016
Aemond era inquieto na infância, ele culpava essa versão dele pela falta de um dragão e as piadas maldosas que recebia constantemente dos sobrinhos e do irmão. Isso o tornava inseguro. Mas quando ele conseguiu domar Vhagar, foi como se a parte em que ele tanto se sentia baixo e amedrontado se esvaiu com um estalar de asas, dando lugar a seu jeito confiante e astuto tão admirado.
Ele cresceu e se dedicou a se tornar um habilidoso espadachim com a tutoria de Criston, seu corpo passou de um amontoado de fraquezas para algo firme que constantemente chamava a atenção das mulheres ao redor do príncipe, as quais ele malmente se importava.
Era isso que Aemond fazia quase todos os dias.
Ele treinava, voava com Vhagar e às vezes gostava de ir até os aposentos da irmã para conversar com ela, pois de todos os irmãos ela era a única que ele sentia segurança e conforto. Muitas vezes Alicent precisou proibir o filho de passar horas e horas de todos os dias lutando com as espadas, acabava causando um exaustão enorme no príncipe e ele não gostava de dar tempo para uma recuperação.
O pátio estava cheio, uma roda de pessoas se formavam ao redor dele e de um dos gêmeos Cargyll, observando as habilidades de cada um deles. As Ladys eram as que mais se divertiam em olhar, sempre cochichando no ouvido da outra como gostariam de se deitar com ele se não fosse pelo dever que devem seguir.
Aemond apertou o cabo da espada com a mão tão forte que causou desconforto e calos, seus longos dedos ficavam brancos com o esforço, suas bochechas estavam coradas de cansaço, seu cabelo molhado grudando na testa e a roupa de couro pesado com ouro começava a incomodar. Mas nem isso era capaz de fazer com que Aemond parasse de se mexer pelo pátio afim de desarmar um dos gêmeos.
Curioso ele estar insistindo tanto, até mesmo Criston estava achando estranho o porque dele demorando tanto para terminar o treino de hoje.
Mas havia uma resposta, as entrelinhas, mas havia.
Rhaenys estava observando Aemond treinar, de perto desta vez. Jacaerys havia voltado durante a manhã para King's Landing junto de Baela, Lucerys estava ocupado com Arrax pelos céus e Joffrey ainda usava espadas de madeira para treinar, então nenhum de seus irmãos estava lá para que ela pudesse assistir...mas mesmo assim ela se migrou para o pátio. Em parte foi porque estava entediada com os diversos livros que ela mesma escolheu para ler e em outra porque havia curiosidade carregada no peito para ver de perto o treinamento constante do tio.
Ela rodeava pelos arredores mantendo ele em vista, sempre prestando bastante atenção nos movimentos que ele fazia. Aemond era desajeitado com a espada de madeira quando ela viu pela última vez mas agora usava uma espada de aço como se não fosse nada, e mesmo de longe ela conseguia enxergar os machucados em ambas mãos, mostrando o quão sério ele levava isso, de forma diária.
Aemond não estendeu tempo para conseguir desarmar Sor. Arryk, apontando a ponta de sua espada direto no gargalo do homem e soltando um sorriso satisfeito, pois segundos após desarmar um dos gêmeos, ele conseguiu encurralar o outro, recebendo fortes aplausos por isso.
Rhaenys não ousou mexer as mãos de trás de corpo, ela apenas continuou parada ao lado de uma das mesas de arma, com o rosto neutro olhando para a movimentação bem na sua frente.
O tio limpou o rosto com a manga courina e jogou a espada no chão, caminhando lentamente para perto da mesa de espadas e escudos onde Rhaenys estava. Ele a olhou de canto, os lábios retos sem mostrar nenhuma expressão que ela pudesse ler.
— Syri, Kepus. — Rhaenys sussurrou para ele no idioma valiriano, mexendo nas espadas que tinham ao lado dela de forma curiosa.
Ao contrário de Rhaenys, ele havia estudo muito mais o alto valiriano, entendia com ainda mais facilidade e de vez em quando gostava de construir conversas no idioma. Escutar ela falando em alto valiriano era bom e a deixava ainda mais atraente, mas o sotaque que ela tinha quando pequena mudou, ficando mais firme e as palavras saindo certas agora.
— Espero ter se divertido ao me assistir. — ele se debruçou sobre a superfície de madeira e manteve os olhos baixos, fingindo olhar as espadas e adagas. — Parecia entretida para mim.
— Gosto de assistir, sou uma ótima expectadora, mesmo que a pessoa que observo em questão seja você, Aemond.
— Você pode participar, se quiser, minha sobrinha. Eu posso me esforçar para não tocar em você, no mal sentido. — ele se pôs ereto olhando cada milímetro dela, se satisfazendo com a visão calorosa que lhe trouxe alívio nas mãos machucadas, por um breve tempo. — Apesar de que, vendo seus irmãos treinando eu tenho certeza que você está ainda mais abaixo em habilidades.
Rhaenys nada disse, sorriu e se permitiu encarar o tio nos olhos agora. Seu rosto ficou corado com as lembranças vindo com rapidez quando viu Aemond involuntariamente morder o lábio de baixo e molhar com saliva, como se fosse uma mania dele.
— Então espero que quando o dia em que eu decidir lhe desafiar, eu esteja apta...talvez eu deva pedir a meu pai Daemon para que me ensine algo até lá.
— Eu seria seu tutor se não fosse pelas aparências, te daria experiências em várias coisas e habilidades impressionantes. — sua voz era calma como sempre, suas palavras haviam duplo sentido. Rhaenys não notou, ou pelo menos fingiu não notar o que o tio dizia a ela.
O silêncio dos dois respondeu mais do que palavras, e eles sabiam que se continuassem conversando em público sem uma mera discussão as pessoas já começariam com rumores pelos cantos obscuros da fortaleza. Aemond baixou e subiu o olhar uma última vez antes de dar as costas e caminhar com outra espada no punho para mais uma disputa. Rhaenys o seguiu com os olhos azuis escuros, notando que o sol que batia contra o tapa olho mal colocado dele refletia uma pequena luz azulada por debaixo, como quando os raios se esbarram com uma jóia e refletem brilhos.
Seu tédio já havia sido alimentado e ela se sentia mais revigorada, não ficaria mais para ver outra rodada de disputas do príncipe.
O Targaryen piscou o olho bom várias vezes sentindo-se incomodo com a safira pesando e o local latejando, seus braços pedindo um descanso maior e a respiração toda descompensada. Quando viu Rhaenys deixar o campo, enrijeceu o corpo e encarou Cole de forma que pedia para que ele viesse até o meio do campo para assim poder desafiar o guarda.
— Mais uma vez.
Aemond continuou nessa questão monótona de treino até o entardecer de Westeros, quando o sol se esvaia e a lua saia de baixo das nuvens acizentadas para clarear o perigo eminente sob a escuridão. Com o corpo dolorido, as botas pesando e a cabeça latejando em uma dor de cabeça ensurdecedora, ele caminhou para seu quarto para um banho demorado que suas amas já deveriam ter deixado pronto para o príncipe, sabendo o quão exigente ele era quando se tratava disso.
Os músculos se aliviaram quando entraram em contato com água fervente, os cortes minúsculos que fez durante o treinamento ardiam com o sabão e as essências de alfazema, mas Aemond malmente se importava com dor, ele tinha uma boa intolerância quanto a isso. Aemond ficou na banheira por tempo, apenas pensando no que deveria fazer agora que havia iniciado um tipo e affair com a própria sobrinha, aquela que ele deveria guardar rancor, que é filha da sua meia-irmã que ele não gosta e irmã do menino o qual foi responsável por tomar uma de suas visões para o resto da vida. Rhaenys era mentirosa, medrosa e podia ter ajudado ele na noite em que perdeu seu olho, parte disso era culpa dela.
Então porque ele não conseguia descontar o ódio nela? Era algo simples, ele fazia com facilidade quando se tratava dos outros três filhos de Rhaenyra. Os bastardos Strong.
Ele nunca se importou com atenção das pessoas, até ter a dela, mesmo que no mal sentido, pelo pouco tempo que voltou para King's Landing depois de anos longe. A sobrinha era uma mistura de beleza, caos, desafios e pureza, ele podia notar isso apenas vendo os olhos dela passeram por todos os cantos de todos os lugares em que ela estava.
Uma ama cobriu o corpo nu do príncipe com um manto quando ele se levantou da banheira dourada, o guiando para o quarto novamente. Aemond a dispensou e se vestiu por conta própria, colocando uma blusa esbranquiçada, um gibão por cima e um conjunto de calça courina, penteou os cabelos que haviam ondulado com a água e os prendeu novamente como sempre fazia. Algo que o príncipe tinha costume de fazer sempre que saía de seus banhos era se encarar no espelho por minutos, sem o tapa-olho cobrindo o machucado, mantendo a brilhosa pedra de safira exposta para admirar.
A lua estava diretamente em sua janela causando reflexos fortes contra a pele dele, deixando que a safira refletisse e isso o tornasse mais intimidador no escuro do quarto que era iluminado por poucas velas amarelas. Ao olhar para aquele grande ponto de luz no céu, ele imediatamente se lembrou da menina que era apaixonada na lua e no céu, sua mente se expandiu com os pensamentos impróprios que vieram de forma inconsciente, imaginando como seria tomar Rhaenys sob a luz da lua, marcando seu corpo com seus beijos e escutando os doces gemidos que deveriam sair de seus lábios chamativos.
Aemond sabia o que estava atraindo ele.
E ele pretendia visitar os aposentos da sobrinha está noite através das passagens de Maegor, para uma conversa adequada dessa vez.
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