008

• Menções de assassinato e esquartejamento.

O sol quente batia nas costas de Rhaenys naquela manhã enquanto voava com seu dragão, Tessarion. Ela era um dragão fêmea de escamas azuis e asas escuras como safira e tinha alguns detalhes em dourado brilhante. Rhaenys não havia tido seu ovo chocado mas conseguiu criar um vínculo com ela quando completou seus 8 anos.

Haviam se passado quase três dias desde o anúncio de sua avó sobre o estado de saúde do Lord Corlys e sobre a herança da trono de madeira em Driftmark. Hoje seria a audiência que estaria em julgamento por posse de Alicent e Otto Hightower, pois o rei não estava em condições alguma de sair de seus aposentos.

Rhaenys pousou com seu dragão no fosso e desceu dela, acariciando seu rosto e deixando um beijo nela, deixando-a feliz com tal ato. Retirou as luvas de montaria e ajeitou a roupa que usava para voar, rapidamente correndo até sua carruagem e deixando que os cuidadores guiassem Tessarion. Tinha certeza que estava quase na hora do tribunal começar e ela ainda nem estava no castelo para a preocupação da mãe e a ansiedade do irmão, Lucerys.

— Por favor, Sor. Arryk, seja rápido! — pediu ao guarda que a guiava pelas ruas de King's Landing, precisava chegar na fortaleza a tempo de conseguir tomar banho e ajeitar um pouco seu cabelo que tinha fios espalhados por toda parte e suas tranças mal feitas.

Passando por buracos, aproveitadores, maus cheiros e prostitutas ela finalmente conseguiu enxergar os portões do castelo, pulou da carruagem e correu para os corredores tentando chegar rápido ao quarto. Esbarrou em muitas amas e meistres no caminho mas não se importou, sua mãe deveria estar nervosa com seu atraso e os irmãos tendo um colapso nervoso.

Agradeceu aos Sete por sua banheira estar pronta assim que entrará no quarto, mergulhou de uma vez sem cerimônia alguma para tirar o cheiro de dragão e fogo que emanava dela.

Escolheu um vestido preto e vermelho nas respectivas cores da casa Targaryen, colocou algumas joias e fez apenas uma trança na lateral esquerda do cabelo deixando todo o resto solto. Agradeceu a ajuda de uma ama que ela achou nos corredores fazendo absolutamente nada e desceu as escadas quase caindo para conseguir chegar na sala do trono.

Abrindo as portas barulhentas e se sentiu envergonhada ao ver todos a encarando devido ao atraso. Seus irmãos com excessão dos menores e todo o resto estavam lá em seus devidos lugares. Sorriu para a rainha Alicent e se posicionou ao lado do irmão Lucerys que suava frio de tanta emoção que sentia correrem em suas veias.

— Onde estava? — Rhaena sussurrou para a irmã. — Quase achamos que não viria para o tribunal.

— E perder meu irmão recebendo esse título? Nunca. — sorriu para Luke de forma tranquilizadora. — A respeito de sua pergunta, Rhaena, eu estava com Tessarion voando e não me atrasei de propósito, eu juro! — levantou as mãos para parecer inocente mas todos sabiam que ela tinha alguns problemas com estar nos lugares nas horas necessárias.

Otto Hightower, mão do rei, iniciou seu discurso.

— Embora seja do desejo de todos desta corte que Lord Corlys Velaryon sobreviva aos ferimentos...estamos reunidos com a dura tarefa de resolver a sucessão de Driftmark. Como mão eu falo como a voz do rei, neste e em todos os assuntos. — E então, teve a audácia de puxar sua capa e se sentar no trono de ferro, como sempre ansiando por poder e importância. — A coroa ouvirá as petições. Sir. Vaemond, da casa Velaryon.

Eles então olham para o tio deles caminhar até o meio e começar outro discurso sobre sua sucessão. Lucerys a todo momento apertando a mão da irmã, era incômodo para ela mas deixaria ele fazer isso devido ao seu estresse do momento, gostaria de apoia-lo a todo custo. Rhaenys virou os olhos a toda aquela fala do tio sobre a casa Velaryon, em como eram os melhores nos mares e nos barcos e toda essa baboseira descabida.

Mas em determinado momento, Vaemond citou sangue puro nesse discurso talvez como uma forma de indiretamente indicar que seus irmãos e ela não haviam sangue Velaryon nas veias. Era verdade, mas não era permitido falar nada sobre isso nem como boatos e nem em uma conversa casual do dia a dia.

— Como corre na dos meus filhos com descendência de Laenor Velaryon. Se se importasse tanto com o sangue de sua casa, Sir. Vaemond, não seria tão petulante ao ponto de suplantar sobre o devido herdeiro. Você fala apenas por você mesmo e suas ambições. — Rhaenyra defende os filhos mas logo sua fala é cortada pela Rainha Alicent, que comenta que agora era a hora dele estar falando e não da princesa.

Rhaenys olhou para baixo mexendo nos anéis dos dedos para se entreter e também espantar o nervosismo que sentia sabendo que se Alicent e Otto estavam no comando desse tribunal, as chances de Luke conseguir seu direito eram mais baixas. Depois sobe seu olhar para encarar o tio alfinetando eles, mas logo muda para o outro tio, Aemond, que a encarava antes mesmo dela olhar.

Novamente, desviou o olhar para os irmãos. Luke parecia que iria vomitar ou desmaiar a qualquer momento e Jace parecendo estar perdendo a paciência com toda essa conversa.

Vaemond acabou com seu discurso, indo novamente para seu posto enquanto encarava Rhaenyra e todos ali ao seu lado. Otto se pronunciou.

— Obrigado Sir. Vaemond. — o dispensou. — Princesa Rhaenyra, pode agora falar pelo seu filho, Lucerys Velaryon. — a mãe deles caminhou até o meio da sala, no mesmo local de tio e deixou as mãos sobre as costas.

— Se acalme, tudo ficará bem. Eu prometo. — a Targaryen sussurrou ao irmão cruzando seu braço em volta do dele, deixando outro sorriso confortável transparecer a ele. — É seu por direito.

Rhaenyra começou seu discurso a favor do filho mas este também logo foi cortado pelas portas barulhentas da sala fazendo com que todos olhassem para trás apenas para se surpreender com o Rei Viserys sendo anunciado pelos guardas.

Rhaenys deixou os labios entre abertos surpresa ao ver o avô sair da cama, talvez apenas para defender seu neto como o ótimo avô que era para todos eles. Olhou para a mãe e depois para Alicent, deixando um sorriso de canto surgir, se ela havia algum plano com seu pai isso tinha sido estragado nesse exato momento.

Acompanhou com os olhos o avô debilitado e extremamente ofegante caminhar com a bengala dourada até o trono de ferro, sentindo uma extrema satisfação ao ver Otto sair dali, um trono que não tinha dignidade para sentar e jamais teria alguém de seu sangue sentado ali.

— Sentarei no meu trono hoje. — Viserys comentou com o mão, logo em seguida deixando sua coroa cair ao chão e Viserys sentiu uma dor aguda no peito, mas continou mesmo assim. Daemon o ajudou subir o restante das escadas e no fim encaixou a coroa valioso na cabeça do irmão. Logo ela espantou as lágrimas que se formavam em seus olhos ao ver o avô naquele estado e não tendo como ajudar em nada. — Eu devo confessar minha confusão. Eu não compreendo porque as petições estão sendo ouvidos devida a uma sucessão que já está estabelecida. A única presente que pode oferecer uma opinião sobre os desejos do Lord Corlys é a princesa Rhaenys.

Todos olharam para ela, graças a isso Lucerys se sentia um pouco mais confiante em relação a isso agora.

Do outro lado da sala, Aemond observava Rhaenys de forma predatória, observava sua forma de se comportar e suas manias. Percebeu que ela havia esse interesse grande em ficar mexendo nos dedos em situações nervosas, percebeu a forma como ela acalmava o irmão mais novo e como suas sobrancelhas erguiam para cima quando se irritava com alguma coisa falada. Não sabia dizer o que era que estava chamando sua atenção pela sobrinha, pensava que seria a forma como ela se sente confiante em tudo que faz ou fala.

Aegon por outro lado, percebeu o jeito do irmão de encarar demais a sobrinha deles mas ainda estava sob efeitos de álcool no sangue então podia muito bem apenas estar com falta de sono no organismo, resolveu ignorar isso.

— Sempre foi da vontade do meu marido que Driftmark fosse passado de Sir. Laenor para seu filho legítimo, Lucerys Velaryon. A idéia dele jamais mudou bem como meu apoio a ele... para falar a verdade a princesa Rhaenyra mais cedo me informou sobre o desejo de casar seu filho Lucerys com a neta do Lord Corlys, Rhaena, uma proposta que entusiasmante eu aceito.

O silêncio pairou na sala. Sentindo um peso menor nos ombros, os meninos se sentiram mais aliviados agora.

— Bom, o acordo foi estabelecido novamente. Eu pelo presenteado reafirmo o príncipe Lucerys Velaryon como herdeiro de Driftmark, do trono de madeira e o próximo Senhor das Marés. — Rhaenys sorriu abertamente desta vez enquanto abraçava o irmão de lado e também alcançava a mão de Jace que deixara um sibilar de lábios nas costas da mão dela. Virou-se para Vaemond satisfeita em ver sua cara de surpresa e irritação, sabia que ele perderia nessa guerra.

— O senhor quebra regras e séculos de tradição para nomear sua filha como herdeira...e ousa dizer a mim quem merece herdar o nome Velayon? Não, eu não permitirei tal feito.

— Não permitirá? Não esqueça de quem você é Vaemond.

— ELE, não é um legítimo Velaryon! E certamente não é meu sobrinho, nenhum deles. — Os três se agitaram atrás da mãe. A paciência por um fio de linha branca quase rasgando.

— Volte para seus aposentos o senhor já falou demais. — Rhaenyra se enfiou na frente dos filhos colocando a mão sobre a barriga e usando a outra para prender os filhos sabendo como eram impacientes quando se tratava desse assunto.

— Lucerys é meu neto legítimo, e você não é mais o segundo filho de Driftmark.

Vaemond já irritado demais e sem amor a própria vida continuava revidando o rei por não aceitar que ele havia perdido essa audiência e não tinha nada que ele falasse ou fizesse que mudaria a decisão do rei sobre isso.

— Que os deuses me amaldiçoem mas não verei o fim de minha casa por conta desta...

— Diga. — assim que Rhaenys viu o padrasto dizer aquilo, sabia que no fim teria sangue derramado.

Ela também encarou o tio irritada sabendo muito bem o que ele diria em seguida, iria contestar o sangue deles.

— Os filhos dela são BASTARDOS! — Rhaenys descruzou seu braço do irmão e já se preparava para partir para cima do tio, porém seu pulso foi agarrado por Rhaena que pediu para que ficasse parada e calma. Ela olhou para o irmão Jace vendo que ele compartilhava o mesmo desejo dela, talvez fossem mais parecidos do que imaginavam ser. — E ela..é...uma puta. — Podia sentir sua vista ficando com pontos pretos de tanto apertar o punho e prender o sangue, ela consegueria aceitar ser chamada de bastarda até um milhão de vezes mas jamais permitiria que sua mãe, a futura rainha de Westeros fosse ofendida de tal forma.

— Eu cortarei sua língua por isso.

Rhaenys levou um susto e recuou para trás quando escutou o barulho da lâmina ao seu lado. Daemon havia cortado a cabeça de Vaemond ao meio. Ela abriu a boca em espanto ao ver aquela cena do corpo caído quase ao seu lado e sentiu uma grande vontade de vomitar mas se segurou.

— Ele pode ficar com sua língua. — disse antes de sair do meio enquanto limpava a espada suja do sangue Velaryon.

Helaena tampou os ouvidos se acolhendo para perto do irmão e sendo assegurada pela mãe. Aegon olhava a situação com desgosto, havia levantado de sua cama e diversão para isso?

Aemond foi o único ali a talvez ter se divertido com a cena do sangue espirrando e a metade da cabeça rolando ao chão, seu olhar subiu do corpo até Daemon e depois viu a menina ao lado, assustada e agarrada aos irmãos como alguém que acabará de sofrer um golpe e procurava proteção e conforto. Ele pensou consigo mesmo que talvez ela tivesse algum tipo de sensibilidade com sangue e morte como sua irmã tinha, ou talvez só estivesse surpresa com a situação ter acontecido de forma tão rápida. Diferente da menina que ele conhecia, a menina que havia visto nesta manhã sobrevoando os morros da Fortaleza.

Continuou olhando para ela com um sorriso irônico no rosto, dessa vez conseguindo de alguma forma prender o olhar dela nele e não pretendia desviar a nenhum momento. Ela o fez primeiro, quebrando o contato deles quando foi para os braços do irmão mais velho.

Ao fim do dia uma comemoração seria feita para Lucerys, com direito a presença ilustre do rei no banquete.

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