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— Sejam bem-vindos de volta... — a Rainha Consorte, Alicent, disse com um sorriso cortês, seus grandes olhos castanhos acompanhando cada movimento dos convidados, ou melhor, dos proprietários. — Sentimos falta de sua presença ao longo desses anos, princesa Rhaenyra.

O príncipe Daemon, com as mãos firmemente apoiadas no pomo da Irmã Negra, suspirou profundamente, o desagrado evidente em seu revirar de olhos. Rhaenys, sem se distanciar muito das reações de seu padrasto, tateava distraidamente a manga do vestido, sua atenção vagando por tudo que podia, exceto pelas palavras de Alicent.

Era uma formalidade vazia, boba. Todos sabiam disso, todos percebiam.

— Vossa Graça mal acredita no que está dizendo e espera que nós acreditemos...? — Lucerys murmurou para si mesmo, inquieto. Sua ousadia nas palavras foi rapidamente notada por uma das meninas, que chegou a punir o garoto com um leve beliscão, de Rhaena. — Rhaena! O que foi? É a verdade!

— Fiquem quietos, todos! — murmurou Rhaenys. A princesa suspirou, engatando seu antebraço ao braço do irmão mais velho, como uma forma de procurar seu escudo de proteção. Os irmãos sempre foram e sempre seriam seus pontos de apoio e carinho, não importasse a situação em que se encontravam. — Sejamos educados, afinal, quando mais rápido possível participarmos desta confusão, mais rápido voltaremos para Pedra do Dragão.

A herdeira do trono envolveu-se em uma conversa tensa com Alicent, na qual as vozes de ambas pareciam carregar um tom ambíguo — misturando uma nostalgia amarga e um desdém latente. Era difícil discernir qual dos sentimentos dominava o relacionamento que um dia fora próximo e intrigante. As crianças de Rhaenyra pareciam deslocadas, quase como se tivessem esquecido as formalidades da corte, pois em Pedra do Dragão, a vida era um pouco diferente, mais livre. As conversas ao redor não tinham direção clara, mais parecendo um desconforto do que uma tentativa de conexão.

Essa era a impressão que Rhaenys tinha enquanto observava a situação.

A corte em si pouco havia mudado, exceto pelas decorações nos salões. Uma grande mesa estava repleta de doces e pratos luxuosos, encomendados pelo Rei para garantir que sua família fosse devidamente cuidada. Em uma das extremidades da extensa mesa, os dois filhos mais velhos de Alicent sussurravam entre si; um com um olhar desleixado e indiscreto, enquanto o outro usava sua condição para esconder as expressões. O tapa-olho que cobria o olho do príncipe Aemond tornava difícil ler seus pensamentos, mesmo para quem tentasse decifrá-los.

Com uma falha tentativa hesitante de observar os filhos da antiga amiga, Alicent se aproximou. Ela estudava seus rostos como se estivesse tentando reconhecer vestígios de um sonho distante que havia cultivado em sua juventude. Jacaerys e Rhaenys, os mais velhos, traziam à memória uma jovem Rhaenyra, havia algo de familiar que era quase como um reflexo. Já os dois caçulas, Lucerys e Joffrey, eram uma curiosa mistura de traços, mas, embora vagamente, faziam Alicent recordar de Aemma Arryn, a primeira esposa de seu marido.

O toque de Alicent em seus ombros era áspero, não se comparava com a gentileza do toques de sua mãe.

Por longos minutos, a família real foi recebida com uma sequência interminável de cumprimentos e saudações pelos membros da corte que ali estavam. A roda parecia não ter fim, até que, finalmente, puderam se dispersar e seguir seus próprios rumos pelo salão. Os quatro filhos de Rhaenyra, sempre unidos, moveram-se em conjunto até a mesa de doces, como se formassem um escudo de proteção mais uma vez. Lucerys, junto com Rhaena e Joffrey, dirigiu-se a um lado da mesa, enquanto Rhaenys permaneceu com Jacaerys na extremidade oposta. Eles capturavam doces da mesa e os devoravam, discutindo animadamente sobre suas preferências e comparando os sabores.

O vínculo entre eles era claro, e mesmo em meio à formalidade incômoda do salão, encontravam conforto na companhia um do outro.

Absorvidos em sua própria conversa sobre doces, os irmãos Velaryon mal notaram a aproximação do mais velho. Quando ele finalmente se aproximou e limpou a garganta, tentando chamar a atenção para si, sua presença foi praticamente ignorada.

Para os Velaryons, ele era apenas uma distração insignificante, sem a relevância que buscava impor.

— Sobrinhos! Há quanto tempo não nos vemos, não é? — o tio mais velho bradou, sua voz carregada de uma diversão que mal disfarçava o tom de provocação evidente. — Jace, Rhaenys. Como cresceram! Quase adultos em corpos de crianças... com exceção de você, sobrinha, é claro. Não há mais resquícios de infância em você, não é? — Aegon comentou, tomando um longo gole do vinho em sua taça. Seu olhar desleixado percorreu a silhueta da mais nova, deixando claro o duplo sentido de suas palavras.

Rhaenys sentiu um calafrio percorrer sua espinha com o olhar de Aegon, não tendo certeza se havia sido desdém ou apenas indiferença, mas manteve a postura firme, não dando a ele a satisfação de ver qualquer sinal de desconforto. Jacaerys, no entanto, não conseguiu esconder a tensão em seu semblante. Ele deu um passo à frente, como se quisesse interpor-se entre Aegon e Rhaenys, os punhos cerrados ao lado do corpo.

Sempre o mais cabeça quente.

— Nós crescemos, sim, tio — Jacaerys respondeu, com um tom que não escondia a aversão. — Mas parece que algumas coisas nunca mudam, não é?

— Sinto muito não poder dizer o mesmo para você, tio Aegon. — começou a Velaryon, segurando o pulso de Jace com uma das mãos e contendo uma risada na garganta. — No entanto, parece que você está... simpático, certo? — retalhou, seu olhar tão desafiador quanto o de Jacaerys. Os Velaryons de Rhaenyra, sempre temperamentais, haviam sido assim desde pequenos.

Como se fosse seu cúmplice, o príncipe Aemond circulou ao redor da mesa de doces até se aproximar dos sobrinhos e do irmão, buscando se inserir na interação. Alto e esguio, Aemond transmitia uma questão de intimidação mais forte do que a do irmão mais velho, e o tapa-olho que usava no rosto acentuava essa impressão, acrescentando um toque de mistério e ameaça ao seu comportamento.

Era perigoso, disso não restava dúvidas alguma. Entretanto, não era nítido o quão perigoso ele era, ou então que poderia ser.

— Oito anos, sobrinhos. Muito tempo para se acostumar com as novidades, hmm? — murmurou Aemond, sua presença alta projetando uma sombra atrás de Jacaerys, que era mais baixo. A aparição repentina deixou os dois em alerta, fazendo-os desviar a atenção para ele. — Mágoas devem ficar no passado; vamos tentar ser uma família por esta noite, não acham? Vamos ser fortes, afastar nossas rebeldias. — suas palavras, claramente desprovidas de sinceridade, foram ditas com a suavidade de um poema.

Sua voz, pensou Rhaenys, era notavelmente calma.

Independentemente do assunto, havia uma calma perturbadora em seu tom, que se tornava mais grave quando ele estava desconfortável, vulnerável ou aborrecido. Era uma voz marcante, que chamava a atenção pela sua citação quase hipnótica.

Havia algo em Aemond que capturava a atenção de Rhaenys, mas ela não conseguia identificar exatamente o que era. Talvez fosse apenas a mudança de sua presença imponente, um contraste notável com o comportamento que ele esbanjava na infância, menos seguro de si.

— Eu concordo, caro tio. Mas diga-me, Aemond, não parece que as mudanças estão fisicamente mais evidentes em você do que em mim? Não observa isso claramente? — a pergunta da sobrinha, embora parecesse inocente, carregava um duplo sentido. A forma como mencionou as mudanças de Aemond, especialmente a perda de seu olho, era um convite para uma reação.

Rhaenys havia escolhido suas palavras para destacar essa questão, tentando provocar uma resposta dele. O duplo sentido não passou despercebido por Aemond, que imediatamente entendeu a provocação.

Ao ouvir a provocação disfarçada nas palavras de Rhaenys, Aemond manteve sua expressão imperturbável por um momento. O tapa-olho, que já era um símbolo de sua experiência e traumas, parecia agora intensificar o impacto da provocação. Ele desviou o olhar para ela, o tom calmo de sua voz quase desmentindo a irritação que começava a se acumular.

Muito mais quando o autor do acidente estava a poucos metros de distância.

Mas, antes que Rhaenys pudesse fazer outra comentário sobre o passado que tiveram, A Rainha Alicent e a Princesa Rhaenyra apareceram por trás, observando a situação rapidamente se deteriorar assim como carne fresca nas chamas de dragões. A tensão era palpável e obscura, a ameaça de uma briga iminente era perceptível, apesar de estarem no castelo há menos de cinco horas.

Rhaenyra, percebendo o potencial de conflito, agiu mais rapidamente. Com um gesto firme, ordenou seus filhos para longe da mesa de doces, guiando-os para o lado oposto da sala com o restante da família. Alicent fez quase o mesmo com seus próprios filhos, de forma envergonhada separando-os para evitar que a situação saísse ainda mais do controle. Agora, os grupos estavam divididos mais uma vez, cada um em um canto oposto da sala, mas a atmosfera de desconforto e animosidade persistia.

Como sempre estava.

Daemon, observando a cena com uma expressão de divertimento, não tentou esconder seu prazer com o caos crescente. Com a mão ainda apoiada na espada à cintura, ele parecia mais interessado em acompanhar o desenrolar da situação do que em intervir. Sua risada baixa e o brilho de diversão nos olhos indicavam que, para ele, o confronto era uma fonte de entretenimento.

Até certo ponto, é claro. Se fosse necessário, sua espada facilmente encontraria a situação para defender suas sementes.

Enquanto a sala se dividia, o clima de tensão parecia crescer a cada minuto que a ampulheta de areia contava. As conversas entre os grupos de convidados se tornavam murmurinhos nervosos, enquanto os olhares trocados entre os filhos de Rhaenyra e os filhos de Alicent expunham a frustração e o ressentimento acumulados. O receio de uma discussão aberta, ou até mesmo de uma briga física, pairava no ar, pois a qualquer momento um dos dragões adormecidos poderia acordar.

Do lado de Rhaenyra desejavam nada mais do que retornar a Pedra do Dragão, tentados a fugir na calada da noite, mas sabendo que desafiar as ordens da mãe seria imprudente. Eles sabiam que alguns dias a mais na corte não seriam tão insuportáveis se conseguissem evitar confusões e se manter longe das provocações deliberadas de Aemond e Aegon.

Do lado de Alicent, o desejo era apenas que a situação chegasse ao fim. Apesar de Aegon estar suficientemente embriagado para ser alheio ao que ocorria, Aemond não escondia a inquietação que transparecia em seu único olho azul. O príncipe do meio carregava uma amargura e um ressentimento que nem mesmo a própria mãe conseguia compreender.

Diante desses desafios, a ideia de uma reconciliação entre os Targaryen parecia cada vez mais impossível.

[...]

Na manhã seguinte, com os pássaros assobiando suas canções alegres e empoleirados nos galhos das árvores, a família Targaryen-Velaryon foi convocada para uma reunião. A princesa passou sua primeira noite de forma inquieta, debatendo-se em seu colchão macio, incapaz de encontrar o conforto que lhe era familiar em Dragonstone.

O corpo humano tinha seus próprios mistérios.

Como podia adaptar-se tão rapidamente a algo novo e esquecer o antigo com tanta facilidade? Era estranho.

Quando as servas mencionaram a reunião, a princesa inicialmente se perguntou sobre a razão por trás da convocação. No entanto, após espantar a sonolência com a água morna de sua banheira, percebeu que provavelmente se tratava dos preparativos para o casamento de Baela e Jacaerys. Ela estava ansiosa para que os preparativos começassem, adorava banquetes e adorava muito mais os casamentos e torneios da Casa Targaryen.

Sempre fora uma pessoa extrovertida.

Rhaenys ponderava em seus aposentos enquanto sua serva pessoal penteava seu cabelo platinado, criando duas pequenas tranças na parte de trás e adornando-as com acessórios prateados e dourados, criando um contraste diversificado. Ela vestia seu vestido favorito para a ocasião: um tecido preto com bordados carmesim, de mangas longas feitas de seda, e meias pretas que cobriam suas coxas. Um sapato ajustava-se perfeitamente aos seus pés. No entanto, o destaque do seu traje era um colar especial pendurado ao redor do pescoço, uma joia preciosa que ela mantivera consigo por todos esses anos.

Havia uma longa história por trás daquele colar. A princesa raramente era vista sem ele, sempre dizendo que a joia era seu amuleto da sorte. Porém, ela nunca revelava a ninguém quem lhe havia dado aquele presente, há muitos anos atrás.

Era um presente do príncipe Aemond Targaryen.

Rhaenys carregava um profundo ressentimento em relação a Aemond desde a noite em Derivamarca, quando seu irmão mais novo havia tirado um dos olhos do tio. Era uma memória distante, mas ainda assim uma assombração constante para ela e os meninos, especialmente para Lucerys. A confusão tomou um rumo inesperado, e o desfecho da situação chocou todo o reino de Westeros.

Mas a princesa amava aquele colar. A corrente era banhada em prata, tão brilhante quanto as escamas da dragão Silverwing. O pingente, esculpido no formato de uma pequena meia-lua, era adornado com uma pedra de safira azul. Seus reflexos cintilantes e chamativos eram ainda mais evidentes quando Rhaenys passeava sob o sol do meio-dia nos jardins de Dragonstone.

Ainda quando eram crianças, poucos anos antes da queda em Derivamarca, a princesa costumava a se esgueirar pelos terraços da Fortaleza e observar a lua durante a noite, se acalmava com o brilho prateado. A lua era tão pálida quanto o cabelo dela, e trazia um conforto saber que suas mechas eram tão parecidas com a luz natural da noite.

Seu ovo de dragão não chegou a eclodir no berço, deixado para ser chocado no fosso dos dragões, adormecido. Ela compartilhava do desejo de Aemond em possuir um dragão, gostava de tagarelar sobre histórias dessas feras e reclamar com frequência da injustiça.

Em um dia, quando o príncipe estava voltando de seus estudos noturnos com o Meistre Mellos, ele a encontrou apoiada nos pilares de um terraço, seus olhos azuis escuros observavam as estrelas com admiração, resmungando consigo mesma sobre a luz que elas produziam. Aemond estava carregando consigo um colar de safira, o mesmo que ele furtou na noite anterior quando escutou sobre a carga de jóias que fora presenteado para a Rainha Consorte, Alicent.

Seu intuito era oferecer o colar de safira para a irmã mais velha, Helaena. Mas, ao lembrar das incontáveis vezes que a sobrinha lhe contou sobre sua paixão pelo céu noturno e a lua, seus planos torceram o rumo.

Aemond tagarelava com ela, apontando para as formas desleixadas que as estrelas formavam no céu, como se fossem uma pintura. Eventualmente, ao encontrar a brecha que precisava, ele abriu a mão e mostrou a ela o que havia roubado, embora não revelasse esse pequeno detalhe. Ele entregou o colar a Rhaenys, que, apesar da divisão entre a família Targaryen, aceitou o presente com gratidão e até o abraçou.

Pouco tempo depois, a princesa conseguiu reivindicar a dragão Tessarion. A partir desse evento, ela passou a considerar o colar como seu amuleto da sorte.

Foi provavelmente a primeira e última vez que interagiram assim, sem a presença de Alicent para separá-los.

Ela se apoiou no encosto da cadeira, ponderando se deveria continuar guardando ou usando o colar. Durante todos os anos em que esteve afastada, nunca havia considerado parar de usar o amuleto da sorte. Agora que estava frente a frente com Aemond novamente, sentia muitas dúvidas crepitando em sua mente sobre esse ato.

De qualquer forma, era apenas um colar, no fim.

Decidindo manter o colar no pescoço após um longo suspiro derrotado, a Velaryon liberou as servas dela e ergueu-se de seu lugar, caminhando preguiçosamente em direção das portas de seu quarto. A garota abriu as grandes portas com força, arrumando o tecido amassado de seu vestido enquanto seus sapatos ecoavam pelos extensos corredores da Fortaleza.

Demorou alguns minutos para ela se lembrar das salas e das escadarias, confusa pelo tempo em que passou longe do castelo. Quase esqueceu do quão grande esse castelo era, frequentemente se perdia nas esquinas durante a infância.

Quando finalmente encontrou a sala designada para a misteriosa reunião, os guardas abriram caminho para que ela pudesse passar. Uma vez dentro dos aposentos, ela enxergou a mãe, os irmãos, as gêmeas e Daemon sentados em seus respectivos lugares. Ao lado contrário da mesa, se encontrava Alicent e somente dois de seus filhos: Helaena e Aemond.

Estavam discutindo sobre as preparações do casamento com Baela e Jacaerys, assim como ela imaginou. Rhaenys apenas não compreendia a presença de Alicent e os dois filhos dela.

Baela Targaryen era a filha de Daemon e irmã gêmea da Rhaena Targaryen, possuiam sangue Velaryon e Targaryen em suas veias. Um casamento entre os dois valirianos reforçariam os laços, e manteria a linhagem de sangue puro com os futuros herdeiros da Casa Targaryen.

E malmente estava sendo considerado o fato de que os dois sempre tiveram um relacionamento muito bem trabalhado e frutífero. Rhaenys sabia que, com o tempo, certamente começariam a amar um ao outro sem esforços algum.

Seriam um belo casal.

A conversa estava levemente bagunçado na cabeça de Rhaenys enquanto ela se alimentava com as sementes de romã em seu prato, seus olhos fixados no besouro que Helaena brincava, longe de onde ela estava. Ela captava uma coisa ou duas que eram ditas, e apenas concordava com sua cabeça quando Rhaenyra ou Jacaerys perguntava se ela era a favor da decisão final. Absorvida com seus próprios pensamentos, Rhaenys se manteve em silêncio por boa parte da reunião do casamento, mas estava atenta em certos momentos e a certas perguntas.

Como quando seu nome foi mencionado pela Rainha Consorte.

Temporiamente, ela congelou em seu lugar, parando de mastigar as sementes doces que estavam em sua língua e erguendo a cabeça para poder olhar Alicent, que lhe perguntara sobre casamentos e futuros herdeiros, alianças para a Casa Targaryen. A princesa se mexeu em seu assento, desconfortável em de repente ser o centro das atenções com esse assunto, seu olhar buscando pelo conforto da mãe para saber o que deveria fazer.

Rhaenyra apenas assentiu com um sorriso de canto, tentando tranquilizar a filha diante da pergunta feita.

— Eu... tenho recebido cartas sobre isso, sim. — ela respondeu em voz baixa, terminando de engolir a fruta que estava em sua boca. Continuando, ela limpou a garganta com bochechas avermelhadas. — Mas minha mãe fez uma promessa de que eu não precisaria me apressar para casar, e que eu poderia escolher o meu par.

Alicent assentiu, cortando a carne que estava em seu prato antes de ergueu sua cabeça novamente. A Rainha nunca teve a chance de escolher o seu par, malmente teve tempo em sua juventude para pensar quem ela escolheria caso esse fosse o caso.

Passava muito tempo sem companhia para tal coisa.

— E se caso você atingir uma idade não favorável e não possuir um pretendente? É uma questão a se considerar, minha princesa. — ela continuou, sorrindo. Seu tom era indecifrável, mas parecia incomodar a própria Rhaenyra com as perguntas sendo feitas para a filha, ainda mais nessa reunião.

— Vossa Graça, eu tenho consciência de quando começarei a ficar velha demais para um casamento e para... herdeiros. — ela respondeu, novamente se mexendo de forma desconfortável. Com mais um olhar para a mãe, ela sentiu encorajamento para continuar. — A família Targaryen tem um bom histórico de beleza, eu lhe garanto. Assim como minha mãe e sua beleza estonteante, assim como Helaena e sua mística aparência e assim como as gêmeas e sua herança valiriana. Saberemos quando o momento chegar.

Ao ter o nome mencionado, Helaena olhou de soslaio, deixando que um pequeno sorriso escapasse dos lábios. Rhaenys sorriu de volta para a tia, aquela que de todos os verdes, era a única que adorava e conseguia suportar sem esforços duplicados.

— Claro... — respondeu também, sentindo-se deslocada de repente. Alicent se manteve em silêncio e abaixou sua cabeça, mexendo com os talheres em seu prato de comida.

O assunto que possuia foco em Rhaenys se encerrou, e eles voltaram a discutir sobre o que realmente importava naquela reunião: o casamento de Baela e Jacaerys em alguns dias.

Rhaenys permaneceu em silêncio durante todo o restante da refeição, só se pronunciando quando seu nome era chamado por um dos irmãos ou pelos pais. Enquanto terminava de comer, sentiu um olhar firme sobre si, alguém que a observava desde o momento em que o assunto de seu futuro casamento havia terminado.

Curiosa, ergueu o olhar para identificar o culpado, e suas sobrancelhas se arquearam em desaprovação ao perceber quem era: o tio, Aemond. Ele a observava descaradamente, os longos dedos manuseando distraidamente com os talheres, enquanto seu único olho parecia penetrar sua alma com uma intensidade perturbadora, quase assustadora, se ela fosse analisar mais a fundo.

No entanto, a íris do olho dele não estava focada no rosto da princesa, nem em qualquer outra parte dela, mas sim no colar pendurado ao redor de seu pescoço, brilhando de forma chamativa.

O colar que ele a presenteou, anos atrás.

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