017

Aemond costumava passear pelas passagens quando menor junto de Daeron, gostava de explorar os diversos cantos escondidos da fortaleza como uma forma de se distrair. Então, não demorou muito para que ele conseguisse se localizar pelos estreitos becos até encontrar a porta do quarto de Rhaenys, ele sabia que era o dela pois fez uma marcação para que pudesse identificar os quartos.

Mesmo assim, ele colou a lateral de seu rosto contra a porta fria e fina, tentando ver se conseguia escutar qualquer som que pertencesse a ela. Ele escutou. Exitou. E, por um breve momento ficou ali com a mão parada sob a placa, meditando se deveria continuar ou apenas deveria fazer o caminho inverso e voltar para seu quarto novamente.

Decidiu seguir em frente, decidido.

Rhaenys por sua vez estava distraída dentro do quarto agora que acabava de sair de seu banho e estava com as roupas de dormir, ela usava as mãos cansadas para desamarrar as diversas tranças que haviam sido feitas mais cedo, assim conseguiria pentear mais facilmente seus prateados. Depois que ela saiu do pátio decidiu se encontrar com seu irmão Luke no fosso, e os dois passaram o resto da tarde toda voando por horas sobre King's Landing, as vezes atravessando um pouco do mar.

Duas batidas fracas foram ecoadas pelo quarto. Ela se virou para prestar atenção de onde o som vinha, mas como não ouviu novamente voltou a fazer o que antes se ocupava.

Novamente se ouviu e dessa vez a Velaryon se levantou para seguir o som que vinha de perto de sua escrivaninha, precisamente na porta da passagem secreta. Rhaenys estranhou o fato de alguém estar vindo em seus aposentos a está hora da noite. Pensou ser Baela ou Rhaena, mas ambas usariam a porta da frente, então talvez pudesse ser um de seus irmãos querendo algo?

— Jace? — ela chamou.

— Aemond. — ela fez uma careta mexendo as sobrancelhas quando ouviu a voz dele e demorou a responder ele de volta, hesitando por longos segundos que pareciam décadas antes de mover delicadamente a porta para que abrisse e revela-se o platinado alto e com roupas diferentes das que ela costumava ver ele usando.

Ele continuou parado em frente a passagem mesmo depois que ela abriu e ela não fez muito diferente, se manteve em pé em silêncio enquanto encarava o tio de volta. Suspirou alto e fez um sinal para que Aemond pudesse entrar em seus aposentos, logo fechando a porta atrás dela.

Aemond fez uma análise rápida pelo quarto da sobrinha e na própria. As mesas eram cheias de livros lidos pela metade e pergaminhos com escritas em valiriano, haviam velas iluminando todas as partes que podiam ser escuras do quarto, o cheiro de baunilha era impregnado até mesmo aqui e em uma parte mais afastada havia uma penteadeira com as mais diversas jóias e acessórios que uma mulher da realeza pode ter. Enquanto Rhaenys, está estava com os cabelos em uma bagunça única, as tranças desfeitas pela metade, o rosto parecia carregado de cansaço e ela usava uma camisola branca toda amassada que parecia ser feita do mais fino tecido. Definitivamente, ele estava interrompendo uma sessão de sono dela.

— Espero não ter lhe acordado. — Rhaenys deu as costas a ele e voltou para onde estava antes, se sentando na cama macia para continuar penteando os cabelos. Aemond a seguiu até onde ela ia, parando perto da janela que havia ao lado do ninho.

— Não acordou, eu acabei de sair de meu banho e estava arrumando meu cabelo para se deitar, essas tranças são difíceis de se desfazer. — ela suspirou alto como quem está implorando para uma cama confortável, penteava os cabelos diversas e diversas vezes, agora Aemond conseguia notar melhor aquela única mecha preta que ela tinha no meio do prateado, esta que ela se esforçava para esconder entre os penteados. Seu rosto brilhava com a iluminação das velas ao redor, o quarto todo rústico com apenas a cama no meio em lençóis vermelhos e dourados representando a casa que ela tanto ama. Aemond notava como ela sempre estava priorizando as cores Targaryen do que a sua segunda casa, Velaryon.

Não a culpava, o Targaryen também preferia o vermelho e preto do que o verde florestal da casa Hightower.

— O que precisa, tio? Nós não temos nenhum assunto pendente, que eu me lembre. Devo deixar claro que está em meus aposentos em uma hora tarde da noite, isso é mal olhado pelos outros. — ela guardou a escova em sua penteadeira e através do reflexo do espelho encarou o tio que tinha seu olhar vidrado no que for que estivesse lá fora. — "Não quer que questões sobre sua honra sejam levantadas, hm?"...foi o que eu ouvi dizer outra noite.

— Nós temos assuntos pendentes Rhaenys, sabe que temos. Não tive outra escolha a não ser vir conversar com você a está hora, um horário em que boa parte do castelo está no mais profundo sono e mesmo que eu pudesse te levar para fora do castelo agora, não faria. — ele cruzou os braços e se apoiou no batente da janela dela, agora a lua estava escondida debaixo de um borrão cinzento.

— Você diz que quer conversar sobre o beijo que me roubou ontem a noite? Mais de uma vez, na verdade.

— Beijos que você devolveu com certo entusiasmo, me arrisco dizer sobrinha.

— O que eu deveria fazer? Continuar parada enquanto você tomava meus lábios nos seus? Devo novamente te lembrar tio, que eu não tenho experiências em coisas desse tipo. — Aemond sorriu consigo mesmo. Ele poderia ensinar a ela todos os tipos de experiências, desde um simples beijo até a montaria de um dragão, faria com imenso prazer. — Você criou uma situação delicada e me pareceu surpreso quando eu disse que continuaria aqui ao invés de voltar para Dragonstone, pretendia me beijar no casamento e então eu voltaria para lá e tudo seria esquecido?

— Não. Quando você me disse que continuaria aqui eu apenas tive uma idéia. — Rhaenys se levantou do banco e caminhou para perto de Aemond curiosa com o que ele tanto encarava sem manter contato visual com ela. Era a lua, estava cheia e brilhante mas pouco visível no intenso nublado.

— A idéia seria...?

Ele pensou por algum tempo enquanto seus dedos formigavam em desejo de tocar qualquer parte do corpo dela nessa roupa de dormir feita de seda, seu cabelo caído pelas costas e os olhos azuis escuros diltados chamavam a atenção dele.

— Na nossa família o incesto é algo natural, os casamentos acontecem a séculos para que o sangue se mantenha puro...mas não passa disso, manter o sangue puro. Eles acabam gerando desejos carnais em nós, às vezes um desejo tão forte e tão inesperado que não se pode controlar. Talvez seja isso que eu esteja nutrindo por você, desejo.

Rhaenys se manteve em silêncio enquanto escutava ele falar como se fosse um filósofo, falava tão formalmente que era satisfatório escutar sua nobreza.

— Como pode estar nutrindo desejo por mim depois que a última vez que nos vimos foi a 8 anos atrás? E eu não estou levando em conta que sou filha de sua meia-irmã que você não tem um mero carinho...e que Lucerys é meu irmão mais novo. — A mão dela tocou a pedra fria da janela e devagar se movia para perto do corpo dele de forma discreta, querendo tocar nos braços dele. Ela tentou não demonstrar mas se sentiu bem quando ele admitiu estar desejando ela, se sentiu importante de alguma forma.

— Eu não posso responder essa pergunta, eu não tenho a resposta.

Ele finalmente ergueu o olhar para a sobrinha vendo seus olhos brilharem com a luz refletindo, curiosidade e luxúria pareciam ser transmitidas através das grandes pupilas dilatadas. Aemond se virou de frente para ela e deu um passo em frente, deixando que ela quisesse fazer o que tivesse de fazer, qualquer coisa. Em fato, Aemond estava torcendo para que ela tocasse ele primeiro.

Rhaenys subiu as mãos pelos antebraços dele até os ombros largos e acariciou ali, deixou seus dedos tocarem o queixo dele enquanto a outra permanecia agradando e tocando curiosa. Aemond guiou as dele até a cintura dela, apertando com as grandes mãos e deixando ela parada firmemente em frente a ele, o peito de ambos começando a subir e descer rapidamente com a proximidade mas nenhum dos dois tomava a primeira decisão.

Ele beijou ela. Sem avisar, sem pedir permissão. Sem mesmo pensar em fazer isso, mas simplesmente porque não conseguia fazer outra coisa além disso. Aemond queria roubar aquela respiração que ela estava segurando, pertencia a ele e ele queria de volta, nesse momento os lábios dela eram dele, sem nada para atrapalhar o momento luxuoso dos dois. As mãos curiosas dela subindo e descendo pelo corpo dele sem saber onde deveria colocar, já as de Aemond carregavam habilidades que adquiriu com o tempo, as dele dedilhavam as costas e a cintura de forma que pareciam ser cócegas. Eram desejo, eles compartilhavam um desejo mútuo que nem eles podiam saber que existia.

Aemond devagar a puxou um pouco para longe da janela para não ter risco algum de qualquer alma viva presenciar o ato e espalhar rumores pela fortaleza, ele tirou os lábios que formigavam dos dela quando sentiu a respiração faltar. Ele desceu os lábios pela bochecha dela, beijou a ponta de seu queixo e quando chegou no começo de seu pescoço sentiu os pelos da nuca dela se arrepiarem entre os dedos, seu corpo ficou tenso com a nova sensação. Claro, Aemond não pretendia desposar ela, não agora, mas gostava de ver que estava desencadeiado sensações de prazer na sobrinha.

— Por favor...você deve ir. — sussurrou sentindo seu corpo parecer um peso mais do que ela poderia suportar. — Você definitivamente...deve ir. — sua pele estremeceu quando sentiu a vibração da risada dele e a respiração pesada.

— Ir onde? Aqui? — ele se moveu para baixo da orelha dela, sibilando um beijo casto. — Ou aqui? — e se moveu para o osso de seu ombro, colocando a ponta de sua língua em contato com a pele esquentada dela, o sangue flamejante de dragão fazia jus ao seu nome quando queimava a pele dela de um prazer que ela não entendia direito.

Rhaenys sabia sobre o sexo, não entendia bem como de fato funcionava mas já havia pesquisado sobre. Também já havia se tocado algumas vezes, suprindo o desejo latejante que começou a surgir entre as pernas depois que antigiu sua maioridade. Mas ela estava disposta a entregar sua honra tão facilmente para ele assim?

— Aemond.

Era perigoso continuar com isso, ela sabia disso mas estava cedendo mesmo assim.

— Juntaremos em um só, suprindo desejos um do outro a partir de hoje...por favor. — Aemond pediu em meio os beijos fervorosos que ela havia ganhado prática.

Mas quando foi que um dragão morreu do veneno de uma cobra esmeralda?

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