069
Um jantar de fato não havia sido programado para a chegada do príncipe Daeron.
No entanto, quando ele mencionou esse questionamento, a Rainha Consorte foi rápida em seguir na direção dos servos do castelo e pedir para que um banquete fosse produzido para o retorno de Daeron e, enquanto tudo era organizado, uma mesa de degustação foi posta na sala do trono para servir como uma forma de distração.
E lá estavam os três irmãos; Daeron, Aemond e Aegon.
Conversando, ou pelo menos tentando se comunicar de forma coerente já que um deles parecia levar tudo na brincadeira, o outro tinha uma expressão de tédio e estresse enquanto o último contava suas aventuras ao longo dos anos em Oldtwon.
Aegon, no entanto, teve dificuldade em esconder sua diversão. Um sorriso estava estampado em seu rosto enquanto seu irmão explicava os detalhes de seu tempo na Cidadela. Ele sabia que Daeron estava tentando impressioná-los, mas sua maneira de falar não escondia o fato de que ele estava buscando reconhecimento e elogios por tudo o que havia realizado.
— Então, o que você está dizendo é que sabe fazer tudo? — disse Aegon, mexendo o vinho na taça e tomando um grande gole.
— Sim. — Daeron se virou para Aegon, com um sorriso presunçoso no rosto. — Na verdade, posso até ler livros, algo que duvido que você seja capaz de fazer.
Aegon ergueu as sobrancelhas em aborrecimento, mas não pôde deixar de soltar uma pequena risada com isso. O Príncipe tinha um talento especial para pegar as maiores inseguranças do irmão e cutucá-las como um furúnculo.
Uma risada doce ecoou pelo salão, chamando atenção dos três Targaryen que se viraram para procurar a fonte.
Rhaenys era a dona da risada, rindo junto de Jacaerys enquanto os dois irmãos estavam experimentando os doces postos na mesa, avaliando e criticando cada uma das comidas disponíveis para consumo.
Daeron observou com diversão enquanto Rhaenys ria com Jacaerys. Ele percebeu que os dois eram muito próximos e isso o fez pensar se algum dia poderia ter o mesmo relacionamento com seus irmãos.
Provavelmente não.
O príncipe virou-se brevemente para dar uma olhada em Rhaenys, mais uma vez. Ela era tão bonita quando ria, seu riso era tão doce quanto o mel em um prado de verão e pequenas covinhas apareciam em suas bochechas.
Daeron olhou rapidamente para Aegon, tentando ignorar o fato de que seu coração batia acelerado cada vez que Rhaenys ria. Ele podia sentir a cor em suas bochechas novamente.
Aegon foi um dos primeiros a notar tal mudança de expressão e coloração nas bochechas do irmão caçula e, após compartilhar uma breve troca de olhares com Aemond, soltou uma baixa risada.
— Você não acha que está olhando demais para a nossa sobrinha, Daeron? — perguntou Aegon com um tom de voz baixo, a todo momento parecendo que olhava para Aemond enquanto falava. Provocando, tentando causar uma reação do irmão.
As bochechas de Daeron ficaram ainda mais vermelhas com a provocação de Aegon e ele rapidamente desviou sua atenção de Rhaenys para Aegon, que ainda estava sorrindo calorosamente. Ele estava muito tentado a dar um tapa no rosto do irmão por chamar a atenção de todos para seus sentimentos, mas sabia que isso só pioraria as coisas.
— Cale a boca. — murmurou ele, mal conseguindo conter seu temperamento. Ele podia sentir seu rosto queimando, então desviou o olhar de Rhaenys, esperando que ela tivesse perdido toda a discussão. — Ela é uma jovem adorável, só isso.
A risada do príncipe Aegon encheu os ouvidos de Aemond e Daeron enquanto os três continuavam olhando na direção sa sobrinha deles, a forma elegante e confiante como ela agia, andava, falava.
Aemond ficou quieto, não gostando do caminho que o assunto estava tomando mas também não podendo fazer nada a respeito para que acabasse. Ao invés disse, ele apenas resmungou e torceu o nariz outra vez, cruzando as mãos atrás das costas e virando a cabeça para olhar Daeron.
Havia uma certa queimação no peito de Aemond, quase como se ele estivesse sentindo ciúmes.
Aegon sabia bem disso, por isso estava prolongando o assunto
— Olhe, só porque estou dando mais atenção a Rhaenys do que a você e Aemond, isso não quer dizer nada. Não há nada de errado em querer passar um tempo com minha sobrinha. Ela é da família, afinal, e eu certamente não a vejo com frequência. — o tom de Daeron era defensivo e um pouco irritado. Aegon estava claramente tentando irritá-lo.
— Família? Que adorável. — Aegon respondeu com seu típico tom provocativo e então lançou o olhar para Aemond, percebendo a inquietação dele diante do assunto atual. — Targaryens são conhecidos pelo incesto, curioso não?
Aemond resmungou novamente e mexeu os ombros de forma desconfortável, limpando a garganta e voltando a olhar para Rhaenys por certos segundos antes de tentar dizer algo.
— Talvez você não deva criar nenhuma expectativa com ela, Daeron. Ela não é apenas a nossa sobrinha, como também possui pensamentos contrários aos nossos. — disse Aemond e então um silêncio permaneceu entre os três irmãos, com apenas as risadinhas e os goles de bebida de Aegon preenchendo o ambiente. — Além disso, ela não está totalmente disponível para seus pensamentos.
Daeron ergueu suas sobrancelhas e abaixou a sua taça de vinho, olhando de forma questionadora para o irmão e esperando que ele pudesse dar uma explicação pela qual Rhaenys não estava disponível.
— Ela está noiva? — perguntou ele, dividindo o olhar entre Aegon e Aemond.
— Ela está sendo cortejada pelo Lord Cregan Stark. — comentou Aemond, sentindo sua garganta fechar como se tivesse sido envenenado e uma queimação estivesse se alastrando pela traqueia.
A cor do rosto de Daeron se esvaiu com as palavras de Aemond, mas ele tentou esconder o choque mantendo uma expressão indiferente.
— Você tem certeza disso, Aemond? — perguntou ele. Apesar de seus melhores esforços, sua voz estava levemente chateada.
Foi a vez de Aegon falar, interrompendo Aemond antes que o príncipe pudesse dizer qualquer coisa a respeito disso.
— Se temos certeza? Daeron, deixe-me contar algo a você. — o mais velho se aproximou do caçula, olhando para ele com uma expressão séria mas com aquele mesmo sorriso dele. — A poucas semanas atrás, Rhaenys passou um dia completo fora de King's Landing, passeando sozinha com Cregan Stark em Winterfell. — sussurrou como se fosse um segredo, olhando para Aemond antes de terminar a fala. — Não sabemos se ela sujou de sangue o lençol do Nortenho ou de.. outra pessoa.
Aemond nada fez ou reagiu além de virar o rosto com bochechas coradas, mas não de vergonha. O assunto estava deixando ele desconfortável, principalmente por saber quais eram as intenções e insinuações que Aegon estava fazendo, tentando causar uma reação no príncipe para que desse uma pista ou qualquer coisa.
Daeron revirou os olhos para Aegon, não acreditando em uma palavra sequer que escorregava da língua do irmão.
Além disso, Aegon parecia alterado com o pouco de vinho que já havia consumido nas últimas três horas desde a chegada de Daeron no castelo. Só isso já era um bom motivo para pensar que a sugestão de Aegon era uma mentira.
Daeron avançou em direção à mesa e pegou uma taça, servindo-se de uma generosa porção de vinho para tomar, ignorando absolutamente tudo que os dois irmãos haviam contado a ele, sendo mentira ou não.
Quando o caçula se afastou dos dois irmãos mais velhos e foi para perto de Rhaenyra para que pudessem compensar o tempo perdido, Aegon se posicionou ao lado de Aemond e suspirou alto, esperando que o príncipe falasse algo sobre a situação de Daeron em relação a Rhaenys.
Mas como Aemond se recusou a dizer algo, o próprio príncipe mais velho tomou a decisão de fazer seus comentários desnecessários.
— Me parece que nosso irmão teve uma queda instantânea pela nossa sobrinha, hm? — comentou de forma provocativa, dando um tapinha no ombro de Aemond e bebendo mais vinho antes de completar. — Parece que é algo que corre nas veias.
[...]
Uma grande mesa foi preparada para o jantar, recheada de diversos pratos em abundância. Uma grande quantidade de velas iluminavam a sala com precisão, deixando o ambiente com um ar mais calmo apesar da ansiedade que percorria do corpo de todos da família com o fato de precisarem jantar juntos mais uma vez, rezando para que não houvessem discussões e brigas físicas como da última vez que fizeram algo parecido.
Ou como todas as vezes.
Quando o Príncipe Daeron entrou na sala do banquete, alguns servos ainda estavam trazendo alguns pratos para a mesa e jarras de vinho ou hidromel. Seus olhos examinaram a sala, a mesa e todos os convidados enquanto ele se aproximava para cumprimentá-los com um grande sorriso enfeitando seus labios naturalmente avermelhados.
— Minha mãe, você organizou uma festa maravilhosa. Estou feliz por voltar para casa depois de tanto tempo, sinto-me renovado e mais ansioso do que nunca para cumprir meus deveres mais uma vez. — disse ele enquanto fazia uma reverência a Alicent, com seu grande e gentil sorriso apesar de estar levemente desapontado com a ausência do Rei no banquete. — É bom ver toda a nossa família reunida para comer e comemorar. Parece uma noite apropriada, exatamente como a Casa Targaryen deveria.
Alguns compartilharam olhares, outros permaneceram em silêncio.
Era até hilário a forma com Daeron tratava todos como se fossem uma família feliz e equilibrada, como se não houvesse confusões a todo momento pelas mais fúteis razões do mundo.
Alicent se voltou para o filho mais novo com um sorriso e acenou com a cabeça enquanto pegava as mãos dele nas suas antes de abraçá-lo.
— Estou feliz por vê-lo em segurança de volta para casa, Daeron. Sua jornada foi muito longa e estou aliviada por vê-lo em segurança. Por favor, aproveite sua refeição e esta noite com sua família antes dos dias agitados que temos pela frente... — disse a Rainha.
Quando o banquete começou oficialmente, Rhaenys sentou-se à mesa, ficando entre seu tio Aegon e seu irmão Jacaerys, como de costume.
Um pequeno sorriso estava presente em seu rosto enquanto os servos os cercavam e enchiam seus copos com vinho ou hidromel. Uma música calma tocava ao fundo, alegrando o ambiente e tentando deixar as coisas mais fáceis entre todos eles, diminuindo a tensão do cômodo.
Ela estava, como sempre, exalando beleza e vaidade com seus muitos anéis e colares de ouro.
Daeron voltou sua atenção para Rhaenys, que estava sentada do outro lado da mesa, deslumbrante com seus cabelos prateados e suas belas joias e vestidos. Ela parecia estar pronta para ser cortejada em um banquete formal para se casar com um lorde, e não como a princesa independente que era.
Ele se inclinou para Aemond, que estava sentado ao seu lado, e fez uma pergunta em voz baixa.
— Como Rhaenys está se saindo ultimamente? — o príncipe olhou novamente para Rhaenys e sorriu para ela enquanto erguia sua taça de vinho para um brinde e bebia.
Aemond suspirou alto e devagar virou a cabeça para olhar o irmão, uma expressão de tédio e estresse em seu rosto. Ele estava começando a ficar irritado com a insistência de Daeron na sobrinha e sua inicial obsessão pela vida da princesa Velaryon, enquanto ele apenas queria estar em seus aposentos ao invés de estar participando desse banquete.
— Não tenho contato com Rhaenys, Daeron. Então eu não sei lhe responder essa pergunta. — disse ele de forma séria e firme, tomando um gole do vinho que estava em sua taça.
Daeron levantou uma sobrancelha para Aemond, que se virou para olhá-lo com uma expressão séria e um pouco irritada com seu irmão mais novo. Ele suspirou em resposta, voltou a olhar para sua taça e tomou outro gole de vinho.
O príncipe se inclinou mais para o irmão e sussurrou baixinho no ouvido dele, como se estivesse compartilhando um segredo.
— Ela é muito adorável, Aemond. Eu não sei como você não percebe isso. Mas estou curioso para saber quando foi a última vez que você falou com ela. — Daeron assumiu um ar irritado e desdenhoso, tomando um gole do vinho em sua taça. — Além disso, ela é uma mulher bonita. — acrescentou com um sorriso presunçoso.
Aemond teve sua vez em erguer as sobrancelhas de forma zombeteira, se virando para o irmão, o príncipe.
— Bonita? Ela é como qualquer outra nobre de sua idade. Nada de especial. Você ainda gosta disso, Daeron? Seu gosto é realmente ruim e questionável.
Ele se virou para a sobrinha e suspirou ao olhar para ela por um tempo, pensando no que Daeron havia lhe perguntado antes. Logo desviou o olhar e focou em seu prato de comida, apenas tentando ver se consegueria ao menos comer e beber em paz já que não tinha outra escolha a não ser isso.
Daeron olhou novamente para seu irmão mais velho, com o rosto sem expressão. Ele havia parado de sorrir enquanto conversavam, mas mais uma vez olhou para a sobrinha, olhando para ela de vez em quando durante a conversa.
— Talvez meu gosto por mulheres seja melhor do que o seu. Não consigo imaginar o que um homem quer ver em uma mulher. — Daeron olhou para Rhaenys novamente, seu olhar se deteve nela por tempo demais antes de se voltar para Aemond. — Apesar de ainda ter um olho sobrando, você parece estar cego em não perceber o quão bonita ela é, irmão.
O príncipe se ajeitou em sua cadeira e encheu mais uma taça de vinho, ignorando qualquer outra coisa que Aemond desejasse falar para ele.
Aemond soltou uma pequena risada de escárnio, olhando para sua taça antes de levantá-la e tomar um gole.
— Não me faça rir. — ele balançou a cabeça antes de olhar para Rhaenys, com o olhar fixo nela também antes de voltar para o irmão. — Eu nunca perderia meu tempo prestando atenção na aparência da minha sobrinha. — ele o encarou com um olhar frio no rosto, antes de continuar com uma voz sarcástica. — Além disso, eu tenho outras coisas bem mais importantes para fazer.
O assunto entres os dois irmãos acabou se encerrando ali, já que ambos pareciam discordar em suas opiniões sobre a princesa Rhaenys.
Mesmo que Aemond secretamente concordasse com Daeron, mas não pudesse admitir isso em voz alta ou em público.
Jamais.
Os Hightower conversavam apenas entre si, os Targaryen e Velaryon estavam seguindo o mesmo padrão.
Rhaenyra conversava apenas com seus filhos e Daemon enquanto Alicent e Otto conversavam entre si e de vez em quando com os filhos/netos.
Rhaenys manteve sua conversa focada nas gêmeas e nos irmãos dela, ao mesmo tempo que ignorava as piadas sem graça e incessantes de Aegon que estava sentando ao seu lado, a irritando. O jantar parecia estar indo bem, embora o clima fosse pesado e óbvio para todos da rivalidade que acontecia, o desdém e os ressentimentos uns com os outros.
Baela sussurrava algo no ouvido do marido, dando baixas risadinhas que fizeram Rhaenys sentir as próprias orelhas ficarem vermelhas de vergonha ao imaginar o que poderia ser o tal enredo do assunto que ela contava para Jace, que foi responsável por fazer ambos darem risadas baixas e se entre olharem com brilho nos olhos.
Os olhos de Daeron permaneceram imóveis enquanto ele examinava a mesa inteira. Ele não conseguia entender por que havia tantas emoções diferentes nela. Baela parecia estar se dando muito bem com o marido, rindo e até sussurrando em seu ouvido, talvez uma piada doce e amorosa. Rhaenys e Jace também estavam conversando em uma posição bastante próxima, sussurrando um para o outro e rindo enquanto se olhavam.
Como se estivessem julgando o restante das pessoas.
Ao mesmo tempo, Daeron e Aemond ainda se olhavam fixamente, com um olhar frio e hostil, encarando um ao outro com um olhar de aborrecimento.
Ele ergueu a taça mais uma vez para brindar e bebeu, com os olhos agora fixos em Rhaenys.
A música calma e clássica alterou para uma levemente mais divertida e dançante, o violino fazendo uma melodia adorável enquanto a família Targaryen e agregados jantavam em comemoração a volta de Daeron.
O príncipe assentiu com a cabeça quando a música se tornou mais enérgica e todos da mesa começaram a comer em uma atmosfera mais animada. Os criados trouxeram pratos de comida para a mesa e a conversa aumentou o volume e intensidade.
Daeron ainda não tinha dado a primeira mordida, ainda olhava a comida à sua frente e tomava goles de sua taça de vinho, ainda acompanhando os movimentos de Rhaenys. Havia algo nela que chamava sua atenção, fazendo-o olhar para ela de vez em quando durante o jantar.
Ele olhou novamente para a sobrinha, com um pequeno sorriso no rosto ao ver Rhaenys. Seu vestido e seu cabelo ainda eram tão bonitos quanto ele se lembrava, ela ainda era adorável como ele se lembrava.
Daeron decidiu se levantar de seu assento, sorrindo com a comemoração que o estava acontecendo enquanto dava alguns passos para o outro lado da mesa. Era uma boa noite. Talvez uma boa noite para deixar todos na sala mais confortáveis.
Ele deu uma olhada para Rhaenys, chegando por trás da cadeira da princesa.
— Rhaenys, você se importaria de me acompanhar até o centro da sala para uma dança? — ele perguntou para a sobrinha, olhando para ela com um sorriso pequeno e doce. Estendendo a palma da mão para ela, ele esperou que a princesa aceitasse seu pedido.
Ele sempre soube o quanto ela gostava de danças.
Rhaenys olhou para ele, levantando uma sobrancelha quando seu tio perguntou se ela queria dançar. Ela suspirou e olhou brevemente para Aemond, que parecia estar um pouco irritado.
— Acredito que posso dançar, tio. — Rhaenys disse, pegando a mão de Daeron e levantando-se da cadeira. Seu vestido se moveu com ela quando deu o primeiro passo, as cores brilhando mais sob a luz da lua que entrava pelas janelas.
Com a afirmação positiva de Rhaenyra e Daemon diante da situação, é claro.
Talvez fosse apenas uma maneira de deixar Aemond irritado com a interação entre eles, mas assim que o par foi em direção ao meio do salão de banquete para iniciarem a dança, Aegon chutou o joelho de Aemond por debaixo da mesa com uma risada fraca escapando seus lábios bêbados.
O príncipe levou Rhaenys para o centro da sala, onde ele pegou a sobrinha nos braços, com a mão na cintura dela, e começou a se mover e dançar lenta mas seguramente, acompanhando a música enquanto olhava para a sobrinha e sorria.
Logo eles tomariam rumo em uma dança mais divertida e agitada.
— Você está linda, Rhaenys. — ele lhe disse com um olhar gentil.
Rhaenys sorriu com o elogio que recebeu de Daeron e assentiu, as mãos dela descansando nos ombros do tio enquanto a dança tomava seu devido rumo e acelerava aos poucos, seguindo os típicos passos da cultura valiriana no quesito dançar.
Os favoritos dela, inclusive.
— Me conte sobre seus últimos oito anos em Oldtown. — Rhaenys disse de forma curiosa e deu outro sorriso na direção dele, se entretando com a música e a dança que eles compartilhavam no salão.
Daeron deu uma risadinha enquanto dançava com a sobrinha, olhando para ela novamente quando ela lhe perguntou sobre sua jornada. Ele parecia relaxado agora, como se isso fosse algo mais reconfortante e mais fácil para ele falar.
— Não há muito o que contar... — o príncipe disse com um pequeno suspiro, ainda olhando para a sobrinha. Ele sorriu para ela enquanto acompanhava o ritmo da música. — Eu fui para a Cidadela e estudei. Estudei muito. Depois de oito anos passando pelo menos três a quatro horas por dia lendo e estudando, você acaba conhecendo metade do mundo. — Daeron deu uma leve risada.
Rhaenys assentiu com a cabeça e o ritmo finalmente acelerou, agora ambos faziam uma parte da dança onde havia o toque das mãos e algumas voltas ao redor um do outro.
— Aprendeu a lutar também, imagino? — perguntou Rhaenys, ainda mais curiosa.
Aegon olhou para trás por alguns segundos, parecendo se divertir tanto com essa situação. Lançou outro olhar na direção de Aemond e levantou as sobrancelhas, como se estivesse mandando ele olhar na direção do par que dançava no salão.
Aemond, apenas olhou uma vez por breves segundos antes de voltar a focar em seu próprio prato de comida.
— Também participei de vários torneios, o que foi muito divertido. — ele disse enquanto continuava a dançar, movendo-se para o lado e puxando Rhaenys com ele através da mão. Mais algumas voltas e risadas.
Um silêncio prevaleceu por alguns segundos, antes de Rhaenys decidir retomar a conversa.
— Eu suponha que esteja mudado por suas aventuras. — Rhaenys disse com algumas pausas, depois de pular e se mover para o lado oposto de Daeron, a dança continuou. — Imaturo, talvez? — disse ela com um pequeno sorriso no canto dos lábios travessos.
Daeron não conseguiu se impedir de rir. Rhaenys foi a primeira pessoa a dizer que o príncipe havia mudado, mas ele sabia que isso era verdade. Ele estava mais maduro, embora soubesse que ainda havia muito a aprender.
— Imaturo? Essa é uma palavra que nunca pensei que me chamaria. Você é bastante ousada, Rhaenys. — ele sorriu levemente de volta antes de olhar para ela.
Os dois dançaram e se moveram por mais alguns segundos, Daeron ainda segurando Rhaenys gentilmente e sorrindo enquanto ouvia atentamente cada palavra que ela dizia.
Depois de um tempo, eles mudaram de posição e agora era o príncipe que movia Rhaenys ao ritmo da música, seus corpos se aproximando enquanto dançavam.
Havia muitos olhares encima deles, uns positivos e outros negativos.
Aemond não podia virar a cadeira em um ângulo onde ele pudesse ver os dois por completo, tudo que ele podia fazer era apenas olhar de canto uma vez ou outra para ver como a situação estava indo.
Ele não pôde deixar de sentir uma pontada de ciúme ao vê-la rindo e conversando com outra pessoa durante o jantar, com seu sorriso radiante iluminando o ambiente. No entanto, ele sabia que não cabia a ele se intrometer e, em vez disso, tomou um gole de vinho para esconder suas emoções. Aemond sabia que não podia fazer nenhuma cena, pois ela não era dele, e ele tinha que manter o controle da situação.
O jantar continuou em uma agonia pacífica, pois ele só podia sentar e observar, com a mente e o estômago revirando.
Curiosamente, algo nesse cenário pareceu chamar a atenção da herdeira do trono.
Enquanto ela olhava a filha dançar, um sorriso orgulhoso e amoroso no rosto, ela notou que a princesa volta e meia mudava seu foco de atenção para outra pessoa além de Daeron.
Ela olhava para Aemond. Eram breves e rápidos olhares, mas Rhaenyra captou eles.
Rhaenyra era a mãe de Rhaenys. E Rhaenyra era perspicaz o suficiente para notar o leve movimento da cabeça de Rhaenys, ela soube instantaneamente que a atenção da filha estava voltada para outro lugar, para Aemond Targaryen.
A herdeira do trono apertou as sobrancelhas juntas em uma expressão levemente confusa, antes de devaga e discretamente virar a própria cabeça na direção de Aemond, a mesma que Rhaenys estava de vez em quando olhando. Rhaenyra notou que o meio irmão dela estava tendo as mesmas reações e ações, muito de vez em quando olhando de canto de olho para a sobrinha.
Algo passou pela lombar da jovem mulher, algo como uma intuição materna.
Rhaenyra seguiu os olhares da mesa, percebeu que uma parte deles parecia oscilar entre Aemond e Rhaenys, como se soubessem de algo que não era para eles saberem.
Lucerys olhava para Aemond e em seguida para a irmã, Aegon dava risadaa bêbadas e olhava na direção dos dois, Aemond aproveitava momentos quietos e distraídos para que pudesse olhar o par dançando. Era no mínimo um pouco estranho esse comportamento que a futura rainha captou no ar, algo como um segredo que estava sendo escondido entre eles mas ninguém fazia idéia do que.
Um dragão tem uma mente tão própria, Rhaenyra era mãe e sabia muito bem o que as adolescentes desejavam.
Pois notou que a forma como Aemond olhava para Rhaenys era a mesma forma que Rhaenyra olhava para Daemon nos anos inicias.
Outrora a princesa bloqueou os pensamentos de sua mente, sendo incapaz de imaginar que Rhaenys se envolveria ou criaria qualquer sentimento por Aemond.
Ou vice-versa.
O olhar de sua mãe se fixou no menino com um olho, o olhar dele ainda fixo em Rhaenys por poucos segundos. Ele a olhava como um homem olharia para uma mulher, de uma forma quase luxuriosa. Havia um leve lampejo de excitação em seu olho, com a pupila dilatada para captar a visão diante dele.
Em um rápido momento de intuição materna, Rhaenyra olhou de volta para a filha com preocupação e confusão crescentes. Rhaenyra teve que se perguntar se havia mais alguma coisa na mente de Aemond enquanto ele olhava para sua filha.
Não muito longe dela, outra mãe parecia telepaticamente compartilhar dos mesmos pensamentos. Alicent olhava de relance para o filho, suas suspeitas começando a crescer novamente desde a última conversa que teve com Aemond.
O olhar de Aemond a seguiram quando ela olhou para ele e, ao fazê-lo, o olho restante de Aemond se estreitaram ligeiramente, quase imperceptivelmente.
Ele sabia que Alicent estava vigiando ele.
Era como se uma realização estivesse começando a tomar conta do sistema das duas mulheres.
Assim que o príncipe voltou a focar totalmente no prato de comida e na taça de vinho posta em sua frente, ambas mães soltaram um suspiro preocupado e confuso diante do que acabaram observando sem intenções.
Aemond poderia estar apenas observando o irmão dançar, poderia apenas estar sendo cauteloso e protetivo com o caçula.
Entretanto, Rhaenyra sentiu aquele mesmo arrepio na lombar se espalhar, que fazia ela ter dúvidas e uma sensação de proteção, preocupação com a filha. Uma onde ela acreditava que a primeira opção fosse a verdadeira, não querendo acreditar que Rhaenys arriscaria qualquer coisa se envolvendo com o príncipe de um olho.
De forma alguma.
Mas a verdade sempre estava ali.
Quando os sentimentos de duas pessoas se torna algo forte demais, é impossível que eles fiquem escondidos por muito mais tempo.
As pessoas ao redor tendem a perceber quando dois indivíduos se aproximam, especialmente quando se tornam íntimos sem realmente falar, a linguagem corporal revela todos os obscuros segredos entre um par.
Mas, aqueles que estão dentro da bolha do amor muitas vezes não se dão conta de nada além de si mesmos e de sua própria agitação interna.
Suas negações.
A atenção de todos foi atraído para quando a princesa Baela se levantou da mesa e ergueu sua taça com um pequeno, mas confiante sorriso enfeitando suas feições perfeitas.
Com um tintilar de um talher na taça, a música acabou parando e todos olharam na direção da Targaryen que parecia estar nervosa para dizer algo.
No fim, a notícia que ela acabou despejando nos ombros e ouvidos da família foi recebido por uma mistura de choque, surpresa, felicidade e alívio.
— Eu gostaria de anunciar algo importante, agora que estamos reunidos. — Baela disse com outro sorriso, seus cachos platinados fazendo sua pele brilhar no reflexo das centenas velas que adornavam o local. A princesa segurou firme sua mão com a de Jacaerys, apertando como se estivesse procurando apoio e um porto seguro.
Jace acenou para ela com o queixo, um sorriso em suas bochechas coradas e olhos castanhos brilhando como se fossem as pedras preciosas mais raras do mundo, incentivando a esposa a falar as notícias.
— Jacaerys e eu estamos a espera da nossa primeira criança!
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