031

Aemond observava Rhaenys pentear os nós de seu cabelo com certa devoção, mantendo o foco no que fazia como se nada ao seu redor existisse. Estava de costas para ele, vestindo novamente a camisola perolada no corpo mas ainda estava sentada na ponta cama olhando pela janela.

Ele suspirou alto, seu olhar se suavizando quando ela se virou para ver o porque do tio estar bufando por trás dela. Ele pôde notar ela engolir em seco e hesitar por alguns segundos antes de se virar completamente e se sentar ao lado dele na cama, abraçando os joelhos contra o peito deixando a cabeça suspendida para o lado enquanto analisava Aemond.

— O que está observando, sobrinha? — ela revirou os olhos com a insistência dele em chamá-la de sobrinha a todo instante. Rhaenys apontou com o queixo para o corpo de Aemond, para sua clavícula em específico onde possuía uma pequena cicatriz.

— Sua cicatriz na clavícula, como a conseguiu?

— Minha primeira vez usando uma espada de aço, eu tentei lutar contra um Lord irrelevante que estava por perto, ele era mais velho e claramente mais habilidosos do que eu...então recebi um corte como lembrete de que não se deve tentar usar táticas sem aprimoramento primeiro, se não aprender então jamais entenderá como funciona.

— Oh, deve ter doído...quantos anos tinha?

— 14 dias de meu nome...e doeu, um pouco, mas ainda era suportável. — Rhaenys levou a ponta de seus dedos até a pequena cicatriz quase não perceptível, se ela não fosse uma boa observadora talvez não tivesse notado nada, principalmente com a baixa visão que estava tendo na escuridão do quarto, que era iluminado por poucas velas e as luzes naturais do céu pela janela. — Estamos falando sobre cicatrizes, conte-me sobre a de seu antebraço.

Ela mudou sua expressão completamente, imediatamente ficando tensa e endireitando o corpo contra a cabeceira da cama amontoada de travesseiros.

— Não insista, não tenho confiança em você o suficiente para contar o que aconteceu para que ela ficasse marcada aqui. — Aemond se manteve sério encarando ela, como se esperasse que ela continuasse a conversa.

— Irá demorar para que eu ganhe a sua confiança?

— É claro que irá, eu não tenho motivos para considerar sua confiança, posso dizer que eu possuo apenas um pouco de respeito a você por ser meu tio...mas tudo o que você comenta aos arredores não se some tão rapidamente como as folhas do bosque sagrado. — Aemond se deitou na cama ao lado dela, mexendo nos dedos tentando se entreter com isso. Seu tapa-olho estava incomodando, sua safira começa a fazer a carne envolta do machucado latejar, não estava acostumado a se deitar ainda trajando ele, mas não queria tirar em frente a Rhaenys.

Em parte porque não confiava nela, e em outra pois sentia que ela acabaria se assustando ou sentindo repulsa.

— Estava se divertindo durante o banquete, pude perceber.

— Gosto de festas e danças, e todos foram muito simpáticos comigo. Tenho apreciação por atos de gentileza e gosto de ser admirada pelas pessoas também...me sinto bem.

Aemond conteve a respiração por um momento.

— Cregan parece estar deverás devoto a você, pode se ver de longe o desejo que ele tem em te desposar. — Rhaenys segurou um riso na garganta com as menções dele, se sentindo estranha em conversar sobre isso com Aemond. Olhando ele por mais tempo do que deveria, ela podia buscar algumas lembranças boas de antes do acidente com seu olho, eram pouquíssimas mas estavam lá.

Apesar do jeito melancólico e inquieto que Aemond possuía na infância, ainda era um garoto alegre e que mantinha um pouco de respeito a todos os sobrinhos. Ela se lembra vagamente que no funeral de Laena Velaryon, Aemond veio lhe conceder condolências pela morte da tia e de Sor. Harwin.

Ela não tinha uma resposta para a opinião levantada dele, então se manteve em silêncio enquanto continuava mexendo em seu cabelo com a ponta de seus dedos.

Aemond gemeu ainda desconfortável com o tapa-olho apertando o rosto, Rhaenys notou os gemidos que ele soltava misturado com os suspiros e encarou o tio pelo canto dos olhos.

Se arriscou dizer algo quanto a isso.

— Se está lhe incomodando tanto então tire para que se sinta melhor, não é como se eu fosse me assustar com o machucado. — ela se arrependeu de imediato em mencionar isso quando notou o semblante dele mudar de um segundo para o outro, as sobrancelhas e lábios franzidos ficando retos e sem esboçar reação alguma. Era como tivessem atingido ele com uma espada no tórax. — Eu não tinha a menor intenção de ofender, eu apenas...Aemond?

Ele se levantou bruscamente da cama e buscou por sua roupa espalhada no quarto, vestindo cada peça de cima as pressas e amarrando as fivelas da frente. Rhaenys apertou os lábios um no outro, não sabia que um simples comentário sobre seu tapa-olho faria ele ter uma reação como essa. Mas ela deveria ter previsto, era notável para qualquer um que o assunto sobre seu olho ainda estava com uma ferida aberta mesmo após anos.

Não se é esquecido facilmente quando uma de suas visões é tomada pelo resto de sua vida.

Rhaenys se levantou da cama, Aemond estava de costas quando ela tocou levemente em seu ombro para chamar a atenção dele.

— Eu não quis ofender você, Aemond...eu apenas estava percebendo o quão incomodado estava com o tapa-olho, posso supor que você não costuma usar ele para se deitar? — ele não a respondeu, mas manteve seu olhar parado sobre os olhos dela enquanto ela falava.

Suas íris tão tomadas pelo azul escuro quanto a safira que ele carregava por baixo do tapa-olho, mas quase não vistas por conta da dilatação de suas pupilas.

De repente, ela parecia estar carregando a voz com ternura ao invés do tom de sarcasmo que ele havia se acostumado a escutar vindo dela. Mas Aemond tinha se assustado por um tempo com a idéia de tirar o adesivo em sua frente, deixar que ela visse o que tinha por baixo fazia ele temer o que ela pensaria, se sentiria nojo ou repulsa como as mulheres da corte costumam comentar aos arredores da Fortaleza.

O príncipe de um olho deixando que o deleite do reino visse sua desfiguração. Isso não aconteceria.

— Não me senti ofendido sobrinha, apenas não gosto que falem sobre meu machucado assim como você não gosta que chamem seus irmãos de bastardos. — ela baixou a mão por um instante, deixando parada em seu braço, apertando. — Apesar de sabermos a verdade, Rhaenyra parece ser eficiente em mandar que tirem a língua ou a cabeça de qualquer um que ofenda suas pequenas crianças frutos de uma traição e uma vergonha ao reino. Velaryons.

Rhaenys franziu as sobrancelhas com a menção dele e se afastou devagar, sua expressão mudando pela vigésima vez em uma noite. Parecia ser impossível para que Aemond terminasse uma conversa sem ofender alguém de seu lado da família, quando ele fazia isso, indiretamente ofendia a ela também.

Mesmo que ela não tivesse certeza sobre sua paternidade, afinal ainda tinha o cabelo valiriano.

— Talvez devo pedir para que retirem a sua, não? Me parece ter ofendido meus irmãos mais de uma vez e se me lembro bem, meu avô deixou claro que qualquer um que duvidasse da nossa legitimidade seria acometido a perder a língua. Acredito que esse decreto sirva a você também.

Ele deixou um sorriso pequeno enfeitar seus lábios.

— Seria mais fácil tirarem minha língua por tocar em você do que por ofender seus irmãos. — Ela apertou os olhos como se estivesse desafiando ele, o que Aemond levou em consideração. Ele deu alguns passos em frente, e ela recuou alguns para trás caminhando por todo o quarto na tentativa de fazer com que ele desistisse, mas não o fez.

Assim que ela acabou se auto sabotando e ficando encurralada na janela do quarto, Aemond foi preciso em se aproximar dela o bastante para que seus corpos colidissem mais uma vez naquela noite. Suas mãos agarraram fortemente seus quadris e pressionou contra os seus, mas Rhaenys manteve as mãos paradas para trás das costas, tentando esconder um sorriso que insistia em aparecer nos lábios molhados de salivas. Labios estes que Aemond olhava com apreciação, querendo tomar mais uma vez a pele macia.

— Deveria voltar aos seus aposentos agora, da mesma forma que chegou até aqui se puder. E, certifique-se de que ninguém notará sua presença, tio...o que diriam sobre a minha honra se vissem você saindo dos meus aposentos tarde da noite?

— Não seriam mentiras.

— Seriam boatos, você não me tomou e muito menos me desposou, Aemond...e qualquer outra coisa que tenha feito comigo ainda sim seria uma causa de uma rede de problemas absurda.

Ele se afastou devagar dela, podendo anotar mentalmente mais de seus meros detalhes. Aemond mordeu o interior da bochecha antes de virar as costas a ela e se dirigir até a grande porta de madeira que mantinha tudo o que faziam em quatro paredes, confinado.

Rhaenys se deitou na cama quando ele saiu pelas portas e mexeu no cabelo como uma forma de se entreter, já que seus pensamentos constantemente estavam a levando para o que haviam feito ali a alguns momentos atrás.

Agora ela podia admitir a si mesma o que ela estava tentando negar.

Ela estava gostando de receber prazer de Aemond, e certamente não se importaria se pudesse sentir ainda mais do tio quando tivesse a chance e a coragem necessária.

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01. eu odiei esse capítulo, meu deus.

02. por favor por favor me dêem algumas idéias de cenários para eles ou para a Rhaenys em geral porque eu não posso por os mais importantes ainda pq vão demorar pra acontecer e eu to sem criatividade no momento 😩

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