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O quão longe é possível ir para proteger aqueles que amamos?
É uma característica humana defender aqueles que amamos, pois nenhuma quantidade de riqueza ou prestígio pode substituir aqueles que nós carregamos perto do coração.
Proteger alguém que amamos significa dar a essa pessoa tudo o que temos, pois se ela estiver sã e salva, nada poderá dar errado de verdade.
Colocar nossas vidas em risco em prol de um ente querido é parte do que nos torna humanos, pois nenhum amor é mais forte ou verdadeiro do que o amor que temos por aqueles com quem nos importamos.
Em última análise, cabe se decidir quem é mais digno de proteção e de amor, mas devesse lembrar de que nenhuma escolha é feita facilmente e que toda escolha tem seus benefícios e consequências.
Rhaenys mataria pelos irmãos e irmãs dela, por Daemon e por Rhaenyra, por Harwin e Laenor.
Não hesitaria por nenhum segundo.
A pequena Visenya soltava gritos alegres e risadas altas que ecoavam pelo quarto de Rhaenys, brincando com o cabelo da irmã e usando as pequeninas mãos suaves e inquietas.
A princesa mais velha havia se oferecido para ajudar a cuidar de Visenya enquanto a mãe delas participava de uma reunião duradoura do conselho, e a herdeira não confiava em deixar a bebê sozinha com as amas por uma parte da tarde. Então, Rhaenys decidiu ajudar.
Rhaenys não era estranha a crianças e era mais do que capaz de cuidar da irmã enquanto a mãe se ocupava de suas tarefas. A menina estava animada com tudo o que havia no quarto, rindo e brincando enquanto tentava chamar o máximo de atenção possível. Ela tinha um interesse especial pelo cabelo de Rhaenys.
O cabelo macio da pequena Visenya estava iluminado pela luz do sol que entrava pela janela, os suaves raios de calor iluminando as mechas platinadas da princesa bebê. Os dedos de Rhaenys passaram pelos fios, e a pequena estendeu a mão para agarrá-los.
Ela riu de prazer com o toque, seus olhos azuis brilharam enquanto olhava para Rhaenys. Os dedinhos do bebê se esticaram para cima, querendo brincar e explorar o cabelo. Rhaenys podia ver a curiosidade nos olhos de sua irmã, um espírito aventureiro que já estava se enraizando.
Visenya estava definitivamente curiosa, e seus olhos brilhantes brilhavam ao olhar para a irmã mais velha, e Rhaenys não pôde deixar de sorrir com a doce visão.
— Você tem sorte de ter tanto cabelo, Visenya. — disse Rhaenys, passando as mãos pelas mechas novamente. — É tão leve e macio.
"Mmmm" foi tudo que a pequena Visenya murmurou, rindo enquanto Rhaenys falava. Ela adorava que brincassem com os fios macios e riu novamente com o toque. Ela riu alto, gostando da atenção de sua irmã.
— Visenya, meu doce, você está se divertindo? — perguntou Rhaenys. A princesa continuou a escovar o cabelo da pequena, mas notou que Visenya estava tentando puxá-lo. Ela sabia que a irmã tinha a o costume de puxar os fios, ela sabia que a irmã tinha a tendência de fazer mais do que simplesmente brincar, e estava começando a ficar com um humor travesso. — Bobinha, vou prerarar um banho quente para você.
Rhaenys riu junto com Visenya e caminhou pelo quarto até colocar a bebê deitada no berço, certamente seria seguro o suficiente para que a princesa conseguisse preparar o banho da irmã.
A pequena Visenya riu alto em resposta a Rhaenys, seus olhos azuis brilhavam de curiosidade e energia.
Mas assim que o bebê foi colocado no berço, ela parou de rir. Na verdade, ela começou a chorar. O choro alto ecoou pelo quarto enquanto ela protestava por ter sido deixada sozinha.
Rhaenys sabia que Visenya era muito apegada a ela, que sempre queria ter companhia. Uma parte de Rhaenys não conseguia deixar de se sentir mal por deixar a irmã sozinha no berço.
Ela suspirou ao ouvir o choro de Visenya, o bebê querendo sua companhia, mas sabia que deixá-la era o melhor, e continuou a preparar o banho para a irmã.
Jogou os baldes de água morna na banheira e abriu frascos de diferentes essências doces, como baunilha e alecrim, misturando-as na água e formando uma camada de espuma. Para completar, jogou certas pelúcias específicas para o banho da bebê ser mais divertido do que sério, assim ela ficaria calma, e não tão agitada.
Enquanto continuava preparando o banho, ela ouviu os gritos continuarem por mais alguns minutos, lentamente se transformando em choramingos e, por fim, cessando completamente.
Com sorte, tudo o que Visenya precisava era de um pouco de tempo para superar a sensação de estar sozinha.
Rhaenys suspirou aliviada ao notar a irmã se silenciar e se acalmar, e em seguida colocou os dedos na água para ver se a temperatura não estava tão quente mas também não tão gelada.
Confirmando isso, a princesa se levantou do banquinho ao lado da banheira e foi em passos lentos e despreocupados até a parte do quarto dela onde o berço havia sido posto e a bebê deixada para descansar. Mas, talvez Rhaenys não devesse ter deixado Visenya descansar sem supervisão, afinal, o castelo pode ser bem vigiado por centenas de guardas, mas não é o mais.
A princesa deixou o sorriso dela cair quando Visenya voltou a chorar e Rhaenys se viu com a pior cena que ela poderia encontrar, quando viu a irmã sendo levantada do berço pelos braços de Alys, a bruxa bastarda que segurava a menina em toda sua glória, sorrindo.
— Nossa, nossa, que princesinha animada é essa! — Alys levantou o bebê para perto de si e esfregou suas pequenas costas com a palma da mão. — Não chore, doce menina! Sua irmã está aqui... e eu, Alys Rivers, sua ama de leite.
Rhaenys arregalou os olhos e deu longos passos para mais perto de Alys, seu coração batendo forte no peito e o medo se espalhando por todo o seu corpo com a visão que ela viu. Ao mesmo tempo que o medo borbulhava no sangue, a culpa e a raiva seguiam juntos, fazendo as bochechas da princesa corarem com a mistura de emoções.
— Alys, coloque ela no berço novamente, imediatamente. — Rhaenys disse, a voz levemente trêmula, mas com indícios de firmeza.
A bruxa bastarda abaixou a menina alguns centímetros, ainda mantendo a bebê no colo dela, com aquele mesmo sorriso de todas as vezes.
— Por que eu faria isso, princesa? Seu bebê parece gostar do amor que está recebendo. — Os olhos de Rhaenys estavam quase pulando para fora com a raiva que Alys adorava neles... o olhar de uma mãe leoa defendendo seus preciosos filhotes. — E me parece que você, Princesa, está precisando de um descanso. Então, por que você não faz essa pausa, eu a colocarei para dormir...
Rhaenys se aproximou de Alys de repente e agora estava agarrando o braço da bruxa bastarda com bastante violência. Alys apenas sustentou o olhar da princesa, com um meio sorriso no rosto, sem resistir ao contato. Era muito fácil trabalhar com Rhaenys quando ela estava com raiva - ela tinha um fogo emocional e uma paixão diferentes de muitos.
E era muito bonita quando estava em um estado de espírito, com aqueles lindos cabelos prateados e olhos azuis. Alys se perguntou se a princesa estava ciente disso.
Alys ainda estava olhando calmamente para Rhaenys, com os dois braços ainda ao seu lado. A bruxa bastarda estava agora segurando a parte de trás do braço da princesa, em vez de apenas apertar seu bíceps. Seu olhar não era o de uma vítima, em vez disso, ela parecia estar estudando as emoções de Rhaenys, seus olhos, particularmente.
— Por que está tão brava, princesa? — Alys perguntou lentamente, seu sorriso permaneceu, embora estivesse mais suave, mais convidativo. — Você sabe que não há perigo.
— Eu disse, coloque ela no berço. — Rhaenys estava se esforçando ao máximo para manter a raiva, mas ela estava começando a desaparecer, Alys percebeu. Seus olhos haviam se transformado daquele fogo furioso em algo como medo.
A pequena Visenya continuava chorando por estar sendo segurada por Alys, não gostando do toque estranho e do cheiro forte que vinha da mulher.
A bruxa soltou o braço da princesa e começou a balançar gentilmente o bebê em seus braços, tentando fazer com que ela dormisse, mas ela permanceu chorando. Alys observou Rhaenys, sabendo que ela tinha a bela princesa presa por suas emoções.
Seu interesse foi despertado.
— Do que você tem medo, Rhaenys? — Ela falou gentilmente e manteve os olhos na princesa o tempo todo, com um pequeno sorriso.
— Eu vou chamar os guardas. — Rhaenys disse dando passos para trás enquanto mantinha o olhar fixo em Visenya, mãos trêmulas, tentando chegar na porta.
Mas Alys era mais esperta, e mais corajosa. Empunhou uma pequena adaga em mãos, retirado da cintura do vestido e posicionou perto do rosto de Visenya, ameaçando tirar sangue da pequena caso Rhaenys não obedecesse os comandos dela.
— Mais um passo, ou qualquer grito e sua irmã terá apenas a cabeça para a pira funerária.
Todo o sangue do corpo de Rhaenys pareceu sumir, a princesa ficou pálida como a cor da neve, as mãos pareciam tremer mil vezes mais e os olhos arregalados com ainda mais proeminentes. Ela deu passos em frente, com medo, quase querendo implorar para que Alys devolvesse Visenya para os braços dela e fosse embora.
Mas não, Rhaenys sabia que Alys queria algo.
E Rhaenys faria de tudo para proteger a irmã.
Alys observou o corpo da princesa passar por tantos movimentos diferentes de medo - de lutar e fugir, ceder e fugir novamente. Ela era tão fácil de manipular.
Alys levantou a bebê alguns centímetros para que a princesa pudesse ver e acrescentou:
— Ela é tão fofa, Princesa Rhaenys! Você não quer que ela fique segura? — Em seguida, ela abaixou a bebê de volta para que a lâmina ficasse perto o suficiente de seu rosto minúsculo para que Rhaenys pudesse ver o reflexo de seu próprio rosto olhando para ela.
— Alys.. o que.. o que você quer?
— Quero que se sente em uma cadeira. — Alys disse calmamente e olhou para a princesa com um meio sorriso malicioso. Ela sabia que estava muito perto de conseguir o que queria. Rhaenys era tão vulnerável a ela, bastavam algumas palavras e a princesa ficaria em suas mãos.
Ela ainda não entendia o motivo, mas adorava ver a facilidade com que podia controlar essa bela princesa.
Rhaenys foi rápida e se sentou na cadeira, mantendo os olhos focados em Visenya a cada milésimo de segundo, quase não piscando nenhuma vez com medo de que a irmã saísse ferida das garras traiçoeiras da bruxa bastarda.
— Agora, princesa, ouça-me bem. Eu quero que desce até a Baixada das Pulgas na hora do morcego, e eu quero que faça isso sozinha. Não traga seu dragãozinho de estimação, Aemond. — Alys pausou e suspirou, dando um beijo na testa macia de Visenya e a colocando no berço novamente. Rhaenys soltou um suspiro de alívio mas ainda estava tensa demais. — Nós precisamos conversar, querida sobrinha.
— E se eu decidir não for? — Rhaenys perguntou baixo, agarrando os braços da cadeira com as mãos trêmulas, os nós dos dedos ficando brancos e as veias aparecendo com a força que ela fazia. — Alys?
A bruxa parecia desfilar enquanto andava pelo quarto de Rhaenys em direção a porta falsa, brincando com a pequena adaga na ponta do dedo indicador, sorrindo como a grande cínica e louca que era. Como se estivesse ganhando o jogo, como se estivesse finalmente atingindo seu objetivo de tortura psicológica.
— Ficará a seu critério princesa. Mas, eu sei qual é o quarto de seu irmão Joffrey, ou de Lucerys, de Aegon, Viserys... ou Visenya. — Alys deu uma risada que pareceu entupir os ouvidos de Rhaenys, uma risada dolorosa e fria que pareceu atingir em cheio no coração dela, como se a presença de Alys sugasse as energias de Rhaenys.
A sala estava cheia de tensão enquanto as duas indivíduas estavam se encarando, cada um aparentemente tentando drenar toda a energia e vida do outro. A aura maliciosa de Alys parecia irradiar uma energia fria e cínica, sugando o calor e a vitalidade da princesa. Sua própria presença é como uma nuvem escura, sufocando qualquer sensação de luz e alegria.
Parece que uma guerra de desgaste está sendo travada ali mesmo, onde o primeiro a ficar sem energia perde. Alys era uma mulher com uma presença fria, quase drenante, mas não exatamente em um sentido físico.
Embora não fosse necessariamente imponente fisicamente, sua personalidade maligna fazia com que as pessoas ao seu redor se sentissem esgotadas e cansadas.
E Rhaenys não via outra escolha a não ser seguir seus comandos.
Afinal, a princesa jamais se perdoaria se qualquer coisa acontecesse com seus preciosos irmãos e irmãs por uma decisão mal pensada dela, mesmo que Alys estivesse blefando.
E mesmo que isso significasse arriscar a própria vida.
Assim que Alys sumiu pelas sombras da passagem secreta, Rhaenys se levantou da cadeira e foi direto para Visenya, a pegando no colo e a ninando para que a jovem princesa se acalmasse. O aperto era firme, e ela tinha medo que a bebê fosse sumir a qualquer minuto se ela a soltasse ou tirasse o olho.
A pequena e doce Visenya.
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