãos suavam de nervoso e medo, pela primeira vez sentindo isso vir por causa de Alicent.

Se Alicent estava desconfiada de Aemond, então algo nessa situação teria que mudar, e logo.

— Filhos, o que são eles se não uma fraqueza? Uma bobagem, futilidade. — Larys disse, seus olhos escuros diante da pouca luz que havia no quarto. Novamente, ele se inclinou para frente enquanto falava com a Hightower. — Através deles, você imagina que irá impedir a morte de ser vitoriosa. Como se eles fossem impedir você de virar pó, algo insignificante... mas por eles, nós entregamos o que não devíamos.

A sombra projetada em seu rosto criou uma aura de mau presságio, escura e assustadora para ele e para a atmosfera ao seu redor. As sombras pareciam se estender e consumi-la, tornando sua figura mais escura e sinistra do que já era, o som de sua bota batendo repetidamente no chão causava uma sensação de náuseas na princesa. O olhar dele era frio e ameaçador, transmitindo uma vibração muito assustadora, como se ele estivesse prestes a atacar a qualquer momento.

Alicent odiava isso, ela sempre se sentia pequena demais, estúpida demais.

O que era ela, além de um fantoche para todos os homens ao redor dela?

— O amor passa na frente, Majestade. O amor é uma ruína, um dos venenos mais poderosos, o fardo maior.

— Um amor de mãe é algo surreal, Lord Strong. O que nós não faríamos pelos nossos filhos, para mantê-los em segurança? — Alicent rebateu, abaixando os pés por um momento e então logo os erguendo novamente, em outra posição.

— A pergunta certa seria, o que não faríamos para manter o poder? Você se lembra, minha Rainha.. o que eu fiz a alguns anos atrás para conceder o seu pedido? Qual servo do reino não se dedicaria para a atender?

Alicent abaixou a cabeça outra vez, sentimentos de culpa entupindo suas veias e a deixando enjoada. Sua respiração ainda mais irregular a medida que Larys falava, que a lembrava do fatídico acontecimento de Harrenhal.

— Larys, eu nunca desejei que aquilo acontecesse... — sua voz se quebrou por alguns segundos, segurando suas lágrimas de culpa e arrependimento. — Eu jamais desejei que Harwin fosse morto a pedido meu.

Rhaenys piscou diversas vezes quando escutou isso, sua boca se abrindo em um perfeito 'o' de surpresa. Os olhos se enchendo com lágrimas quando percebeu do que se tratava tudo isso, dos segredos da rainha.

A honra que ela tanto protegia, pisoteada por ela mesma, seus próprios sapatos.

Alicent havia participado da morte de Harwin, assim como Larys, assim como Alys.

Ela cobriu a boca para conter o som de seu suspiro horrorizado enquanto ouvia o resto da conversa, esperando que mais verdades fossem reveladas. Rhaenys olhou para a cena diante dela, incapaz de dizer qualquer coisa por medo de ser pega. Sua mente estava repleta de centenas de pensamentos, todos se atropelando em uma confusão frenética.

Uma dor tão forte se espalhou no seu peito, como se estivesse prestes a ter um infarto.

Essa era a honra e decência de Alicent Hightower?

Rhaenys olhou pelo pequenino fresto da falsa porta, seu olhar parando em Alicent e Larys mais uma vez.

Alicent estava se virando de lado na mesma poltrona que se sentava, erguendo os joelhos para cima e apoiando ambos pés para frente. Ergueu a saia de seu vestido verde escuro, expondo eles até a altura das canelas enquanto Larys tinha aquele mesmo olhar sombrio e pervertido diante da cena dos pés da mulher.

Rhaenys teve que controlar a vontade de estremecer, seus olhos se arregalaram de surpresa, embora ela ainda tivesse que ficar quieta e continuar ouvindo.

Ela observou Alicent com preocupação, os joelhos e as canelas expostos... Alicent estava segura aqui com o Mestre dos Sussurros? Larys era um estranho.

Ela continuou ouvindo, preocupada com o olhar sombrio e pervertido de Larys.

Rhaenys sentiu seu estômago revirar só de ver o rosto de Larys quando ele olhou para os pés de Alicent mais uma vez. Ela tentou esquecer por um momento o que havia aprendido há apenas alguns minutos e, em vez disso, concentrou-se e escutou o restante da conversa.

— Aranhas não mentem, Majestade. — após Larys dizer isso, a mulher virou o rosto para a direção contrária.

A princesa se esgueirou apenas um pouco mais, para ter um ângulo melhor do que exatamente estava acontecendo, tentando entender o que era isso.

Larys abriu o cinto de sua calça, sua mão se escondendo dentro das vestes em busca de aliviar o prazer que surgiu no corpo com a visão dos pés tão lindos e bem cuidados da Hightower. Sons muito baixos de gemidos e suspiros escapam dos lábios do lord, enquanto Alicent estava apenas parada ali, permitindo que seu corpo fosse usado de forma indireta para pagar pelas informações que havia recebido do homem.

Rhaenys sentiu seu coração bater contra o peito ao testemunhar algo tão vil e perverso... Alicent Hightower trocando seus pés por informações valiosas e usando seu corpo para recompensá-lo.

Rhaenys teve vontade de vomitar ao ver Larys se aliviar ao ver os pés de Alicent. Ela teve que se conter para não correr e matá-lo, ela teve que manter a compostura, pois não podia se livrar dos pés de Alicent.

Larys continuou sussurrando para Alicent.

— Você sabe que eu sempre quis estar com você, mas você nunca me deixou. Eu lhe dei tudo o que pediu e nunca vi mais do que seus lindos pés.

Alicent, a rainha, ficou quieta e em silêncio, ouvindo Larys.

Como se ela simplesmente não tivesse poder nenhum naquele momento, como se fosse apenas uma mera serva.

— Mas, no momento certo, você me recompensará da forma certa. — foi tudo que o Lord complementou antes de soltar um suspiro mais alto ao se sentir totalmente aliviado.

O estômago de Rhaenys doeu, tanto pela forte cólica quando pela grande vontade náusea que ela sentia. Estava zonza, seu peito ardia como se estivesse em chamas de dragão.

A princesa fechou a porta devagar, seus pés descalço faziam a poeira subir envolta dela enquanto corria pelos corredores em busca de seu quarto. Tentando não vomitar, tentando não cair e tentando não chorar.

Eram muitas informações, e nenhuma delas agradou Rhaenys em um sequer momento.

Rhaenys voltou para seu quarto, com os pés descalços tocando o chão de pedra fria enquanto as lágrimas e a náusea corriam. Ela chegou aos aposentos, fechando a porta e caindo no chão, em lágrimas.

O sangue que manchava suas roupas e as cãibras no abdômen tinham sido esquecidos. Ela estava completamente consumida pelo choque e pelo horror da revelação.

O choque de saber sobre a verdadeira natureza de Alicent estava se instalando, e Rhaenys se perguntou qual era a segurança da família dela dentro desse castelo, quantos planejamentos eram feitos nos cantos obscuros da Fortaleza durante a noite.

Até mesmo sobre a herança de Rhaenyra em ascender o trono de ferro no fim da vida de Viserys.

Alys havia alertado ela sobre Larys e a sua contribuição na morte de Harwin. E Rhaenys já sabia exatamente como mataria o homem, agora que tinha ainda mais um motivo para cometer o crime.

Ele receberia do próprio veneno, indefeso.

A princesa se ergueu do chão bem devagar por conta da cólica que aumentou, suas mãos descansando onde o útero se instalava. Uma grande banheira com água já havia aido deixada para a menina antes que ela mudasse o contorno de seu caminho para espiar. Agradecida, Rhaenys se dirigiu até o local de banho onde usaria para limpar o sangue menstrual que estava escorrendo do pano encharcado.

Quando chegou à banheira, Rhaenys tirou seu manchado vestido e entrou lentamente, lavando-se com a água quente. A água rapidamente ficou vermelha escura, tingida pelo sangue menstrual que ela limpou. Rhaenys se inclinou ligeiramente para trás, com uma sensação de alívio que se apoderou dela à medida que seu estômago se acomodava. Em meio a todo o caos e aos horrores que acabara de conhecer, havia uma pequena sensação de paz e calma na água quente do banho.

Rhaenys ficou sentada por algum tempo, tentando relaxar na paz e tranquilidade de seu banho, tentando lavar todo o estresse e medo que sentiu ao saber do envolvimento de Alicent. Suas mãos mergulharam lentamente na água da banheira, mexendo-a de forma tranquila. Ela se sentia muito melhor agora, com o corpo limpo tanto do sangue quanto do estresse.

A água morna era suave e ajudou a distrair seus pensamentos por alguns momentos.

Apenas alguns momentos, antes do pensamento em planejar a morte de Larys surgiu na mente dela outra vez.

O momento de paz e tranquilidade foi logo interrompido pelos pensamentos de Rhaenys sobre Larys, com as palavras dele ainda ecoando em sua cabeça. Ele havia se aproveitado da posição de Alicent como rainha. Ele havia se aproveitado do desejo de Alicent por informações. Ele havia se aproveitado do corpo de Alicent.

Seria difícil matar Larys sem revelar o fato de que Rhaenys estava ouvindo. Ela tinha que pensar em uma maneira de se livrar dele sem atrair suspeitas.

Rhaenys sentiu a raiva familiar queimar em suas veias ao pensar mais uma vez em Larys. Talvez, mesmo com os pecados de Alicent, nem tudo estivesse perdido. Larys sabia desses pecados e os guardou para si mesmo, permitindo que os crimes de sua rainha ficassem impunes. Ele foi cúmplice do assassinato de uma das pessoas mais queridas da vida de Rhaenys, sabia a verdade sobre suas mortes e sabia que sairia impune.

Ela poderia lidar com Alicent assim que ele fosse tratado. Antes de mais nada, Rhaenys precisava assumir a missão de distrair Alicent em questão de Aemond, e então encontrar uma maneira de derrubar Larys.

Assim que a princesa se levantou da banheira, enrolou-se em um roupão fino que grudou em sua pele molhada e quente. Suas mãos logo procuraram por um pano de linho novo e limpo para que pudesse estancar o desconfortável e insuportável sangue que escorria dela em diferentes luas do mês.

Sua única sorte era que, eram poucos dias dessa tortura sangrenta. Nada mais do que quatro dias vivendo a mesma rotina de banhos demorados e poucas saídas do quarto.

Enquanto se dirigia para perto da janela para observar a lua, suas mãos descansaram no pingente de lua do colar que estava sempre ao redor do pescoço da princesa. Seus olhos avermelharam por alguns segundos, se forçando a segurar as lágrimas que estavam insistindo em tentar descer pelas bochechas coradas.

Eventualmente elas ganharam enquanto pensava na situação em que se encontrava, e na saudades que sentia de Sor. Harwin Strong.

E o ódio que sentia de Larys Strong, e como ambos os tios haviam planejado a morte do pai dela.

Ela encontraria uma maneira de derrubá-lo e fazer justiça como ela deveria ser feita. Para o bem do reino e para o bem de sua família.

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